Paço de São Cipriano

IPA.00001933
Portugal, Braga, Guimarães, União das freguesias de Tabuadelo e São Faustino
 
Casa nobre barroca e revivalista, de planta composta por torre central ameada, com corpos desenvolvidos em trono desta, segundo o modelo da casa-torre. Apresenta dupla fachada principal, sendo ao acesso principal feito por fachada percorrida por grande varanda corrida, fechada, suportada por colunelos toscanos. A outra fachada, a lateral, disposta em torno de pátio, com fonte central, apresenta acesso ao interior do paço e da torre. Decoração com elementos barrocos e revivalistas, nomeadamente neomanuelinos, patente no recorte de algumas janelas, com molduras em arcos polilobados. Capela barroca separada da casa, com fachada principal aberta ao exterior da quinta rasgada por pequenos óculos quadrilobados, tanto a ladear o portal como a encimá-lo. O interior coberto por abóbada de berço de madeira pintada apresenta coro-alto com guarda em gelosias e na parede testeira retábulo de talha joanina. Jardins da casa segundo o modelo formal, típico do jardim francês. A fachada posterior da casa, possui um tratamento comum a uma fachada principal, disposta em torno de pátio fechado, com fonte ornamental e acesso directo por escadaria nobre ao interior da casa. O acesso à torre é feito através deste pátio. A casa possuia uma albergaria para os peregrinos de Santiago de Compostela, mantendo-se ainda no muro do portão principal uma inscrição onde se lê: "Lugar e Porta da Albergaria".
Número IPA Antigo: PT010308690039
 
Registo visualizado 797 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo torre

Descrição

Quinta com solar, capela separada, a SE. da fachada principal, integrada no muro que delimita da quinta, jardim, campos agrícolas e mata. SOLAR de planta em U, composta por vários corpos, de diferentes épocas, integrando ao centro uma torre, com pátio fechado junto as braços por muro, a N.. Volumes articulados de dominante horizontal, quebrada pelo verticalismo da torre. Coberturas diferenciadas em telhado de uma e duas águas. Fachadas de dois registos e três registos, em cantaria e rebocadas e pintadas de amarelo. Fachada principal, a S., correspondendo à ala mais extensa, virada ao jardim, em cantaria, com torre encaixada, com três panos separados por pilastras toscanas. Pano da extrema direita, mais alto, com porta larga de verga recta no primeiro piso, e janela de sacada, com guarda de ferro, e três janelas de peito, no segundo. O corpo da esquerda é dividido em dois panos por pilastra, tendo numa parte menor loggia sobre muro e numa segunda loggia com colunata mais baixa sobre o primeiro piso rasgado por várias portas e janelas. Pano central com varanda alpendrada, suportada por colunelos. Através desta varanda, junto a uma escadaria de acesso ao primeiro piso, existe uma passagem de ligação ao pátio do paço. A passagem inferior de acesso ao pátio possui um silhar de azulejos, policromos azuis, brancos e amarelos. Pano da extremidade esquerda, com pináculos piramidais a encimar as pilastras, com portas de verga recta ladeadas por janelas jacentes, no primeiro registo, e grande varanda fechada, ritmada por colunelos, no segundo. A torre, em cantaria, rematada por merlões, com gárgulas em alguns cunhais, ergue-se virada ao pátio encaixada na ala mais extensa. Apresenta três registos, tendo no primeiro, portal de verga recta ladeado por janelão, com acesso por pequena escadaria que liga a patamar que percorre toda a torre, com guarda de ferro, entre colunas prismáticas de granito. Segundo registo, no pano virado ao pátio, percorrido por pequenas janelas, encimado por janela mainelada em arco conopial, com sacada de guarda plena, assente em cachorrada. Pano virado à fachada principal com duas janelas de verga recta rematas por cornija. Último registo com pequenas janelas de verga recta, possuindo no cunhal virado à fachada principal uma janela de sacada, de ângulo, com guarda de ferro. Fachada posterior, a N., virada ao pátio, possuindo no corpo central, a torre, ladeada, pela direita, por pano rebocado e pintado, com par de janelas de sacada no segundo registo. Pano lateral direito, também rebocado e pintado, possuindo no primeiro registo, portas de verga recta e janelas jacentes e no segundo janelas maineladas, rematadas por cornija recta, intercaladas por peanhas, com porta central alpendrada, com acesso por escadaria de granito, de dois lanço divergentes, com patamar intermédio, guarda plena e arranques volutados. Pano lateral esquerdo, com óculos quadrilobados no primeiro registo e no segundo janela mainelada ladeada por janelas em arco polilobado. No centro do pátio ergue-se chafariz, com tanque recortado, com coluna de quatro bicas, em forma de golfinho, encimada por Neptuno. Este pátio é fechado por muro rematado por merlões com portal de verga recta, ao centro. INTERIOR: A zona reservada a turismo de habitação possui sete quartos duplos, um dos quartos no último piso da torre. Os pavimentos são em soalho e os tectos de madeira, com travejamento à vista, sendo alguns em masseira. Existem várias salas de estar, uma biblioteca e a cozinha velha, transformada em sala, com grande chaminé de pedra. CAPELA de planta longitudinal, composta por nave única e sacrista rectangular, adossada lateralmente. Volumes escalonados de dominante horizontal. Fachadas rebocadas e pintadas de amarelo, com embasamento, cunhais apilastrados coroados por pináculos piramidais, rematadas por cornijas, sob beiral nas fachadas laterais. Topos em empena elevadas, coroadas por cruzes. Fachada principal orientada, virada ao exterior da quinta, rasgada por portal de verga recta rematado por frontão triangular, ladeado por pequenos óculos quadrilobados e encimado por outro de morfologia idêntica. Fachada lateral S. rasgada por janelão em capialço. Fachada lateral oposta com janela idêntica, e corpo da sacristia com portal de verga recta, ladeado por fresta. Adossado a este corpo encontra-se escadaria de lanço recto, em granito, com arranques volutados. Fachada posterior, a O., cega. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco. Nave coberta por abóbada de berço de madeira pintada, com pavimento em laje de granito, com tampa de sepultura com inscrição e pedra de armas. Coro-alto de madeira policromada com marmoreados a rosa e cinzento, com guarda em gelosias. Do lado da Epístola abre-se porta com sanefa de talha com lamberquim, de acesso à sacristia. Janelas com sanefas de talha, também com lamberquim. Retábulo-mor sobrelevado por supedâneo de três degraus. Apresenta talha policromada, a branco, rosa, azul e dourado, de planta recta, com três eixos. Remate em espaldar, decorado por volutas e motivos fitomórficos, destacado ao centro, sobrepujado por fragmentos de frontão curvo, com cartela ao centro. Tribuna recortada com trono. Eixos laterais com peanhas com imaginária, com baldaquino concheado, enquadrados por colunas com decoração fitomórfica. Sacrário sobre a banqueta, encimado pelo Crucificado. Altar recto.

Acessos

EM 579, Lugar da Igreja.

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 129/77, DR, I Série, nº 226 de 29 setembro 1977

Enquadramento

Rural, isolado, afastado da EM, em área constituída por zonas agrícolas de pomares, vinhedos e pasto, e mata com árvores centenárias e exóticas, pertentente à quinta (v. PT010308690147). O acesso é feito através de um percurso paralelo ao desenvolvimento do muro limite do terreiro, que é fechado por muro rematado por merlões, rasgado por portal de verga recta, aberto em espaldar de cantaria, enquadrado por pilastras toscanas, elevado ao centro, com pedra de armas e remate em cornija recta. Fonteiro à fachada principal desenvolve-se um extenso jardim formal definido por canteiros geométricos de buxo topiado, com uma casa de fresco designada por "Casa da Manteiga". No jardim existe uma fonte com espaldar de três panos escalonado, com embrechados, de pequenos seixos, possuindo o central nicho com a Virgem e os laterais bicas carrancas. O espaldar é ladeado por colunas toscanas. O tanque, de grandes dimensões é recortado, destacado em semicirculo ao centro.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: casa / Comercial e turística: casa de turismo de habitação *1

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 15 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Arquitecto: Nicola Bigaglia (atr. obras do séc. 20).

Cronologia

Séc. 15 - Aforamento das terras pertencentes à Ordem de São Domingos *2; 1415, 22 Julho - fundação do Paço de São Cipriano, dedicado a São Cibrão; séc. 17 - construção do terreiro fronteiro à casa; séc. 18, segundo quartel - ampliações significativas da casa levadas a cabo por Domingos José Gonçalves Cibrão (1704 - 1798), Senhor do Paço de São Cipriano; fundação de uma albergaria na quinta para acolher os peregrinos de Santiago de Compostela; 1758, 3 Janeiro - licença concedida pelo Arcebispo Primaz D. Gaspar de Bragança para realização da missa na então construída capela da quinta, dedicada a Santo António, mandada fazer por Domingos Cibrão; 1798 - morre Domingos Cibrão sucedendo-lhe a sua filha D. Josefa Maria Gonçalves Cibrão, casada com o Dr. José da Costa Santiago; 1825 - a albergaria sofre um incêndio, após um dos peregrinos incendiar a sua própria cama; 1898 - Dinis da Costa Santiago de Carvalho e Sousa, último morgado da casa, neto de D. Josefa Cibrão, casado com D. Ana Leite Rebelo da Gama, vende o paço ao seu único irmão, o advogado João da Costa Santiago de Carvalho e Sousa, casado com D. Maria Carolina de Magalhães; 1900 / 1901 - grandes obras de alteração e ampliação do paço efectuadas por João da Costa Santiago de Carvalho e Sousa, segundo provável projecto do arquitecto veneziano Nicola Bigaglia; o novo proprietário altera profundamente a casa, prolongando as alas laterais, conferindo à planta a forma de U; construção da torre; remodelão do jardim e cerca e criação do pomar e horta; 1954 - o paço era propriedade de D. João de Almeida Santiago Sottomayor; 1982 - adaptação do paço a turismo de habitação.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura, elementos decorativos, fontes, pavimentos interiore e escadas exteriores em granito; portas, janelas, escadas interiores, abóbada da capela, retábulo, pavimentos interiores, estrutura do telhado, e tectos, em madeira; paredes revestidas a azulejos; guardas das varandas e da escadaria da torre em ferro; coberturas em telha de canudo.

Bibliografia

Guia de Portugal, IV, I, vol. 4, Coimbra, 1985; BINNEY, Marcus, Casas Nobres, Lisboa, 1987; AZEVEDO, Carlos de, Solares Portugueses, Lisboa, 1988; IPPAR, Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, vol. I, Lisboa, 1993; Associação de Turismo de Habitação, Solares de Portugal, Ponte de Lima, 1996; CASTEL-BRANCO, Cristina, Jardins com História, Poesia atrás de muros, Lisboa, 2002; OSÓRIO, Helena, Paço de São Cipriano - Séculos de História em Tabuadelo, in Casas de Portugal, Dezembro 2004 / Janeiro 2005, nº 54, pp. 4 - 7; MORAES, Maria Adelaide Pereira de, A minha casa é o meu mundo: Espaços e vivências, in XIII Encontro de História Local, Museu Alberto Sampaio, Fevereiro 2005; www.paçocipriano.com, 13 Abril 2005.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID

Documentação Administrativa

DGEMN: DREMN

Intervenção Realizada

Proprietário: 1900 - São feitas diversas obras na casa: demolição da antiga sala de jantar em taipa e prolongamento das duas alas laterais; 1983 - remodelação da ala mais antiga para adaptação a Turismo de Habitação; Anos 90 - são efectuados diversos trabalhos de conservação; 1997 - início da recuperação do jardim.

Observações

*1 - Apenas uma das alas mais antigas do paço é reservada a turismo de habitação; *2 - a casa era conhecida como "Reserva" porque o morgado que herdava o vínculo tinha obrigações para com os irmãos, havendo sempre uma zona destinada para a sua habitação, com direito a sustento.

Autor e Data

Isabel Sereno 1994 / Paula Noé 1996

Actualização

Sónia Basto 2005
 
 
 
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