Capela de São Pedro

IPA.00001775
Portugal, Leiria, Leiria, União das freguesias de Leiria, Pousos, Barreira e Cortes
 
Capela românica de nave única coberta por tecto de madeira, com cabeceira escalonada abobadada, formada por capela-mor mais baixa e estreita, com ábside e absidíolos rectangulares, terminando a ábside interiormente em semicírculo. O pórtico abre-se em arco de volta perfeita formado por arquivoltas de decoração fitomórfica e antropomórfica, assentes em colunas de fuste cilíndrico liso, com capitéis lavrados, inscrito em alfiz suportando cimalha, onde assenta cachorrada esculpida com figuras humanas. Tipologicamente insere-se no românico da região de Coimbra, apresentando grandes afinidades com a destruída igreja de São Cristóvão. A capela teve torre sineira e coro-alto.
Número IPA Antigo: PT021009120001
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta longitudinal, composta de nave rectangular ecabeceira escalonada, com a capela-mor e 2 absidíolos rectangulares. Cobertura diferenciada em telhados de duas águas na nave, uma nas capelas colaterais e de três águas na capela-mor; fachadas rebocadas e pintadas, delimitadas por cunhais em cantaria; remate em empena na fachada principal, beiral nas fachadas laterais correspondendo ao corpo da nave e em cornija com cachorrada no corpo da capela-mor e absidíolos. Fachada principal, orientada, de empena triangular, rasgada em alfiz rematado por cimalha sobre cachorrada, com 4 arquivoltas de arco a pleno centro, assentes em colunas de fuste cilíndrico, alternando com pilastras, capitéis com motivos fito e zoomórficos, tímpano liso; fresta sobre o portal. Fachadas laterais abertas por janelões de verga curva, com gradeamento em ferro. Fachada posterior da nave remata em empena encimada por cruz templária no vértice. Na cabeceira uma cachorrada zoomórfica sustenta a cornija. INTERIOR: nave única com pavimento em lajes de pedra, coberta por tecto de madeira de 2 planos é iluminada por janelas de verga barroca, em arco segmentar, paredes rebocadas e pintadas de branco; um degrau separa a nave da capela-mor e dos 2 absidíolos, abertos por arcos de volta perfeita, com toros semicilíndricos, assentes em meias colunas com capitéis de folhagem e laçaria; frestas sobre os absidíolos, óculo com forte enxalço sobre o arco triunfal. Arco triunfal de volta inteira com arquivoltas assentes em capitéis com decoração vegetalista, abre para a capela-mor coberta por abóbada de berço, com a ábside terminada em parede semicircular rematada por cúpula de quarto de esfera; os absidíolos, de ábside rectilínea, são cobertos por abóbada de berço; três altares de pedra foram levantados nas capelas.

Acessos

Largo de São Pedro (antigo Largo Artilharia 4)

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP / Zona "non aedificandi", Portaria, DG, 2.ª série, n.º 134 de 08 junho 1967, alterada pela Portaria n.º 201/2018, DR, 2.ª série, n.º 58/2018 de 22 março 2018

Enquadramento

Urbano. Situa-se na encosta, dentro da cerca muralhada, a E. do Castelo (v. PT021009120002). Ladeado por dois edifícios de grande importância histórica e arquitectónica (v. PT021009120081-Antigo Paço Episcopal; PT021009120153-Antigos Celeiros da Mitra / MIMO), a Capela de São Pedro abre para um amplo adro com o mesmo nome, desnivelado, tendo-lhe fronteiro um cruzeiro de grandes hastes, sobre plataforma elevada, que se ergue a O.. Duas portas da antiga muralha dão acesso ao largo, a do N., um belíssimo exemplar da arquitectura militar e a S. a Porta do Sol, onde actualmente está erguida a Torre Sineira (v. PT021009120042) e à qual se encontra adossado o Edifício do Governo Civil (v. PT021009120084). Na base do morro do Castelo está implantada a Sé de Leiria (v. PT021009120031).

Descrição Complementar

"Carta de Simão Álvares (...) vedor das obras do Senhor Cardeal (...) em 18 de Janeiro 1527 fl1 [ Refere que no reinado de D. Manuel se Mandou fazer visitações a 5 igrejas que são da jurisdição de Santa Cruz, e que foram feitas pelo Bispo de Coimbra no tempo em que Álvaro Leitão era almoxarife, verificando-se que eram necessárias algumas obras para as quais D. Manuel emitiu mandado, mas não chegaram a ser realizdas, sendo necessária nova provisão] fl1v.[ Item, nesta vila há 3 igrejas antigas que estão pera cair do madeiramento de cima, como ora esta já uma que é São Pedro (...) . É necessário que Vossa Alteza as mande enmadeirar de novo e com tempo, porque depois de cairem custará o dobro". (IANTT). A igreja de São Pedro tinha três altares, como ainda hoje: o da capela-mor, de São Pedro, com um retábulo onde estavam representados o Príncipe dos Apóstolos e, de um lado e de outro São Paulo e Santo Agostinho; o de Nossa Senhora da Piedade e Santo António do lado da Epístola, e o de São João Baptista do lado do Evangelho, que veio a ser de São Simão (...). Havia ainda outro altar, que hoje não está representado: o de São Sebastião, no corpo da igreja, e abaixo do de São João Baptista, pertencente à confraraia dos Cristão-novos (...) (ZÚQUETE, 1945).

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: capela

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Cedida à Comissão Encarregada do Culto Católico da Freguesia de Leiria, por auto de 20/05/1940

Época Construção

Séc. 12 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Baltazar de Castro (séc. 20).

Cronologia

Séc. 12, último quartel - construção do templo (Cristino, 1986); 1370 - a igreja é ampliada por ordem de D. Estêvão Esteves, prior de Santa Cruz (Cristino, 1986); o madeiramento do telhado foi substituido por madeira de carvalho; 1527 - carta de Simão Álvares, clérigo de Nossa Senhora da Pena de Leiria dando conhecimento do estado de degradação em que se encontra a igreja de São Pedro, entre outras; depois da criação do bispado de Leiria em 1545, a Capela de S. Pedro serviu de Sé até 1573, a seguir à igreja de Nossa Senhora da Pena; 1574 - mudança definitiva do Cabido para a Sé Catedral, tendo início a decadência da igreja *1; séc. 17, 1ª metade - a capela tinha coro-alto e um retábulo de pintura no altar-mor, representando São Pedro, São Paulo e Santo Agostinho ("Couseiro", 1868); séc. 17, final / 18, inícios - a nave é aumentada em comprimento, sendo a frontaria deslocada; desaparece então a torre sineira; séc. 19 - a igreja foi reduzida a usos profanos por D. Manel de Aguiar, tendo tido os mais diversas ocupações; 1834 - foi transformada em celeiro; 1835 - segundo inscrição encontrada nas obras efectuadas em 1866, o teatro já funcionava no espaço da igreja, então dessacralizada, tendo funcionado como tal até 1880 data em que é inaugurado o teatro de D. Maria Pia, servindo posteriormente de armazém de madeiras e trapos (*2); 1854, 26 de Dezembro - o jornal "O Leiriense", noticia a representação de duas peças: "O Capitão Paulo", de Alexandre Dumas; e "As duas bengalas", muitos anos antes da aprovação dos estatutos; 1866, Junho - obras efectuadas na igreja de São Pedro, onde então já funcionava o Teatro de São Pedro, para reparação e melhoramento da sala, encontrou-se uma tábua debaixo do forro dos camarotes que tinha a seguinte inscrição: «No ano de 1835, restaurada a Pátria/ da usurpação miguelista, foi edificado/ este Teatro, pela Comissão da Mocidade/ Leiriense, composta de Mourão, Presiden/ te e quatro membros mais».; 1867- Decreto de 19 de Julho, aprova os estatutos do Teatro de São Pedro; 1868 - por carta régia de 10 de Dezembro foram novamente aprovados os estatutos do teatro, tendo sido escritos e apresentados por Abílio Barreto Figueiredo Perdigão, Francisco Manuel de Almeida e Silva, Luís Augusto do Souto, Manuel Joaquim Henriques e Francisco Maria Teixeira; 1871, 26 de Fevereiro - reunião para «compor e formar a direcção administrativa, económica e policial deste teatro», seguindo-se outra dois dias depois em casa do Presidente, Francisco Pereira da Silva. Mas, segundo João Cabral, «volvidos alguns anos, a velhice das adaptações, o seu estado de ruína e a dificuldade de acesso que a ele levava deixaram de acalentar o ânimo dos leirienses». (PT-ADLRA-ATDMP/TSP); 1920 - o templo encontrava-se em ruínas, tendo sido entregue ao Museu da cidade; 1940 - reabre ao culto, depois de restaurada, com obras dirigidas pelo arquiteto Baltazar de Castro; 1997 - encontra-se fechada ao culto regular abrindo, pontualmente, para celebração de casamentos e actividades culturais diversas (exposições / concertos)´; 2017, 25 outubro - publicação do Projeto de decisão relativo à alteração da Zona Especial de Proteção do Castelo de Leiria e da Capela de São Pedro, em Anúncio n.º 192/2017, DR, 2.ª série, n.º 206/2017; 2018, 22 março - alteração à Zona Especial de Proteção do Castelo e Capela de São Pedro, solicitada pela Câmara Municipal de Leiria, de forma a permitir a desafetação de duas parcelas da zona non aedificandi, para a construção de dois novos acessos.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes; estruturas autónomas.

Materiais

Alvenaria de pedra, cantaria calcária, madeira no telhado e tecto telha, cerâmica na cobertura.

Bibliografia

Caminho do Espírito - Percursos da Arte, Região de Turismo, Leiria, Fátima, 2004; CRISTINO, Luciano Coelho, A vila de Leiria em 1385, in Jornadas sobre Portugal Medieval, Leiria, 1986; DGEMN, A igreja de São Pedro de Leiria, Boletim nº 12, DGEMN, Lisboa, 1938; GONÇALVES, Flávio, Integração dos monumentos de Leiria, Batalha e Alcobaça nas correntes artísticas da época, Coimbra, 1951; Grande Enciclopédia Portuguesa Brasileira, vol. XIV, Lisboa, s.d.; MARGARIDO, Ana Paula, Leiria - história e morfologia urbana, Leiria, 1988; COSTA, Lucília Verdelho da, Leiria, Lisboa, 1989; O Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria, Braga, 1868; SARAIVA, José, Leiria, Porto, 1929; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal, vol. V, Lisboa, 1955; ZÚQUETE, Afonso, Leiria, Subsídios para a História da sua Diocese, Leiria, 1945; ZÚQUETE, Afonso, Monografia de Leiria: a cidade e o concelho-1950, Leiria, 2003.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMN/REM, DGEMN/DREMCentro/DM

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMCentro/DM

Documentação Administrativa

IHRU:DGEMN/DSID, DGEMN/DREMC, DGEMN/DSARH-010/124-0051 / -0012 / -0081 / -0050; DGARQ/TT: Corpo Cronológico (parte I, maço 35, doc. 81, mic. 3140); DSE: Tombo Militar

Intervenção Realizada

DGEMN: 1933 / 1934 / 1935 / 1936 / 1937 - consolidação das paredes da nave e ábside, bem como da abóbada desta última, construção do telhado da nave e ábside, repavimentação com cantaria nova da nave e ábside, substituição de cantarias na ábside, colocação do tímpano e cachorros no pórtico, substituição de 5 colunas, assentamento de soleiras e degraus, desentaipamento e reparação da rosácea e frestas sobre os arcos da capela-mor e absidíolos, reboco no interior e exterior, reconstrução das 2 empenas da nave, do friso de cantaria e cruzes, limpeza e tomada de juntas dos paramentos das cantarias, colocação de vidraças coloridas, altares para as 3 capelas; 1966 - óleo no tecto da nave, rebocos e caiação interior; 1967 - reparação da cobertura, rebocos e caiação exterior; 1987 - rebocos externos e caiação; 1988 - reconstrução total da cobertura, incluindo madeiramentos, ripado e telha, assentamento de porta; 1995 - execução de vitrais pela PSP e CML; 1997 - reparação das coberturas.

Observações

*1 - em 1573 "Havia nesta igreja vinte e oito marcos de prata lavrada, ornamentos, dois sinos na torre, duas campainhas grandes no choro, e huma na Igreja, que tudo se deo para a nova Sé (...) (COUSEIRO, 1868). *2 - o teatro de São Pedro, serviu durante longos anos e por ele passaram as grandes figuras da cena da época e alguns notáveis amadores dramáticos de Leiria. (ZÚQUETE, 1945).

Autor e Data

Isabel Mendonça 1991 / Cecília Matias 2005

Actualização

 
 
 
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