Dispensário da Assistência Nacional aos Tuberculosos, IANT, de Lagos / Academia de Música de Lagos

IPA.00017486
Portugal, Faro, Lagos
 
Dispensário para tuberculosos, construído em meados do Séc. 20 pela DGEMN e posteriormente adaptado e ampliado para escola de música.
Número IPA Antigo: PT050807 0043
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Saúde  Dispensário  Dispensário do Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos (IANT)  

Descrição

Planta rectangular disposta em dois pisos.

Acessos

Rua Dr. José Cabrita / Rossio de S. João

Protecção

Enquadramento

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Saúde: dispensário do Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos (IANT)

Utilização Actual

Educativa: escola de música

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Academia de Música de Lagos (Auto de cedência de 06 maio 2004)

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1899 - o deputado Moreira da Silva chama a atenção do Governo para a premência de actuação face ao drama social causado pela tuberculose, propondo a criação de um fundo especial que se viria a converter na Lei de 17 de Agosto de 1899; a Rainha D. Amélia convoca uma reunião na Câmara dos Deputados com o intuito de constituir as bases legais para a criação da Assistência Nacional aos Tuberculosos, avançando-se com medidas concretas para a erradicação da doença: 1º construir hospitais marítimos, "onde se modificasse o organismo das crianças que mais tarde seriam as vítimas preferidas da doença"; 2º criar sanatórios, para tratamento dos casos de tuberculose em fase inicial; 3º construir em todas as capitais de Distrito "institutos que servissem, não somente para o estudo do tratamento do físico, mas também para socorro aos doentes que precisassem de trabalhar para ocorrer às necessidades de suas famílias, socorros que deviam consistir em subsistências, aplicações terapêuticas e conselhos de higiene"; 4º construir hospitais destinados ao tratamento de tuberculosos "que permitissem evitar a sua promiscuidade com os outros doentes que entram nos hospitais ordinários para se tratarem de qualquer outra doença e que deles saem afectados de um mal terrível que em breve os mataria, depois de terem, contaminado as famílias" (Sessão parlamentar 31 Mar. 1950, in Diário da Câmara dos Deputados 1 Abril 1950, p. 695); 1901 - o médico e biólogo francês Albert Calmette (1863-1933) cria em França o primeiro dispensário antituberculose - Dispensaire Emile Roux -, tendo sido na mesma data aberto o de Lisboa, a que se seguiram outros, em Bragança, Porto, Faro e Viana do Castelo; 1927, 31 Ago. - publicação do Decreto n.º 14:192 a partir do qual foram estabelecidas bases legais para o controle da difusão da tuberculose e direito à assistência entre os funcionários públicos; 1927, 26 Out. - o Decreto n.º 14:476 aprova os princípios gerais a que devem obedecer os diplomas a publicar neste domínio; 1928, 21 Mai. - mediante o Decreto n.º 15:497 é criada uma comissão de profilaxia da tuberculose, com o objectivo de estudar as formas eficazes de combate à doença; 1931, 9 Jan.- o Decreto n.º 19:217 cria uma nova comissão para elaboração de um projecto de reorganização dos serviços de combate à tuberculose, no qual era integrado um serviço de assistência particular; 1934 - Carlos Ramos vence o concurso público, lançado pela Assistência Nacional aos Tuberculosos, para a edificação de dispensários a construir em todas as sedes de distrito e de concelho, equacionando uma solução aplicável a circunstâncias regionais diversas e estabelecida a partir de critérios comuns de economia, rapidez e funcionalidade; 1945, 07 novembro - publicação do Decreto-Lei n.º 35:108 através do qual é criado o Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos que absorveu a Assistência Nacional aos Tuberculosos criada pela Rainha D. Amélia *1; 1953 - adjudicação da construção do Dispensário de Lagos; 1954 - conclusão da construção pela DGEMN/Direcção dos Serviços de Construção e Conservação *2; 1955, 12 de junho - cedência, a título precário, pela Direcção-Geral da Fazenda Pública, ao Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos de Faro; 1975, 26 maio - nos termos do Decreto-Lei n.º 260/75 sucede à Assistência Nacional aos Tuberculosos o Serviço de Luta Antituberculose (SLAT); 1982, 29 junho - ao abrigo do Decreto-Lei n.º 254/82 o imóvel integra o património privado da ARS Algarve, I.P.; 2004, 06 maio - na sequência do Acordo de Cooperação estabelecido entre a ARS Algarve I.P., a autarquia e a Academia de Música de Lagos, o imóvel é cedido a esta última instituição; 2004 - 2008 - obras de alteração, adaptação e ampliação (construção do 1.º andar) para instalação da Academia de música; 2014, 13 novembro - emitida autorização de utilização do imóvel como Academia de música.

Dados Técnicos

Materiais

Bibliografia

ANÓNIMO, "Discurso proferido pela Rainha D. Amélia em 11 de Junho de 1899", in L'Assistence Nationale aux Tuberculeux dans la lutte contre la tuberculose en Portugal, Lisboa, Imp. Nationalle, 1905; ANÓNIMO, "A campanha Anti-tuberculosa. A obra levada a efeito pela Assistência Nacional contribuiu já para que a mortalidade pela tuberculose diminuísse de 16,5%", Diário de Lisboa, 29 de Abril de 1936; ALVES, Casanova, Os centros de profilaxia e diagnóstico do Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos, Lisboa, s. n., 1950; Assistência Nacional aos Tuberculosos, A lucta contra a tuberculose e a obra da Assistência Nacional aos Tuberculosos: 1899-1928, Lisboa, ANT, 1928; BINET, Jacques Louis, Les architectes de la Médecine, Paris, L'Imprimeur, 1996; CABRAL, José, O papel do dispensário na luta contra a tuberculose, Porto, Costa Carregal, 1956; CARVALHO, Lopo de, A luta contra a tuberculose em Portugal, Lisboa, ANT, 1935; CORREIA, Fernando da Silva, Portugal Sanitário, Lisboa, Ministério do Interior, 1938; COUTINHO, Bárbara dos Santos, Carlos Ramos (1897-1969): Obra, Pensamento e Acção. A procura do compromisso entre o modernismo e a tradição, dissertação Mestrado História Contemporânea, FCSH-UNL, 2001; FOUCAULT, Michel, Naissance de la Clinique, Paris, PUF, 1963; AAVV, Carlos Ramos. Exposição retrospectiva da sua obra, Lisboa, F.C.G., 1986; LENCASTRE, António, O Valor dos dispensários na luta contra a tuberculose in Actas do 2º Congresso Nacional contra a tuberculose, 1902; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952, Lisboa, 1953; PROENÇA, Raul, Guia de Portugal, Vol. II, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1991 (1.ª edição Lisboa, BNL, 1927); VIEIRA, Jorge Silvério de Sousa, O papel do dis pensário na luta antituberculosa (separata de O Médico, nº 601, 1963), Porto, Tip. Sequeira, 1963.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

SIPA

Intervenção Realizada

2004 - 2008 - obras de alteração, adaptação e ampliação (construção do 1.º andar) para instalação da Academia de música.

Observações

EM ESTUDO. *1 - as concepções clínicas evoluíram no sentido de se alcançar um enquadramento físico e sociológico das populações contaminadas, só tornado possível pela gradual ampliação do discurso científico no campo da arquitectura; a difusão dos dispensários e sanatórios ocorreu em toda a Europa aproximadamente no último quartel do século 20 e as características da situação exterior eram razoavelmente conhecidas em Portugal, onde o médico António Lencastre (1857 - 1944), colaborador da Rainha D. Amélia, desempenhou uma acção preponderante para a fixação de princípios de actuação e criação de regras gerais para a construção dos dispensários. A partir da década de 30 do século 20, o Ministério do Interior promoveu uma extensa reforma no âmbito da saúde pública que contemplou a estruturação de uma rede de equipamentos de apoio à erradicação da tuberculose, determinando uma série de pesquisas que contou com a intervenção directa dos arquitectos num processo de experimentação de novas tipologias; entre as várias morfologias daí decorrentes fixaram-se projectos-tipo quer de sanatórios, hospitais e preventórios, que foram projectados pelo Arq.º Vasco Regaleira, quer de dispensários distritais e concelhios cuja concepção foi delineada pelo Arq.º Carlos Ramos, vencedor do concurso público aberto em 1934. O modelo de actuação dos dispensários, de origem francesa e alemã, centrava-se essencialmente num trabalho de diagnóstico, rastreio e terapêutica, na assistência à população local contaminada e numa acção de propaganda activa de medidas de prevenção. Em 1931 a rede nacional de dispensários reduzia-se a 7 estabelecimentos; cinco anos mais tarde essa rede alargava o seu número para 63 edifícios, entre os quais 23 eram distritais e 40 concelhios. Basicamente, o dispensário funcionava como a peça fundamental do sistema de luta contra a tuberculose, permitindo, através do contacto directo com as populações, a realização de exames periódicos, o despiste de eventuais casos de doença, a identificação das fontes de contágio, o tratamento de doentes em regime ambulatório, a organização do cadastro radiológico, sistemático e periódico de antigos doentes com alta, o encaminhamento dos doentes para os recintos de internamento e a informação geral das populações locais. A acção dos dispensários era complementada pelo trabalho das brigadas móveis, no que concerne à profilaxia da doença e à investigação epidemiológica, sendo a distribuição dos estabelecimentos e a respectiva lotação estabelecida a partir da taxa de mortalidade local; *2 - na Conservatória do Registo Predial de Lagos, onde se encontra inscrito com a matriz predial urbana Art.º n.º 1789, o imóvel é descrito como "edifício térreo com 16 compartimentos (...) e compreende vestíbulo, salas de espera, tratamentos, serviços radiológicos e casa de banho e retrete".

Autor e Data

Patrícia Costa 2003 / Rute Figueiredo 2007

Actualização

 
 
 
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