Convento de Santa Clara / Igreja de Nossa Senhora da Conceição

IPA.00001841
Portugal, Portalegre, Elvas, Caia, São Pedro e Alcáçova
 
Arquitetura religiosa, renascentista, barroca.Convento de Clarissas Xabreganas, de linhas simples, arco triunfal de volta perfeita e cobertura com abóbada de canhão na linha da arquitectura renascentista. Retábulo lateral com frontão contracurvado, sanefa, volutas e cabeças de anjos, elementos da estética barroca. O revestimento azulejar das paredes da nave e da capela-mor, bem integrado no espaço arquitectónico. É o único edifício que resta do primitivo Convento das Freiras Xabreganas de Santa Clara. Tipologia do ossário.
Número IPA Antigo: PT041207050028
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem de Santa Clara - Clarissas (Província dos Algarves - Xabreganas)

Descrição

Planta composta por coro, nave única e capela-mor. Volumes articulados dispostos horizontalmente; cobertura exterior com telhado de duas águas. Fachada principal orientada a O. separados pela articulação dos volumes, os dois primeiros panos da esquerda são lisos, têm embasamento pintado de amarelo claro e remate com cornija; o pano da direita, mais extenso que os anteriores tem embasamento pintado de amarelo claro e duas portas idênticas, a da esquerda com degrau, ambas com moldura de mármore, frontão interrompido com cruz ao centro e pináculos laterais, remate com frontão curvo de alvenaria com painel de azulejos polícromos representando a Virgem e o Menino emoldurado por círculo de estuque pintado de amarelo claro. As restantes fachadas são adossadas às dependências do Convento. Articulação exterior-interior desnivelada. INTERIOR: Coro-alto assente sobre paredes de alvenaria com porta de ambos os lados. Coro-baixo de planta rectangular; parede fundeira com lambril de azulejos da padrão azuis e amarelos e entradas de luz com vidro pintado, em forma de cruz do lado da Epístola, em linha recta do lado do Evangelho; parede da Epístola com lambril dos mesmos azulejos e nicho de forma irregular com moldura de madeira; parede do Evangelho idêntica à do lado oposto, sem nicho e com dois padrões de azulejos; parede fronteira tem lambril de azulejos, um nicho de arco de volta perfeita e moldura de madeira de cada lado, porta de madeira de dois batentes que se abre para dois degraus de mármore e grade de ferro que possibilita o acesso à nave. Nave de planta rectangular. Parede fundeira com dois registos separados por moldura de mármore branco, o inferior com moldura de mármore branco à volta do vão e parede preenchida com dois padrões de azulejos azuis a amarelos de tapete e respectivos frisos; registo superior com três vãos fechados com grade de ferro intercalados por pilastras de mármore branco, remate com sanca e óculo de iluminação junto à cobertura. Parede da Epístola revestido revestido com dois padrões de azulejos de tapete azuis e amarelos e respectivos frisos a fazer o emolduramento dos vãos, junto à parede fundeira porta para o púlpito, segue-se púlpito semi-circular com balaustrada de mármore branco e moldura da porta da mesma pedra, vão aberto por arco de volta perfeita de mármore ocupado por retábulo barroco de mármore branco e preto com camarim central ladeado por colunas com capitéis coríntios que suportam o entablamento com frontão contracurvado e sanefa, arco cego revestido de azulejos junto à ilharga. Parede do Evangelho com revestimento idêntico ao do lado oposto e pia de água benta de mármore branco adossada à parede; é rasgada por três vãos: porta com moldura de mármore branco dando acesso ao coro-alto e duas portas com batentes de madeira que protegem os vãos de acesso ao exterior, junto à ilharga arco cego semelhante ao do lado da Epístola. Cobertura da nave com abóbada de volta perfeita em alvenaria; pavimento de tijoleira. Arco triunfal de volta perfeita de pedra granítica apoiado sobre colunas rematadas por cornija. Capela-mor rectangular; parede da Epístola com porta para sacristia e óculo junto à sanca, paredes revestidas por azulejos de padrão azuis e brancos onde se integram dois painéis de albarradas com as armas dos Britos representadas nas jarras, ladeados por pássaros e frisos azulejares nos emolduramentos dos vãos; a parede do Evangelho com decoração semelhante à do pano oposto, e ossário epigrafado, que contem ossos de pai, mãe e irmão de Rui de Brito, em mármore branco com tampa provida de argolas de ferro, embutido na parede apoiado em dois modilhões encimado por espaldar em forma de frontão curvo flanqueado por volutas, onde se inscreve pedra de armas, rematado por cornija onde assenta elmo, com paquife entre duas pinhas, as três figuras unidas por duas volutas e rematadas por cruz latina; retábulo-mor de talha dourada de estilo nacional com duas colunas pseudo-salomónicas de cada lado suportando o entablamento e arquivoltas, camarim preenchido por pintura representando a Adoração de Nossa Senhora por São Francisco e Santa Clara, frontal de altar de azulejos iguais aos dos panos, ladeado por portas de acesso ao retábulo.

Acessos

Largo dos Terceiros, Rua Francisco da Silva, Beco de Santa Clara. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,882141; long.: -7,161479

Protecção

Incluído na Zona de Proteção da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco (v. PT041207050023)

Enquadramento

Urbano, intramuros, a SE. da primitiva Alcáçova e inserido no aglomerado que se localizava dentro da 2ª cerca muçulmana. Fachada principal voltada para largo com trânsito automóvel e rua numa cota abaixo do largo; a N. a Igreja da Ordem Terceira (v. PT041207050023).

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: 1. Inscrição de posse de capela e funerária gravada no frontal de um ossário, num campo epigráfico rebaixado e enquadrado por moldura dupla. Mármore. Dimensões: totais: 205x110x20; brasão: 52x42; frontal: 35,5x96x5,5; campo epigráfico: 25,5x84,5; moldura: 5,5 (flanco esquerdo)/ 5. Tipo de letra: capital quadrada. A palavra "TUMÚLO" está grafada "TUMALO". Leitura modernizada: DESTA CAPELA É PADROEIRO RUI DE BRITO DO HÁBITO DE SÃO JOÃO E NESTE TÚMULO ESTÃO OS OSSOS DE SEU PAI E MÃE E DE DIOGO DE BRITO SEU IRMÃO. 1608.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ENTALHADOR: Domingos de Sampaio (1690). PINTOR: Agostinho Mendes (1715).

Cronologia

1526, 26 abril - fundação do Convento das freiras xabreganas de Santa Clara por D. João III, em casas doadas por Joana de Brito e Margarida Pereira, no local onde existira a antiga albergaria de Santo Estêvão, fundada por D. Estêvão Soares da Silva, arcebispo de Braga e primaz das Espanhas, na sequência da tomada de Elvas por D. Sancho II; séc. 16, 2º quartel - pedido de esmola para se cobrir a igreja e fazer uma parede; 1533 - incorporado na província de Portugal, dos claustrais da Ordem de São Francisco; 1570, cerca - passa à observância; séc. 17 - colocação de azulejos nas paredes da nave; 1608 - data inscrita no ossário que contem as ossadas dos pais e irmão de Rui de Brito, padroeiro da capela-mor; 1690, 25 julho - Domingos de Sampaio é contratado para a feitura do retábulo-mor (FERREIRA, vol. II, p. 497); séc. 17, finais - colocação dos azulejos da capela-mor; séc. 18 - colocação do retábulo de mármore; 1710, 20 - 28 setembro - o convento é gravemente arruinado pelos bombardeamentos ocorridos durante o cerco do Marquês de Bay à vila; 1715 - encomenda ao pintor elvense Agostinho Mendes do estuque e pintura a brutesco da capela-mor e pintura na igreja de alguns passos relacionados com a vida de Santa Clara; séc. 20, 1ª metade - adaptação a recolhimento da infância; década de 60 - reconstrução do coro-baixo e seu revestimento com azulejos seiscentistas, aquando da reconstrução das dependências do convento que se encontrava em ruína (informação oral); 2005, 13 outubro - encerramento do processo de classificação pelo presidente do IPPAR.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria rebocada; mármore nos emolduramentos das portas estuque e azulejos no frontão; cobertura de telha; azulejo tradicional nas paredes, mármore no retábulo lateral, madeira dourada no retábulo-mor; alvenaria na cobertura e tijoleira no pavimento.

Bibliografia

FERREIRA, Sílvia Maria Cabrita Nogueira Amaral da Silva, A Talha Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras, Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2009, 3 vols.; KEIL, Luís, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Portalegre, Vol. 1, Lisboa, 1943; MECO, José - O Colégio jesuíta em Santiago, em Elvas. Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, setembro 2008, n.º 28, pp. 128-137; RODRIGUES, Jorge; PEREIRA, Mário, Elvas, Lisboa, 1996; VALLECILLO TEODORO, Miguel Ángel, Retablística Alto Alentejana (Elvas, Villaviciosa y Olivenza) en los Siglos XVII-XVIII, Mérida, Universidad Nacional de Educación a Distancia, 1996, pp. 296-298.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IANTT: Cartas Missivas, Maço 1, doc. 216; Arquivo Distrital de Portalegre: PT-ADPTG-CVELV2 (1628 - 1862)

Intervenção Realizada

DGEMN: 1958 - constução de uma creche; CICSP: 1960, década de - reconstrução do coro-alto e coro-baixo; DGERU: Séc. 20, 2ª metade - obras na fachada e cobertura.

Observações

Autor e Data

Helena Mantas e Marta Gama 2001 / Filipa Avellar 2007 / Rosário Gordalina 2009

Actualização

 
 
 
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