Igreja Paroquial de Olhão e Capela de Nossa Senhora dos Aflitos / Igreja de Nossa do Rosário e Capela de Nossa Senhora dos Aflitos

IPA.00017029
Portugal, Faro, Olhão, Olhão
 
Arquitectura religiosa barroca e rococó. Igreja paroquial barroca, de uma nave, transepto ligeiramente saliente e pronunciado em altura e capela-mor, com cobertura em abóbadas de berço diferenciadas, iluminadas por seis janelões rasgados na fachada principal e no topo de cada braço do transepto; fachada principal rococó. Capela devocional de planta rectangular e revestimento azulejar integral, destinada a culto particular e de romaria. Conjunto religioso mais importante da cidade, definindo urbanisticamente todo o espaço envolvente. A fachada rococó é uma das mais impressionantes de todo o Algarve, lançada a grande altura e sugerindo ao edifício uma grandeza interior que não possui, conjugando a linearidade dos registos inferiores (portal principal e janelões) com a profusão decorativa da empena triangular irregular *3. O retábulo-mor é o de maior pé direito de todo o Algarve.
Número IPA Antigo: PT050810030027
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta composta pela igreja e capela adossada a NE. ocultando todo o alçado da capela-mor. IGREJA: planta longitudinal regular, composta por nave, transepto ligeiramente saliente e capela-mor; Volumes articulados dispostos verticalmente com cobertura em telhado de duas águas sobre a nave e capela-mor e de quatro águas sobre o cruzeiro e transepto. Fachada principal virada a SO. compõe-se de um corpo único organizado a três registos, delimitada por fortes cunhais de cantaria; primeiro registo: portal principal ao centro, de arco recto e moldura em cantaria, sobrepujado por um frontão triangular interrompido no seu vértice superior para albergar um nicho com a imagem de Nossa Senhora da Conceição no tímpano, a que se sucede superiormente um altar com uma cruz ladeado por decoração vegetalista; lápide no lintel do portal principal; portal ladeado por duas lápides com as cruzes dos passos da Paixão e lápide num cunhal do lado E.; segundo registo: separa-se do primeiro através de uma cornija e compõe-se de três séries de duas janelas rectangulares dispostas verticalmente, de arco recto e moldura em cantaria, ligadas entre si por elementos decorativos a médio relevo; terceiro registo eleva-se acima da cornija que delimita o edifício e corresponde à empena triangular irregular, ostentando ao centro um enorme, com a coroa real e um símbolo ao centro, amparado por dois anjos. Fachada lateral NO, massa praticamente uniforme e sem decoração, divide-se em dois corpos que correspondem à divisão interna de nave e transepto; corpo SO. com um pequeno óculo circular a meia altura terminando em empena recta e cornijamento idêntico ao da fachada principal; corpo NO. com uma porta de acesso ao interior ao centro, de arco recto, ladeada por duas cruzes dos passos; a grande altura, o janelão do braço do transepto, de feição rectangular e arco recto, disposto verticalmente, terminando este corpo em empena triangular, ladeada por dois pináculos, descarregando o do extremo N. num forte cunhal semelhante aos que delimitam a fachada principal. Fachada lateral SE. mais elaborada e com a torre sineira adossada ao extremo O., sobressaindo do prolongamento natural da fachada, de secção quadrangular limitada por fortes cunhais, com três janelas rectangulares sobrepostas e arco sineiro de volta perfeita; imediatamente do seu lado E. situa-se a torre do relógio, inscrita na fachada, e terminando em empena triangular com tímpano decorado; para E. a fachada segue a organização da fachada lateral oposta. INTERIOR: Espaço único constituído por uma ampla nave, transepto e capela-mor, com iluminação lateral na nave e braços do transepto e a partir de SO. pelos janelões da fachada principal; cobertura em abóbada de berço na nave e capela-mor e em abóbada de arestas sobre o cruzeiro; nave: coro-alto sobre a entrada principal, recto e protegido por balaustrada de ferro, assente na caixa murária da fachada principal e em colunas que definem três arcos de volta perfeita para a nave; dois retábulos idênticos, de cada lado da nave sensivelmente ao centro, constituidos por um eixo vertical; Retábulo de de Nossa Senhora da Conceição: banco; corpo com altar e ático onde se inscreveu ao centro o brasão com as armas de Portugal, terminando em empena triangular ao nível do cornijamento interior; Retábulo da Crucificação: apresenta uma estrutura semelhante, não tendo o corpo altar mas sim um sepulcro vidraçado; braços do transepto: janelões cobertos por vitrais figurativos; arco triunfal sublinhado por pilastras e molduras da mesma campanha dos retábulos laterais; retábulo-mor constituido por um só eixo vertical, com sotobanco, banco, corpo com altar e ático; corpo delimitado por quatro colunas salomónicas que suportam o ático, de volta perfeita com profusão decorativa de anjos e seres fantásticos nas arquivoltas. CAPELA DA SENHORA DOS AFLITOS *2: fachada organizada com três corpos, o central correspondente à capela, de 3 registos e os laterais, correspondentes às dependências paroquiais, de dois registos; ao nível térreo: no corpo central loggia de três arcos de volta perfeita, geminados e delimitados lateralmente por cunhais de coloração diferente, protegidos por grades de ferro; nos corpos laterais, óculo circular ao centro; no segundo registo: corpo central composto por uma loggia de três arcos rectossuportados por pilares, que sustentam um telhado de uma água; corpos laterais simétricos entre si, com duas portas de arco recto e moldura em cantaria, sendo a moldura superior mais desenvolvida, terminando em empena recta com cornijas que suportam o telhado em quatro águas; terceiro registo: aplica-se apenas ao corpo central, e encontra-se recuado em relação à fachada da Capela e da loggia, ostentando ao centro um painel de azulejos com a crucificação de Cristo, sobrepujado por um relógio circular, terminando este corpo em empena triangular encimado por uma cruz; INTERIOR: planta longitudinal rectangular, de um tramo apenas, com um altar ao centro e toda a parede revestida por azulejos que definem algumas cenas, existidno hoje uma enorme profusão de ex-votos no espaço da capela.

Acessos

Praça da Restauração

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 275/2013, DR, 2.ª série, n.º 91 de 13 maio 2013

Enquadramento

Urbano, planície, isolado, no limite N. do centro histórico da cidade, tendo um impacto urbanístico decisivo na delimitação do traçado da antiga povoação. Fachada principal virada a SO., beneficiando da orientação em relação à praça onde se implanta, defronte para a fachada principal do Compromisso Marítimo (v. PT050810030024) e abrindo para o mais amplo largo do centro histórico, onde se encontra também o pelourinho. Capela de Nossa Senhora dos Aflitos nas traseiras da Igreja, abrindo directamente para a Av. da República, principal eixo viário da cidade a N..

Descrição Complementar

Nos cunhais da Igreja conservam-se algumas siglas de pedreiros envolvidos na construção. INSCRIÇÕES: lápide pórtico principal: "ESTA EGREJA FOI FUNDADA, REINANDO PEDRO 2º. SIMÃO, 1º BISPO; CONSAGROU A DEUS. A PRIMEIRA PEDRA A 4 DE JUNHO DE 1698" *1. Lápide cunhal E. da fachada principal: "À CUSTA DOS HOMENS DO MAR DESTE POVO SE FEZ ESTE TEMPLO NOVO, NO TEMPO EM QUE SÓ HAVIAM UMAS PALHOTAS".

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Algarve)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Domingos Mendes (atr.); ENTALHADORES: Francisco de Ataíde e Manuel Francisco Xavier; PINTORES-DOURADOURES: Clemente Velho de Sarre, Diogo de Sousa e Sarre e Francisco Correia da Silva

Cronologia

1695 - Elevação do lugar de Olhão a sede de freguesia; 1698, 4 de Junho - Colocação da primeira pedra; 1715 - Abertura ao culto, ainda por concluir; transferência dos sinos da igreja de Nossa Senhora da Soledade para a Matriz; 1722 - Contrato a Domingos Mendes para a construção da torre; 1726, 16 de Fevereiro - Contrato entre o padre de Olhão e Francisco Ataíde para a feitura do retábulo-mor; 1742, 30 de Abril - Contrato para o douramento do retábulo com os pintores Clemente Velho de Sarre, Diogo de Sousa e Sarre e Francisco Correia da Silva; Séc. 18, década de 40 - Feitura dos retábulos laterais; 1755 - Ruína da cúpula da torre sineira; 1758 - Referência aos danos causados pelo Terramoto, decorrendo ainda as obras de reconstrução; 1779, 18 de Maio - Contrato entre o Compromisso Marítimo e o entalhador Manuel Francisco Xavier para a construção de um retábulo dedicado a Nossa Senhora da Conceição; 1780 - O Compromisso Marítimo pede autorização ao bispo para colocar neste altar a imagem de Santa Ifigénia; 1782 - Remodelação da fachada e adro; construção de um carneiro por trás da capela-mor, e dois anexos de cada lado; 1784 - Contrato para a elaboração da talha do arco triunfal e retábulos colaterais a Manuel Francisco Xavier; 1822, 8 de Junho - Demarcação do adro; 1822, 14 de Junho - Bênção do adro; 1871 - Construção de dois coretos na nave; 1906 - A igreja possui cinco altares: altar-mor; São Pedro; São João Baptista (estes no cruzeiro); altar das Almas e Nossa Senhora da Conceição; 1998, c. de - Proposta de vários cidadãos para a classificação do Núcleo Histórico de Olhão; 1998, 4 dezembro - Proposta do IPPAR/DRFaro para abertura de processos de classificação de vários imóveis em Olhão; 1998, 17 dezembro - Despacho de concordância, determinando a autonomização das propostas de classificação em processos individuais; 1999, 13 maio - Despacho de abertura do processo de classificação pelo Vice-Presidente do IPPAR; 2012, 24 dezembro - Anúncio n.º 13808/2012 publicado no DR, 2.ª série, n.º 248, de projeto de decisão relativo à confirmação de classificação como MIP e fixação de ZEP da Igreja Matriz de Nossa do Rosário e Capela de Nossa Senhora dos Aflitos; 2013, 17 janeiro - Declaração de rectificação n.º 54/2013 do Anúncio 13808/2012, publicada no DR, 2.ª série, n.º 12.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria caiada, telha, talha policromada, madeira

Bibliografia

OLIVEIRA, Francisco Xavier d'Ataíde, Monografia do concelho de Olhão da Restauração, Porto, Typograpgia Universal, 1906, reed. Faro, Algarve em Foco, 1989, (3ª ed. 1999); SANTOS, Honorato, "A Igreja matriz de Olhão", in Correio Olhanense, 2/8/1928; LOPES, Francisco Fernandes, "A Igreja matriz de Olhão", in Correio Olhanense, 12/2/1953; NOBRE, Antero, Cronologia geral da História de Olhão da Restauração, separata de A Voz de Olhão, Olhão, 1986; MASCARENHAS, J. Fernandes, Acerca da antiguidade das freguesias de Quelfes e Pechão e da Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Olhão e sua primitiva confraria (subsídios), separata de A Voz de Olhão, Olhão, 1987; LAMEIRA, Francisco, Igreja Matriz de Olhão, Olhão, Junta de Freguesia de Olhão, 1994, SERRÃO, Vítor, "O Barroco e o Rococó, encenações do poder religioso e laico", in O Algarve. Da Antiguidade aos nossos dias, coord. Maria da Graça Maia Marques, Lisboa, Colibri, 1999, pp. 321-328.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1871 - Renovação do pavimento da nave, que passou a ser de madeira.

Observações

*1 - Francisco Xavier d'Ataíde Oliveira leu a data de 16 de Junho nesta lápide; *2 - Construída sobre o antigo cemitério; *3 - como se pode observar na precária solução do abobadamento da nave que quase se sobrepõe aos janelões superiores da fachada principal; *4 - Uma primeira tentativa de classificação deste conjunto como VC foi rejeitada veementemente pela comunidade olhanense encabeçada pelo Padre Luis Gonzaga que dirigiu ao IPPAR um abaixo-assinado para esse efeito.

Autor e Data

Paulo Fernandes 2001

Actualização

 
 
 
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