Capela do Espírito Santo / Igreja e Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Portalegre

IPA.00002031
Portugal, Portalegre, Portalegre, União das freguesias da Sé e São Lourenço
 
Arquitectura religiosa e arquitectura de saúde, barroca, rococó. Igreja de misericórdia manuelina, reaproveitando elementos de uma anterior ermida de invocação do Espírito Santo, com Hospital, adossado a N., de características barrocas. Igreja orientada, de nave única antecedida por nártex, capela-mor mais estreita e com sacristia, passo processional rococó e torre sineita adossados a S. apresentando azulejos hispano-mouriscos de aresta; fachada principal de pano único, delimitado por cunhais angulares, rasgado por arco de volta perfeita, de acesso ao nártex, encimado por duas janelas de sacada e com remate recto em cornija e beirado; cobertura interior em tecto de masseira, coro, inserido no alçado, abrindo para a nave por vão em arco de volta perfeita; púlpito do lado do Evangelho e altares laterais em talha dourada, barrocos; capela-mor com cobertura em abóbada de nervuras e combados, rebaixada; retábulo-mor de talha dourada e polícroma, de planta convexa, com trono e camarim, de estilo rocaille com elementos de transição para o neoclássico. Hospital com fachada cenográfica, barroca, ritmada pelos cinco panos com remates individualizados em frontão polilobado. A fachada do edifício do Hospital, de grande efeito cenográfico e que parece inspirar-se na fachada monumental do Seminário de Coimbra de Fr. João da Soledade (RODRIGUES e PEREIRA, 1988).
Número IPA Antigo: PT041214080027
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta composta pelos corpos da Capela a S., de planta longitudinal, e do Hospital adossado a a N., de planta rectangular.Volumes articulados, massas dispostas na horizontal; cobertura diferenciada em telhado, com telha mourisca, de quatro águas no corpo principal da igreja, de coruchéu na torre, de múltiplas águas e com clarabóia no Hospital. CAPELA: planta composta por nártex, nave, capela-mor, torre sineira e Passo processional e sacristia adossados a S.. Fachada principal orientada, de pano único delimitado por cunhais diagonais de cantaria aparelhada; ao centro rasga-se vão gradeado, de acesso ao nártex, em arco de volta perfeita sobre pilares de cantaria munidos de altas bases; sobre o arco duas janelas de sacada, de iluminção do coro; remate recto de cornija e beirado; o nártex é antecedido por escadaria pétrea; no interior apresenta cobertura em abóbada rebaixada, nervurada, estrelada, com a pomba do Espírito Santo no fecho; portal de acesso à igreja em arco quebrado de moldura filetada simulando arquivoltas, sobre pilares decorados de caneluras; uma porta para N., uma outra, emparedada, para S.. Fachadas N. e E. adossadas. Fachada S. de 3 panos, com remate em beirado, correspondentes ao nártex, nave e capela-mor; 1º pano rasgado superiormente por duas janelas de sacada com vergas rectas alteadas; 2º pano tendo adossados a torre sineira, de secção quadrada, com cunhais relevados sobre bases; apresenta dois registos, definidos por cornija moldurada; registo inferior rasgado por frestas, duas sobrepostas na face O. e uma na face S.; neste pano, sobre o embasamento pintado, três cruzes formando o calvário em azulejo de aresta em verde, mel e azul; no registo superior rasgam-se por banda, os olhais das sineiras em arco de volta perfeita; remate em cornija moldurada com pináculos no remate dos cunhais; cobertura em eirado e coruchéu; ainda no 2º pano da fachada S. volume quadrangular tendo adossado Passo processional gradeado, encimado por frontão com volutas, alteado e contracurvado, exibindo um escudo com as cinco chagas envolto em trabalho de massa com decoração rocaille; no seu interior altar decorado com símbolos da paixão; segue-se janela correspondente à capela lateral da igreja e porta antecedida de escada com moldura arredondada, apresentando tiara e cruz de três braços entre dois pináculos, no lintel, e janelão sobre a porta; no 3º pano, delimitado por contrafortes rematados por pináculos e correspondente à capela-mor, adossa-se o corpo da sacristia rasgado por janela; num plano mais recuado, janelão da capela-mor. INTERIOR: nave única, com pavimento de madeira entre rectângulos de cantaria, e cobertura em tecto de masseira com molduras divisórias relevadas compondo caixotões. No alçado O. pia de água benta e guarda-vento de madeira; sobre a porta principal arco redondo do coro, com grade de madeira perfurada. O coro apresenta quatro janelas, um nicho de cada lado do arco que dá para a nave e tecto de masseira em estuque. No alçado N., de O. para E., rasga-se superiormente, vão de janela entaipado, de moldura facetada; segue-se nicho com oratório e janela, rasgada à mesma altura da anterior, com moldura esquadrinhada e volutas no frontão e no parapeito; púlpito com varanda de cantaria de granito, de secção rectangular, decorada com losangos, apoiada em coluna dórica, com acesso por porta de moldura rectangular; altar lateral em talha dourada do estilo nacional, com colunas pseudosalomónicas, nicho central exibindo uma Pietá e sanefas com decoração rocaille. No alçado S. porta para a torre sineira; capela lateral antecedida por arco redondo e grades em ferro forjado, iluminada por janela a E.; cobertura em abóbada de decoração vegetalista em trabalho de massa; altar em alvenaria com nicho central exibindo um calvário, terminado por frontão interrompido com as cinco chagas; porta de acesso ao exterior munida de sanefa em talha, encimada por grande janelão; pia de água benta e altar lateral em talha dourada, em estilo nacional, com colunas pseudosalomónicas, nicho central envidraçado e sanefa em talha dourada e polícroma. Arco triunfal de volta perfeita, degrau de acesso à capela-mor e vestígios de grade antes dos altares laterais; nichos colaterais com oratório; a N., porta de comunicação com uma série de salas paralelas à nave; três degraus de granito de acesso ao altar-mor. Capela-mor com cobertura em abóbada rebaixada, nervurada, de combados, apresentando a pomba do Espírito Santo no fecho e decoração vegetalista nos bocetes; no alçado S. janelão; retábulo-mor de trono com a Santíssima Trindade, ladeado por colunas coríntias de ângulo a suportar um frontão interrompido e alteado, decorado com a pomba do Espírito Santo; de cada lado do uma porta, sendo falsa a do lado S., com sanefas rocaille. Paralelamente à nave e à capela-mor, do lado N., corre um conjunto de seis saletas que se inicia na frontaria do Hospital - porta e janela do seu extremo S. - e termina num pequeno quintal, já no tardoz do Hospital; as várias saletas dão acesso ao nártex da entrada - a primeira - , ao púlpito da nave - a quinta - e à capela-mor - a sexta -; a segunda saleta apresenta lareira. HOSPITAL: planta rectangular, composta por quatro alas que se organizam à volta de um pátio rectangular. Fachada principal orientada de 3 registos e 5 panos definidos por pilastras encimadas por taças; no registo inferior três janelas e três portas, estando a porta de acesso à Capela do Espírito Santo situada no extremo S. e o portal principal centrado; este apresenta ombreiras sob a forma de pilastras em ângulo, lintel abatido com data inscrita de 1753, frontão interrompido; no tímpano, inscrição, a que se soprepõe composição, inscrita num arco redondo construído em aparelho almofadado, de dois meninos segurando o escudo prelatício, coroado e com chapéu episcopal; no 2º registo quatro janelas de sacada ladeando, simetricamente, o corpo central; no último registo cinco janelas com gradeamento (varandim); todos os vãos são em arco abatido e moldura trabalhada em calcário; as janelas do 1º e 2º registos possuem frontão redondo; remate dos 5 panos em frontões curvos, trilobados, sendo o do pano central alteado, com espaldar com o escudo português envolto em decoração vegetalista, em trabalho de massa; remate dos frontões em beirado coroados por pináculos bolbosos. Fachada N. de 3 registos rasgados por janelas de moldura simples, rectangular; porta de acesso ao 1º andar na zona central, estando o piso térreo abaixo do nível do terreno ( jardim ). Fachada E., com ampliação avançada com escadaria e porta de acesso ao 1º andar; é rasgada por inúmeros vãos, sendo de destacar quatro janelas - duas no 1º e duas no 2º registo - com molduras trabalhadas em granito e em alvenaria, frontões curvos e concha esculpida nos tímpanos das janelas e porta do 1º andar. Fachada S. adossada à Capela do Espírito Santo, sendo visíveis as janelas do 2º andar. O portal do edifício dá acesso, através de túnel, ao pátio, e deste se acede, através de escadarias laterais de granito, com murete começado por voluta e encimado por corrimão moldurado, a uma galeria envidraçada do 1º andar, com arcos em asa de cesto e tecto em abóbada de aresta. Esta galeria dá acesso a escadaria, iluminada por clarabóia, de dois lanços paralelos de cada lado, com degraus de madeira que se reúnem na plataforma do 2º andar, tudo estruturado por colunas de ferro fundido, capitelizadas, e por grandes poleias. INTERIOR: mantém, em geral, a compartimentação do primitivo espaço, reabilitado através de estruturas leves e amovíveis de madeira, metal e vidro, incluindo a colocação de tectos falsos para obviar ao desconforto dos primitivos pés-direitos; coberturas em abóbada de aresta em alvenaria de tijolo.

Acessos

Avenida da Liberdade, n.º 24 - 28. WGS84 (graus decimais) lat.: 39,296600; long.: -7,429650

Protecção

Em vias de classificação / Incluído na Área Protegida da Serra de São Mamede (v. PT041214020015)

Enquadramento

Urbano, meia-encosta, no Rossio, antigamente designado por Rossio do Espírito Santo, formando gaveto, adossado a E. a edifício camarário que constituía a antiga cavalariça.

Descrição Complementar

No amplo logradouro do Hospital a N. e a NE., está situado o jardim, um pequeno edifício com quartos individuais, o Centro de Dia, o Centro de Acamados e Deficientes João Augusto Alves, e outro edifício que possui a lavandaria e um espaço para tempos livres.

Utilização Inicial

Religiosa: ermida

Utilização Actual

Cultural e recreativa: associação cultural e recreativa / Assistencial: lar

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 14 - existência de uma primitiva ermida; 1500 - 1501 - fundação da Santa Casa da Misericórdia de Portalegre; séc.16 - construção da actual igreja; passagem do antigo Hospital da Misericórdia para o lugar actual, fundindo-se com a albergaria da Confraria do Espírito Santo; fragmentos de azulejos mudejares que se encontram nas fachadas O. e S., constituindo cruzes; passagem do antigo Hospital da Misericórdia para o lugar actual, fundindo-se coma albergaria da Confraria do Espírito Santo; sécs.17 - 18 - altares laterais em talha dourada; séc.18 - altar-mor, capela lateral, torre sineira e estuque no tecto da nave; 1710 ou 1718 - data incrita num dos sinos da torre sineira; 1753 - data inscrita no portal do Hospital; 1753 - 1826 - campanha de obras de remodelação no Hospital, ordenada e paga pelo Bispo de Portalegre, D. José Valério da Cruz; 1762 - 1763 - John Hunter, cirurgião inglês trabalha no Hospital; 1785 - data inscrita no passo processional adossado à fachada S. da ermida; 1901- calcetamento do pátio e túnel de acesso do Hospital; 1904 - data incrita num dos sinos da torre sineira da capela; 1934 - erguido no pátio do Hospital monumento ao benemérito José M. Elias; 1974 - o Hospital cessa a sua actividade: 1978 - 1979 - grande remodelação no Hospital, transformando-se as antigas enfermarias em quartos para Lar da 3ª Idade; 1989 - 1990 - reabilitação do edifício do Hospital passando a cozinha e o refeitório, do 1º andar para o piso térreo; 1994, 08 novembro - proposto como Imóvel de Interesse Público (Capela) e como Valor Concelhio (Hospital) pelo PDM de Portalegre, DR n.º 258; 2020, 17 setembro - publicação do anúncio de abertura do procedimento de classificação da Capela do Espírito Santo, em Aviso n.º 14162/2020, DR, 2.ª série, n.º 182.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes suportando cobertura em estrutura de madeira que por sua vez suporta o telhado e fixa o tecto de estuque da nave e coro; nártex e capela-mor com abóbadas rebaixadas, sendo os empuxos, desta última, equilibrados por contrafortes exteriores encimados por urnas.

Materiais

Alvenaria de pedra e tijolo, telha, cantaria de granito e mármore, estuque, madeira, tijoleira, ferro fundido, azulejo

Bibliografia

ARRAIS, D. Frei Amador, Diálogos, 1604; MAIOR, Diogo Pereira Sotto, Tratado da Cidade de Portalegre, Portalegre, 1619; KEIL, Luís, Inventário Artístico de Portugal. Distrito de Portalegre, Lisboa, 1943; RODRIGUES, Jorge e PEREIRA, Paulo, Portalegre, Lisboa, 1988.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; Santa Casa da Misericórdia de Portalegre; GAT de Portalegre

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; Santa Casa da Misericórdia de Portalegre; Diocese de Portalegre; GAT de Portalegre; Corpo Nacional de Escutas de Portalegre

Intervenção Realizada

Santa Casa da Misericórdia de Portalegre: 1978 - 1979 - obras de reabilitação para Lar da 3ª Idade; 1989 - 1990 - obras de reabilitação incluindo passagem da cozinha e refeitório, do 1º andar para o piso térreo

Observações

1* - por informação da actual direcção da Santa Casa da Misericórdia, a Capela do Espírito Santo pertence a esta instituição, estando devidamente inscrita na sua caderneta predial; no entanto, por recente acordo, esta capela vai ser desanexada e inscrita como propriedade da Paróquia de São Lourenço.

Autor e Data

Domingos Bucho e João Bucho 2000

Actualização

 
 
 
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