Convento de São Domingos / Igreja dos Dominicos / Igreja de São Domingos / Convento de Nossa Senhora dos Mártires

IPA.00001862
Portugal, Portalegre, Elvas, Assunção, Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso
 
Arquitectura religiosa, gótica, barroca. Convento dominicano com igreja mendicante de três naves com transepto saliente, abside e quatro absidíolos; estrutura espacial típica da arquitectura das ordens mendicantes. Verticalidade, coberturas interiores com abóbadas de cruzaria ogival, arcos quebrados nas arcadas das naves, grandes frestas rasgadas na abside e nos absidíolos com arco duplo, colunelo ao meio e óculo na bandeira, contrafortes em degrau na cabeceira, elementos góticos. Fachada principal barroca, com um portal rematado por um frontão interrompido com anjos a segurar as armas de Portugal e da Ordem de São Domingos, janelões coroados por frontões, alternadamente curvilíneos e triangulares, rematada por pináculos, duas aletas e um corpo central coroado por dois pináculos, com uma imagem em mármore do padroeiro da ordem, em pose teatral, num nicho também ladeado de aletas e coroado por um frontão contracurvado. Trata-se de um exemplo de implantação da arquitectura mendicante em Portugal. No exterior da cabeceira gárgulas com animais que se aproximam mais da decoração característica do românico do que da decoração naturalista do Gótico. No interior as bases em mármore rosa e cinza e os capitéis coríntios dourados dos pilares que separam as naves, os retábulos laterais em mármore, os silhares de azulejos azuis e brancos com cenas da vida de São Domingos, o órgão e o púlpito em madeira escura, são barrocos. Entre os elementos barrocos distiguem-se elementos de fases distintas, um barroco mais austero, seiscentista e da primeira metade do século 18 presente na estrutura da fachada e nos retábulos de mármore do interior e um barroco mais exuberante, de carácter nacional que se traduz nos silhares de azulejos e se traduziria também nos retábulos de talha dourada retirados no Séc. 20, e elementos já da segunda metade de setecentos. De referir ainda as pinturas da cobertura da abside como motivos vegetalistas, de inspiração renascentista. O pavimento organizado por fiadas de tampas de sepultura de mármore branco e acinzentado, compostas por duas ou por três lajes, enquadradas por tiras de mármore negro azulado, numeradas, tendo algumas delas uma segunda numeração, encontra paralelo na igreja da Ordem Terceira de São Francisco (PT041207050023) e, em Vila Viçosa, na igreja da Conceição (PT040714030007) e na igreja do Convento dos Agostinhos (PT040714030005). Destaque para o número considerável de tampas de sepultura armoriadas cujos brasões são de excelente talhe escultórico e uma fonte preciosa para a heráldica da região. Interessante é a semelhança da inscrição nº 12 com a inscrição nº 4 existente na Igreja de Santiago, em Palmela (PT031508020001), por ter a mesma composição e idêntico formato do campo epigráfico, que imita uma almofada com quatro borlas nos cantos. A nivél epigráfico de realçar a abreviatura utilizada nas inscrições desta igreja na palavra "MULHER" que normalmente é composta por um "M" com um "E" e um "R" sobrescritos e na maioria destas inscrições surge com um "O" em vez do "E"; 2017, junho - celebrações dos 750 anos da fundação do Convento de Nossa Senhora dos Mártires.
Número IPA Antigo: PT041207010003
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Domingos - Dominicanos

Descrição

Planta longitudinal, composta de três naves, transepto, capela-mor, abside poligonal, quatro absidíolos quadrangulares, sala de reuniões, torre sineira, capela-mortuária, sala-museu e sacristia*2. Volumes articulados, massas dispostas na horizontal. Cobertura exterior telhado de duas águas sobre as naves da igreja e transepto, de uma água sobre os absidíolos e corpo mais baixo, paralelo ao das naves, onde ficam a capela mortuária, sala-museu e sacristia e oito águas sobre a abside. Fachada principal a NO., com embasamento em granito aparelhado, três panos limitados por cunhais e separados por duas pilastras, numa das quais se encontra uma lápide epigrafada sobreposta por pedra de armas, assentes em bases salientes, também em granito aparelhado, e dois registos separados por cornija da mesma pedra; panos laterais idênticos entre si, rasgados por uma porta com moldura recta, em mármore, limitada por duas pilastras adossadas à parede, com entablamento e frontão curvo encimado por um pináculo central e dois laterais e sobreposta por um janelão rectangular, com uma grade de ferro, moldura recta, em mármore, frontão triangular com tímpano liso; o pano central tem a mesma estrutura dos laterais mas o portal, sendo o principal, é maior e a sua decoração mais trabalhada, é limitado por duas pilastras de cada lado, adossadas à parede, tem arquitrave, entablamento decorado com elementos geométricos e é rematado por um frontão curvilíneo, interrompido, com as armas reais ao centro, ladeadas por dois anjos e enquadradas por uma composição que sugere um portal, limitado por pilastras decoradas com lanças e faixas ladeadas por aletas e encimado por frontão curvilíneo, interrompido, com dois anjos a segurar as armas da Ordem de São Domingos; sobre o portal um janelão com as mesmas dimensões dos janelões dos panos laterais mas rematado por frontão curvo com aletas a decorar o tímpano. Sobre estes três panos, um registo superior a rematar a fachada, com um corpo central, ladeado por duas pilastras em granito coroadas por pináculos e por duas aletas, com um nicho central, emoldurado por duas pilastras que sustentam um entablamento e um frontão curvilíneo, ladeado por aletas, com uma imagem de São Domingos sobre um plinto com um querubim, tudo em mármore; a rematar este corpo uma cornija sobreposta por um frontão curvilíneo com uma cruz no topo. Existe um quarto pano, à direita, que corresponde à capela mortuária, mais baixo, rasgado por uma pequena janela quadrangular, com moldura em mármore e grade de ferro, rematado por beirado recto. Fachada lateral SO., com três panos, o primeiro com dois registos, o inferior em alvenaria caiada até dois terços da sua extensão e aparelho de pedra irregular à vista no resto do pano, rasgado por uma porta de acesso à capela mortuária, três janelas pequenas, quadrangulares e duas frestas, remate em beirado recto; o registo superior, recuado, separado do inferior por um telhado de uma água, em alvenaria caiada, rasgado por cinco janelões rectangulares, com molduras rectas, em mármore e grades de ferro, rematado por beirado recto; o segundo pano, em pedra irregular à vista, o mais alto da fachada, correspondendo ao extremo SO. do cruzeiro da igreja, é rasgado por um janelão rectangular com uma grade de ferro e moldura recta em mármore e rematado por empena triangular; segue-se um pano mais baixo, com aparelho idêntico ao do pano anterior, limitado por uma pilastra adossada à parede, do lado esquerdo e rematado por beirado recto; num plano mais recuado um outro pano, correspondente à cabeceira de perfil, também com o aparelho de pedra irregular à vista, rasgado por duas fresta ogivais a quase toda a altura do pano, com três contrafortes de degraus e rematado por cornija com gárgulas com figurações de animais. Fachada lateral NE. adossada ao edifício do antigo convento, hoje um quartel. Fachada posterior a SE. correspondente à cabeceira e absidíolos, com quatro panos, o da esquerda , mais baixo, rasgado por uma fresta ogival com arco duplo, colunelo ao meio e óculo quadrilobado na bandeira e rematado por cornija com modilhões; o segundo pano, ligeiramente mais elevado, com um contraforte em escada, uma fresta e remate com cornija e gárgulas; o terceiro pano, da cabeceira, vertical, com cinco frestas idênticas à do primeiro pano, embora mais elevadas, enquadradas por contrafortes em escada, remate com cornija com gárgulas; o último pano corresponde a um dos absidíolos, é mais baixo, rasgado por uma fresta pequena, simples e rematado por cornija com modilhões; junto ao último pano corpos do edifício do antigo convento, actualmente um quartel. INTERIOR: três naves, cobertas por abóbadas de berço assentes sobre sancas, a central mais elevada, separadas por arcadas formando cinco tramos, com arcos ogivais em granito aparelhado assentes sobre pilares de oito colunas enfeixadas, em alvenaria caiada, com capitéis coríntios, dourados e bases em mármore branco e negro, no segundo pilar a contar do cruzeiro, do lado do Evangelho, um púlpito adossado, de planta poligonal, em madeira escura, com escada e decorado com um friso de folhas de acanto douradas na base do guarda-corpos e adossada ao primeiro pilar a contar da parede fundeira, do lado da Epístola, uma pia de água benta em mármore; pavimento de lajes de mármore branco emolduradas por faixas de mármore cinzento, formam tampas de sepultura que estão numeradas, e algumas epigrafadas, para organização do espaço funerário. Parede fundeira rasgada por duas portas laterais de verga recta, um portal central, maior, precedido de guarda-vento em madeira escura, e três janelões rectangulares, com moldura em granito, sobre as portas, o central sobreposto por um medalhão quadrilobado em alvenaria. Nas paredes laterais da nave, alternadamente, quatro capelas sobrepostas por janelões rectangulares, dois dos quais, do lado do Evangelho, fingidos, todas em mármore, com um arco de volta perfeita assente sobre pilastras adossadas à parede, altar em mármore rosa e negro, um retábulo em mármore nos mesmos tons do altar, com duas colunas e quatro pilastras com capitéis coríntios, dourados, e três painéis de azulejos em azul e branco, com cenas da vida de São Domingos emolduradas por festões, querubins, volutas e concheados, com embasamento fingido com cartela ao centro com os símbolos da Ordem de São Domingos, alguns dos quais mutilados devido a vãos de portas que foram rasgados *3. Na parede da Epístola, além dos elementos descritos, uma porta junto à parede fundeira, de acesso à capela mortuária, com moldura recta em mármore, encimada por um janelão rectangular e uma outra porta, ao centro, de acesso à sala-museu. Na parede do Evangelho uma porta que se encontra fechada afazer pendant com a porta da capela mortuária, sobre a qual um janelão rectangular, um órgão em madeira escura, ao centro, decorado com querubins, volutas, concheados, contracurvas e rematado por figuras de anjos. A separar as naves do cruzeiro três arcos de volta perfeita em alvenaria, o central mais elevado. Cruzeiro de planta rectangular, com duas janelas rectangulares nos extremos dos braços, a do lado do Evangelho inscrita num óculo com moldura em granito; do lado da Epístola, na ilharga do arco cruzeiro, porta de acesso à sacrista, na extremidade do braço dois confessionários e uma arca tumular; do lado do Evangelho, na ilharga do arco cruzeiro, ossário e edícula de João Rodrigues do Amaral e na extremidade do braço do cruzeiro Santa Catarina de Sena recebendo as Chagas; cobertura abóbada de berço cortada pelos dois arcos ogivais que separam o espaço central do cruzeiro dos laterais. A seguir ao cruzeiro a cabeceira com abside ladeada de quatro absidíolos, dois de cada lado, antecedidos por arcos ogivais assentes sobre pilastras. Do lado da Epístola no absidíolo da direita, uma arca tumular em arcossólio na parede da Epístola, um arco ogival, na parede oposta que dá acesso ao absidíolo seguinte, um altar com uma imagem de Nossa Senhora dos Mártires, uma fresta ogival com arco duplo, colunelo ao meio e óculo com flor na bandeira, cobertura com abóbada de nervuras; o absidíolo seguinte é mais elevado, tem uma fresta idêntica à anterior mas o óculo é trilobado, as paredes laterais são ambas rasgadas por arcos ogivais, o da direita de acesso ao absidíolo descrito anteriormente e a da esquerda à capela-mor, no altar a "Sagrada Família" e nas paredes laterais, sobre um friso, quatro tábuas pintadas; cobertura com abóbada de nervuras e abóbada de berço pintada com uma cartela com uma legenda, rodeada de pássaros, festões e duas figuras humanas. Do lado do Evangelho o absidíolo da esquerda tem uma porta na parede do fundo que se encontra fechada, encimada por uma fresta estreita, um arco ogival rasgado na parede da direita e cobertura em abóbada de nervuras; o abisidíolo seguinte é idêntico ao absidíolo do lado da Epístola que fica junto à capela-mor, tendo sobre o altar uma imagem do Sagrado Coração de Jesus. Abside poligonal, rasgada por cinco frestas a quase toda a sua altura fresta, ogivais, com arco duplo, colunelo ao meio e óculo na bandeira; altar alteado ao centro, em mármore; as imagens de Cristo Crucificado, ao centro, São Francisco de Assis e São Domingos dos lados; cadeiral a envolver a rodear a parede; cobertura com abóbada de ousia sustentada por nervuras com vestígios de policromia nas mesmas e nos fechos. Sacrista, era a antiga sala do capítulo, planta rectangular, a envolver a parede pinturas representando os santos da ordem de São Domingos que eram parte do espaldar de um cadieral, separadas entre si por pilastras caneladas, douradas no terço inferior e vermelhas no superior, friso dourado decorado com volutas, querubins e folhas de acanto a emoldurar o conjunto; cobertura em abóbada de arestas decorada com estuques e mármores. Na sacristia, antiga sala do capítulo, no chão, a tampa de sepultura brasonada, seiscentista, com o brasão dos Sequeiras e dos Monroi, os fundadores, e duas inscrições, uma na parede e outra numa tampa de sepultura. Pedras de armas, algumas retiradas de tampas de sepultura, encontram-se fora de contexto ora espalhadas pelo chão ora encostadas à parede.

Acessos

Largo de São Domingos *1. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,879260; long.: -7,159946

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910 (igreja) / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 83 de 08 abril 1953

Enquadramento

Urbano, meia-encosta, encostada ao pano nascente da muralha fernandina, adossada ao antigo convento a NE. e a SE., actualmente ocupado por um quartel.

Descrição Complementar

IGREJA: EXTERIOR: 1. Inscrição em latim gravada numa lápide num campo epigráfico rebaixado, enquadrada por moldura dupla e encimada por pedra de armas de Portugal Antigo, colocada sobre um silhar da pilastra, à esquerda da portaria. Mármore. Sulcos das letras preenchidos com betume negro. A altura a que se encontra não permite efectuar medidas. Tipo de letra: capital quadrada do séc. 19 com "S" e "A" provenientes de caligráfico solene extravagante. Nexos. Leitura: SERENISSIMUS DOMINUS D ALFONSUS III PORTUGALIAE REX BONONIAEQUE DUX HOC FRATIBUS PRAEDICATORIBUS MONASTERIUM REGIS SUIS EXPENSIS HIC EREDITATE QUE DONATA RELIGIOSE PIE MAGNIFICEQUE FUNDAVIT ANNO A NATIVITATE CHRISTI MCCLVII. INTERIOR: 1.Inscrição de posse de capela e funerária gravada, no sentido dos ponteiros do relógio, na orla de uma tampa de sepultura, inserida no pavimento defronte da capela de Santo António, em campo epigráfico delimitado por moldura, tendo no centro pedra de armas esculpida em relevo. Descrição heráldica: escudo de ponta partido: no I: um leão armado e lampassado: Silva; no II: nove lisonjas, postas 3, 3 e 3, carregadas de um leão: Brito. Mármore. Dimensões totais: 228,5x121x4; campo epigráfico: 1º: 111; 2º: 210; 3º: 94; 4º: 210; pedra de armas: 75x55. Tipo de letra: capital quadrada. Na abreviatura da palavra "sepultura" (composta por "S" e "A" sobrescrito) o "A" foi gravado fora do campo epigráfico. Leitura modernizada: ESTA CAPELA E SEPULTURA (sic) DE SIMÃO DE BRITO FIDALGO DA CASA D'EL REI DOM MANUEL E DE DONA MÉCIA DA SILVA SUA MULHER E DESCENDENTES. 2. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura sem moldura nem decoração, numerada inferiormente com o número "43" (a 1ª do transepto do lado da Epístola). Apresenta algumas mossas e uma fractura Mármore branco. Dimensões: 192,5x86. Tipo de letra: capital quadrada. Siglas S. R. a valerem de "seus" "herdeiros". Nexos. Leitura modernizada: SEPULTURA DE PEDRO AFONSO O VELHO E DE MARIA PIRES SUA MULHER E DESCENDENTES JOÃO SOARES DE SIQUEIRA(SIQERA) E DE MARIA DA PONTE SUA MULHER E DE SEUS HERDEIROS. 3. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura sem moldura nem decoração, numerada inferiormente com o número "61" ( a 2ª do transepto do lado da Epístola). A erosão não permite leitura integral. Mármore cinzento. Dimensões: 200x87. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada e reconstituida: AQUI JAZ [...] GOMES O E[...] 14 DE JUN[..]. 4. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura em campo epigráfico rebaixado e enquadrado por moldura dupla relevada. Apresenta um sinal de fim de texto composto por uma flor de liz em relevo enquadrada por duas setas. Sob este epitáfio encontra-se uma outra inscrição. Inferiormente tem gravado o número "9" ( a 3ª do transepto do lado da Epístola). Fractura restaurada na moldura inferior, mossas nos flancos e topo superior. Dimensões totais: 204x99; campo epigráfico: 191,5x85,8; moldura: 6,5. Tipo de letra: capital quadrada. Nexos. Leitura modernizada: SEPULTURA DE DIOGO PIRES REIMÃO E DE SUA MULHER ANA VAZ E HERDEIROS. (sinal de fim de texto). 5.Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura em campo epigráfico rebaixado e enquadrado por moldura dupla relevada. Dimensões: O texto apresenta as seguintes extravagâncias: "REMÃO" por "REIMÃO" e "MOELHER" por "MULHER". Tipo de letra: capital quadrada com um "Z" invertido. Leitura modernizada: AQUI JAZ PEDRO NUNES REIMÃO E SUA MULHER ISABEL VAZ CORONEL. 6. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura, reaproveitada como degrau, o primeiro de acesso à sacristia. Muito erodida e com buraco para o fecho da porta. Mármore. Dimensões: totais: 142x43. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada e reconstituida: SEPULTURA DE [...] A E [...]. 7. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura, reaproveitada como degrau, o segundo de acesso à sacristia, num campo epigráfico enquadrado por moldura simples filetada. Muito erodida, em especial na terceira linha, e com riscos de tinta azul clara sobre os sulcos das letras. Dimensões: totais: 147x70; moldura: flanco esquerdo: 8; direito: 9. Tipo de letra: gótica minúscula de forma com letra inicial em maiúscula. Leitura modernizada: Aqui jaz sebastião(bastiam) alvares bne(sic) [...] da câmara. 8. Inscrição funerária gravada, no sentido dos ponteiros do relógio, numa tampa de sepultura em campo epigráfico delimitado por filete simples. A tampa está muito erodida e degradada especialmente no topo inferior, que corresponde ao 3º campo epigráfico, e no flanco esquerdo, que correspponde ao 4º, o qual foi cortado e restaurado com argamassa branca, estes aspectos dificultam leitura destas linhas e indicía deslocação do primitivo local. Está numerada inferiormente com o número "17". Sulcos das letras preenchidos com betume acastanhado, algum já a cair. No centro da tampa, debaixo da primeira linha do epitáfio, uma outra inscrição foi gravada posteriormente em letra capital quadrada. Mármore. Dimensões: totais: 196x74; altura do campo epigráfico: 15,5. Tipo de letra: gótica minúscula de forma com hastes superiores com laçadas, "S" inicial capitular e "m" maiúsculo. Nexos. Leitura modernizada e reconstituida: Esta Sepultura é de lopo garcia mercador que deus haja sua alma faleceu(?) aos(?) dias de fevereiro de mil bc(=500) [...]. 9. Inscrição funerária gravada no centro de uma tampa de sepultura que já continha na orla uma inscrição gravada em letra gótica minúscula de forma do séc. 16. A moldura filetada que delimitava inferiormente a primeira inscrição enquadra o segundo campo epigráfico. Muito delida. Sulcos preenchidos com betume acastanhado, e argamassa de cimento. Dimensões: campo epigráfico: 170,5x48. Tipo de letra: capital quadrada. Nexos. Leitura modernizada: SEPULTURA DE ANDRÉ PIRES REIMÃO E SEUS HERDEIROS. 10. Inscrição de posse de capela e funerária gravada numa lápide de forma eliptica com moldura acantonada por quadrados colocada no frontal de um ossário assente em modilhões inscrito num arcosólio em arco recto encimado por espaldar rectangular formado por pedra de armas com brasão, elmo, paquife e timbre esculpidos em meio relevo rematado por fontão contracurvado e finalizado em semi-circulo. Mármore branco e cinzento. Nexos. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: ESTA CAPELA E SEPULTURA É DE JOÃO RODRIGUEZ DO AMARAL E DE SUA MULHER ISABEL VIEIRA DO AMARAL E DE SUA FILHA LUÍSA DO AMARAL. 11. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura fracturada e restaurada mas com fissura novamente aberta. Mármore. Está numerada inferiormente com o nº 77. Dimensões: 196x80/81. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: SEPULTURA DE AFONSO GARO E DE SUA MULHER MÈCIA DAMIÃO(?) E DE SEUS HERDEIROS. 12. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura num campo epigráfico relevado que imita uma almofada com uma borla em cada um dos cantos, encimada por pedra de armas composta por escudo de ponta, elmo, paquife e correias. MármoreTipo de letra: capital quadrada. Nexos. Leitura modernizada: ESTA CAPELA DA MÃE DE DEUS É DE JOÃO SARDINHA BRISSOS CAVALEIRO DA ORDEM DE CRISTO E NELA JAZ SUA MULHER DONA MARIA COELHA DE FIGUEIREDO E PARA OS HERDEIROS. Inscrição funereária SACRISTIA:13. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura armoriada. Mármore. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: SEPULTURA DE LUÍS DE SEQUEIRA QUE DEUS HAJA E DE DONA MÉCIA PEREIRA SUA MULHER E DOS QUE DELE E DE SEUS PAIS E MAIS DESCENDEREM.

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja / Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Corporação encarregada do culto, por auto de 05 Setembro 1994 (igreja)

Época Construção

Séc. 13 / 15 / 16 / 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ALVANEIROS: Tomé Silva (c. 1721); Gregório Lopes (c. 1741; c. 1751); José Francisco de Abreu (c. 1752); ENSAMBLADOR: Francisco Ruiz (c. 1742); ENTALHADORES: Gaspar Coelho (c. 1590); Manuel Francisco (1702, 1718); Miguel Ângelo (c. 1742); Pêro Manuel (c. 1742). ORGANEIRO: Johann Heinrich Hulenkampf (atr., séc. 18); Pedro Guimarães (1996). OURIVES: Domingos Queiroz (c. 1693). PINTOR: Simão Rodrigues (c. 1590); Domingos Vieira (c. 1593). PINTOR DE AZULEJO: Valentim de Almeida (atr., 1740-1750). PINTOR - DOURADOR: Pedro Homem (séc. 16).

Cronologia

1267 - fundação do convento da Ordem de São Domingos por D. Afonso III no local onde estava a desaparecida Ermida de Nossa Senhora dos Mártires; a igreja foi erguida para enterrar os mortos durante a conquista da povoação aos mouros e não terá sido construída de raiz; para além de convento funcionava uma albergaria e um hospício; séc. 15 - modificações na igreja com a construção da antiga ante-sacristia; 1553 - alterações por mandado de D. João III incluindo a demolição da fachada; séc. 16, final - pintura do retábulo-mor por Simão Rodrigues, dourado por Pedro Homem e esculpido por Gaspar Coelho; 1593, cerca - pinturas de Domingos Vieira; séc. 17 - demolição do hospício por imperativos da construção das muralhas seiscentistas que implicou também o regresso para o convento da imagem duocentista, em mármore, de Nossa Senhora dos Mártires que tinha sido colocada na Porta dos Mártires da muralha fernandina e substituída por uma outra imagem, em massa policromada, por ordem de D.João II; construção da atual fachada; 1693, cerca - obras de ourivesaria por Domingos Queirós; séc. 18 - alterações a nível da decoração interior nomeadamente nas bases e capitéis dos pilares que separam as naves e suportam a cobertura, a decoração do teto da antiga sala do capítulo, actual sacristia, os altares laterais em mármore e o púlpito; feitura do órgão, atribuível a Johann Heinrich Hulenkampf; 1702 - obra de talha por Manuel Francisco (FERREIRA, vol. II, p. 540); 1718 - feitura do retábulo de São Gonçalo, pertença da Confraria de Nossa Senhora da Conceição do Convento, por Manuel Francisco, tomando como modelo o retábulo-mor do Colégio de Santiago; 1721, cerca - trabalha no local o alvaneiro Tomé Silva; séc. 18, 2.º quartel - decoração das paredes com silhares de azulejos com cenas da vida de São Domingos, de fabrico lisboeta, atribuíveis ao pintor Valentim de Almeida (1692-1779); 1740-1750 - pintura dos azulejos das capelas laterais, atribuíveis a Valentim de Almeida, com pilastras, cartelas e três painéis figurativos; trabalha no local o alvaneiro Gregório Lopes; 1742, cerca - obras pelos entalhadores Miguel Ângelo e Pêro Manuel; 1752, cerca - obras pelo alvaneiro José Francisco de Abreu; 1782 - início do processo de lavoura no Convento de São Domingos, com o arrendamento da herdade de D. Joana; esteve arrendada de 1782 a 1789; 1786 - repasse das Herdades de Água de Banhos, Monte de Frades, São Roiz de Limas; a Herdade das Barrancas pertencia ao convento; séc. 19 - execução do órgão; 1811, 12 Fevereiro - caixa com alfaias do Convento de São Domingos dá entrada na Casa da Moeda; 1834 - secularização e adaptação do convento a quartel ali se instalando o Regimento de Infantaria n.º 1; 1858, 28 Junho - uma trovoada fulminou a cruz da fachada principal da igreja, que, ao cair, danificou vários elementos que arrastaram a estátua de São Domingos, atingiu janelas e a porta principal; 1860, Julho - licença régia para que as confrarias de São Domingos e Nossa Senhora do Rosário tirassem 500$000 do dinheiro a juros, para o pagamento das obras; 1936 - 1943 - obras de conservação e restauro, incluindo remoção dos ornamentos em talha dos altares laterais e de pinturas a óleo que foram cedidos à Junta da Província da Beira Litoral pela Direção-Geral da Fazenda Pública tendo sido levadas para Coimbra, para o Hospital dos Covões; remoção do retábulo maneirista que se encontrava na capela-mor, atualmente no Museu Municipal de Elvas; remoção, entre outras, de uma imagem de Nossa Senhora dos Mártires, em mármore, quase em tamanho natural, com vestígios de policromia, do séc. 13, executada em Coimbra ou Évora, hoje no Museu Municipal de Elvas; remoção de cinco painéis da igreja; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2006 - desativação do Regimento de Infantaria nº 8 cujo quartel ocupava as antigas dependências conventuais e instalação no imóvel do museu militar do referido Regimento; 2007, 29 Março - extinção do IPPAR, cessando a afetação do imóvel à instituição.

Dados Técnicos

Estrutura mista e estrutura autónoma.

Materiais

Alvenaria rebocada; granito nos cunhais e pilastras da fachada principal e no exterior e interior da abside e absidíolos; mármore no pavimento do interior, molduras de vãos e retábulos laterais; cobertura de telha.

Bibliografia

CABEÇAS, Mário, O restauro da Igreja do Convento de São Domingos de Elvas (1937-1945), Circunstâncias e critérios in A Cidade, Revista Cultural de Poetalegre, 1993, n.º 8, pp. 118-119; CABEÇAS, Mário Henriques, Obras e remodelações na Sé Catedral de Elvas de 1599 a 1638, in ARTIS, Lisboa, Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras de Lisboa, 2004, n.º 3, pp. 239-266; DIAS, Pedro, A Arquitectura Gótica Portuguesa, Lisboa, 1994; FERREIRA, Sílvia Maria Cabrita Nogueira Amaral da Silva, A Talha Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras, Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2009, 3 vols.; GRANCHO, Nuno, "A Extinção dos Conventos na Antiga Diocese Elvense: o exemplo histórico-artístico de S. Domingos de Elvas", (dissertação de mestrado em Arte, Património e Teoria do Restauro, apresentado à FLUL), Lisboa, FLUL, 2010; KEIL, Luís, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Portalegre, vol. 1, Lisboa, 1943; MECO, José, O Colégio jesuíta em Santiago, em Elvas, in Monumentos, n.º 28, Lisboa, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, Setembro 2008, pp. 128-137; MONTEIRO, Ângelo, Portalegre a Cidade e a Serra, Portalegre, 1982; RODRIGUES, Jorge e PEREIRA, Mário, Elvas, Lisboa, 1996; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol. II, Braga, 1990; VALLA, Margarida, A praça-forte de Elvas: a cidade e o território, in Monumentos, n.º 28, Lisboa, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, Dezembro 2008, pp. 34-43; VARELA, Cónego Aires, Theatro das Antiguidades de Elvas, Elvas, 1915.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; AHME: Convento de São Domingos de Elvas (Memória de 28 de Junho de 1858, Ms V/818, Documentos avulsos, Ms V/302 e Ms V/334)

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1861 - limpeza do telhado da igreja, caiação da mesma e de várias oficinas; colocação da peanha e imagem de São Domingos no nicho; DGEMN: 1936 - 1943 - demolição do muro junto ao lado S. da abside; remoção dos ornamentos em talha e das pinturas a óleo dos altares laterais; remoção do retábulo da capela-mor e respectivos quadros assim como quatro pinturas a óleo representando "A Anunciação", "Adoraçãos dos Reis Magos", "Apresentação ao velho Simião" e "Nascimento de Cristo" e 26 pinturas de santos da ordem e cadeiral que foram guardadas na igreja; apeamento de uma porta de madeira com moldura de cantaria de uma das capelas laterais; remoção de pedras que foram cedidas ao Museu Municipal de Elvas por não serem reutilizáveis; envio de talhas para a "Nau Portugal"; 1947 - construção de altares para os absidíolos, supedâneos para todos os altares laterais, sacrário, gurada-vento para a antecâmara da sacristia, reparação do órgão, reparação dos vidros dos vitrais, instalação eléctrica, instalações sanitárias; 1953 - demolição da almofada de alvenaria da parte superior da fachada principal que estava desligada e em risco de cair; 1966 - mudança do altar-mor para o transepto; 1958 - obras de conservação e restauro de rebocos, telhados, portas e caixilharia; 1974 - 1976 - obras de conservação da instalação eléctrica; 1978 - obras de conservação e limpeza de telhados, terraços, caleiras, gárgulas, algerozes, portas e vidros; 1979 - 1980 - reparação da instalação eléctrica; 1981 - obras de manutenção, colocação de uma pequena cimalha de mármore junto à pia de água benta, construção de um sanitário, construção e assentamento de poras interiores, reparação de um altar lateral compreendendo consolidação e refechamento de uma fenda; 1983 - limpeza dos telhados, reparação da porta central e das portas laterais da fachada principal com substituição das almofadas inferiores, travessas e ferragens; 1987 - obras de conservação e reparação de telhados, abertura de uma porta da casa mortuária para o exterior; 1996 - intervenção no órgão por Pedro Guimarães (Opus n.º 19).

Observações

*1 - a igreja encontra-se seccionada pela linha que divide as freguesias de Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso e de Caia e São Pedro. *2 - a actual sacristia fica do lado da Epístola mas a antiga ante-sacristia, construída no século 15, ficava no lado do Evangelho numa sala que tem uma abóbada em estrela com bocetes decorados com cruzes de cristo. *3 - segundo RODRIGUES, Jorge e PEREIRA, Mário, esses vãos eram para confessionários. *4 - Terá havido por parte do pintor apropriação de uma cena que pertence à vida de Santo António e não de São Domingos.

Autor e Data

Helena Mantas e Marta Gama 2001/ Filipa Avellar 2007

Actualização

Nuno Grancho 2012
 
 
 
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