Santuário de Nossa Senhora do Amparo

IPA.00016875
Portugal, Bragança, Mirandela, Mirandela
 
Arquitetura religiosa, oitocentista. Santuário mariano construído em plano elevado, constituído por escadaria, ligando várias capelas de planta centralizada, construídas em época diferente, onde se integram vários passos da vida de Cristo, compostos por figuras de vulto, e duas grutas. No topo, surge a capela principal, de planta retangular e massa simples, interiormente com cobertura em falsa abóbada de berço, de estuque, e iluminação axial e bilateral. Fachada principal terminada em empena contracurva, encimada por sineira, rasgada por eixo de vãos, composto por portal em arco abatido e janela retangular. Fachadas circunscritas por cunhais apilastrados, rematadas em friso e cornija, as laterais rasgadas por portas travessas de verga reta e janela retangular na zona do altar-mor, e a posterior terminada em empena. Interior com coro-alto de madeira e retábulo-mor de talha policroma e dourada barroca.
Número IPA Antigo: PT010407210048
 
Registo visualizado 78 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Santuário  

Descrição

Santuário composto por escadaria, onde se implantam quatro capelas com passos da vida da Cristo, lapinhas, espaço ajardinado, e, no topo, o terreiro da capela, casa dos milagres e anexos de apoio às festividades. CAPELA principal de planta retangular de nave e supedâneo, de volume único e tendência horizontalista, com cobertura homogénea em telhado de duas águas, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de cantaria, com pilastras toscanas nos cunhais e rematadas em friso e cornija. Fachada principal virada a E., terminada em empena contracurva, de ângulos sem retorno e almofadados, coroados por pináculos torsos, sobre acrotérios, e tendo, ao centro, pequena sineira, em arco de volta perfeita, sobre pilares almofadados, albergando sino, rematada em cornija e volutas, sobrepostas por cruz latina de cantaria. É rasgada por portal em arco levemente abatido, ladeado por pilastras que suportam entablamento, com friso convexo entre cornijas denticuladas, sobre o qual evolui um pequeno espaldar de perfil curvilíneo e almofadado. Tem porta de ferro envidraçada, de duas folhas e com bandeira, pintada de verde, protegida por portadas interiores de madeira, pintadas da mesma cor. Superiormente, abre-se janela retangular, com moldura recortada, gradeada e ao centro da qual se implanta um relógio circular, sobreposto por pequeno elemento circular relevado, em cantaria. Fachadas laterais semelhantes, com uma pilastra toscana a definir o espaço da nave e da falsa capela-mor, rasgando-se na primeira porta travessa de verga reta de moldura simples e, na segunda, janela retangular, gradeada, com moldura terminada em cornija e formando falsos brincos retos. Fachada posterior terminada em empena e rasgada por janela com perfil semelhante às anteriores. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por azulejos de padrão geométrico, em verde sobre fundo branco, formando silhar, com pavimento cerâmico e coberturas em falsas abóbadas de berço, de estuque, pintado de branco, desenvolvidas sobre cornija pintada de ocre, possuindo ao centro reserva ovalada com a representação da Senhora do Amparo e querubins. Os vãos encontram-se encimados por sanefa de talha policroma e dourada, com lambrequim, e remate em acantos vazados. Coro-alto de madeira, pintado de verde e branco, com guarda em falsos balaústres planos, acedido por escada de dois lanços perpendiculares, disposta no lado do Evangelho. No sub-coro, ladeia o portal, no lado da Epístola, pia de água benta hemisférica. Sobre supedâneo com três degraus centrais, dispõe-se o retábulo-mor, de talha policroma e dourada, de planta reta e três eixos definidos por seis colunas torsas decoradas com pâmpanos, aves e anjos, sobre mísulas ou plintos paralelepipédicos ornados de acantos, e por duas pilastras exteriores, com acantos nos fustes. Ao centro, abre-se nicho alteado, interiormente com apainelado de acantos e albergando imaginária sobre mísula; nos eixos laterais possui apainelados com moldura de perfil curvo, circunscrevendo imaginária sobre mísula, e envolvida por acantos relevados. A estrutura remata ao centro por duas arquivoltas torsas, unidas por aduelas, e por elementos vazados formando quatro lóbulos côncavos, ornados de acantos e envolvidos por apainelados recortados ornados igualmente de acantos e anjos. Banco com apainelados de acantos e querubim e sotobanco integrando as portas de acesso à tribuna, pintadas a marmoreados fingidos a verde, e com altos plintos contendo anjos músicos. Altar paralelepipédico com frontal decorado de acantos enrolados, duas aves laterais e anjo central. Junto ao retábulo, no lado da Epístola, existe armário entalhado, com duas portas e gaveta superior, decorado com acantos e contendo inscrição. Limitando o adro superior a N., fica a CASA DOS MILAGRES, sede da Irmandade, com planta retangular, adaptada ao acentuado declive do terreno, atualmente com placa de betão e cobertura de pendor suave, em telhado de uma água, rematada em beirada simples. A fachada principal vira-se a S. e é rasgada por três portais de verga reta, com moldura terminada em cornija, a central mais larga. Na fachada posterior possui dois pisos, rasgados por janelas retilíneas. Encostadas aos limites N. e O. do adro, existem ainda, algumas construções incaracterísticas destinadas a apoiar a romaria anual. A plataforma superior do adro é protegida a E. por guarda em ferro forjado, ritmada por quatro plintos paralelepipédicos sustentando estátuas das Virtudes, em mármore: a Fé, Esperança, Caridade e a Gratidão. CAPELAS: Nos ângulos da plataforma superior, erguem-se, confrontantes, duas capelas, de planta quadrangular e massa simples, com cobertura em coruchéu piramidal, rebocada e pintada de branco. Apresentam fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento, cunhais frontais apilastrados e terminam em friso e cornija; na fachada principal são rasgadas por portal de verga reta com moldura convexa encimada por cornija, friso recortado inscrito com a respetiva invocação, sobreposto por cornija e reserva ovalada envolvida por motivos volutados; possuem porta de ferro envidraçada. A disposta a SE. representa o Nascimento do Menino e a NE. a Fuga para o Egito. No INTERIOR, apresentam as paredes em alvenaria de xisto aparente, com conjuntos escultóricos alusivos à temática das capelas. A partir do centro da plataforma, forma-se escadório em cantaria, de seis lances, convergentes no topo, separados por patamar, com guardas em ferro e em estrutura lenhosa. No patamar, a escada enquadra uma lapinha artificial, construída em cimento armado, com gruta e alvéolos, recriando a ambiência das aparições de Nossa Senhora de Lourdes. Nos ângulos, erguem-se duas capelas de planta hexagonal e cobertura plana em terraço, vedado por guarda em falsos balaústres de betão, acedido a partir da plataforma superior. Possuem fachadas rebocadas e pintadas de branco, com embasamento, cunhais, frisos e molduras dos vãos relevados e pintados a azul claro. A fachada principal surge virada a E. e rasgada por portal em arco de volta perfeita, inscrito com a invocação da capela e encimado por cruz relevada. Nas fachadas laterais abrem-se frestas de perfil curvo, com molduras recortadas e formando falsos brincos. No interior, as paredes são rebocadas e pintadas de branco, têm pavimento em cimento e albergam conjuntos escultóricos referentes à temática da capela: Anjo da Guarda a SE. e Nossa Senhora do Descanso a NE.. Na plataforma inferior, a escada enquadra uma outra gruta, em frente da qual se desenvolve um lago, placas arrelvadas ou pontuadas de árvores, delimitadas por guarda lenhosa.

Acessos

Alameda do Rio Tua; Rua Dr. Jorge Pires; Avenida de Nossa Senhora do Amparo

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado sobre um pequeno outeiro sobranceiro à envolvente, na margem direita do Rio Tua, virado para a cidade de Miranda, e nas imediações da Ponte sobre o Tua (v. PT010407210001). Organiza-se em duas plataformas, a superior de planta poligonal e no centro da qual se implanta a capela, delimitadas por gradeamento sobre murete de alvenaria e capeado a cantaria, e a inferior delimitada por placa arrelvada e pontuada de árvores. O acesso principal processa-se a E., junto ao rio, por portão de ferro forjado, profusamente decorado, tendo no lintel a data de "1896" e remate em falso espaldar recortado, coroado por cruz latina. É enquadrado por pilares em silhares rusticados, com aletas laterais, e encimados por vasos gomeados. As plataformas são pavimentadas a cimento, exceto a superior na zona em frente da capela, onde é lajeada a cantaria.

Descrição Complementar

Na fachada principal da capela, a verga da janela tem a data de "1860" inscrita em ferro; No cunhal esquerdo surgem duas lápides; a superior, em granito, com "NOS 150 ANOS DA CONFRARIA / HOMENAGEM AO JUIZ / DO CENTENARIO / DR. ANTONIO CANDIDO / ... / 2002-08-02", e, a inferior, em mármore, com "HOMENAGEM AOS COMBATENTES / DO ULTRAMAR / DA C. CAÇ. 1653 DO B. CAÇ. 1906 / MOÇAMBIQUE 67-69 / MIRANDELA 24 SETEMBRO 2006". No cunhal direito sobrepõem-se cinco lápides em mármore com as seguintes inscrições: "AO BENEMÉRITO E DEVOTO ZELADOR DO / SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DO AMPARO / CARLOS ALBERTO CÉSAR / DE MIRANDELA, PELAS OFERTAS, TRABALHOS, / COMPRA DE TERRENOS E CASAS DA QUINTA / DA ROCHA E BENFEITORIAS, MURO / GRADEAMENTO, PORTÕES E PINTURA DA / PARTE DE CIMA DA ESTRADA. / A CONFRARIA AGRADECIDA / 1951 - 1983 / E / TAMBÉM COM A AJUDA DE PEDITÓRIO PÚBLICO"; "AO DEVOTO ZELADOR, E TRABALHOS / DO SANTUÁRIO DE NOSSA / SENHORA DO AMPARO. / CLEMENTE JOSÉ FERREIRA / DE MIRANDELA. A CONFRARIA AGRADECIDA / 1963 1983"; "E AQUELES QUE POR OBRAS / VALOROSAS SE VÃO DA LEI / DA MORTE LIBERTANDO / A CAMÕES / 31-7-1980"; "OS ORIGINADORES DAS IMAGENS / NO ANO DE 1965 / ARNALDO PINTO. PRESIDENTE / AUGUSTO JOSÉ FERREIRA. VIC... / JOSÉ DOS SANTOS. TEZOUREIRO / CARLOS ALBERTO RODRIGUES SC. / JOSÉ ARMINDO.. / JAIME DO ESPIRITO STº DE SOUSA / CLEMENTE JOSÉ FERREIRA. VOGAIS / FRANCISCO CLARO PAÇÓ / MANUEL MARIA.. / EMIDIO DOS SANTOS OLIVEIRA.. / MANUEL ANTONIO PEREIRA.. / NARCISO AUGUSTO LOPES.. / ANTONIO JOAQUIM LOPES .. / E BASÍLIO ALVES."; "MORTOS EM COMBATE NO ULTRAMAR / HOMENAGEM DA COMPANHIA DE ENGENHARIA / 355 DE 1962/64 / AOS MORTOS EM COMBATE NO EX-ULTRAMAR / PORTUGUÊS E FILHOS DO CONCELHO DE / MIRANDELA / COM ETERNA SAUDADE / MIRANDELA 03/06/1995". Sobre a pilastra anterior da fachada lateral direita sobrepõem-se várias lápides de mármore, inscritas: 1) "HOMENAGEM AO ORADOR SAGRADO / MAJOR - CAPELÃO EDUARDO ALMEIDA / CONFRARIA NOSSA SENHORA DO AMPARO / 30-7-1999"; 2) "Aos heroicos filhos deste concelho / que no Ultramar, doaram Generosamente / à Pátria suas vidas: / JOÃO DE JESUS FERREIRA - VALE DE SALGUEIRO 17-9-63 / ANTÓNIO JOAQUIM BORGES - VALE DE SALGUEIRO 20-10-63 / MANUEL FERNANDO CLARO - MIRANDELA 28-2-64 / NORBERTO DOS SANTOS COSTA - VILA BOA 24-11-65 / MANUEL RESSURREIÇÃO MORAIS - S. PEDRO VELHO 28-5-66 / ANTÓNIO JOSÉ CRAVO - MIRANDELA 7-5-65 / ALCIDIO DOS REIS SEQUEIRA - VALE DE TELHAS 12-7-66 / 1961 - 1966 - HOMENAGEM DE MIRANDELA"; 3) "JOÃO ANTÓNIO DURO, CORRIÇA - AGUIEIRAS 7-3-66 / ALFREDO AUGUSTO, FREIXEDINHA 10-2-57 / ARMANDO AUGUSTO ROCHA, MASCARENHAS 22-3-67 / JOÃO MANUEL MACHADO, VALE DE MADEIRO 23-5-67 / ANIBAL AUGUSTO FIGUEIREDO, T. D. CHAMA 8-8-68 / GUILHERME ALBERTO MOREIRA, MILHAIS 21-1-68 / JOSÉ CARLOS DE C. TORRES, MIRANDELA 10-4-68 / 1966 - 1968 HOMENAGEM DE MIRANDELA"; 4) "PORFÍRIO ARMINDO CABANAS, VALE DE JUNCAL / F.9-1-1969 / OCTÁVIO AUGUSTO BARREIRA, SUÇÃES / F. 6-2-1969 / MANUEL MARIA PIRES, S. SALVADOR / F. 18-4-1969 / 1968/1969 HOMENAGEM DE MIRANDELA"; 5) ANTÓNIO MARIA LOMBA - S. PEDRO VELHO 17/XI/1969 / HUMBERTO DOS SANTOS AIRES - V. GOUVINHAS 26/XI/1969 / 1969/1970 HOMENAGEM DE MIRANDELA"; 6) JOSÉ ANTÓNIO PAULO, DE TORRE DE D. CHAMA - 2-3-972 / JOSÉ DOMINGOS REIS DE MIRADEZES - 3-3-972 / ANTÓNIO MANUEL DE CEDÃES - 3-6-972 / HOMENAGEM DE MIRANDELA. 1971/1972"; 7) "FERNANDO DOS SANTOS CRUZ, GUIDE -16-3-72 / ARTUR MANUEL CARVALHO, MIRANDELA - 9-5-73 / HOMENAGEM DE MIRANDELA 1972/73". O móvel junto ao retábulo-mor tem, ao centro da gaveta, a inscrição "OFERTA A N. S. D. AMPARO / POR CARLOS A. CESAR / 2 - 9 - 1984 / MIRANDELA". A capela disposta a SE. na plataforma superior têm sobre o portal inscrição alusiva ao seu orago: "NTº DO MENINO". No interior, à parede testeira encosta-se estrutura a imitar uma gruta, junto da qual se dispõem a imagem da Virgem, ajoelhada e de mãos postas, e a de São José, igualmente ajoelhado, ambos olhando para o Menino, que surge mais atrás, deitado sobre têxtil, ladeado pela figura da vaca e do burro. A capela disposta a NE. tem a inscrição "F.ª PARA O EGIPTO" sobre o portal e, no interior, um grupo escultórico alusivo, composto pela figura da Virgem, sentada num burro e com o Menino ao colo, e por são José, a pé, com uma serra às costas. No patamar da escada, a lapinha alberga a imagem de Nossa Senhora de Lourdes, encimando lápide de mármore com a inscrição "IMAGEM DE N. S. DE LOURDES / OFERTA DE / R. C. DE LACO-ORTHEZ / R. C. DE MIRANDELA / 29-4-89", e lateralmente as imagens de São João Baptista e a de Santa Maria Gourete. A capela SE. do patamar tem na verga do portal a inscrição: "ANJO DA GUARDA" e no interior alberga um anjo vigiando duas crianças a brincar, um menino e uma menina. A capela disposta a NE, com a inscrição "NOSSA S.ª do DESCANÇO" sobre o portal, alberga a imagem da Virgem, sentada, a dobar, e o Menino, também sentado, com o braço apoiado na mãe.

Utilização Inicial

Religiosa: santuário

Utilização Actual

Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Bragança - Miranda)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

RESTAURADORES: Guilherme (séc. 21); Matos (séc. 21).

Cronologia

1726, 15 julho - primeiro documento conhecido referindo a existência de um nicho, dedicado a Nossa Senhora do Amparo, colocado sobre a guarda da ponte de Mirandela, a montante, e tendo em frente um cruzeiro com a invocação de Nosso Senhor dos Aflitos; 1792 - durante as obras de reparação da ponte, sob a direção de D. Alexandre de Macedo Soto Maior Muito Nobre, e de acordo com a Câmara, manda-se embutir na parte inferior dos nichos, uma caixa de esmolas, reforçado com guarnição de ferro, e melhor do que até ali tinha, bem como na base da cruz, para colocação de esmolas pelos viajantes; manda-se gravar na pedra a data de 1792; 1794 - António Pinto Ribeiro de Castro, juiz de fora da cidade, para evitar paralisação do rendimento das esmolas, ordena que a 20 de julho se celebre uma festividade em louvor de Nossa Senhora do Amparo; 20 julho - realização das primeiras festas em honra de Nossa Senhora do Amparo, constando de missa solene, com a exposição do Santíssimo Sacramento, sermão e procissão, tendo havido na véspera arraial com fogo de artifício mandado vir do Porto; 1794 / 1811, entre - durante este período não se realiza nenhuma festividade em honra de Nossa Senhora do Amparo, apesar do rendimento das esmolas ser considerável *1; 1798 - gastam-se 34$000 das esmolas de Nossa Senhora do Amparo com cantaria para reparar o nicho; 1809 - manda-se encarnar a imagem de Nossa Senhora do Amparo; 1811, 12 agosto - após solicitação da Irmandade do Santíssimo Sacramento e com a concordância do presidente da Câmara, provisão régia atribui a esta Irmandade a administração das esmolas de Nossa Senhora do Amparo, anualmente arrecadadas pelo tesoureiro da Câmara, e com o poder de os aplicar no culto do divino Sacramento e da veneração de Nossa Senhora do Amparo, reservando-se, porém, à Câmara a administração indireta; 1816, 18 dezembro - provisão do provedor da comarca, Francisco António Ribeiro de Sampaio, confiando à confraria do Santíssimo a exclusiva administração das esmolas dos mealheiros, ficando a Câmara desobrigada da assistência à abertura dos mesmos por um representante; ainda neste ano se celebra a festa a Nossa Senhora do Amparo, que passa a ser ininterrupta; com o tempo, começa a sentir-se a falta de um local amplo e apropriado para as festividades, alimentando-se a ideia de construir uma capela com invocação de Nossa Senhora do Amparo; 1852, 13 junho - o juiz da Irmandade, Júlio César Fontoura, propõe em sessão que, daí em diante, se acumulem os saldos das esmolas de cada ano, para, em tempo oportuno, se dar início à construção da desejada capela; 1855, 25 fevereiro - D. Maria Josefa Mesquita de Meneses e seu filho, José Maria de Sá Lemos, doam à Confraria do Santíssimo Sacramento o terreno da antiga capela de Nossa Senhora da Conceição ou do Taborda, já completamente arruinada, e os vestígios de um Calvário, com seus rocios, no sítio da Quinta da Rocha; 8 março - António Caetano de Morais Pinto e sua mulher, moradores na dita Quinta da Rocha, dão para o escadório e adro inferior da projetada capela de Nossa Senhora do Amparo um terreno de 20 varas no fundo da cortinha de baixo, a contar desde a canelha em direção à ponte *2; 19 março - constituição de uma comissão, previamente eleita pela Irmandade do Santíssimo Sacramento, para tratar da edificação da capela, composta por Francisco Inácio de Cid Melo e Castro (presidente), João Baptista Marques Pinheiro (secretário), José António Nunes de Andrade (tesoureiro), João Diogo de Azevedo Pimentel, Padre António Gomes Casimiro, Manuel Carneiro da Fonseca e Silva e João António Alves de Carvalho e Silva; resolve-se ainda escrever aos párocos, cavaleiros e a diversas pessoas conhecidas do concelho de Mirandela, a fim de promover uma subscrição para ajudar na construção da capela; a partir deste ano, no local mais elevado e onde existira a capela de Nossa Senhora da Conceição, passa-se a realizar anualmente no terceiro domingo de agosto, uma capelinha improvisada, feita com colchas e volantes, e uma festa de arraial em honra de Nossa Senhora do Amparo; 1858 - até esta data despenderam-se 218$000 em alguns preparativos para a construção, nomeadamente no corte de granito e arranque de alvenaria; 29 agosto - a mesa da Irmandade do Santíssimo Sacramento delibera em sessão pedir esmolas de pão ou dinheiro em todas as povoações do concelho, repartindo esse serviço pelos irmãos que se voluntariam; 1859, junho - início da construção da capela no local mais elevado, mas os trabalhos desenvolvem-se demoradamente; 4 setembro - forma-se uma comissão para dirigir as obras, composta pelo Padre Miguel Joaquim Gomes Pereira (presidente), Padre Gaspar Luís de Sousa, José Silvério Rodrigues Cardoso, Dr. António José Miguel do Carmo Rodrigues e Lourenço Joaquim de Moura, como vogais; neste mesmo ano, dissolve-se a mesa gerente da Irmandade do Santíssimo Sacramento, sendo substituída pela comissão administradora na fiscalização da obra; doação da sineira, com o respetivo sino, e do retábulo-mor pertencente à antiga Capela de Santo António, pelo Padre Miguel Joaquim Gomes Pereira, pertencente à sua família *3; 1860 - data sobre a janela da frontaria; 1861, 20 julho - provisão para o pároco de Mirandela, Gomes Casimiro, proceder à bênção da capela; 22 julho - benção da capela pelo pároco de Mirandela; 30 julho - provisão de licença para se celebrar missa na nova capela; primeiro domingo de agosto - realização da festa em honra de Nossa Senhora do Amparo na nova capela, com a vinda de romeiros de quase todo o concelho e aos quais se distribui estampas da Senhora, que a comissão mandara imprimir; 1862 - conclusão das obras, com feitura do sobrado, estuque e pintura do interior; a partir deste ano, escolhe-se definitivamente o primeiro domingo de agosto para a festa de Nossa Senhora do Amparo; 1864 - início da construção da casa dos milagres; 1866 - projeta-se o escadório da capela, iniciando-se a sua construção pouco depois; 1869 - paralisação das obras do escadório e casa dos milagres; 1872 - transferência de uma das cruzes do Calvário para o cemitério municipal; 1877 - durante as obras de alargamento da ponte de Mirandela, pelo Ministério das Obras Públicas, apeiam-se os nicho de Nossa Senhora do Amparo e do Cruzeiro do Senhor dos Aflitos existentes sobre as guardas da ponte; 1884 - conclusão da construção da casa dos milagres; 1887, 24 abril - sob a iniciativa da Irmandade do Santíssimo, sendo juiz Albino Luíz Mendo, procede-se à inauguração de dois novos nichos, em ferro fundido, à beira da estrada real, na margem direita do rio Tua, perto da entrada da ponte, dedicados a Nossa Senhora do Amparo (do lado N.) e ao Senhor dos Aflitos (do lado S.); 24 abril - benção dos novos nichos e imagens pelo bispo de Bragança, D. José Alves Mariz; 1888, 3 julho - Breve de Leão XIII privilegia o altar-mor da capela; 1896 - colocação do gradeamento no adro inferior, conforme data existente sobre o portão, e alargamento do adro superior; 1909, 22 dezembro - destruição parcial do adro inferior por uma cheia do Rio Tua; 1951 - o zelador Carlos Augusto César empreende várias obras, nomeadamente o muro do patamar superior, gradeamento, portões e pintura; 1963 - é zelador Clemente José Ferreira de Mirandela; 1966 - 1972 - colocação de várias placas de homenagem aos mortos na guerra do Ultramar; 1980, década - revestimento da fachada principal da capela e das duas capelas da plataforma superior a azulejos; provável execução da lapinha e dos oratórios hexagonais; 1983 - colocação de placas de agradecimento às atividades dos zeladores; 1988, 29 abril - oferta da imagem de Nossa Senhora de Lourdes, por R. C. de Laco-Orthez.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria rebocada e pintada ou em alvenaria de xisto aparente no interior das capelas; placa de betão; embasamento, pilastras, frisos, cornijas, pináculos, molduras dos vãos e escadaria em cantaria de granito; portas de madeira e em ferro; grades e portões de ferro; pavimento cerâmico ou em lajes de granito; coberturas em estuque pintado e em cantaria; coro-alto de madeira; retábulo em talha pintada e dourada; silhar de azulejos; lápides e estátuas de mármore; grutas em betão; cobertura da capela e casa dos milagres em telha e das capelas em cantaria.

Bibliografia

BARARDO, Maria do Rosário - Santuários de Portugal. Caminhos de Fé. Lisboa: Paulinas Editora, 2015; GIL, Júlio, CALVET, Nuno - Nossa Senhora de Portugal. Santuários Marianos. Lisboa: Intermezzo, 2003; LOPES, Roger Teixeira - Mirandela. Viseu: João Azevedo editor, 2002; SALES, Ernesto Pereira de - Notícia histórica de Nossa Senhora do Amparo por um devoto da mesma Senhora. Porto: 1887; SALES, Ernesto Pereira de - Mirandela - Apontamentos Históricos. Mirandela: Câmara Municipal de Mirandela, 1983, vol. 2.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal / Paulinas

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietário: séc. 20 - substituição da cobertura da Casa dos Milagres por uma em betão; 2002, depois - remoção dos azulejos da fachada principal da capela e de duas capelinhas; obras de conservação e restauro de todo o santuário; restauro do retábulo-mor pelos restauradores Guilherme e Matos, conforme inscrição no plinto do sotobanco.

Observações

*1 - Durante os finais do início do séc. 18 e inícios do 19, o dinheiro das esmolas de Nossa Senhora do Amparo foi utilizado, não tanto com o nicho ou culto da Senhora, mas com outras obras. Assim, em 1798, manda-se dourar o retábulo de Nossa Senhora do Rosário, existente na igreja paroquial e dá-se 45$000 para as obras da Fonte dos Ciprestes. Em 1807 manda-se reparar a capela de São Sebastião e, mais tarde, fazer um resguardo de madeira para o relógio municipal. Este tipo de utilização dos dinheiros causou certo descontentamento entre os habitantes da vila, começando a indicar-se a Irmandade do Santíssimo como a mais competente para zelar pelos interesses do culto da Senhora. *2 - A canelha era um estreito, pedregoso e íngreme caminho que, do areal dava acesso ao adro superior da atual capela, e à beira do qual se erguiam várias cruzes de granito da Via Sacra. *3 - A Capela de Santo António foi construída em 1701, na rua da Ponte, junto à porta da muralha, por Paulo de Sá Morais, no local onde se erguia a Misericórdia Velha.

Autor e Data

Miguel Rodrigues 2002 / Paula Noé 2013 (no âmbito da parceria IHRU / Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja)

Actualização

 
 
 
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