Colégio de Santa Rita / Colégio dos Grilos / Palácio dos Grilos / Casa dos Professores

IPA.00017315
Portugal, Coimbra, Coimbra, União das freguesias de Coimbra (Sé Nova, Santa Cruz, Almedina e São Bartolomeu)
 
Arquitectura civil, barroca e novecentista. Edifício de planta em U, evoluindo em três pisos que acompanham o desnível do terreno, com fachadas rematadas em dupla cornija. A fachada principal mostra alguma assimetria na disposição dos vãos e também diferenciação de registos, de alturas diferentes, sendo a parte esquerda, mais equilibrada na distribuição dos vãos, correspondentes a um portal com frontão encimado por duas janelas também com frontão, de perfil barroco. No interior surgem vários silhares de azulejos com guarnição em concheados, acusando vocabulário rococó.
Número IPA Antigo: PT020603020132
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Colégio universitário    

Descrição

Planta, em U, com 3 pisos que se desenvolvem em socalcos, acompanhando o desnível do terreno, de volumes articulados de disposição horizontal e coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas. O piso inferior, corresponde ao embasamento, liga-se ao morro formando um chavetão, cujos braços só aparecem no andar nobre. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, de vãos maioritariamente rectilíneos com a modinatura em cantaria. Fachada principal voltada a S., evolui em dois e três registos definidos pelo friso simples de cantaria, que acompanham o desnível do terreno, ficando à esquerda mais baixo, entre dois cunhais apilastrados o portal principal, correspondente à antiga portaria do colégio, curvilíneo, de moldura recortada, com pendentes, encimado por frontão recortado, sobreposto por cornija curva, protegido por portão de duplo batente, com bandeira, em ferro forjado, e recortado, bastante trabalhado, tendo na bandeira uma águia bicéfala, emblema da ordem; sobre o portal, abrem-se duas janelas com frontão de aletas volutadas, sobreposto por cornija angular. Seguindo-se à sua direita um pano com três registos, sendo cego o inferior e terminando junto à parede de suporte do terraço superior, aberto por uma janela no registo intermédio e por três no superior; à direita já ao nível do terraço superior, prolonga-se a fachada, mais ampla com dois registos com alguma irregularidade na distribuição dos vãos, abrindo-se no registo inferior, duas janelas, e um porta de duplo batente com almofadados, em madeira pintada de verde, no superior, correspondente ao andar nobre, abrem-se treze janelas, sendo as duas externas e a central voltada para sacada. Fachada lateral esquerda virada a N., desenvolve-se na longitudinal, com algumas reentrâncias. De salientar, uma porta secundária de acesso, actualmente com a secção de contabilidade e tesouraria dos serviços centrais da Universidade, com remate em pedra semi-circular e, no segundo registo, uma janela para sacada. Ao lado, um portão de ferro que dá acesso à fachada posterior, composta por um corpo retraído. INTERIOR: As diversas modificações para a adaptação do edifício aos diversos fins a que tem servido, desvirtuaram o interior. Na espessura da parede da entrada da antiga portaria (o espaço dos batentes abertos) encontra-se um pequeno ante-átrio oval, revestido com silhar de azulejos simples, tipo de grade e florões, a azul e roxo manganês. O outro paramento da parede recorta-se em porta inferior, fechada com batente de madeira, almofadado e com pregaria simples. Esta porta dá para um átrio rectangular, de abóbada de tijolo em aresta, ladrilhado de largas fiadas de pedra, onde se tem acesso à antiga capela do colégio, hoje sala de atendimento dos serviços académicos, com porta de verga em arco rebaixado. O vestíbulo é revestido por silhar de azulejos, em tipo de grade, em roxo manganês, com enquadramentos de concheado, a azul. Deste vestíbulo, parte a escadaria nobre, em cantaria, de acesso aos pisos superiores, pequeno lanço na linha da fachada, ao que se segue outro. Parapeito pleno e simples resguarda o segundo lanço. Duas janelas, de parte superior decoradas ficando no topo, dão luz à caixa de toda a escadaria. Desde o átrio do R/ch até ao 2º piso a escadaria tem silhar de azulejos de monocromia azul cobalto sobre fundo branco, com guarnição de concheados, rodapé e espaço entre os panos a castanho, imitando marmoreado. O andar nobre compõe-se de grande corredor central, com gabinetes laterais (antigas celas). No extremo norte do grande corredor, encontra-se uma pequena sala com silhar de azulejos, formando sete panos, de motivos emblemáticos e enquadramentos de tipo arquitectónico. No chavetão do norte fica a escada que leva ao antigo refeitório, ambos revestidos de azulejos, que aqui representam diversas cenas. Deste, pequeno lance de escadas que dá acesso à cantina, uma sala grande, de tecto elevado, ambos com silhar de azulejos de padrão com cercadura, tipo "maçaroca". Encontra-se ao lado a antiga cozinha, ampla e de alta chaminé.

Acessos

Rua da Ilha, Rua Dr. Guilherme Moreira

Protecção

Incluído na Zona Especial de Protecção dos Paços da Universidade (v. 0603250014)

Enquadramento

Urbano, integrado na malha urbana da cidade universitária, situado junto ao Paço das Escolas (v. 0603250014), numa cota mais baixa, confinante com as ruas, da Ilha, e do Dr. Guilherme Moreira, na vertente O. do morro universitário, acompanhado o acentuado desnível do terreno, construído em socalcos, denunciados nos dois terraços que antecedem a fachada principal e no pelo jardim central, à volta do qual se organiza parte do edifício ao nível superior.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Educativa: colégio universitário

Utilização Actual

Política e administrativa: reitoria e serviços académicos

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Arquitectos: Alberto José Pessoa (1944), Amoroso Lopes (1966)*2; Oldemiro Carneiro (1968); Pintor: Joaquim Rebocho (1969).

Cronologia

1755 - construção do colégio pelos Eremitas Descalços de Santo Agostinho, na encosta poente da Alta, sendo um dos últimos colégios a ser edificado em Coimbra. Foram os seus religiosos conhecidos por frades grilos, nome tomado pelo colégio; 1785 - continuação das obras, apesar de já lá residirem estudantes há vários anos; séc. 18 - silhar de azulejos do átrio principal; séc. 19, inícios - depois da sua extinção, foi ocupado temporariamente por um organismo estatal; 1836 - portaria de entrega à Universidade que arrendou o edifício a uma república de estudantes;1836 / 1844 - ocupação por diversas repartições oficiais; 1844, 27 Abril - venda em hasta pública; 1844/1870 - residência do Conselheiro Adrião Pereira Forjaz de Sampaio e sua família, sendo que, após a sua jubilação como Lente em Leis da Universidade de Coimbra, se mudou para a Quinta dos Plátanos; 1870 - arrendamento pelo proprietário; 1880, meados - funcionamento de vários estabelecimentos particulares de ensino: o Colégio de S. Filipe Neri e o Colégio Académico, ambos do sexo masculino; 1933, Setembro - passou a ser o colégio feminino de São José, que viria a ser desalojado pelas obras da Cidade Universitária; 1920, década - residência esporádica de Oliveira Salazar e do Cardeal Cerejeira; 1933 - intenção de adquirir o edifício para ampliar as instalações universitárias (ideia defendida por Angelo da Fonseca, pelas duas comissões de obras da Cidade Universitária, por Oliveira Salazar e pela Comissão Administrativa do Plano de Obras da Cidade Universitária de Coimbra); 1943, 14 Agosto - despacho do Ministro das Obras Públicas e Comunicações ordenando a expropriação do antigo colégio, incluída na primeira zona da quarta fase do plano geral; 1943, 30 Agosto - aquisição do imóvel para o Estado, mediante a indemnização de 390 contos; 1944, Agosto - encomenda a Alberto Jorge Pessoa, do projecto de adaptação do edifício a Casa dos Professores; 1944/1949 - realização das obras, com a demolição e reconstrução da quase totalidade do edifício, exceptuando-se os aposentos do Presidente do Conselho Nacional. Foi apetrechado com quartos, para instalar os professores estrangeiros, restaurante, sala de reuniões, biblioteca e um pátio interior; 1949, Agosto - entrega à Associação Académica até a sua nova sede ser edificada; 1963 - libertação do edifício pela Associação Académica; 1964, 22 Janeiro - Senado Universitário foi informado da decisão do Ministério da Educação de ceder o Palácio dos Grilos ao Centro Universitário da Mocidade Portuguesa e à Associação dos Antigos Estudantes da Universidade de Coimbra; 1966, Julho - ante-projecto de remodelação do edifício da autoria de Amoroso Lopes; 1968, 26 Fevereiro - projecto final das obras, da autoria do arquitecto Oldemiro Carneiro; 1968, 19 Junho - publicação do edital do concurso público da empreitada de construção civil; 1968, 11 Julho - celebração do contrato de adjudicação da obra; 1969, Setembro - contratação de Joaquim Rebocho para executar os azulejos em falta na escadaria de acesso ao antigo refeitório; 1970 - trabalhos complementares de construção civil, externos e internos; 1970 - 3 Agosto - conclusão das obras; 1970 - 5 Setembro - conclusão do assentamento dos painéis de azulejos; 1980, década - instalação dos serviços académicos da Universidade. O Departamento Académico exerce as suas atribuições nos domínios pedagógico, da vida escolar dos alunos, provas e graus académicos e do expediente e arquivo dos documentos a eles respeitantes, bem como nos de fomento e apoio das actividades circum-escolares. O Departamento Académico compreende o Gabinete de Estudos e Estatística, a Divisão de Alunos e a Divisão Técnico-Pedagógica; 1990, Janeiro - instalação da Casa do Pessoal (*2).

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Cantaria (escadas, pavimentos interiores, molduras dos vãos e cornijas), alvenaria de pedra (paredes); telha cerâmica (coberturas exteriores); madeira (caixilharia, portas e pavimentos interiores).

Bibliografia

ALMEIDA, Fortunato de, História da Igreja em Portugal, Coimbra, 1915; BOTELHO, Brito, Historia Breve de Coimbra, Lisboa, 1873; CORREIA, Vergílio e GONÇALVES, A. Nogueira, Inventário Artístico de Portugal. Cidade de Coimbra, Lisboa, 1952; ROSMANINHO, Nuno - O Poder da Arte: o Estado Novo e a Cidade Universitária de Coimbra, Coimbra, 2001; VASCONCELOS, António de, Escritos Vários, Coimbra, 1938; Obras Públicas Concluídas em 1970 - Anexo n.º21 ao Boletim do Comissariado do Desemprego, Lisboa, Ministério das Obras Públicas, 1971, p.74.

Documentação Gráfica

AUC: processos da Comissão Administrativa do Plano de Obras da Cidade Universitária de Coimbra.

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

AUC: processos da Comissão Administrativa do Plano de Obras da Cidade Universitária de Coimbra

Intervenção Realizada

Observações

*1 - Amoroso Lopes (autor do fogão da sala do bar e reconstrução do altar da capela);*2 - A Casa de Pessoal da Universidade de Coimbra foi constituída em 1984 e visa a prossecução de interesses colectivos e comuns dos sócios, particularmente os de carácter social, cultural, recreativo e desportivo e outros que se traduzem na promoção geral dos funcionários da Universidade de Coimbra e dos Serviços Sociais da mesma. A sua sede localiza-se no Palácio dos Grilos, desde Janeiro de 1990, com espaço recreativo, secretaria e gabinetes destinados às diversas secções culturais e recreativas, bem como um serviço de bar e restaurante. Utiliza os espaços como galerias de exposições, das quais se destaca pintura, cerâmica e escultura. Desenvolve cursos de iniciação e/ou aperfeiçoamento em diversas áreas lúdicas e culturais.

Autor e Data

Sandra Lopes 2004 / Margarida Silva 2006

Actualização

 
 
 
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