Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Montalegre

IPA.00020054
Portugal, Vila Real, Montalegre, União das freguesias de Montalegre e Padroso
 
Arquitectura religiosa, maneirista e revivalista. Igreja de Misericórdia de planta longitudinal de nave única e presbitério, interiormente com tecto de madeira. Fachadas em cantaria aparente, a principal terminada em empena, rasgada por portal de verga recta e janela, e as laterais, terminadas em cornija, com porta travessa de ambos os lados. No interior apresenta coro-alto, púlpito no lado do Evangelho acedido por porta, duas capelas laterais, e dois retábulos colaterais ladeando o retábulo-mor, todos em talha policroma revivalista.
Número IPA Antigo: PT011706150099
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja de Confraria / Irmandade  Misericórdia

Descrição

Planta longitudinal composta por nave única e presbitério, tendo adossado à fachada lateral esquerda corpo rectangular estreito com sineira, uma fonte e a sacristia e à fachada posterior a Casa do Despacho, ambas rectangulares. Volumes escanolados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, surgindo as dos anexos na continuidade das da igreja. Fachadas em cantaria aparente, com aparelho "vitatum", com cunhais apilastrados, sobrepujados por pináculos piramidais sobre plintos, e terminadas em friso e cornija, as laterais sobrepujadas por beiral. Fachada principal virada a S., terminada em empena coroada por cruz pétrea sobre plinto; é rasgada por portal de verga recta com jambas formando pequeno recorte, encimada por janela rectangular, moldurada com topos laterais fazendo igual recorte. À fachada lateral esquerda, adossa-se no alinhamento da frontaria, pano do anexo, definido exteriormente por duplas pilastras toscanas, encimada por pequena sineira, albergando sino, de arco em volta perfeita, assente em pilares com faces de almofadas côncavas, terminando em cornija recta sobrepujada por pináculos piramidais e plinto ao centro com cruz de ferro. Fachada lateral esquerda com anexo rasgado por duas portas de verga recta simples na nave e janelos quadrangulares com esbarro na capela-mor. Fachada lateral direita rasgada por portal de verga recta e janela rectangular com esbarro suave na nave e duas frestas na capela-mor, que centram silhar com almofada oval bastante saliente. Fachada posterior terminada em empena, a da casa do despacho cega e a do anexo rasgada por fresta. INTERIOR de paramentos rebocados e pintados de branco, com azulejos de padrão monocromos azuis sobre fundo branco formando silhar, pavimento em lajes graníticas, algumas numeradas e tecto de madeira, pintado de branco, com moldura rosa e, ao centro, as insígnias da Misericórdia, em cartela circular envolta por elementos fitomórficos; o tecto assenta em friso e cornija de cantaria. Coro-alto de madeira sobre falso arco abatido, e dois ferros, pintado a marmoreados fingidos amarelados e rosa, e com guarda de balaústres recortados de madeira; tecto do sub-coro pintado com três painéis azuis inserindo ao centro, em cartela quadrangular, envolta em elementos vegetalistas, instrumentos musicais. Ladeia o portal, do lado da Epístola, pia de água benta semicircular gomada, possuindo superiormente pequeno nicho concheado. No lado do Evangelho dispõe-se púlpito, de bacia rectangular assente em base de cantaria quadrangular inferiormente formando curva, decorada com flor inserida em círculo, com guarda plena de madeira, pintada a marmoreados fingidos a verde, azul e rosa, possuindo na face frontal cartela circular e elementos fitomórficos. Segue-se-lhe capela lateral profunda, com arco de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, ambos de intradorso almofadado, possuindo interiormente azulejos monocromos azuis sobre fundo branco formando silhar, e tendo retábulo de talha policroma de planta recta e um eixo; no lado esquerdo abre-se porta de verga recta simples de acesso ao anexo. No lado da Epístola, capela lateral de amplo arco em volta perfeita, quase toda revestida a talha decorada com concheados e enrolamentos, assentes em mísulas de concheados, com arranque do arco em plintos galbados e posssuindo no fecho brasão com insígnias dos Carmelitas e coroa; sendo pouco profunda, possui estrutura retabular em talha policroma, de planta recta e três eixos. Sobre o presbitério sobrelevado, assenta o retábulo-mor e dois colaterais, todos de planta recta e um eixo, interligados e unidos pela arquitrave, em talha policromada, com marmoreados fingidos a verde, rosa, azul e dourado. Os retábulos colaterais são iguais, com eixo definido por quatro colunas torsas, com espira dourada, assentes em plintos paralelepipédicos com faces almofadadas, e de capitéis coríntios, e duas pilastras interiores de fuste liso, que se prolongam em três arquivoltas, as duas exteriores torsas e a interior lisa, unidas no sentido do raio e formando o ático; ao centro, abre-se nicho, em arco de volta perfeita, envolto por filete dourado, com pequeno motivo fitomórfico no topo, interiormente pintado, o fundo com folhagem, albergando imaginária. Banco com apainelados simples e altar tipo urna com frontal deccorado com cartela circular central e motivos fitomórficos. Retábulo-mor de eixo definido por três colunas torsas, de espila dourada, assentes em plintos paralelepipédicos de fases côncavas, e de capitéis coríntios, prolongadas em três arquivoltas torsas, unidas no sentido do raio, formando o ático, e tendo no fecho cartela oval envolta em motivos fitomórficos, com as cinco chagas de Cristo; ao centro abre-se tribuna com boca ornada de acantos, interiormente pintada de branco e albergando trono de três degraus decorados com folhas de acantos. Banco igualmente com apainelados e altar paralelepipédico, com frontal decorado por ampla almofada definida por filete, possuindo ao centro elemento fitomórfico; entre os altares, surgem portas, igualmente em talha com marmoreados fingidos decoradas com duas almofadas, com quadrado e losango sobreposto. A parede testeira é revestida por painel de madeira, adaptada ao perfil da cobertura, pintada a marmoreados fingidos a verde, possuindo lateralmente dois florões com folhas em talha e ao centro pequena cartela recortada. Sacristia e casa do despacho, designada como "casa das pratas", com paramentos rebocados e pintados; a primeira possuindo lavabo de espaldar rectangulare vertical, ornado com carranca, encimado pelo nicho do depósito semicircular, coroado por cornija recta e tendo frontalmente bacia semicircular exteriormente gomada; a segunda apresenta cobertura em abóbada de berço assente em cornija de cantaria. Recuado da frontaria e virado a O., adossa-se à fachada arca de água, com cobertura de telha de duas águas e fonte, com espaldar terminado em frontão triangular, com friso e cornija moldurada, possuindo brasão nacional com coroa no tímpano, e sendo definido por pilastras toscanas; ao centro, surge tanque rectangular simples, para onde cai água de duas bicas inseridas em almofadas hexagonais com florão central; encima-as, cartela rectangular, lateralmente recortada, com a inscrição "C. M. / 1899".

Acessos

Montalegre, Rua da Misericórdia, Rua dos Ferradores. WGS84: 41º49'29.75''N., 7º47'29.32''O.

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado. Ergue-se no núcleo antigo da vila, em terreno com declive, formando soco alto na fachada principal, onde o portal é precedido por escadaria facetada de cinco degraus, circundada por ruas calcetadas e com passeios possuindo bolas de ferro separadoras; na lateral esquerda o passeio é parcialmente sobrelevado e precedido por dois degraus de acesso, adossando-se quase no alinhamento da fachada principal fonte de espaldar. Junto à fachada posterior surgem dois cruzeiros, compostos por plinto paralelepipédico e cruz alta de braços quadrangulares, o da esquerda simples e o da direita com sulco gravado ao longo das hastes; o cruzeiro da esquerda tem as faces almofadadas, tendo na frontal um X, na lateral direita a inscrição "H B D ? / JOÃO ? / ?" e na lateral esquerda uma outra inscrição ilegivel. Na proximidade e no alto do morro, ergue-se o Castelo de Montalegre (v. PT011706150003), e sensivelmente fronteiro, do outro lado da rua, o Pelourinho (v. PT011706150185) de construção recente.

Descrição Complementar

Capela lateral do Evangelho com retábulo em talha policroma em marmoreados fingidos a rosa, verde e dourado, de planta recta e um eixo definido por pilastras exteriores de fuste decorado com motivos fitomórficos inseridos em moldura, e colunas de fuste liso e capitel coríntio; ao centro, abre-se tribuna em arco de volta perfeita, com boca decorada por motivos vegetalistas recortados e interior pintado de azul, albergando imaginária; ático formado por espaldar recortado com elementos vegetalistas enquadrado por pilastras e cornija contracurvada de inspiração borromínica. Banco formado por apainelados com molduras recortadas, integrando ao centro sacrário terminado em resplendor. Altar tipo urna com frontal decorado por cartela circular central e motivos fitomórficos. O retábulo tem inscrição pintada com o nome da oficina que o restaurou: Casa de S. Terezinha de S. Marcos, nº 62-66, Braga. A capela lateral da Epístola tem retábulo de planta recta e três eixos definidos por duas colunas de fuste decorado por cartelas e concheados dourados, assentes em anjos atlantes e com capitel coríntio, sobrepujados por florões de talha; no eixo central surje painel rectangular de talha, moldurado, integrando sacrário, pouco saliente, com porta recortada por concheados e acantos e dois querubins e ornada com resplendor com coração inflamado e cruz; encima-o nicho de topos curvos envolvido por aletas e concheados, albergando imaginária; nos eixos laterais, existem mísulas de acantos com imagens encimadas por baldaquinos com lambrequins recortados com concha no fecho, encimada por cornija recta. Altar paralelepipédico, com frontal definindo sebastos e sanefa, decorados por concheados e zona central em marmoreados fingidos. Casa mortuária com pavimento de granito instalada na divisão junto à casa do despacho.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

OFICINA DE RESTAURO: Casa de Santa Teresinha de S. Marcos, nº 62-66, Braga.

Cronologia

1640, 30 Maio - alvará de D. Filipe III concedendo à Misericórdia de Montalegre os mesmos privilégios, liberdades e isenções que eram concedidas à Santas Casa da cidade de Lisboa; 1758 - segundo as Memórias Paroquiais, com informações relativas a Montalegre fornecidas pelo Pe. Baltazar Pereira Barroso, tinha então cinco altares, um do Senhor Crucificado, com avultadíssima imagem e feita tanto ao natural, não obstante ser muito antiga, que além de causar devoção, serve de assombro e respeito a quem olha; o altar do Ecce Homo, de estatura ordinária, feito ao moderno; outro das Almas e outro do Senhor da Cruz às costas, feito tanto ao natural que pessoas de inteligência e que têm viajado por várias terras da Europa, afirmam que a dita imagem é uma das mais veneradas que se encontram; o quinto altar é o de Nossa Senhora da Misericórdia e nele se acha o Santíssimo Sacramento; possuía então muita prata para o serviço necessário do mesmo Sacramento, feita ao moderno, de que se destaca uma magnífica custódia em que se expõem nas funções solenes o mesmo Sacramento e que além de ser prodigiosa no feitio é admirável na grandeza é das melhores que o reino tinha; a Misericórdia não tinha então renda certa, apenas uns foros que se lhe pagavam e uns bens de que é proprietária no lug. de Sobradelo, não tendo computo certo, pois era conforme vale o pão; nesta altura administrava ainda a Capela da Santíssima Trindade, em Montalegre; séc. 19 - notícia de forte acção social pela Misericórdia; 1870, 26 Agosto - por ser muito pobre, a Misericórdia foi extinta e a sua administração passou para a Junta da Paróquia; 1899 - construção da fonte junto à fachada lateral da igreja; séc. 20, início - a Irmandade quase se extinguiu, não constando qualquer actividade da mesma; 1918 - talvez devido aos problemas da 1ª Guerra Mundial, a Misericórdia desenvolveu uma importante acção social com a Câmara Municipal de Montalegre, nomeadamente na ajuda alimentar, prestação de cuidados médicos e albergando refugiados e pedintes; nas décadas seguintes a sua actividade foi gradualmente diminuindo, passando a limitar-se ao pagamento dos caixões dos indigentes, isto através de uma comissão subsidiada pela Câmara Municipal; 1957, 12 Abril - refundação da Santa Casa da Misericórdia de Montalegre; 1977 - a fonte adossada à igreja não possuia tanque nem cobertura sobre a arca de água; 1982 - sob solicitação do Dr. Vergílio Lopes, Presidente da União das Misericórdias Portuguesas, o Presidente da Câmara de Montalegre fez todos os esforços para reorganizar a Irmandade; para tal e para liderar o projecto, foi convidado o Arcipreste Pe. José Alves, criando-se uma comissão instaladora que se concretizou na construção de um Jardim Infantil e de um Lar de Terceira Idade e Centro de Dia.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Estrutura de cantaria, exteriormente aparente e interiormente rebocada e pintada; elementos estruturais, base do púlpito, pia de água benta, lavabo, supedâneo e abóbada da sala do despacho em granito; retábulos, guarda do coro e do púlpito de talha policroma; portas e caixilharia de madeira; algerozes metálicos; cobertura exterior em telha cerâmica.

Bibliografia

LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol. 5, Lisboa, 1875; Misericórdias do Distrito de Vila Real. Passado, Presente, Futuro, Vila Real, 1998; BORGES, José G. Galvão, Montalegre no Dicionário Geográfico, in Revista Aqvae Flaviae, nº 23, Junho, Chaves, 2000, p. 63 - 78.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1978 - conservação e recuperação do tanque da fonte adossada à igreja; SCMM: 1987 - restauro da Igreja; os retábulos ou, pelo menos o da capela do Evangelho, foi restaurado pela oficina de Braga Casa de S. Terezinha de S. Marcos.

Observações

Autor e Data

Paula Noé 2005

Actualização

 
 
 
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