Creche do Alto do Pina / Casa dos Plátanos

IPA.00020105
Portugal, Lisboa, Lisboa, Areeiro
 
Arquitectura educativa, ecléctica. Creche de planta predominantemente centralizada, composta por corpo rectangular desenvolvido à volta de pátio central e com dois corpos perpendiculares formando uma cruz enquadrada incompleta. Fachadas de um piso, para prescindir das escadas interiores e evitar as quedas, e de dois apenas na fachada principal, com vários panos definidos por pilastras em silharia fendida, as das fachadas laterais com motivos fitomórficos nos cunhais, rasgadas por vãos rectilíneos e em arco abatido, de molduras recortadas, e terminadas em cornija e beirado simples. A fachada principal tem três panos, o central com átrio em arco de volta perfeita e portal de acesso ao interior, com arco de volta perfeita e moldura recortada e volutada, encimado por cartela sobreposta por frontão e cornijas, terminando em platibanda plena; os laterais são rasgados por janela de peitoril, de diferente modinatura e terminam em balaustrada. Nas fachadas laterais, abrem-se amplas janelas com varandim ou galeria de recreio, para admirar a vista e aproveitar a exposição solar. Interiormente, o espaço desenvolve-se à volta do pátio central, que servia de recreio e pretendia proteger as crianças e mantê-las sob vigilância, circundado por corredores e com todas as salas rasgadas por janelas voltadas ao exterior, de modo a proporcionar um bom arejamento e iluminação natural, consideradas indispensáveis ao bom desenvolvimento humano. O logradouro é amplo para proteger as crianças do ruído e conceder-lhe ar puro.
Número IPA Antigo: PT031106030791
 
Registo visualizado 3504 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Jardim de infância    

Descrição

Planta composta por corpo central rectangular, estruturado em torno de pátio central, com ângulos torreados e salientes, e com dois outros corpos dispostos perpendicularmente a meio da fachada principal e posterior, no sentido SE. / NO., sendo o primeiro mais longo. Volumes articulados, dispostos na horizontal com cobertura em telhado de duas, três e quatro águas*1. Fachadas simétricas, rebocadas e pintadas a rosa velho, com embasamento de cantaria, pilastras nos cunhais e a separar os panos, em silharia fendida, rasgadas por janelas de peitoril molduradas a cantaria e terminadas em friso relevado pintado de branco, cornija de cantaria e beirado simples, à excepção da fachada principal. Fachada principal voltada a SE., com corpo central, avançado e mais elevado, formando um torreão, com dois pisos e três panos separados por pilastras. O pano central, antecedido por lanço de degraus, é rasgado por arco de volta perfeita sobre mísulas volutadas, de acesso a átrio, encimado por cartela recortada ladeado por elementos fitomórficos enrolados *2, e sobrepujada por frontão de volutas com folha de acanto ao centro; este é sublinhado por duas cornijas sobrepostas, formando empena de ângulos horizontais, a superior mais larga e fazendo já parte da platibanda plena que remata este pano e nos ângulos superiores dos quais surgem elementos poligonais relevados pintados de branco; átrio quadrado, com silhar de azulejos monocromos azuis sobre fundo branco, de albarradas, tendo lateralmente bancos em pedra de liós; frontalmente, abre-se portal de acesso ao interior, em arco de volta perfeita com moldura superiormente recortada e ornada por volutas e acantos em cartela central, assente em pilastras de fuste liso e capitel coríntio, com porta em ferro, envidraçada, com a data 1921. Os panos laterais, idênticos, são rasgados por uma janela de peitoril por piso, no térreo rectilínea, com moldura de ângulos rectos salientes, e no superior mainelada, com espelho vazado por óculo trilobado; terminam em friso dórico, com triglifos e métopas, coroado por balaustrada e, na divisão dos panos, acrotérios rematados por elementos curvos; no alinhamento do frontão e cornijas do pano central, as pilastras unificam-se e são sobrepostas nos ângulos por festões. Fachadas laterais de seis panos definidos por pilastras iguais às da fachada principal, mas sobrepostas por elementos fitomórficos na zona do capitel, e um piso, excepto o pano do torreão da fachada principal, que tem dois pisos, rasgados por uma janela rectilínea com moldura de ângulos rectos no primeiro e de perfil curvo, recortado e cornija inferior sobre duas falsas mísulas no segundo. Os restantes panos são rasgadas por janelas de verga curva e moldura recortada, terminada em pequena cornija, com chave relevada, brincos laterais e inferiormente terminadas em ângulos rectos; as janelas do corpo avançado da fachada posterior têm moldura recortada, mas mais simples. Os torreões dispostos nos ângulos do corpo central quadrangular e terminados em telhados piramidais, enquadram pano central recuado, rasgado por três arcos de volta perfeita, tendo frontalmente varandim sobrelevado, com guarda em ferro, intercalado por acrotérios de cantaria, de almofadas côncavas, coroados por esfera. Nos ângulos N., S., E. e O., entre os corpos salientes, rasgam-se portais, em arco abatido, encimado por espaldar curvo rematado em cornija contracurvada, com chave saliente, vazada por vão em forma de campânula, gradeado. A fachada lateral esquerda, volta-se a SO., apresentando sob a mesma uma estrutura em betão com contrafortes, acompanhando o forte desnível do terreno na zona. O pátio central apresenta as fachadas NE. e SO. rasgadas por três arcos de volta perfeita, com molduras em cantaria, e portas envidraçadas de acesso ao interior do imóvel; as fachadas SE. e NO. são rasgadas, respectivamente, por três janelas e por uma porta ladeada por duas janelas, todos com moldura semicircular. INTERIOR com espaço estruturado em torno do pátio central, rectangular; o corpo mais extenso desenvolvido no sentido SE. / NO., define um eixo que atravessa longitudinalmente o edifício a partir do vestíbulo, a SE., e ao centro do qual se encontra o pátio interno, este contornado por corredor para o qual abrem as dependências do imóvel, e no topo dos quais apresentam vãos de acesso ao exterior. No corpo SE., dispõe-se o vestíbulo, de planta rectangular, tendo à esquerda, escadas em caracol, em madeira, de acesso ao piso superior, e do lado oposto, uma sala com um painel de azulejos, monocromos azuis sobre fundo branco, com moldura de concheados e volutas, recortada, e uma grinalda, ao centro. No seguimento do vestíbulo, desenvolve-se um pequeno corredor para o qual abrem, três dependências de cada lado. As alas laterais do corpo rectangular que ladeiam o pátio interno, têm sete dependências voltadas NE. e cinco a SO., amplamente iluminadas pelos vãos, os centrais dando para o varandim. No corpo a NO. fica o refeitório, as instalações sanitárias e uma sala de trabalho. Nos topos SE. e NO. do pátio fica a zona de serviços (lavandaria, engomadaria) e instalações sanitárias. Segundo piso de menor área, limitando-se à zona sobre o vestíbulo e dependências adjacentes, apresentando duas salas e umas instalações sanitárias. Os pavimentos são em tijoleira nos corredores, áreas de serviço, instalações sanitárias e salas de trabalho; em madeira nos gabinetes e em vinil nos quartos. Tectos falsos em pladour. As paredes do corredor que contorna o pátio e as do refeitório apresentam silhares de azulejos de padrão, monocromos azuis sobre fundo branco.

Acessos

Rua Barão de Sabrosa n.º 269 a 271. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,740064, long.: -9,129549

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado. Construído sobre uma elevação natural, rodeado por jardim, com vegetação densa, e vedado por muro, alto, rebocado e pintado a cor-de-rosa, encontra-se destacado do quadro urbano que o envolve, maioritariamente composto por prédios de rendimento em estilo modernista. Limitado, a S., pela R. Egas Moniz, a NE., pela R. Barão de Sabrosa e a O. pela R. Marcelino Mesquita. Na esquina entre a R. Barão de Sabrosa e a R. Egas Moniz, a entrada principal, é marcada por um portão em ferro e um muro capeado a cantaria, com um relevo, em bronze, representando duas crianças e duas aves, estilizadas. Nas proximidades, fica a Fonte Luminosa da Alameda D. Afonso Henriques (v. PT031106030282).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Educativa: jardim de infância / creche

Utilização Actual

Educativa: jardim de infância / creche / Assistencial: centro de acolhimento infantil

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

SantaCasa da Misericórdia de Lisboa, Dec. n.º 15 778, 23 Julho 1928

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Ressano Garcia (1958). ASSESSORIA: A Sampal, consultora Urbana e Administrativa, Lda. (1954); DHV FBO - Consultores, S.A. (2005). EMPREITEIROS: João Baptista de Matos (1965 -1969); José Esteves & Silva, Lda. (1972 / 1977); Jovino António Rodrigues Fidalgo (1974); João Maria Marrucho (1975); José Augusto Gomes (1982 - 1984); Casa dos Asfaltos, Lda. (1992). ELECTRICIDADE: Aníbal de Gouveia (1983). EQUIPAMENTO DE COZINHA: Sociedade Técnica de Fomento, Lda. (1984). REPARAÇÕES: Aires de Moura (1950); Manuel da Silva Neves (1953).

Cronologia

1921 - construção do edifício; data no gradeamento da porta principal; 1928, 23 Julho - cedência do imóvel à SCML, a título precário, pelo Decreto n.º 15.778 que fazia transitar da Direcção-Geral de Assistência para a SCML diversos serviços de assistência social, nomeadamente as Cozinhas Económicas e diversas Creches, entre as quais a do Alto do Pina; 1938, 19 Maio - a CML solicitou a vedação do terreno que era usado como vazadouro de entulho; 1947, 23 Janeiro - após grande insistência da CML, a SCML solicitou à DGEMN o estudo de uma vedação económica ou de uma vedação em alvenaria, mas que comportasse a construção de uma série de lojas para comércio; 1950 - a CML recusa a construção de lojas; 1954, 17 Setembro - A Sampal, consultora Urbana e Administrativa, Lda. propõe construir um muro de sustentação das terras e construir uma sopa dos pobres, um lactário e um dispensário em troca de terrenos; 1958 - a SCML mandou fazer um projecto de ampliação, o que foi suspenso devido ao imóvel ser propriedade do Estado e este se ter vinculado a construir aí uma igreja; construção do portão segundo projecto do Arq.º Ressano Garcia; 1964, 14 Agosto - publicação do Decreto-lei 45.871 concedendo à CML parte do terreno do logradouro do imóvel para alargamento da R. Barão de Sabrosa; 1975 - a CML pretendia construir no terreno diversas lojas para abastecimento da população da zona; 1978, 20 Abril - a Junta de Freguesia do Alto do Pina solicitou a cedência de parte do terreno do imóvel para a construção de uma creche, o que foi negado devido o terreno ser propriedade do Estado; 1979 - a coordenadora do serviço pretendia construir um pavilhão autónomo para adolescentes; 1984, 2 Novembro - a directora propõe apagar-se a inscrição da fachada e substitui-la por uma placa dourada; 4 Dezembro - por proposta da educadora Maria da Natividade Vieira, a Mesa deliberou que o imóvel se passasse a denominar de "Casa dos Plátanos"; 1985, 12 Fevereiro - a directora solicitou a reconstituição ou substituição dos azulejos da entrada principal; 2000, 9 Fevereiro - a Mesa da SCML decidiu encerrar a casa dos Plátanos; 2001, Janeiro - incêndio na Casa dos Plátanos; 2002, Dezembro - conclusão das obras de reparação e conservação pela firma Casa dos Asfaltos, Lda.; 2003, 15 Maio - a Mesa deliberou aprovar o projecto de obra no imóvel para ali instalar a Unidade Local de Saúde do Castelo e da equipa de Pedopsiquiatria que funcionava no Complexo de São Roque; 4 Dezembro - a Mesa deliberou aplicar o fundo legado pelo benemérito Enrique Mantero Bélard na recuperação da Casa dos Plátanos; 2005, 18 Abril - o DGIP deliberou a abertura de concurso público para a realização da empreitada de alterações da Casa dos Plátanos ficando a empresa DHV FBO - Consultores, S.A. encarregue de fazer lançar o concurso público; 2006, 12 Dezembro - inauguração do Centro de Acolhimento e Observação Temporária "Casa dos Plátanos", para acolhimento de emergência de crianças dos 4 aos 8 anos de idade.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura de alvenaria rebocada e pintada; molduras dos vãos em cantaria; silhar de azulejos no átrio e paredes do corredor, do refeitório, de uma das dependências do piso térreo; portas e caixilharia em madeira; vidros simples; estores; pavimento em tijoleira; tectos falsos em pladour; cobertura de telha.

Bibliografia

Creche do Alto do Pina in Ilustração Portuguesa, Série 2, vol. 33, n.º 833, 4-2-1922, pp. 18 e 120; SILVA, Bruno, Edifício da Santa Casa votado ao abandono, in A Capital, 16 de Janeiro de 2003, p. 4.

Documentação Gráfica

SCML: DGIP; IHRU: DGEMN/DSARH

Documentação Fotográfica

SCML: GRP - Audiovisuais; IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

SCML: DGIP, proc.º 2B

Intervenção Realizada

1938 - obras de limpeza; 1950 - reparações interiores e exteriores realizadas por Aires de Moura; 1951 - limpeza interior; 1953 - substituição de mosaicos e faixas nos corredores e cozinha por Manuel da Silva Neves; 1958 - construção do muro de vedação pela DGEMN após inúmeras insistências por parte da CML que desde 1946 alertava para o facto do terreno ser utilizado indevidamente como vazadouro; 1965 - demolição do muro do lado da R. Barão de Sabrosa e construção de novo muro; demolição do depósito de água pela CML; 12 Novembro - adjudicação da empreitada de obras de reparação à firma João Baptista de Matos; 1967, 20 Abril - adjudicação da empreitada de substituição do forro de madeira à firma João Baptista de Matos; 1969, 6 Junho - adjudicação da empreitada de beneficiação das fachadas e pavimentação dos arruamentos e do logradouro à firma João Baptista de Matos; 18 Dezembro - adjudicação da empreitada de vedação metálica à firma João Baptista de Matos; 1972, 4 Outubro - adjudicação da empreitada de obras de conservação exterior a José Esteves & Silva, Lda.; reparação do muro do lado da R. Barão de Sabrosa; 1974, 18 Outubro - adjudicação da empreitada de obras de substituição de caixilharia a Jovino António Rodrigues Fidalgo; 1975, 1 Outubro - adjudicação da empreitada de reparações exteriores à firma João Maria Marrucho; 1976 - substituição do telhado pela Comissão Administrativa de Obras da SCML; 1977, 18 Maio - adjudicação da empreitada de reparação geral das coberturas à firma José Esteves & Silva, Lda.; 1980, 18 Dezembro - adjudicação da empreitada de reparação das coberturas à firma José Esteves & Silva, Lda.; 1982, 8 Junho - adjudicação da empreitada de obras de conservação à firma José Augusto Gomes; 28 Setembro - adjudicação da empreitada de obras de conservação à firma José Augusto Gomes; 1983, 1 Fevereiro - adjudicação das obras de conservação à firma José Augusto Gomes; 23 Agosto - adjudicação das obras de reparação e beneficiação a José Augusto Gomes; 2 Novembro - adjudicação da empreitada de remodelação da instalação eléctrica a Aníbal de Gouveia; 30 Novembro - adjudicação da empreitada da lavandaria a José Augusto Gomes; 1984, 24 Fevereiro - adjudicação das obras de conservação e beneficiação à firma José Augusto Gomes; 21 Agosto - adjudicação da empreitada de equipamento de cozinha à firma Sociedade Técnica de Fomento, Lda.; 23 Novembro - adjudicação da empreitada de beneficiação das fachadas e dos muros de vedação à firma José Augusto Gomes; eliminação da inscrição da fachada e a sua substituição por uma placa dourada; 1985 - obras de reparação, beneficiação e alteração; substituição dos azulejos da entrada principal; 7 Junho - adjudicação da 2ª fase da empreitada das obras de reparação, beneficiação e alteração; 1992, 28 Maio - adjudicação das obras de reparação e conservação à firma Casa dos Asfaltos, Lda.; 1995, 29 Dezembro - recepção definitiva da obra; 2001, Setembro - realizou de um projecto de alterações e ampliação do edifício pelo arquitecto João N. Santos Jorge; 2002 - obras de reparação e conservação.

Observações

*1 - Em fotografias antigas verifica-se que os telhados dos torreões, actualmente de quatro águas, terminavam em coruchéus piramidais, integrando vãos moldurados, rematados por pináculo e enquadrados por fogaréus. *2 -Em fotografias antigas, lê-se neste medalhão: "MISERICÓRDIA DE LISBOA / CRECHE DO ALTO DO PINA 1921".

Autor e Data

Helena Mantas e João Simões 2006

Actualização

 
 
 
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