Teatro Chaby Pinheiro

IPA.00001831
Portugal, Leiria, Nazaré, Nazaré
 
Arquitetura recreativa, eclética. Teatro construído na primeira década do séc. 20, com planta retangular, integrando nos ângulos anteriores dois corpos torreados mais baixos, e com bilheteiras exteriores, adossadas à esquerda. Apresenta fachada principal de três panos, os laterais ligeiramente recuados e mais baixos, terminados em platibanda vazada, e o central em empena, sobreposta por platibanda de cantaria vazada, ornada por relevo alusivo à arte dramática. O corpo central é rasgado por três eixos de vãos, em arco abatido, e óculos, com molduras côncavas decoradas por elementos recortados, alguns tendo inferiormente apainelados de estuque, recriando balaustrada ou apainelados recortados, e os eixos laterais têm cartelas inscritas com o mesmo tipo de decoração, com laivos arte nova. No interior, o foyer acede ao auditório, com estrutura de madeira delimitando o espaço cénico, de tipo italiano, em ferradura e decoração de linhas clássicas. Tem plateia, sem pendente, delimitada por guarda em balaústres planos, flanqueada por frisas, camarotes de 1.ª ordem e galerias, com guarda plena de madeira contracurva nos primeiros dois pisos e em falsos balaústres planos no terceiro. A boca de cena é em arco deprimido, encimado por pinturas de Frederico Aires, que também pintou o teto de masseira, com apainelados contendo motivos vegetalistas. As representações teatrais durante as festividades a Nossa Senhora da Nazaré, para o Círio de Lisboa, estão documentadas desde meados do séc. 18, construindo-se, inicialmente o denominado "tablado das comédias" e decidindo-se construir um teatro, em 1770.
Número IPA Antigo: PT031011020008
 
Registo visualizado 384 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Cultural e recreativo  Casa de espetáculos  Teatro  

Descrição

Planta retangular, integrando corpos torreados nos cunhais da frontaria, e tendo adossado à fachada lateral esquerda corpo das bilheteiras e anexo. Volumes articulados com coberturas em telhado de duas águas no corpo principal, de três nos corpos torreados e de quatro no anexo. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com soco de cantaria. Fachada principal virada a S. de três panos, os laterais ligeiramente recuados e o central rematado em empena, com cornija, sobreposta no topo por platibanda de cantaria vazada, com elementos retilíneos, tendo ao centro relevo alusivo à arte dramática, formado por palhaço, assente em dois instrumentos e motivos vegetalistas, e tendo nos remates laterais acrotérios com elemento fitomórfico relevado e recorte inferior contendo bola. É rasgado por três eixos de vãos, o central formado por portal em arco abatido, com moldura decorada por elementos recortados e relevados, interligado a uma trífora, de arcos abatidos, e moldura côncava, também com elementos recortados e relevados, e peitoril biselado, com falsos plintos sob os nembos de alvenaria; sobre esta janela surge ampla cartela moldurada, inscrita e encimada por cornija reta. Ao nível do terceiro registo abre-se janela de peitoril larga, com moldura do arco côncava, rematada em cornija e recorte inferior, com chave relevada; sob a janela existe balaustrada de estuque, relevada da fachada, com acrotério central e coroada nos topos por almofada quadrangular, ladeando já a janela. Os eixos laterais são semelhantes e formados por portal de verga reta com moldura abatida, de ângulos salientes, janela de peitoril semelhante à central do terceiro registo, mas mais pequena e tendo inferiormente pano de peito relevado na fachada, ornado de elementos retilíneos e curvos, e por um óculo circular, de moldura superior côncava, rematado em pingentes e de chave saliente entre elementos enrolados. Os corpos laterais são mais baixos e rematam em empena reta, coroada por platibanda de alvenaria, recortada na zona superior, sobre e terminada em cornija, recortada na zona exterior, e tendo entre os panos, falso plinto sobreposto por elementos de cantaria contracurvo, com motivo vegetalista relevado. Inferiormente, os cunhais integram falso plinto longilíneo, também com remate contracurvo e elemento insculturado. Ao nível do segundo registo, que se separa do primeiro por friso de cantaria, que percorre toda a fachada, existe cartela de cantaria inscrita e com moldura recortada e com pingentes. À fachada esquerda adossa-se o pequeno corpo das bilheteiras, terminada em cornija e rasgada por dois pequenos vãos semicirculares, moldurados. Fachadas laterais de dois corpos, o primeiro correspondendo ao corpo torreado, apresentando o mesmo tipo de remate e sendo rasgado por portal sobrelevado, precedido de escadas, de verga reta e moldura abatida de ângulos salientes, e janela de peitoril igual às do eixo lateral da frontaria, com pano de peito relevado na fachada, ornado de elementos retilíneos e curvos. O segundo corpo da fachada lateral esquerda é rasgado por vãos sem moldura, correspondendo a portas e janelas jacentes, gradeadas, e o da fachada direita, terminado em cornija e rasgado por porta de três janelas de peitoril, todos com bandeira e molduras de argamassa. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco e vãos com molduras de madeira. Foyer com pavimento de mármore, branco e friso rosa, possuindo lateralmente escadas de cantaria para os camarotes de primeira ordem, onde tem patamar perpendicular com guarda em falsos balaústres planos, e galeria. Ao centro do auditório desenvolve-se estrutura de madeira envernizada, sustentada por colunas biseladas de madeira, contendo o espaço cénico, com palco e zona destinada ao público de espaços independentes, o último em ferradura e organizado em três pisos, ligados pela boca de cena, sem fosso de orquestra. O acesso à plateia é feito pela zona curva do U, que tem guarda de madeira em falsos balaústres planos, sobre a qual surge uma ordem de colunas. A plateia, sem pendente e pavimento de madeira, tem cadeiras fixas, de madeira e assentos de couro, possuindo coxia central, com alcatifa. Lateralmente, dispõem-se frisas, delimitados posteriormente por guarda plena de madeira, por onde se faz o acesso individualizado, criando corredor entre estes e as paredes laterais da sala; virados à plateia têm guarda plena contracurva, de madeira, formando apainelados contendo losango ao centro de cada painel. No piso superior desenvolvem-se os camarotes de 1.ª ordem, em ferradura, fechados posteriormente em madeira, com porta em arco abatido, com guarda plena igual às das frisas, mas rematando inferiormente em lambrequim, contendo cadeiras amovíveis. Ao nível do terceiro piso, existem galerias, também em ferradura, com guarda em falsos balaústres planos e rematando em lambrequim inferior. Boca de cena em arco de deprimido, côncavo, com o monograma "CN" no fecho, sobre pilastras sobrepostas por liras e elementos fitomórficos. Sobre esta existem pinturas murais alusivas à Comédia e dramática com brasão central, encimado pela data de 1923. A cortina da boca de cena abre para cima. Cobertura de madeira, em masseira, formando apainelados, com motivos vegetalistas e cartelas pintadas. Os corpos laterais correspondem a zonas de serviço e de lazer.

Acessos

Sítio da Nazaré; Rua Brito Alão

Protecção

Categoria: IM - Interesse Municipal, Decreto nº 28/82, DR, 1.ª série, n.º 47 de 26 fevereiro 1982

Enquadramento

Urbano, adossado. Implanta-se adaptado ao declive do terreno, dominando um pequeno largo, a N. do Santuário de Nossa Senhora da Nazaré (v. IPA.00001538), e do Hospital da Confraria (v. IPA.00007217), tendo adossado de ambos os lados edifícios da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, correspondendo o da direita ao Centro de Dia e Lar de 3ª idade. Um pouco mais afastados, erguem-se o Coreto do Sítio (v. IPA.00007216), a Ermida da Memória (v. IPA.00001433) e o Palácio Real (v. IPA.00007231), todos a S. e a SE..

Descrição Complementar

A janela central do segundo registo é encimada por cartela de cantaria com a inscrição relevada "THEATRO" e enquadrada pela inscrição seccionada e gravada na alvenaria, sublinhada a preto, "CHABY PINHEIRO". Os panos laterais têm cartelas inscritas com "ANNO" e "1907". Sob a cornija do corpo das bilheteiras tem a inscrição "BILHETEIRAS". No interior existe a inscrição "Chaby Pinheiro, 5-2-1926" e uma outra com "Frederico Ayres 1923".

Utilização Inicial

Cultural e recreativa: teatro

Utilização Actual

Cultural e recreativa: teatro

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Ernesto Korrodi (1908). PINTOR: Frederico Ayres (1923).

Cronologia

1759 - feitura do tablado das comédias para o círio de Lisboa; 1770 - resolve-se fazer um teatro para as comédias do Círio de Lisboa; 1777 - resolve-se fazer o teatro para evitar os protestos dos romeiros de Lisboa; 1820 - colocação de candeeiros na casa da ópera; 1858 - iniciam-se leilões com prévia publicação nos jornais, referentes ao teatro; 1860 - anualmente o teatro rendia 12$250; 1906 - pensa-se reconstruir o teatro; 1907 - início das obras e construção; 1908, 28 fevereiro - aprovação do projeto do novo teatro da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, da autoria de Ernesto Korrodi; 1920 - ainda decorriam as obras, procurando-se aprontá-lo; 1921 - forro do teto; 1923 - decoração pictórica do interior, nomeadamente da boca da cena, pelo pintor Frederico Aires, aluno de Carlos Reis e também cenógrafo; 1926, 05 fevereiro - inauguração do teatro, com a presença do ator homenageado Chaby Pinheiro *1, a quem se deve o nome do teatro, sendo representadas duas peças, o "Leão da Estrela" e o "Conde Barão", da responsabilidade da Companhia Chaby Pinheiro; 1975 - formação de um grupo de trabalho com a missão de proceder ao restauro e direcção do teatro Chaby Pinheiro, composto por um elemento de casa associação desportiva e cultural da Nazaré e por um membro da confraria de Nossa Senhora da Nazaré; 1992 - Confraria faz estudo da situação do Teatro Chaby Pinheiro para concorrer a fundos comunitários tendo em vista a sua recuperação; 1994 - assinatura de protocolo para atribuição de subsídio destinado à conclusão das obras do teatro; 1996, 08 setembro - inauguração da exposição de pintura de Paul Girol no Teatro Chaby Pinheiro.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutrua de alvenaria de pedra rebocada e pintada; soco, friso, cornijas, molduras dos vãos e outros elementos decorativos em cantaria calcária; portas e caixilharia de madeira; vidros simples; pavimento em soalho de madeira; teto de madeira pintada; estrutura da sala de espetáculos, guardas dos camarotes, frisas e lambrequins e colunas em madeira envernizada; pinturas murais; cobertura de telha.

Bibliografia

Confraria de Nosa Senhora da Nazaré. Boletim Informativo. n.º 1 agosto 2003; PENTEADO, Pedro Manuel - Santuário da Senhora da Nazaré. Apontamentos para uma cronologia (de 1750 aos nossos dias). Lisboa: Edições Colibri; Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, 2002; Teatro Chaby Pinheiro (http://www.cnsn.pt/portal/index.php?id=1177&layout=detail), [consultado em 09-05-2014].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN:DSID, SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1806 - obras de conservação nos telhados da casa da ópera; forra-se de brim a casa da ópera e fazem-se outras obras; 1815 - continuação das obras do teatro; 1817 - trabalha-se na casa da ópera, alindando-a e assoalhando-a e pondo-lhe uma bancada; 1820 - grandes despesas na casa da ópera; 1821 - vários trabalhos, comprando-se 3 cerneiros para os mesmos; 1823 - reparação dos telhados; 1836 - obras importantes e pinturas; colocação de 30 fechaduras; 1839 - forno de cal volta a cozer para as obras da casa da ópera, que é rebocada e onde se fazem grandes despesas; 1842 - feitura da porta do teatro; PROPRIETÁRIO / SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA: 1976 - obras de conservação e recuperação; 1993 - obras de conservação, restauro e limpeza no teatro, com a respetiva modernização dos seus equipamentos; PROPRIETÁRIO: 2001 - obras no teatro, com construção de um bar e de três salas anexas.

Observações

*1 - António Augusto de Chaby Pinheiro (12-01-1873 - 06-12-1933) foi um dos grandes mestres do teatro do primeiro terço do século 20, tendo-se notabilizado como intérprete, ensaiador e professor do Conservatório de Lisboa. Estudou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, mas não acabou a licenciatura. Iniciou a sua carreira artística, na companhia Rosas & Brasão, em 10 de outubro de 1896, fazendo parte do elenco da peça "O Tio Milhões" no Teatro Nacional D. Maria II. *2 - O Theatro Chaby Pinheiro é utilizado para apresentação de peças de teatro, mas também para concertos e outras actividades culturais. O salão nobre recebe, com alguma frequência, exposições temporárias e outros eventos.

Autor e Data

Paula Noé 2014

Actualização

 
 
 
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