Igreja Paroquial de São Lourenço / Igreja de São Lourenço

IPA.00020176
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Arquitectura religiosa, gótica e barroca. Igreja paroquial de planta longitudinal composta por 2 entidades espaciais distintas, a nave e capela-mor, ambas de planta rectangular e cobertura em abóbada de berço. A nave única apresenta muros laterais animados por altares de ambos os lados e púlpito.do lado da Epístola. Presença de coro-alto com guarda em balaustrada de madeira. Capela-mor sobrelevada, com acesso por meio de escada de lanços rectos, com muros laterais rasgados por 2 níveis de janelas de peito e muro de topo animado por retábulo em talha dourada de estilo nacional. Sacristia contígua à nave e com acesso pelo lado do Evangelho, colateral a tribuna. Além de um riquíssimo espólio interior pautado por grande diversidade em termos cronológicos, de materiais e técnicas usadas bem como das soluções ornamentais e plásticas que os mesmos exibem - altar em talha dourada no estilo nacional, pintura decorativa, pintura sobre tela ou azulejo (de figura avulsa de Delft, do século 17, de tapete policromo do mesmo período e ainda recortados do final do 18 ao gosto rococó, entre outros) - acresce agora o património recentemente posto a descoberto na sequência de campanhas arqueológicas, como 2 capelas góticas contíguas ao lado da Epístola da igreja
Número IPA Antigo: PT031106530633
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta rectangular composta pela justaposição de 2 rectângulos (nave e capela-mor) aos quais se adossam corpos laterais, volumetria paralelepipédica e cobertura em terraço. Alçado principal a O., em reboco pintado, composto por 3 panos separados por pilastras e cunhais de cantaria, dos quais se demarca o do extremo N., correspondente ao corpo da igreja: com soco em cantaria é rasgado, a eixo, por portal de verga recta (com emolduramento simples de cantaria) sobrepujado por frontão triangular, janela iluminante com malheiro de ferro e óculo ao nível do remate do corpo, definido por ática triangular acentuada pela presença de cornija. Esta apresenta-se articulada com pano de muro superiormente rematado por volutas dispostas em simetria a partir da cruz ao centro. No corpo intermédio reconhece-se pano sobrepujado por dupla ventana sineira. Alçado lateral a SO., animado pela abertura de janelas de peito com emolduramento simples de cantaria segundo alinhamento irregular e a definir 3 registos horizontais, que se articulam, ao nível do piso térreo com porta lateral de acesso à igreja e com arco ogival adossado ao pano de muro e a inscrever uma das janelas. INTERIOR: de nave única com cobertura em abóbada de berço separada por cornija e animada por pintura sobre tela inscrita em caixotões, a representar os apóstolos *2. Muros laterais revestidos com silhar de azulejos policromos recortados alusivos a passos da vida de São Lourenço, reconhecendo-se, do lado da Epístola, acesso lateral ladeado por 2 capelas góticas *3, bem como púlpito de guarda circular. Do lado do Evangelho observa-se tribuna em arco de volta perfeita em cantaria delimitada por gradeamento metálico com muros interiores animados por azulejo de tapete policromo. Precede a capela-mor presbitério separado por teia de madeira e animado nos extremos por 2 altares laterais inscritos em arcos de volta perfeita. Coro-alto adossado à face interna da fachada com guarda em balaustrada de madeira contracurvada. A capela-mor, de planta rectangular e cobertura em abóbada de berço, está separada da nave por arco triunfal de volta perfeita em cantaria sobrepujado pela pedra de armas dos Ponte de Lima *4. Sobrelevada e com acesso por escadaria central delimitada por teia em madeira, exibe muro laterais rasgados por 4 janelas e integralmente revestidos com painéis azulejares azuis e amarelos de carácter ornamental e no muro de topo, retábulo-mor de estilo nacional, com camarim a albergar trono. Altar-mor com decoração pintada a simular embutidos de mármore. Acede-se à sacristia, do lado do Evangelho, pela nave. Nesta observam-se muros com silhar de azulejos monócromos de figura avulsa.

Acessos

Rua Marquês de Ponte de Lima. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,715685, long.: -9,133451

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 740-J/2012, DR, 2.ª série, n.º 248 de 24 dezembro 2012 *1

Enquadramento

Urbano. Integrado na malha urbana irregular do bairro da Mouraria, fazendo gaveto, em posição sobranceira ao Lg. do Martim Moniz, implantada contiguamente e articulada (de forma directamente comunicante) com o Palácio da Rosa (v. PT031106530586), na proximidade do Edifício no Largo da Rosa (v. PT031106380634)

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

CML: Gabinete Técnico da Mouraria (Arq.ª Teresa de Campos Coelho / Dr.ª Ana Dias ; tel. 21 888 48 56 , fax 21 887 26 88)

Época Construção

Séc. 13 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ENGENHEIRO: Fernando Lizzi (1989). PINTOR: João da Mota (1677); Raimundo do Couto (1692). PINTORES - DOURADORES: Francisco Rodrigues (1700); Manuel do Monte (1700); Marcos da Silva (1700).

Cronologia

1258 ou 1271 - fundação da igreja, por iniciativa de Pedro Nogueira, também referido como Mestre Nogueira, físico do rei D. Dinis, a cujo morgadio ficou associada, pelo que passando o mesmo posteriormente à casa dos viscondes de Vila Nova de Cerveira e, depois marqueses de Ponte de Lima, que vêm a herdar os condes e marqueses de Castelo Melhor, a igreja ficou também ela associada a estas casas nobres; 1296 - a igreja já é padroado dos viscondes de Vila Nova de Cerveira; 1531 - o sismo que neste ano atinge Lisboa causa danos na igreja; 1536 - data de lápide sepulcral na capela-mor; 1551 - segundo Cristóvão Rodrigues de Oliveira, a igreja tem um prior e quatro beneficiados, rendendo 250 cruzados e tendo cada benefício 60 cruzados; a igreja tem uma capela de Santa Vitória, com duas missas quotidianas e com dois capelães, a quem o administrador paga 50 cruzados e um moio de trigo; tem a capela de São João, dando o administrador 30 cruzados ao capelão; tem as capelas de Santa Catarina, com missa quotidiana, pagando-se ao capelão 30 cruzados e a de Santa Ana, com três capelães, a quem são pagos 85 cruzados; no templo estão sediadas as confrarias do Santíssimo e de São Lourenço, que rendem de esmola 30 cruzados; 1611 - pedido efetuado a Filipe II, por Lourenço Macedo de Fróis, Provedor das Capelas dos Orfãos, no sentido de que o monarca concedesse apoio para obras de recuperação da igreja, onde não se podia celebrar missa, uma vez que ainda não havia sido possível proceder a uma campanha de obras que anulasse completamente os danos causados pelo terramoto de 1531; séc. 17 - construção do Palácio da Rosa em terreno contíguo, desenvolve uma articulação com a igreja, por meio da abertura de uma tribuna lateral, a N.; 1677 - pintura do teto em brutesco por João da Mota; 1692 - pintura do teto da igreja por Raimundo do Couto, o qual terá feito os azulejos que persistem na capela-mor; 1700, 07 maio - contrato entre D. Tomás de Lima e Vasconcelos, Visconde de Ponte de Lima, e os pintores Francisco Rodrigues, Marcos da Silva e Manuel do Monte, para o douramento do altar-mor, por 450$000 (FERREIRA, vol. II, p. 589); 1755, 01 novembro - os danos causados pelo terramoto, queda de metade do teto e da totalidade do coro, implicam obras de reedificação; 1761, 12 novembro - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Bernardo Bulhões de Araújo, é referido que a igreja é colegiada e tem os altares mor, o de Nossa Senhora da Piedade, Espírito Santo, São Tomás de Aquino, Senhor Jesus, Nossa Senhora da Conceição, Santa Catarina, instituída por Constança Ana Palhavã, sendo administrada pela Coroa, e Santa Vitória, instituída por D. Vicente Martins Flor da Rosa, administrada por D. Tomás da Silveira; tem as irmandades do Santíssimo e das Almas; o pároco é prior apresentado pelo padroeiro, o Visconde de Vila Nova de Cerveira e recebe cera de 250$000; a Colegiada tem quatro beneficiados, apresentados pelo mesmo padroeiro e com o rendimento de 60$000; tem como anexa a Igreja Paroquial de Oeiras, que rende cerca de 200$000; 1763 - concluídas as obras de recuperação; 1834 - na sequência da expulsão das ordens religiosas, o altar-mor recebe uma imagem de São Lourenço, oriunda da igreja do extinto convento de São Camilo de Lélis; 1889, 18 março - transferência de mobiliário para a Casa do Despacho da Irmandade do Santíssimo, proveniente do extinto Mosteiro da Esperança (v. PT031106371733); séc. 20 - campanha de obras empreendida pelo marquês de Ponte de Lima, em consequência da abertura da rua homónima, responsável designadamente pela subida de cota da rua que implicou o desaparecimento da escadaria de acesso à porta principal da igreja, ainda existente cerca de 1840, como se constata por um desenho integrante um manuscrito datado desse ano; 1867 - provável realização da pintura do teto; 1902 - é colocada no altar-mor a imagem de nossa Senhora da Pureza que até esta data se venerava na capela do palácio dos condes de Castelo Melhor aos Restauradores, adquirido pelo marquês da Foz em 1889; 1904 - conclusão de obras de beneficiação, promovidas pelo marquês de Castelo Melhor; 1926 - o edifício encontra-se na dependência do Ministério da Justiça; 1928 - 1936 - é proprietário do edifício João da Silveira Pinto da Fonseca; 1949 - são proprietários do edifício os herdeiros de João da Silveira Pinto da Fonseca; 1958 - é proprietária do edifício Helena Castelo Melhor; 1970 - aquisição pela CMLisboa do conjunto Palácio da Rosa e Igreja de São Lourenço, sendo significativo o estado de degradação do imóvel; 1989 - empreendidas obras de consolidação e recuperação, logo após a criação do Gabinete Técnico da Mouraria e com o acompanhamento do Engenheiro Fernando Lizzi, que uma equipa de especialista, integrando elementos do IPPAR, ténicos do Instituto José de Figueiredo, historiadores de arte e a equipa de azulejaria da CMLisboa, secundou, permitindo compreender estratigraficamente o edifício e por a descoberto uma parte mais significativa daquela até então conhecida da primitiva igreja medieval; 2005, 27 janeiro - por despacho do Presidente do IPPAR, é aberto o procedimento para a eventual classificação do conjunto, incluído o Palácio da Rosa, estando em vias de classificação desde 12 de maio; 2005, 21 junho - Despacho de encerramento da proposta de classificação do edifício, por fazer parte do processo de classificação conjunta com o Palácio da Rosa; 2012, 14 junho - publicação do projeto de decisão relativo à classificação do edifício como Monumento de Interesse Público e fixação da respetiva Zona Especial de Proteção, em Anúncio n.º 12 827/2012, DR, 2.ª série, n.º 114.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira, azulejos

Bibliografia

ALMEIDA, D. Fernando de, (dir. de), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, vol. V, Tomo1, Lisboa, 1973; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Livro III, Lisboa, s.d.; COELHO, Teresa Campos, Poder e Política. As Operações de Reabilitação Urbana em Lisboa (o caso da Mouraria), Lisboa, s.d.; COELHO, Teresa Campos, Trabalhos de Recuperação da Igreja de São Lourenço de Lisboa, in Pedra e Cal, n.º 1, 1998; GONÇALVES, António Manuel, SEGURADO, Jorge, O Largo da Rosa e do Nobre Sítio de São Lourenço, Lisboa, 1984; FERREIRA, Sílvia Maria Cabrita Nogueira Amaral da Silva, A Talha Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras, Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2009, 3 vols.; MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando, Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1974; OLIVEIRA, Cristóvão Rodrigues de - Sumário em que brevemente se contém algumas coisas (assim eclesiásticas como seculares) que há na Cidade de Lisboa. 2.ª ed. Lisboa: Edições Biblion, 1938; SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, (dir. de), Dicionário da História de Lisboa, Sacavém, 1994; SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal - o Barroco, Barcarena, Editorial Presença, 2003; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. III.

Documentação Gráfica

CML

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

DGLAB/TT: Chancelaria de D. Filipe II, Livro 28, fls. 40 e 62 v., Arquivo Histórico do Ministério das Finanças / Conventos extintos, Convento da Esperança, caixa 1957, capilha 2; CML: Arquivo de Obras, Procº nº 25460

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1928, Outubro - construção de biombo em forro de madeira; 1930, Junho - reparações interiores, exteriores e beneficiação da cobertura e canalizações; 1936, Agosto - limpeza e reparações interiores e exteriores; 1949, Março - obras gerais de beneficiação; 1958, Dezembro - obras de limpeza e beneficiação geral; 1965, Agosto - obras simples de conservação; CML: década de 80 a 2001 - campanha de obras de recuperação (sob a coordenação do Gabinete Técnico da Mouraria e acompanhamento do técnico italiano Engº Fernando Lizzi), responsável, nomeadamente por medidas de consolidação, como injecção de cal e cimento, pregagens, refechamento de fendas, aplicação de resinas epóxidas nas juntas de cantaria e aplicação de micro estacas ao nível das fundações.

Observações

*1- Classificação do Conjunto constituído pelo Palácio da Rosa (v. IPA.00014192) e Igreja de São Lourenço (incluindo toda a área de jardins). *2- de momento não se encontram no local. *3 - entretanto postas a descoberto e anteriormente correspondentes à antiga habitação do pároco e a sala de apoio à igreja. *4 - cuja leitura heráldica é a seguinte: escudo partido de 2 traços : 1, de Limas ; 2, cortado de Britos sobre Sotomaiores ; e 3, cortado de Nogueiras sobre Vasconcelos ; sobre o todo, escudete esquartelado : I e IV de Silvas ; II e III de Meneses (antigos).

Autor e Data

Teresa Vale, Maria Ferreira e Sandra Costa 2001

Actualização

 
 
 
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