Bairro de Casas Económicas de Caselas / Bairro de Caselas

IPA.00020848
Portugal, Lisboa, Lisboa, Belém
 
Sector urbano. Área com unidade morfológica contemporânea de traçado regular e ortogonal, condicionada por elementos preexistentes (núcleo primitivo e rede viária). Habitação económica de promoção pública estatal (DGEMN). Bairro de casas económicas de grande dimensão composto por casas geminadas unifamiliares de dois pisos das classes A (tipo 1, 2 e 3) e B (tipo 1, 2 e 3). Inclui edifícios de equipamento coletivo: igreja, clube recreativo e escola primária. Zona comercial projetada mas não construída.
Número IPA Antigo: PT031106400872
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Setor urbano  Unidade morfológica  Contemporânea / Habitação económica  Casas Económicas  Promoção pública estatal (DGEMN)

Descrição

Bairro económico de traçado regular, com malha urbana tendencialmente ortogonal nas áreas planeadas situadas nos limites O. e NE. O plano do Bairro de Caselas, implantado nos terrenos N. da quinta oitocentista de Santo António (v. IPA.00003157), foi estruturado a partir de elementos preexistentes (o núcleo residencial primitivo e a antiga Estrada de Caselas, parte da atual Rua Sam Levy) que serviram de referência aos principais eixos viários planeados. A via contínua, formada pelas Ruas Sam Levy e Padre Reis Lima, e Avenida da Igreja, faz a ligação deste setor urbano à cidade, através do eixo fundamental constituído pela Avenida Descobertas, também planeada durante o Estado Novo. Esta via estruturadora do plano, divide o bairro em duas áreas residenciais distintas. A O. e NE., à exceção do núcleo primitivo de Caselas e do quarteirão de forma circular que remata com a igreja, foram projetados quarteirões retangulares, entrecortados por vias perpendiculares, onde se implanta a maioria das casas económicas. A E. e S., o plano teve que se conformar aos limites do Parque de Monsanto, originando quarteirões de variadas formas poligonais e mesmo triangulares. Este eixo é também o elemento distribuidor relativamente a dois dos equipamentos público: o antigo centro recreativo popular (v. IPA.00035076) e a igreja (v. IPA.00035075). A escola primária situa-se no limite S. do bairro. O bairro é composto por 334 casas económicas, de categoria A e B (tipos 1, 2 e 3), todas geminadas, com pequeno quintal à frente e logradouro no tardoz, apresentando alçados despojados de elementos decorativos, cujo número de vãos varia com a largura da fachada, condicionada pela tipologia da habitação. As casas da categoria B, destinadas a famílias com rendimentos mais elevados, implantam-se junto às ruas principais do bairro, enquanto as de categoria A localizam-se nas ruas secundárias e nos limites do bairro.

Acessos

Avenida das Descobertas

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Periurbano, situado em encosta, entre as cotas altimétricas 50 e 100 m, no limite SO. do Parque Florestal de Monsanto (v. IPA.00034085). Bairro isolado na área urbana do Restelo (v. IPA.00011104) pela Avenida da Descobertas, situada a E., implantando-se junto ao limite administrativo da cidade com o concelho limítrofe de Oeiras, hoje constituído pela CRIL, no troço da antiga Estrada da Circunvalação. A N., confronta com a A5, principal acesso O. de Lisboa. A S., junto à Rua Sam Levy (antiga Estrada de Caselas), localiza-se a Quinta de Santo António (v. IPA.00003157) e um condomínio fechado (Villa Restelo) cuja cércea se eleva acima do bairro, mas que se enquadra no perfil das Torres do Restelo, situadas a poucos metros, a nascente. Por se localizar numa zona de fácil acesso e próxima do centro da cidade, o bairro tem vindo a crescer, resultado da urbanização de várias parcelas situadas nos seus limites e da edificação de edifícios multifamiliares de cooperativas de habitação.

Descrição Complementar

O Bairro de Caselas, segundo levantamento efetuado em maio de 2014, e tomando como limite o plano do bairro económico, é composto por 334 económicas (18 da classe A, tipo 1; 110 da classe A, tipo 2; 64 da classe A, tipo 3; 20 da classe B, tipo 1; 74 da classe B, tipo 2; 48 da classe B, tipo 3). Descrição da tipologia das casas do bairro económico de Caselas: A1 - sala de estar / jantar (acesso direto do exterior) e cozinha; 1.º andar: um quarto (casal) e instalação sanitária; A2 - sala de estar / jantar, cozinha e instalação sanitária; 1.º andar: 2 quartos; A3 - sala de estar / jantar, cozinha e quarto; 1.º andar: 2 quartos; B1: rés-do-chão: vestíbulo, sala de estar, sala de jantar e cozinha; 1.º andar: 2 quartos e instalação sanitária; B2 - rés-do-chão: vestíbulo, sala de estar, sala de jantar e cozinha; 1.º andar: 3 quartos e instalação sanitária; B3 - rés-do-chão: vestíbulo, sala de estar, sala de jantar, cozinha e quarto; 1.º andar: 3 quartos e instalação sanitária.

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Privada: pessoas singulares

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: António Couto Martins (Plano do Bairro de Casas Económicas de Caselas, projeto das casas económicas); CONSTRUTOR: Araújo e Almeida (Igreja de Caselas); Américo Amor (1ª fase de construção do bairro); Firma Mendes e Amor (2ª fase de construção do Bairro); Lourenço Simões e Reis Lda. (Centro de Recreio Popular).

Cronologia

1933, 23 setembro - o decreto n.º 23052 estabelece as condições segundo as quais o governo participa na construção de casas económicas, das classes A e B, em colaboração com as câmaras municipais, corporações administrativas e organismos corporativos (art.º 1.º); as Casas Económicas, como passam a ser designadas, são habitações independentes de que os moradores se tornam proprietários ao fim de determinado número de anos (propriedade resolúvel), mediante o pagamento de prestação mensal que engloba seguros de vida, de invalidez, de doença, de desemprego e de incêndio (art.º 2º); as atribuições do governo em matéria de casas económicas são partilhadas pelo Ministério das Obras Públicas e Comunicações (MOPC) e o Subsecretariado das Corporações e Previdência Social (art.º 3.º); ao MOPC compete a supervisão da construção de casas económicas (aprovação de projetos e orçamentos, escolha de terrenos e sua urbanização, promoção e fiscalização das obras, administração das verbas cabimentadas e fiscalização de obras de conservação e benfeitorias) (art.º 4.º); é criada a Secção de Casas Económicas na Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) (art.º 4.º); 1940, janeiro - aprovação, pelo Serviço de Construção de Casas Económicas (SCCE), da proposta do arquiteto Couto Martins, para o projeto do Agrupamento de Casas Económicas no sítio de Caselas, composto por 318 casas, pela quantia de 30 000$00; 1944, 5 setembro - lançamento do concurso público, pela Direção dos Serviços de Construção de Casas Económicas da DGEMN, para a adjudicação da empreitada para a construção de um agrupamento de Casas Económicas no sítio de Caselas (1.ª fase) a realizar em 26 de setembro, com base de licitação de 6.102.645$00; 1944, setembro - adjudicação da empreitada ao construtor Américo Amor; 1944, 21 setembro - ofício da DGEMN à CML solicitando, uma vez que foi "superiormente determinada a adjudicação da empreitada", que se iniciem o mais rapidamente os trabalhos de urbanização; 1945 - 1950- construção da 1.ª fase do bairro, composta por 190 casas da classe A (18 do tipo 1, 114 do tipo 2 e 58 do tipo 3) e 140 da classe B (18 do tipo 1, 76 do tipo 2 e 48 do tipo 3); 1945, março - o construtor Américo Amor solicita à DGEMN que interceda junto da CML para que lhe seja "concedida a exploração das pedreiras da Calceteira e de Cabanelas, situadas no parque de Monsanto, em virtude da dificuldade que tem na aquisição de grande quantidade de pedra de que necessita a obra de construção do bairro"; 1946, 25 novembro - ofício do Subsecretário de Estado das Obras Públicas, José Frederico Ulrich, encarregando a DGEMN de solicitar ao arquiteto Couto Martins a elaboração do projeto da igreja para o Agrupamento Económico de Caselas, fixando a data de 15 de janeiro para o respetivo anteprojeto; 1947, 16 janeiro - data do anteprojeto da Igreja do Bairro Económico de Caselas, da autoria do arquiteto Couto Martins, aprovado em 4 de fevereiro pelo arquiteto Raul Lino; 1947, 17 abril - aprovação, pelo Ministro das Obras Públicas, do projeto da Igreja do Bairro Económico de Caselas; 1947, 27 junho - lançamento do concurso público, pela Direção dos Serviços de Construção da DGEMN, para a adjudicação da empreitada de construção da Igreja do Bairro Económico de Caselas, a realizar em 18 de julho de 1947, com base de licitação de 750.000$00; 1948, 7 dezembro - data do complemento do plano de urbanização, que integra no bairro um "agrupamento de prédios em bloco", com zona comercial no piso térreo, da autoria do arquiteto Couto Martins (v. IPA.00035251), implantado num quarteirão a N. da escola e que prolonga a Rua do Gravato até ao limite E. do bairro (não consta no plano o centro recreativo popular); 1947 - 1949 - construção da Igreja de Caselas, empreitada adjudicada à firma Araújo e Almeida; 1949 - inauguração da 1.ª fase do bairro económico (200 casas); inauguração da escola primária, com quatros salas; 1950, 21 março - ofício da Secção de Casas Económicas do Instituto Nacional do Trabalho e Previdência à DGEMN, informando que já se encontra concluída a distribuição das casas da 1ª fase do bairro; solicita ainda, "após experiência de administração de muitos outros bairros económicos", que sejam elaborados projetos tipo para as seguintes construções: muros de vedação, anexos destinados a arrumações, garagens, capoeiras e telheiros abrigos; 1950, 9 outubro - o arquiteto Couto Martins não concorda que num bairro de casas económicas das classes A e B se construam garagens individuais, propondo que seja edificada, em local apropriado, uma garagem comum; discorda ainda do excesso de construções anexas em logradouros de reduzidas dimensões; 1951, junho - aprovação, pelo Ministro das Obras Públicas, dos projetos tipo dos anexos, da autoria do arquiteto Couto Martins; 1950, 22 abril - lançamento do concurso público, pela Direção dos Serviços de Construção da DGEMN, para a adjudicação da empreitada de construção de 32 moradias económicas (Classe A - 12: 4 do tipo 1, 4 do tipo 2 e 4 do tipo 3; classe B - 22: 4 do tipo 1, 8 do tipo 2 e 10 do tipo 3) no sítio de Caselas, em Lisboa (2.ª fase - ampliação), a realizar em 13 de maio de 1950, com base de licitação de 1.850.000$00; esta ampliação é uma consequência da alteração ao plano da 1ª fase, resultando na relocalização de um grupo de moradias que se encontravam no limite N. do bairro, provavelmente demasiado próximas da autoestrada; 1950, abril - adjudicação da empreitada à Firma Mendes e Amor; 1950, 14 julho - é solicitado ao Subsecretário de Estado, pelo presidente da CML e pelo comandante da PSP, a construção de esquadras da Polícia nos Bairros de Caselas, Alvalade e Alto da Serafina; esta pretensão parece justificada ao diretor-geral da DGEMN, que pede à Direção dos Serviços de Construção para preparar os respetivos projetos; o programa dos edifícios "poderá ser decalcado no da esquadra de Belém (...) introduzindo-lhe as modificações convenientes"; 1952 - inauguração da 2.ª fase do bairro (34 casas); data dos projetos-tipo das garagens e anexos da autoria do arquiteto Couto Martins (tipo A, para a casas da classe A2; tipo B, para as casas da classe tipo B), optando a Comissão de Fiscalização do bairro por uma solução mais económica, enquadrada nas linhas gerais dos projetos-tipo do mesmo autor; construção de uma pérgula que percorre as fachadas laterais e a cabeceira da igreja de Caselas; 1955, janeiro - ofício da DGEMN à CML informando que o Ministério das Corporações deseja que o bairro seja ampliado, para responder aos numerosos pedidos, não bastando as vagas nos agrupamentos existentes, nem as ampliações que se preveem nos bairros da Encarnação (32), Madredeus (174) e Vale Escuro (85); esta ampliação previa 34 moradias unifamiliares na zona central do bairro (zona A) e na área entre a escola e a zona comercial (zona B), incluindo uma área reservada para lojas, dispensável, por já estar prevista uma zona comercial e um mercado; no mesmo documento pede-se ainda que sejam arranjadas as habitações antigas, situadas ao centro e a norte do bairro, "que desfeiam extraordinariamente o conjunto"; 1955, 15 julho - ofício da CML concordando com a construção de casas na zona B, mas opondo-se à edificação na zona A, por ser inestético e por não estar posta de lado a solução da construção de um edifício para bombeiros e outro para a polícia; 1958, julho - designação, pelo ministro das Obras Públicas, Arantes e Oliveira, do arquiteto Couto Martins, para proceder à elaboração do projeto do Centro de Recreio Popular do Agrupamento de Económicas de Caselas; 1960, 18 novembro - aprovação, pelo Serviço de Construção de Casas Económicas, do projeto Centro de Recreio Popular; 1960, 3 agosto - lançamento do concurso público, pela Direção dos Serviços de Construção da DGEMN, para a adjudicação da empreitada de construção do Centro de Recreio Popular do Agrupamento de Económicas de Caselas, a realizar em 25 de agosto de 1960, com base de licitação de 621.135$00; 1961- 1963 - construção do Centro de Recreio Popular, empreitada adjudicada à firma Lourenço Simões e Reis Lda.; 1990, final - construção do condomínio fechado Villa Restelo, com 160 fogos.

Dados Técnicos

Fundações em betão ciclópico; paredes exteriores em alvenaria de pedra com argamassa de cimento e areia; paredes interiores em alvenaria de tijolo furado ou blocos de cimento; pavimento (à exceção das zonas húmidas) em soalho à portuguesa assente sobre vigamento de pinho; pavimento das cozinhas e IS, no piso térreo, em betão sobre brita batida com 150 cm de espessura e camadas de terra regadas e batida; pavimento nas zonas húmidas 2.º piso em betão armado; teto em placas de estafe estucado (caderno de encargos para a construção do Bairro de Caselas - ampliação); peitoris em cantaria e vergas dos vão em betão armado.

Materiais

Bibliografia

A Habitação em Portugal. Le Logement au Portugal. Housing in Portugal. Lisboa: Ministério das Obras Públicas, Centro de Estudos de Urbanização e Habitação Engenheiro Duarte Pacheco, 1963; BAPTISTA, Luís Vicente - Cidade e Habitação Social. O Estado Novo e o Programa das Casas Económicas. Oeiras: Celta, 1999; Mais Melhoramentos, Mais Trabalho, 1928-1953, Vinte e Cinco de Valorização Regional. Lisboa: Ministério da Obras Públicas, Comissariado do Desemprego, 1953, vol. II; FREITAS, Eduardo de, CALADO, Maria, FERREIRA, Vitor Matias - Lisboa, Freguesia de Belém. Lisboa: Guias Contexto, 1993; GROS, Marielle Cristine - O Alojamento Social Sob o Fascismo. Porto: Afrontamento, 1982; GROS, Marielle Christine - "Pequena História do Alojamento Social em Portugal", Sociedade e Território, 1994, pp. 80-90; HOWELL, Margarida Sousa Lobo - "Casas Económicas, um programa emblemático da política habitacional do Estado Novo", in Caminhos do Património. Lisboa, DGEMN 1999; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1951. Lisboa: MOP, 1952; Levantamento da Planta de Lisboa: 1904-1911, (dir. Júlio da Silva Pinto). Lisboa: Arquivo Municipal de Lisboa, s.d., pp. 2G, 3G; Ministério da Obras Públicas, Melhoramentos inaugurados oficialmente no dia 27 de abril 1949. Lisboa: Bertrand s.d.; Ministério da Obras Públicas, Melhoramentos inaugurados oficialmente em 1952 para comemorar as datas de 27 de abril e 28 de maio. Lisboa: Bertrand, s.d.; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952. Lisboa: MOP, 1953; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956. Lisboa: MOP, 1957; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1961. Lisboa: MOP. 1962, 1º vol.; SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo (dir.) - Dicionário da História de Lisboa, Lisboa: 1994.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSARH; AML (PT/AMLSB/CMLSB/UROB-PU/10/082/03); DGEMN/CE (Bairro de Caselas)

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; AML: Arquivo Fotográfico

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSCSV (Bairro de Caselas, PT DGEMN: DSCSV-001-0102/0590); DGEMN/CE (Bairro de Caselas)

Intervenção Realizada

CMLisboa: 2009 - 2010 - requalificação do miradouro.

Observações

"Áreas legais" a atribuir às casas: classe A, 250 m2; classe B, 333,33m2

Autor e Data

Anouk Costa e Rita Vale 2014

Actualização

 
 
 
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