Hotel Astória

IPA.00020931
Portugal, Coimbra, Coimbra, União das freguesias de Coimbra (Sé Nova, Santa Cruz, Almedina e São Bartolomeu)
 
Edifício construído no principio do século inicialmente para funcionamento de uma seguradora, 10 anos depois adaptado para o hotel que ainda hoje se mantém. Tem um carácter monumental prestado por um vasto conjunto de cantarias, exibidas na fachada principal e no elemento torreado, que dão dinamismo à sua composição volumétrica e decorativa, conferindo-lhe um caracter ecléctico. Este edifício é um testemunho da tipologia arquitectónica utilitária, seguida pelo arquitecto Adães Bermudes no início do séc. 20. Edifício de planta rectangular irregular, em gaveto, de remates em cornija, com elemento torreado, seguindo a mesma linha de outros edifícios da autoria do arquitecto Adães Bermudes. Como o edifício da Delegação do Banco de Portugal de Coimbra (v. PT020603190153) que fica junto deste, projectado em 1909, e o edifício de rendimento da Avenida Almirante Reis, 2-2K, em Lisboa, premiado com o prémio Valmor em 1908, apesar de haver semelhanças entre estes edifícios, é com este último que ele mais se identifica pela formação em gaveto, distribuição dos vãos em ordens alternadas entre os pisos, e pela grande semelhança das sacadas em particular as do elemento torreado, este também de cobertura em cúpula. Fachada principal na parte mais antiga, com os vãos alternados entre os pisos em arcos de volta perfeita e arco abatido, sendo os inferiores, janelões que seguem a gramática da arte nova, tanto no que se refere aos vãos propriamente ditos, como à caixilharia, encontrando-se mais elementos da arte nova distribuídos na fachada principal e no elemento torreado, como as guardas em ferro forjados e relevos florais com laços etc... Na parte mais recente do edifício na continuidade da fachada principal, tal como a mais antiga, apresenta três panos, também salientes nos flancos, mantém a distribuição simétrica dos vãos, mais simplificados, de formas maioritariamente rectilíneas, excepto nos flancos, em que os inferiores e os superiores, se apresentam em arco de volta perfeita. A fachada posterior, toda ela mais simples, tanto na parte mais antiga como na mais recente, continua a manter o ritmo regular de distribuição dos vãos.
Número IPA Antigo: PT020603190152
 
Registo visualizado 592 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Comercial e turístico  Unidade hoteleira  Hotel  

Descrição

Planta rectangular irregular, com um elemento torreado no topo S., composta por 7 pisos, o primeiro correspondente à cave e o último ao sótão. Coberturas diferenciadas de duas e de quatro águas, e sobre o elemento torreado em cúpula oitavada, cujos gomos bem delineados inscrevem alternadamente um óculo vazado. No edifício distinguem-se claramente a S., a parte original mais decorada da mais recente a N.. Fachadas com 5 e 6 registos, adaptando-se ao declive do terreno, com remate em cornija, rebocadas e pintadas de bege nos pisos superiores, excepto na fachada principal e posterior na parte mais antiga do edifício, em que o registo superior se apresenta em falsa mansarda, pintado de preto, o registo inferior na fachada principal e no torreão surgem revestidos de silharia de aparelho isódomo, e na fachada posterior em falso aparelho de argamassa rusticada. Modinatura dos vãos, parcialmente de cantaria na parte mais antiga do edifício. Fachada principal, voltada a O., na parte mais antiga, no registo inferior rasgada por 5 vãos alternados em arco de volta perfeita e em asa de cesto, correspondentes a 4 grandes janelas e um portal, este respeitante à entrada, com porta giratória de metal e vidro, sobrepujada com letreiro com o nome do hotel. A fachada possui 3 panos, os dos flancos salientes e mais estreitos, cada um com um eixo de vãos, correspondendo, no segundo registo a um varandim, e, do 3º ao 5 º, a sacadas com guardas em formas alternadas entre si, as dos 2º e 4º registo de balaustrada e as do 3º e 5º recortadas; para o primeiro varandim abrem-se dois vãos em arco abatido, geminados, com coluna de capitel coríntio, com remate em frontão interrompido centrado por uma máscara; para a sacada do 3º registo abre-se vão em arco de asa de cesto apoiado em duas colunas de capitel coríntio; para a sacada do 4 registo abre-se vão em arco abatido, flanqueado por dois pares de colunas de capitel coríntio que suportam a sacada superior, para a qual abre vão em arco abatido sobreposto por cornija, remate de cornija em ângulo, coroada por acrotério. No pano central, rasgam-se 20 vãos, 5 em cada registo, com perfis alternados, o segundo e o quarto em arcos abatidos e os restantes em arcos alteados. No 2º registo, corre a toda a largura uma sacada de cantaria, suportada por mísulas, com guarda mista em ferro e cantaria, para onde se abrem portas; no 3º registo os vãos são intercalados por friso em cornija, correspondendo, dois dos vãos a portas voltadas para sacadas de cantaria, com guarda em ferro forjado, estas alternam com os restantes 3 vãos, correspondentes a janelas de parapeito, com avental em cantaria decorado com almofadados; no 4º registo os 3 vãos centrais dão para uma sacada semelhante à do 2º registo, os dois vãos flanqueantes são de parapeito com avental de cantaria almofadado, entre os dois últimos registos surge um friso em cornija com cachorrada; remate em cornija. Fachada lateral direita em torreão, com remate em friso com caneluras sobreposto por cornija com cachorrada em forma de volutas, finaliza em coroamento ameado. Os registos são rasgados por 15 vãos, sendo 3 em cada registo, a partir do segundo, voltados para sacadas de cantaria no 2º, e no 4º, com guardas mistas de ferro forjado e cantaria e no 5º com guarda em balaustrada de cantaria, estas 3 sacadas são corridas, no 3º registo surgem três sacadas individuais com guardas em ferro forjado, intercalados na parede, por pendentes vegetalistas em baixo relevo. Os vãos têm perfis alternados, idênticos aos do seu alinhamento no pano central da fachada principal, só os do último registo são rectilíneos com a verga recortada, sobreposta por cornija canelada, sendo o vão central, encimado por frontão curvo interrompido, centrado por acrotério. Fachada posterior mais simples que a principal, plana, mas igualmente com 3 panos e com semelhante distribuição de vãos, com 6 registos definidos por frisos em cornija, sendo o último com cachorrada. No registo inferior os vãos são curvilíneos e correspondem a 5 portas, as dos panos laterais encimadas por pequeno frontão triangular, e flanqueadas por janelas em quarto de circulo, uma delas cega. Os panos laterais rematam em frontão triangular, e possuem em todos os registos vãos geminados, sendo os do 3º registo encimados por frontão curvo. No pano central as janelas centrais do 3ª e 4º registo são tripartidas, e o vão do 5º registo dá para uma sacada de cantaria com guarda em ferro forjado. A parte mais recente do edifício, na fachada principal os vãos são maioritariamente rectilíneos, possui um estreito pano de articulação entre as 2 distintas partes do edifício com um eixo de vãos. A restante fachada tal como a mais antiga, apresenta um total de 20 vãos e três panos, sendo os flancos salientes com remate em falso frontão triangular; os vãos do primeiro e do último registo são em arco de volta perfeita, distintos dos restantes. A partir do 2º registo todos os vãos são protegidos por varandins, sendo os do primeiro e do último em balaustrada de cantaria, nos restantes a guarda é em ferro forjado. Fachada posterior, com eixos de vãos rectilíneos, distribuídos 6 em cada registo partir do segundo, no primeiro registo os vãos correspondem a portas, no segundo a janelas, todas idênticas, tendo as duas centrais mais espaço entre si do que as dos flancos, que são quase geminadas. Esta distribuição mantém-se nos restantes registos, apesar de os vãos flanqueantes serem janelas mais reduzidas do que vãos centrais que são protegidos por varadins em ferro forjado. INTERIOR, No piso da entrada localizam-se os principais serviços de atendimento ao público, nomeadamente a recepção, restaurante, sala de visitas, galeria de piano, galeria de leitura, bar e duas cozinhas. Em frente à porta de entrada giratória encontra-se o ascensor, inserido numa estrutura metálica de ferro forjado, compreendendo um pequeno cubículo lateralmente coberto por madeira envernizada, centrado por três rectângulos de vidro que deixam ver alguns entrelaçados de ferro forjado e, um pequeno banco que ocupa toda a largura do espaço. A sala de recepção tem ao centro o balcão e ao nível do primeiro andar um mezanino que serve de sala de leitura, surgido no r/c à direita do balcão uma pequena sala de estar, que à sua direita tem o acesso ao restaurante "L'Amphitryum", este de paredes revestidas sensivelmente até a meio por lambril de madeira, com embutidos e envernizada, na parte superior decoradas com papel de imitação de veludo e cestas ornamentais com flores. Possui sete janelas voltadas ao exterior, a sala é centrada ao por duas grandes colunas. O Salão Mondego situa-se à esquerda da entrada principal, na construção mais recente, tem as paredes percorridas por um lambril de madeira envernizada, sem embutidos, até cerca de 2/3 da altura, pavimento de tacos de madeira em vários tons, formando figurações geométricas. Anexa a esta sala surge uma galeria, bem como um bar de pequenas dimensões, onde se destaca uma lareira com o símbolo do Hotel Astória. Os quatro pisos superiores são ocupados por 64 quartos com casa de banho privativa, todos com o mobiliário original e diferentes entre si. No sótão funciona a lavandaria, e na cave encontram-se as arrecadações e secção de manutenção (carpintaria, oficina de electricista e caldeiras de aquecimento).

Acessos

Avenida Emídio Navarro, nº 21, Rua da Sota

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 224/2011, DR, 2ª série, n.º 12 de 18 janeiro 2011

Enquadramento

Urbano, formando um quarteirão juntamente com o edifício que lhe está adossado à esquerda da sucursal do Banco Millénnium, bcp, implantado em terreno desnivelado. Na zona ribeirinha, integrado na Baixa da cidade, no conjunto entre a Estação Nova de Coimbra (v. PT020603190126) e o Largo da Portagem (Av. Emídio Navarro), frente à Ponte de Santa Clara (v.PT020603190178), na margem direita do Rio Mondego, confinante a E. com a R. da Sota que o separa do Banco de Portugal (v. PT020603190153).

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: No ângulo do edifício entre a fachada principal e a posterior no lado direito duas inscrições "Propriedade de / A NACIONAL / fundada em 1908 / Seguros contra incêndios", "Propriedade de / A NACIONAL / ? / Seguros de vida".

Utilização Inicial

Comercial e turística: hotel

Utilização Actual

Comercial e turística: hotel

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Arnaldo R. Adães Bermudes (1915); Francisco Oliveira Ferreira (atrib.) (1929); António Couto Martins (1944); ENGENHEIRO CIVIL: António da Costa Macedo (1944); Casa Otto-Biener de Coimbra: ascensor; Casa Venâncio do Nascimento, Rua do Bonjardim, Porto: decoração do restaurante.

Cronologia

1915 / 1919 - construção do edifício primitivo pela Companhia de Seguros "A Nacional"; 1925, 7 Novembro - feito contrato de arrendamento do edifício ao empresário Alexandre de Almeida*1, responsável pela conclusão do seu interior e adaptação à indústria hoteleira*2. O contrato tinha o prazo de 19 anos a contar de 1 de Janeiro de 1926 e o valor da renda mensal era de 4 mil escudos, em nota corrente do Banco de Portugal, quantia que deveria ser corrigida trimestralmente, para mais ou para menos. Ficavam excluídas do arrendamento três divisões no 1º andar, para funcionamento da agência da Companhia de Seguros "A Nacional"; 1926, 28 Março - inauguração do Hotel Astória, considerado pela imprensa local e nacional da época como um dos mais luxuosos do país, sendo o primeiro a ter uma central telefónica e um dos primeiros edifícios de Coimbra a possuir um ascensor e sistema de aquecimento central*3; 1929 - projecto de arquitectura do hotel, de Francisco Oliveira Ferreira (Inquérito à Arquitectura do Século XX em Portugal); 1942, 28 Novembro - Alexandre de Almeida, apresenta à Câmara de Coimbra, um projecto para alteração do pavimento do r/ch, de modificação da planta da sala de jantar, construção de uma sala de entrada (hall), seguido de um bar e de um escritório, estando projectado sobre estes a construção de um pavimento destinado a um arquivo de escritório e à orquestra; construção de dois "toilettes", destinados um às senhoras outro aos cavalheiros; o projecto veio a ser aprovado pela Câmara pouco depois, em 3 de Dezembro; 1943, 3 Março - a Câmara Municipal, aprova um projecto de transformação de uma porta em janela, na fachada principal, correspondente ao segundo vão à direita da porta principal; 1944 - a "Companhia de Seguros a Nacional" apresenta na Câmara Municipal de Coimbra projecto arquitectónico do Arquitecto António do Couto Martins e projecto de engenharia Civil do Engº António Costa Macedo, para a construção de um prédio à esquerda do Hotel Astória; 1944, 14 Junho - a "Companhia de de Seguros a Nacional faz um pedido de licênça à Câmara para a construção do edifício atrás descrito, sendo-lhe esta concedia de seguida; 1947, 29 Maio - a "Companhia de de Seguros a Nacional apresenta à Câmara planta com pequenas alterações nos andares, em relação ao projecto anterior, e um desenho do estudo da liagação entre os 2 edifícios (o que estava em construção e o primitivo), da autoria do mesmo arquitecto, António do Couto Martins; vindo a ser aprovado pela Câmara passado pouco tempo, em 19 de Junho; 1947, 7 Julho - a "Companhia de Seguros a Nacional", requer à Câmara, vistoria ao edifício, visto estarem concluidas as obras dos quatro andares, escada principal e escada de serviço; 1947, 30 Julho - data do auto de vistoria da Câmara ao edifício novo, que refere estarem concluidos os 4 andares, e de harmonia com as plantas aprovadas pela Câmara, podendo este ser habitado 45 dias após a data da requisição da vistoria; 1947 - assinatura de novo contrato de arrendamento entre a Companhia de Seguros e Alexandre de Almeida, onde refere que a Seguradora se compromete a ceder novo prédio de arrendamento ao segundo outorgante; o contrato tinha o prazo de 19 anos a contar de 1 de Janeiro de 1948 e o valor da renda mensal era de 8.460$00 (escudos), actualizáveis; 1947, 23 Dezembro - Alexandre de Almeida entrega na Câmara um projecto de beneficiação da entrada principal do hotel, onde constam algumas demolições de paredes e tabiques, e escadas de acesso aos vários pavimentos, de níveis diferentes, pretendendo-se nivelar com o "hall" e a sala da entrada, mudando o escritório para outro sítio, ampliando a sala da entrada; 1948, 8 Janeiro - aprovação do projecto pela Câmara; 1948, 30 Junho - Alexandre de Almeida pede licênça à Câmara para colocar uma marquise de vidro sobre a porta do hotel; 1977 / 78 - fusão da seguradora "A Nacional com outras seguradoras, das quais se destaca a Tranquilidade; 1977 / 78 - remoção das placas de pedra e da imagem do anjo de gesso pintado, da cúpula, pela Seguradora Tranquilidade, por pensarem que eram de bronze*4; 1980 - construção de algumas casas de banho nos quartos, limitando o número de quartos; 1987 - Relatório de Avaliação do Estado de Conservação do Hotel, efectuado pela Seguradora Tranquilidade, onde se demonstra a necessidade de obras de conservação (fachada principal e posterior, estores, portas, janelas e caixilharias de madeira, paredes de reboco, massa de cal e areia imitando cantaria, dado que se encontravam fendilhados, com grandes manchas de humidade e bastante degradados, coberturas e sótão sem condições de estabilidade); 1996 - Ainda estava em vigor o anterior contrato de arrendamento o que terá levado a Seguradora Tranquilidade a afirmar que se tratava de um contrato leonino, ou seja, contrato onde há benefício de uma das partes sobre a outra. Foram feitas várias propostas de venda ao arrendatário, mas ainda não se chegou a acordo sobre o valor.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Pedra: calcário nas cantarias que decoram as fachadas, mármore (pavimento interior da entrada, revestimento das paredes do átrio da entrada e colunas do restaurante); alvenaria: pedra revestida com argamassa (paredes); cerâmica: telha (cobertura exterior); madeira: soalhos e tacos (pavimentos interiores).

Bibliografia

BORGES, Nelson Correia, Coimbra e Região, Lisboa, 1987; MENDES, José Maria Amado, "Coimbra no primeiro quartel do século XX", Biblos, Vol. LX, Coimbra, Universidade de Coimbra, 1984; MENDES, Maria de Fátima, O Hotel Astória: 70 anos ao serviço de Coimbra, Coimbra, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 1996; SILVA, Armando Carneiro da, Anais do Município de Coimbra 1940 - 1950, Coimbra 1981; CML, http://ulisses.cm-lisboa.pt, 20 Fevereiro 2006; Ordem dos Arquitectos, http://iapxx.arquitectos.pt, 22 Agosto 2006; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/12496738 [consultado em 12 agosto 2016].

Documentação Gráfica

CMC: arquivo (proj. 01-92/1944)

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN / DSID

Documentação Administrativa

Hotel Astória; CMC: arquivo (proj. 01-92/1944)

Intervenção Realizada

Alexandre de Almeida, Lda: 1958 - obras de conservação (limpeza de fachadas e telhado); 1980 - construção de algumas casas de banho nos quartos; 1987 - obras de conservação: limpeza do telhado e substituição de telhas e peças de madeira, substituição de caleiras, funis de ligação e tubos de queda, a chaminé da cozinha foi rebocada e reforçada com nova cobertura, procedeu-se à limpeza das fachadas, os paramentos foram rebocados, as cantarias lavadas e pintadas com tinta plástica, procedeu-se à substituição dos caixilhos por alumínio, reparação de portas e janelas e as fachadas foram pintadas; 1992 - recuperação de fachadas e alguns interiores; anualmente - fazem-se obras de manutenção;

Observações

*:Despacho de 2007.12.27 da Subdirectora do IGESPAR que determina a abertura do procedimento administrativo relativa à instrução do processo de eventual classificação. *1: Alexandre de Almeida nasceu no Luso em 1885 e foi um dos pioneiros da indústria hoteleira portuguesa. Numa época em que começava a despontar o interesse pelo turismo e pela sua vertente económica, este industrial encarava a indústria hoteleira, não apenas como actividade promotora do desenvolvimento económico, mas também como uma forma de promover internacionalmente o nosso país e as nossas tradições culturais. Constituiu com os seus filhos, Gil, Alexandre e Maria Cecília, a sociedade que ainda hoje mantém o seu nome. Foram fundados sob a sua orientação, na década de 1920, os seis hotéis que constituíram a sociedade Alexandre de Almeida: Palace Hotel do Bussaco (o primeiro a ser explorado, associando-se o industrial Paul Bergeman em 1915), Hotel l'Europe (1921), Hotel Metrópole, Hotel Francfort e Palace Hotel da Cúria (1922). Este último foi construído pelo próprio empresário que escolheu o arquitecto Norte Júnior para projectar o edifício. Foi também da sua iniciativa a criação da primeira escola de ensino hoteleiro em Portugal, sendo com o seu apoio e com a colaboração da Federação dos Sindicatos da Indústria Hoteleira que surgiu a Escola Hoteleira Portuguesa, denominada durante alguns anos por Escola Hoteleira Alexandre de Almeida. Este estabelecimento de ensino prevaleceu em Lisboa até aos nossos dias, agora com a designação Escola Hoteleira de Lisboa. O ensino das Artes de Hotelaria também se estendeu ao Hotel Astória. A cidade de Coimbra não possuía até então nenhuma instituição que ministrasse ensinamentos desta natureza, o que levou à assinatura de um protocolo entre Alexandre de Almeida e o Instituto de Formação Profissional. Entre 1950 e 1980, os profissionais de hotelaria de Lisboa deslocavam-se frequentemente a Coimbra para leccionar os cursos de recepção e portaria, cozinha, andares, rouparia, mesa e bar. Os frequentadores destes cursos eram, na sua maior parte, empregados dos hotéis de Coimbra. Alexandre de Almeida foi um dos impulsionadores e colaboradores na redacção da primeira lei hoteleira que concedia benefícios à criação de novos hotéis (Lei nº 2073, de 23 de Dezembro de 1954). Desempenhou ainda um importante papel na projecção da imagem deste sector da economia portuguesa no estrangeiro, através da sua participação em inúmeros congressos internacionais de turismo, bem como ocupou vários cargos oficiais de grande prestígio, nomeadamente foi vice-presidente da Aliance Internacional de Hotelaria, desde 1920; foi director da Sociedade de Propaganda de Portugal e Procurador à Câmara Corporativa, em 1936. *2: A intenção de Alexandre de Almeida era a compra do imóvel, tendo mesmo existido um pré-acordo entre as duas partes. Ao que tudo indica, o empresário ter-se-á mesmo deslocado a Coimbra para celebrar a escritura. Porém, quando o facto se tornou público, a Seguradora "A Nacional" terá sofrido algumas pressões para que a venda não se efectuasse, na medida em que desacreditaria a companhia. Esta situação terá obrigado a proprietária a optar pela assinatura de um contrato de arrendamento que, em 14 artigos, definia os direitos e deveres de cada uma das partes. No contrato, o arrendatário responsabilizava-se pela conclusão de alguns trabalhos, bem como pelas obras de adaptação à indústria hoteleira (ascensor, material sanitário, aparelho de chaufagem central, telefones e todo o material de cozinha e aquecimento do prédio). Assim, o arrendatário terá efectuado o arrendamento apenas da estrutura do edifício porque no interior quase tudo estaria por construir. *3: A festa de inauguração consistiu num banquete (almoço) e num chá dançante (jantar), um verdadeiro acontecimento social. A orquestra que animou estes dois momentos foi o sexteto de jazz com o nome "Jazz Band César Magliano". *4: Virada para o Largo da Portagem e suportada por um frontão curvo interrompido, inscrevia-se uma peanha que suportava uma imagem de um anjo de gesso pintado.

Autor e Data

Sandra Lopes 2004 / Margarida Silva 2006

Actualização

 
 
 
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