Sociedade Martins Sarmento / Museu Martins Sarmento

IPA.00017265
Portugal, Braga, Guimarães, União das freguesias de Oliveira, São Paio e São Sebastião
 
Edifício de planta composta por dois corpos rectangulares justapostos em eixo, o principal construído no início do séc. 20 e outro mais alongado resultante de uma ampliação do primeiro, construído já na década de 30 do mesmo século. O edifício principal apresenta decoração exterior neoromânica, com grande influência bizantina, nomeadamente através dos recorte das janelas, em arcos plenos ou polilobados, nos vãos geminados, motivos decorativos e nas pinturas que encimam as janelas do segundo registo da fachada principal, com inspiração nas das igrejas bizantinas. Interior com salas de exposição temporária e permanente, salão nobre, biblioteca e gabinetes. Tectos pintados com elementos geométricos e vestíbulos com remodelação feita no Estado Novo, com depuração de decoração, paredes revestidas a granito e lambrins também a granito. Corpo secundário construído já neste último período com recurso também a uma inspiração neoromânica, patente na cachorrada do remate, de modo a estabelecer ligação como o corpo mais antigo, mas com total depuração decorativa. O edifício recorre a um revivalismo de um estilo com larga influência bizantina, marcadamente estranho na região, mas que se enquadra totalmente na temática de uma sociedade ligada plenamente à Arqueologia, História e Etnografia.
Número IPA Antigo: PT010308600130
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Cultural e recreativo  Centro de conservação e divulgação documental  Instituto cultural  

Descrição

Planta composta por dois corpos rectangulares justapostos em eixo, o principal mais estreito e outro mais alongado. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas. Fachadas de dois registos, em cantaria de granito, em fiadas de aparelho isódomo, excepto a lateral E., rebocada e pintada de branco. CORPO PRINCIPAL percorrido por embasamento escalonado, encimado por lambril limitado por friso, com outro friso decorado por elementos florais inscritos em meio círculo, a separar os registos. Remate em entablamento composto por friso de dentículos e elementos florais entre cachorros que suportam a cornija, com inscrição no centro da fachada principal, ritmado por quatro medalhões lanceolados entre mísulas que albergam gárgulas, com inscrições sob estes, na fachada principal. Fachada principal voltada a E., tendo o primeiro registo dois conjuntos três janelas em arco pleno inscritas em arcos trilobados, suportados por colunelos com capitéis vegetalistas, a ladear o portal principal, em arco pleno, flanqueado por inscrição e duas pequenas janelas de idêntico recorte. No segundo registo rasgam-se três grandes arcos plenos, sobre colunas com capitéis vegetalistas, onde se inscrevem três janelas de sacada, em arco pleno sobre colunas com capitéis fitomórficos, de recorte serliano, com pintura policroma, superiormente, tendo representada figuras a ladear inscrições. Estes arcos definem sacada com guarda em balaustrada de granito. Na fachada lateral, voltada a N., repetem-se vãos semelhantes, no primeiro registo as três janelas geminadas e no segundo uma janela de sacada, serliana, em arco pleno, inscrita em arco também pleno com motivos de escadas superiormente. CORPO SECUNDÁRIO com friso simples de separação de registos e remate em platibanda sobre cachorrada. Fachadas rasgadas por altos vãos rectangulares, os do segundo registo dividido em cruzeta. Na fachada lateral N. rasga-se igualmente uma janela em arco pleno encimada por outra rectangular inscrita em arco pleno. INTERIOR com vestíbulo principal, rebocado e pintado de rosa, lajeado e com tecto estucado, com travejamento e pintura policroma geométrica. Apresenta a porta protegida por guarda-vento de madeira e duas portas laterais, em arco pleno, confrontantes, que comunicam com a secretaria, gabinete de trabalho e arrecadação. A separar este vestíbulo de um segundo encontra-se balaustrada aberta ao centro, com duas colunas toscanas a delimitar a entrada. Neste segundo vestíbulo desenvolve-se escadaria nobre em posição frontal e vãos laterais, cerrados por grade de ferro forjado, de acesso ao salão de exposições temporárias e a casas de banho. Nas paredes laterais lápides com inscrição. Segundo piso marcado pela caixa de escadas, cerrada com guarda em balaustrada pétrea, onde se desenvolvem o salão nobre, iluminado por grandes vãos em arco pleno, a biblioteca com sala de leitura e depósito, a sala Martins Sarmento com objectos pessoais, a sala de reuniões, o arquivo e casas de banho. Salão nobre com paredes pintadas com painéis delimitados por frisos de elementos geométricos e fitomórficos. Biblioteca com paredes integralmente revestidas a madeira, com estantes e galeria superior com guarda de ferro. Pavimentos das salas em soalho e parquet.

Acessos

São Paio, Rua Paio Galvão

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção do Núcleo Urbano da Cidade de Guimarães (v. PT010308340101) e na da Igreja e Claustro de São Domingos (v. PT010308600008)

Enquadramento

Urbano, em gaveto, entre a Rua Paio Galvão e a rua Dr. Avelino da Silva Guimarães que o separa do Mercado Municipal, separado lateralmente a S. de casa por estreito logradouro com acesso por portão, e adossado parcialmente, na fachada posterior, ao claustro do antigo Convento de São Domingos (v. PT010308600008), com o qual comunica interiormente, e cujo espaço é usado pelo Museu da Sociedade Martins Sarmento para exposição permanente de peças arqueológicas.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: Inscrição relevada no centro do entablamento de remate da fachada principal; granito; tipo de letra: capital quadrada; leitura modernizada: SOCIEDADE MARTINS SARMENTO; inscrição a ladear o portal principal; sem moldura nem decoração; latão; tipo de letra: capital quadrada; leitura modernizada: MUSEU BIBLIOTECA; inscrições pintadas sobre as janelas do segundo registo da fachada principal; tipo de letra: capital quadrada; leitura modernizada: ETNOGRAFIA; ARQUEOLOGIA; HISTORIA; inscrições relevadas sob os medalhões da fachada principal; granito; tipo de letra: capital quadrada; leitura modernizada: CIÊNCIAS; LETRAS; ARTES; INDÚSTRIAS; inscrição relevada na fachada principal, junto ao cunhal direito, representando a assinatura do arquitecto; bronze; tipo de letra: capital quadrada; leitura modernizada: J. Marques da Silva ARQUITECTO 1869 - 1947; inscrições gravadas em lápides existentes nas paredes laterais do segundo vestíbulo; granito; tipo de letra: capital quadrada; leitura modernizada: SOCIEDADE MARTINS SARMENTO ASSINALOU CONDIGNAMENTE, DE 4 DE MARÇO A 20 DE NOVEMBRO A PASSAGEM DO I CENTENÁRIO DA MORTE DE FRANCISCO MARTINS SARMENTO REGISTANDO O EVENTO COM O DESCERRAR DESTA LÁPIDE EM 9 DE AGOSTO DE 1999 (lápide do lado esquerdo); ESTE EDIFÍCIO, SEDE DA SOCIEDADE MARTINS SARMENTO, COMPARTICIPADO PELO MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS, SUBSIDIADO PELA FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN E GRATUITAMENTE PROJECTADO POR MESTRE ARQUITECTO PROF. JOSÉ MARQUES DA SILVA FICOU CONCLUIDO EM JUNHO DE 1967 E FOI SOLENEMENTE INAUGURADO POR SUA EXCELÊNCIA O SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA ALMIRANTE AMÉRICO DEUS RODRIGUES THOMAZ (lápide do lado direito).

Utilização Inicial

Cultural e recreativa: instituto cultural

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Privada: Sociedade

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 14 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: José Marques da Silva (1899).

Cronologia

Séc. 14 - construção do claustro do convento de São Domingos; 1880 - Um grupo de notáveis vimaranenses decidiram fundar uma sociedade para lembrar para sempre a figura ilustre de Francisco Martins Sarmento; 1882, 7 Janeiro - aprovação dos Estatutos da Sociedade Martins Sarmento; a então criada sociedade instala-se provisoriamente num prédio alugado na Rua D. João I; a Sociedade Martins Sarmento é agraciada pelo Estado com um louvor; 1883 - realização da 1ª conferência, sobre zootecnia, promovida pela Sociedade Martins Sarmento; 1884 - a Sociedade Martins Sarmento muda-se para uma casa no Largo do Carmo; início da publicação da Revista de Guimarães pela Sociedade Martins Sarmento; 1885, 14 Janeiro - numa sala da Sociedade Martins Sarmento instala-se a então chamada Escola de Desenho Industrial, criada no âmbito da Escola Industrial de Guimarães; 1886, 1 Fevereiro - a Escola Industrial de Guimarães muda-se para a Casa dos Laranjais (v. PT010308340060); 1887, 4 Janeiro - a Câmara Municipal de Guimarães cede à Sociedade Martins Sarmento o edifício do extinto Convento de São Domingos, que lhe havia sido doado pelo Estado, para aí instalar uma biblioteca e museu; 1891, 25 Janeiro - é inaugurado no edifício uma escola de ginástica e instrução militar com 22 alunos; 1894 - importante reunião na Sociedade Martins Sarmento, sobre as necessidades locais do ensino profissional, com a presença de António Arroio, Inspector das Escolas Industriais do Norte; 1895 - após obras de adaptação do claustro, projectadas por Inácio Teixeira de Meneses, é inaugurada a galeria de exposições; 1899, 9 de Agosto - falecimento de Martins Sarmento que legou todos os seus bens à Sociedade do mesmo nome; 1899 - é encarregado o Arquitecto José Marques da Silva de elaborar um projecto para construção de um novo edifício; 1900 - é lançada a 1ª pedra do imóvel, situado numa nova rua de ligação do Mercado Municipal à Praça do Toural; 1901 - o Estado concedeu um 2º louvor à Sociedade Martins Sarmento; 1905, 15 Fevereiro - é concluída a fachada principal do novo edifício; 1907, 9 Março - é inaugurado o salão nobre; 1921 - o Presidente da Sociedade Martins Sarmento, Dr. Eduardo de Almeida, retomou a publicação da Revista de Guimarães, interrompida devido à 1ª Grande Guerra; 1926 - por Decreto, a Sociedade Martins Sarmento foi considerada Instituição de Utilidade Pública; 1931 - a Sociedade é condecorada com a Comenda de Grande Oficial da Ordem Militar de Santiago e Espada; 1934 - início de obras para aumento do edifício; 1940 - o Estado agraciou, novamente com um louvor, a Sociedade Martins Sarmento; 1967, Junho - conclusão das obras de construção do edifício e inauguração pelo Presidente da República, Almirante Américo de Deus Rodrigues Tomás; 1975, 22 novembro - roubo de peças e jóias do tesouro da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira (Coroa de Nossa Senhora da Oliveira, de ouro e pedras preciosas, do séc. 18, peitoral em prata dourada e peças preciosas, também do séc. 18, meada de ouro, com 32 metros, do séc. 18, passador de prata, séc. 14, rosário de ouro, do séc. 14, cordão de ouro do séc. 17, orilhão de ouro, séc. 17, cruz de ouro (indiana) do séc. 17, e outra peça de prata do séc. 14); 1982 - comemorações do 1º centenário da fundação da Sociedade Martins Sarmento.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura, elementos decorativos, escadaria nobre e pavimentos dos vestíbulos e salão de exposições temporárias, em granito; portas, janelas, pavimentos e guarda-vento, em madeira; pavimentos em parquet; tectos, em estuque; azulejos nas casas de banho; cobertura exterior em telha cerâmica de marselha.

Bibliografia

ALVES, José Maria Gomes - Património Artístico e Cultural de Guimarães. Guimarães: 1984, vol. 2, pp. 74 - 84; MORAES, Maria Adelaide Pereira de - Guimarães, Terras de Santa Maria. Guimarães: 1978, pp. 65 - 68; PINTO, Elisabete - «Roubo do tesouro da Colegiada foi um crime de “lesa-Pátria”«. In O Comércio de Guimarães. 16 novembro 2016; RIO-CARVALHO - História da Arte em Portugal. Do romantismo ao fim do século. Lisboa: 1986, vol. 11, pp. 23 - 24; ROCHA, Helder - Efemérides Vimaranenses. Guimarães: 1998, vol. 1, pp. 10, 31, 52, 106; www.esec-francisco-holanda.rcts.pt, 18 Maio 2005.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

António Dinis 2002

Actualização

 
 
 
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