Edifício Zúquete

IPA.00017352
Portugal, Leiria, Leiria, União das freguesias de Leiria, Pousos, Barreira e Cortes
 
Edifício residencial multifamiliar e comercial do séc. 20, de três pisos e águas-furtadas, com planta algo irregular, em gaveto, sendo adossado lateralmente a outros edifícios. Os volumes angulares são estreitos e mais elevados. Fachadas decoradas com frisos e painéis azulejares. Fenestrações de diferentes modinaturas. Varandas com guardas em ferro forjado.
Número IPA Antigo: PT021009120095
 
Registo visualizado 289 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial multifamiliar  Edifício  Edifício residencial e comercial  

Descrição

Edifício com planta em gaveto, de três pisos e águas-furtadas, coberturas diferenciadas e remate em cornija e beiral em telha de cerâmica verde. Os volumes angulares são estreitos e mais elevados. Fachadas rebocadas e pintadas de creme, circunscritas por cunhais, frisos e embasamento, sendo percorridas superiormente por cercadura de azulejos com motivos florais interrompida por uma sucessão de mísulas rectilíneas, Os vãos são protegidos por caixilharia de madeira pintada de branco, com moldura exterior pintada de vermelho escuro e portas em madeira pintada de castanho. Fachada principal virada a Noroeste, com porta principal em verga recta, sobreposta por três frestas rectilíneas e arco abatido, fechadas por gradeamento interior em ferro forjado decorado com elementos Arte Nova. Ladeiam-na uma vitrina em arco abatido à esquerda e uma vitrina rectilínea no lado direito. O 1º piso tem duas janelas de verga recta e porta central com verga decorada ao centro por rosas relevadas, abrindo para uma varanda ondulada em ferro forjado, sob a qual se encontra cercadura de azulejos policromos decorados com uma sucessão de florões inseridos em quadrados sobre vértice. No 2º piso encontram-se três janelas semelhantes, as laterais com pequeno varandim em ferro forjado, sob o qual se encontram azulejos policromos com elementos florais estilizados. No topo encontra-se uma janela de águas-furtadas com beiral. Os ângulos do edifício são curvos e mais elevados, ambos com a mesma estrutura: vitrinas no piso térreo; porta e duas frestas a abrir para uma varanda semicircular em ferro forjado no 1º; no 2º piso encontra-se uma varanda rectilínea em ferro forjado, sob a qual está um elemento em cantaria decorado com vaso florido; último piso com estreita janela e varandim em ferro forjado, sob o qual estão azulejos azuis ladeados por cercadura de elementos florais estilizados (com desenhos diferentes nos dois ângulos), ladeada por duas frestas e rematada por elemento curvo sobre o beiral, decorado com formas curvilíneas. Fachada lateral esquerda rasgada por vitrinas rectilíneas protegidas por telheiro avançado em betão e três montras em arco de volta inteira do lado direito. Os restantes vãos seguem um esquema semelhante ao da fachada principal. Fachada lateral direita rasgada, no piso térreo, por porta de arco abatido ladeada por vitrinas rectilíneas seguindo, nos dois pisos, o mesmo programa de vãos da fachada principal.INTERIOR: o átrio da entrada apresenta um silhar de azulejos de padrão polícromos, decorados com florões e elementos vegetalistas, sendo o pavimento em calçada portuguesa, a preto e branco, com quadrados sobre vértice; destaca-se um candeeiro alto, em ferro forjado, assente na extremidade do corrimão. As salas são pintadas em cores vivas (rosa, verde, ocre), com lambrim de madeira pintada a branco ou cinzento claro, tal como as portas, janelas, portadas, ombreiras, sobreportas, rodapés e corrimão; os pavimentos e escadas são em madeira envernizada e encontram-se tectos em estuque decorado com frisos relevados e apontamentos florais ao gosto Art Deco. Os tectos das casas de banho e da marquise são em madeira pintada de branco. O corrimão da escada interior é em ferro forjado pintado de verde, com espirais quadrangulares ao gosto Art Déco. O mobiliário é simples, de linhas rectilíneas.

Acessos

Praça Rodrigues Lobo, n.º 3 a 4B; Largo 5 de Outubro de 1910, n.º 22 a 25; Rua Vasco da Gama

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção do Castelo de Leiria (v.PT021009120002) / Capela de São Pedro (v. PT021009120001)

Enquadramento

Urbano, adossado, forma gaveto; a fachada do lado direito está voltada para o edifício Oriol Pena (v. PT021009120070), a fachada lateral esquerda está defronte do Edifício do Banco Sotto Mayor (v. PT021009120096) e a fachada principal abre-se para a Praça Rodrigues Lobo.

Descrição Complementar

Fachadas rebocadas e pintadas de creme, circunscritas por cantarias (elementos arquitectónicos, cornijas, cunhais, molduras de vãos); AZULEJO: friso superior decorado com elementos florais estilizados ao estilo Arte Nova (azul, verde, vermelho); extractos de cercaduras sob varandas, polícromas (azul, verde, castanho, amarelo e branco), com elementos florais estilizados inseridos numa sucessão de quadrados sobre vértice; extractos de cercaduras sob varandins, polícromas (azul, verde, castanho e branco), com elementos florais e vegetalistas estilizados, ao gosto Arte Nova; azulejos lisos em casas de banho, brancos ou verdes (silhares) e cinzentos (friso); silhar do hall da entrada principal, com módulos de padrão polícromos (azul, amarelo e branco), decorados com florões e elementos vegetalistas, de tipo setecentista; CALÇADA PORTUGUESA: pavimento do hall da entrada principal, formando quadrados sobre vértice, em branco e preto; ESTUQUE: alguns tectos com finos relevos geometrizantes ao gosto Art Déco; GRÊS: banheira numa das casas de banho; MARCENARIA: portas de entrada pintadas de castanho; ombreiras das janelas (exterior) pintadas de vermelho escuro; portas, janelas, portadas, ombreiras, sobre-portas, remates de lambris, rodapés e corrimão pintados de branco ou cinzento claro; tecto de madeira pintado de branco (casa de banho e marquise); salas, corredores, marquise, escadas com pavimentos em madeira envernizada (tábuas corridas); METAL: varandas e varandins em ferro forjado, trabalhado e rendilhado, pintado de verde escuro; corrimão de escada interior em ferro forjado, pintado de verde escuro, com formas geometrizantes ao gosto Art Déco.

Utilização Inicial

Residencial: edifício residencial e comercial

Utilização Actual

Comercial: estabelecimento de restauração / Cultural e recreativa: galeria de exposições

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Ernesto Korrodi (1914).

Cronologia

Séc. 20, início - construção do edifício; 1914, Janeiro - um incêndio destrói o edifício onde estava instalado o Grémio Literário e Recreativo; 1914, 11 março - projeto de reconstrução e ampliação, conforme risco de Ernesto Korrodi.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; cantaria (elementos arquitectónicos, cornijas, cunhais, molduras de portas e janelas, degraus do hall de entrada principal, elementos decorativos); grés (banheira de wc); calçada portuguesa (pavimento do hall da entrada principal); estuque pintado e relevado (alguns tectos, com formas rectilíneas); ferro forjado (varandas, varandins, corrimão da escada interior, candeeiro do hall de entrada); ferro fundido (gradeamento de janelas da marquise das traseiras); mosaico (pavimentos de wc); azulejo tradicional (silhar do hall da entrada principal, frisos sobre portas exteriores, friso superior das fachadas) e industrial (silhares de casas de banho); madeira (portas, janelas, portadas interiores, pavimentos, rodapés, escadas, remates superior e inferior de corrimão); vidro simples (janelas, portas, sobreportas, montras); linóleo (primeiros lanços da escada); cobertura interior pintada e exterior em telha.

Bibliografia

COSTA, Lucília Verdelho da, Ernesto Korrodi 1889-1944, arquitectura, ensino e restauro do património, Lisboa, Editorial Estampa, 1997.

Documentação Gráfica

CMLeiria: Arquivo Histórico Municipal (Processo nº 35 (mapa arq.), Projecto de reconstrução e ampliação (11/03/1914) e plantas)

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMLeiria: Arquivo Histórico Municipal (Processo nº 78-fotos 644 a 650, 1914)

Documentação Administrativa

CMLeiria: Arquivo Histórico Municipal (Projeto de reconstrução e ampliação (11/03/1914))

Intervenção Realizada

Observações

Nem todos os espaços interiores foram observados. No ângulo SE. da Pç. Rodrigues Lobo situava-se o Palácio dos Marqueses de Vila Real, o qual foi confiscado para a coroa a 28 de Agosto de 1641. Em 1702, o Palácio de Leiria passou para a posse de D. Manuel Luís de Menezes (1.º Conde de Valadares). Em 1811, acolheram-se aqui as religiosas de Santo Estêvão. Em 1834, o edifício era propriedade de Manuel Joaquim Afonso e mais tarde foi vendido a António Zúquete, comerciante da Praça de Leiria. O palácio ocupava todo o ângulo SE da praça, sendo constituído por dois corpos ligados através de um arco que estabelecia a comunicação da praça com o Rossio. Em 1888, o palácio pertencia a Joaquim de Oliveira Zúquete que mandou demolir o arco, de acordo com a Câmara e alargar a rua. Os dois corpos que constituíam o edifício foram reconstruídos, conservando o corpo do lado esquerdo, de quem vem da praça, todos os pormenores da reconstrução oitocentista. O corpo do lado direito ardeu completamente na noite de 7 de Janeiro de 1914, tendo sido reconstruído segundo um projecto arquitectónico de Korrodi. No piso térreo encontram-se diversas lojas: "Singer", "Levi's", "PremiumKhasis" e "Mexx". No 1º piso, além do Grémio e da Galeria encontra-se "Fotógrafo Fabião".

Autor e Data

Cecília Matias 2003 / Ana Lemos (CMLeiria) 2007

Actualização

Cecília Matias 2008
 
 
 
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