Câmara Municipal de Palmela

IPA.00019820
Portugal, Setúbal, Palmela, Palmela
 
Arquitectura civil política, administrativa e judicial neoclássica. Edifício dos Paços do Concelho, de planta rectangular com cobertura de quatro águas. Volume paralelepipédico regular com corpo quadrangular recente adossado a SO (séc. 20). Fachada simétrica repartida em quatro módulos de quatro vãos (portas) com brasão joanino ao centro no segundo piso, encimado por beirado curvado. Torre sineira lateral direita. O vazio da alpendrada do piso térreo, com colunas decoradas sobriamente no capitel com volutas e com bancos em pedra encostados à parede é articulado com o espaço aberto da varanda do segundo piso, ao qual dá acesso uma escadaria dupla de ampla e imponente. Alçado lateral esquerdo com métrica de vãos de peito e janelas quadrilobadas regular. Fachada tardoz com assimetria de vãos que acompanha, contudo, a pendente da via adjacente. Alçado lateral direito marcado pela presença forte do campanário e respectivo sino, símbolo do poder local. No interior, Salão Nobre com pinturas murais pós-pombalinas dos reis portugueses até D. Maria II nas paredes e tecto de masseira em madeira com medalhões envolvendo símbolos da justiça (balança e espelho). distribuição uniforme da métrica dos vãos da fachada principal, onde prevalece a simetria, a riqueza e a sobriedade da decoração, de inspiração joanina (molduras dos vãos, brasão ao centro do alçado); pilastras e cunhais em massa.
Número IPA Antigo: PT031508020016
 
Registo visualizado 151 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Político e administrativo regional e local  Câmara municipal  Casa da câmara, tribunal e cadeia  

Descrição

Planta rectangular, regular, de 2 pisos, com cobertura diferenciada em telhado de 4 águas; fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento marcado a cinza e delimitadas por cunhais demarcados em cor igual e rematadas em friso, cornija e beiral, tendo o corpo acrescentado à direita remate em platibanda e a posterior somente em beiral. Fachada principal voltada a NO.; apresenta no primeiro piso uma arcada em cantaria com nove arcos em asa de cesto ligados por colunas encimadas por capitéis jónicos e cobertura em falsa abóbada de cruzaria; pavimento de lajes em pedra; 3 portas de moldura rectangular, ladeadas por bancos em pedra, dão acesso ao interior a partir deste piso. Ao 2º piso acede-se através de 2 escadarias colocadas lateralmente; de 2 lances com patim e guarda em ferro, que desembocam em em ampla varanda cuja guarda é o prolongamento da das escadas; este piso apresenta paramentos divididos em 4 panos divididos por pilastras estando os panos laterais rasgados por portas molduradas por cantarias de inspiração joanina e o pano central rasgado por 2 portas de igual decoração, emoldurando o brasão joanino; o remate da fachada alteia-se na zona central dando lugar à implantação do escudo. A NO. Adossa-se ao corpo principal um campanário com abertura sineira em arco pleno, albergando sino, delimitado por pilastras com remate em cornija e cobertura abobadada coroada por catavento; Fachada lateral esquerda virada a NE, de um só piso, de 3 panos divididos por pilastras, sendo os laterais cegos e o central aberto por 3 janelas de peito de moldura rectangular sobrepostos por óculos polilobados no mesmo número. Assimetria de vãos na fachada tardoz, virada a SE, onde as janelas, a nível do 1º piso têm protecção contra a intrusão feita através de barras em ferro forjado aneladas com secção cilíndrica. A fachada lateral direita, voltada para SO, resulta de um acrescento ao edifício original, envolvendo um pequeno espaço verde de permanência, embora o que sobressaia neste alçado seja o campanário adossado, com o seu sino. INTERIOR: O primeiro piso dá acesso, através das quatro portas, a compartimentos específicos dos serviços camarários. Na segunda porta a contar da direita, tem-se acesso para o Salão Nobre, antigo tribunal, com tecto de masseira, ornamentado com medalhões pintados e as paredes com pinturas murais. A cobertura do interior é de madeira. Pavimento do salão Nobre em soalho, ao contrário dos restantes espaços, hoje adulterados. Salão Nobre: espaço rectangular no 2º piso com cerca de 90 m2, de finais do século 18, perpendicular à fachada principal. Guarnecido com portas em madeira pintada, de finais do séc. 19, início do séc. 20, que dão acesso directo ao interior do edifício com molduras em pedra calcária de inspiração barroca, presentes nos vãos semelhantes existentes no edifício. As pinturas de paisagens sobre as bandeiras das portas em madeira datam de finais do séc. 19, início do século 20; lustre central de feição rústica; quatro apliques divididos pelas paredes laterais; iluminação natural canalizada por duas janelas altas na fachada tardoz do edifício e por uma porta na fachada principal. Pavimento em soalho de madeira.

Acessos

Lg. do Município, R. do Castelo

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado. Inserido no núcleo histórico de Palmela (v.1508020017), num quarteirão de ocupação inicial do aglomerado urbano da vila (séc. 13), próximo ao castelo (1508020002). Integrado num largo de configuração em L, com pavimento em seixo rolado, limitado a NO. pela Igreja Matriz de São Pedro (1508020010), e a NE. pela Pç. Duque de Palmela (antigo Lg. do Pelourinho) onde se situam a Igreja da Misericórdia (1508020007), o Pelourinho (1508020003), o antigo Hospital da Misericórdia ou do Espírito Santo (1508020018), edifício do século 18 e ainda edifícios com características tradicionais arquitectónicas da vila, com destaque para a habitação na R. Hermenegildo Capelo, Nº 203 e 205 (1508020042). O edifício situa-se em terreno de acentuado declive, formando plataforma nas fachadas laterais, com zona ajardinada à esquerda e um largo demarcado por muro de contenção de terras e guarda em ferro com uma árvore de grande porte, à direita; a fachada posterior acompanha o pendor da via.

Descrição Complementar

ESTUQUE: ornamentos em massa na fachada principal de feição joanina. PEDRA: brasão ao centro da fachada principal da época de D. João V; PINTURA: No tecto de maceira do Salão Nobre, com medalhões e frisos decorativos de inspiração barroca, estão representadas as antigas armas da vila em medalhão encimado por coroa com o brasão da cidade, acompanhado de outros dois com uma balança (símbolo da justiça) e um espelho (símbolo da verdade das declarações); PINTURA MURAL: Salão Nobre da Câmara decorado com pinturas murais pós-pombalinas dos retratos do Conde D. Henrique e dos Monarcas portugueses até D. Manuel I.;

Utilização Inicial

Política e administrativa: câmara municipal

Utilização Actual

Política e administrativa: câmara municipal

Propriedade

Pública: Municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Pintor José Bernardo Guedes(restauro das pinturas do Salão Nobre)

Cronologia

Séc. 18 - construção do 1º piso; o Salão Nobre serviu como tribunal, designado então de "Casa de Audiência"; 1755 - o edifício não foi afectado pelo sismo; após o terramoto, no edifício terão funcionado no piso térreo o açougue e no primeiro piso simultaneamente o Tribunal, a Câmara e a prisão (provavelmente feminina, como era comum na altura para evitar o contacto visual entre sexos opostos); séc. 19, final, séc. 20, início - pinturas sobre as bandeiras da portas do Salão Nobre; Séc. 20, início: restauro no Salão Nobre, segundo o qual o medalhão que retratava o rei D. Carlos passou a mostrar uma pintura do rei D. Manuel I; 1927/1928 - após a restauração do concelho o edifício foi alvo de campanhas de obras: as lojas, ocupadas por abegoarias, eram espaços insalubres, isentos de luz e ar, em ruínas; séc.20 - adaptação destes espaços a repartições públicas; 1950 - restauro das pinturas do Salão Nobre por José Bernardo Guedes, conservada até hoje; 1980, década de - destruição de alguns espaços com vista à adaptação a repartições públicas; 1992, c. de - terá existido até aproximadamente esta data uma sala idêntica ao Salão Nobre, contígua e com decoração interior semelhante (série de medalhões retratando os reis portugueses), desde D. Carlos (exclusive) até D. Maria II.

Dados Técnicos

Dados Técnicos: Paredes autoportantes.

Materiais

Materiais: Alvenaria de pedra, calcário, telha cerâmica de aba e canudo, madeira, pedra, tijoleira, ferro galvanizado.

Bibliografia

Património Histórico Edificado in À Descoberta do Património do Concelho - Museu Municipal de Palmela, Palmela, s/l, Maio 2000; Biblioteca de Palmela; CMP, Excertos do "Relatório do Levantamento: Recuperação e Restauro do Salão Nobre - Proposta", Profabril/Maunsell, s/l, Abril 1992; www.bib-palmela.rcts.pt/cri/infcom7.htm,11 Julho 2003

Documentação Gráfica

CMP: DPC

Documentação Fotográfica

CMP: GCH; DGEMN: DSID

Documentação Administrativa

DGEMN: DSID; CMP: DPC

Intervenção Realizada

1980, final de - Soalho em madeira de pinho renovado e revestido a alcatifa; colocação de lambrim de azulejos pintados à mão e esponjados, acompanhados de decoração em estuque; dimensões das portas laterais reduzidas para instalação de um estrado; 2000 - restauro dos frescos do Salão Nobre pela Fundação Ricardo Espírito Santo antecedida de peritagem realizada pelo LNEC.

Observações

A sineta do seu pequeno campanário na fachada principal, desaparecida nos anos 40 do séc. 20, foi substituída a 1 de Junho de 2000 (Dia do Concelho). O Salão Nobre terá funcionado como tribunal anteriormente. Nos medalhões deste espaço terá estado representado D. Carlos, em vez de D. Manuel, provavelmente por motivos de censura politica.

Autor e Data

Cecília Matias / Eunice Torres 2005

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login