Igreja Paroquial de Dume / Igreja de São Martinho / Capela de Nossa Senhora do Rosário

IPA.00016408
Portugal, Braga, Braga, União das freguesias de Real, Dume e Semelhe
 
Arquitectura religiosa, maneirista e neoclássica. Igreja paroquial de planta em cruz latina, reconstruída sobre uma basília paleocristã, com uma só nave. Fachada principal terminada em frontão triangular, flanqueada por torre sineira. Portal principal de verga recta, enquadrado por pilastras toscanas, coroado por frontão triangular, sobrepujado por janelão. No interior, coro-alto com balaustrada de madeira, cobertura em abóbada de berço e retábulos de talha policroma neoclássica. Capela de Nossa Senhora do Rosário maneirista, de nave única e capela-mor com fachada de linguagem semelhante à da igreja.
Número IPA Antigo: PT010303100145
 
Registo visualizado 1329 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Complexo arquitectónico composto por igreja e capela separada, localizada lateralmente a S.. IGREJA de planta em cruz latina, com nave única, torre quadrangular adossada lateralmente a N. e sacristia e anexos adossados posteriormente. Volumes articulados de dominante horizontal quebrada pelo verticalismo da torre sineira. Coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na nave, capela-mor e transepto, três águas na sacristia e anexos e coruchéu na torre sineira. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento, com pilastras nos cunhais, coroadas por pináculos e cruz sobre acrotério nas empenas da nave e capela-mor, e remates em cornija, sob beiral lateralmente. Fachada principal orientada, enquadrada por pilastras toscanas, rematada por frontão. Portal principal de verga recta, enquadrado por duas pilastras toscanas, de fustes moldurados, coroado por entablamento e frontão triangular, sobrepujado por janelão rectangular. Fachada lateral N. flanqueada pela torre sineira, com três registos marcados por cornijas de pedra. No 1º registo, voltado a O., porta de verga recta e pequena janela quadrangular. No 2º registo, voltado a O., relógio de pedra rectangular. No último registo sineira de quatro ventanas, em arco pleno. Ambas as fachadas laterais são marcadas pelo transepto, terminado em empena, e rasgadas na nave por porta de verga recta ladeada por dois janelões rectangulares e, no transepto, por portas e janelas rectangulares. Fachada posterior estruturada em três panos definidos por pilastras de betão, com alpendre, porta de verga recta e duas janelas. INTERIOR: Nave com paredes rebocadas e pintadas de branco com silhar de azulejos industriais de estampilha, policromos a azul, castanho, cinzento e branco. Pavimento em soalho de madeira e tecto em falsa abóbada de berço, rebocado e pintado de branco, sobre cornija de madeira. Coro-alto sobre trave de betão, sustentada por duas mísulas de pedra, com balaustrada de madeira. Acesso através de escada helicoidal. Sub-coro com baptistério no lado do Evangelho, inscrito em arco pleno sobre pilastras toscanas, cerrado por grade de ferro forjado, com pia de mármore assente em plinto bojudo decorado por acantos. Taça gomada inferiormente. Do lado da Epístola encontra-se pia de água benta. Nave iluminada por quatro janelões providos de guardas de ferro forjado, com duas portas travessas. Do lado do Evangelho, púlpito de base rectangular e guarda plena de madeira com apontamentos de talha dourada. Do lado da Epístola, balcão de perfil recortado sobre grande mísula de talha policroma, sustentando órgão inscrito em vão de arco pleno e vão rectangular albergando imagem. Junto ao arco triunfal, confrontantes encontram-se dois retábulos de talha policroma, de planta recta e um eixo, inscritos em arcos plenos. Arco triunfal pleno, emoldurado. Capela-mor rebocada e pintada de branco iluminada por dois grandes janelões, rectangulares, sobrepostos por duas janelas, com duas portas para acesso directo ao exterior e outras duas para vestíbulos que comunicam com a sacristia e o exterior. Pavimento e tecto semelhantes aos da nave. Retábulo-mor de talha policromada a cinzento, bege, rosa e dourado, de planta convexa e três eixos, definidos por quatro colunas coríntias de fustes em marmoreado fingido com o terço inferior estriado. Eixo central com tribuna recortada superiormente, com fundo pintado a imitar brocado e trono eucarístico com cinco degraus. Eixos laterais com mísulas sustentando imagens. Ático em espaldar curvo rematado por cornija, decorado com urnas e motivos fitomórficos. Sacristia rebocada e pintada de branco, com silhar de azulejos industriais de estampilha, policromos a azul, dourado e branco, com pavimento em tijoleira cerâmica, com lavabo de pedra com espaldar quadrangular, emoldurado e decorado com motivo fitomórfico e taça circular gomada.

Acessos

Dume, Lugar da Igreja; Lugar do Assento

Protecção

Incluído na Zona Especial de Protecção das Ruínas Arqueológicas de São Martinho de Dume (v. PT01030310045).

Enquadramento

Rural, isolado, à face da estrada para Real, junto do cemitério paroquial e da Casa do Assento (v. PT01030310064). Possui adro murado, empedrado a cubo granítico, com canteiros relvados e arborizado com oliveiras e tílias. Na envolvente próxima, do lado N. existe pequeno largo, ajardinado, tendo ao centro estátua de São Martinho de Dume *1.

Descrição Complementar

CAPELA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO: Planta longitudinal composta por nave única e capela-mor mais baixa e estreita, rectangulares e sacristia, também rectangular, adossada lateralmente a O.. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, na nave e capela-mor e uma na sacristia. Fachadas rebocadas e pintadas de branco percorridas por embasamento de granito. Fachada principal voltada a N., com pilastras nos cunhais sobrepujadas por urnas estilizadas, rematada por frontão triangular coroado por cruz latina. Portal principal de verga recta com cornija recta, ladeado por duas pequenas janelas rectangulares e encimado por janelão rectangular. Fachada laterais rematadas por beiral saliente, a esquerda parcialmente oculta pela sacristia, rasgada de N. por porta de verga recta, a direita com uma janela rectangular, de capialço na nave e capela-mor. Fachada posterior terminada em empena, com dois panos, sendo o da sacristia rasgado por janela rectangular. INTERIOR rebocado e pintado de branco, com púlpito de base quadrangular, sobre modilhão, no lado do Evangelho, e pia de água benta no lado da Epístola. Pavimento em soalho e tecto em masseira de madeira. Arco triunfal pleno sobre pilastras toscanas, com pedra de fecho decorada e pintada de azul. Capela-mor sobrelevada, com porta para a sacristia do lado do Evangelho e janela no lado da Epístola. Na parede testeira o Crucificado suspenso e duas colunas sustentando imagens; INSCRIÇÕES: Inscrição gravada em lápide junto à porta de acesso ao anexo da igreja, no lado N; granito; leitura: O RESTAURO E AMPLIAÇÃO DESTA IGREJA DECORREU NO PERÍODO DE 15-07-1988 A 26-07-1992. A REABERTURA AO CULTO FOI PRESIDIDA POR SUA EXª REVERENDÍSSIMA, O SENHOR ARCEBISPO PRIMAZ D. EURICO DIAS NOGUEIRA, EM 26-07-1992 O ARQUITECTO FOI M. LOURO A COMISSÃO; TALHA: Retábulos laterais semelhantes, de talha policroma a cinzento, bege, rosa e dourado, de planta recta e um eixo, definido por duas colunas e duas pilastras, sobrepostas, com fustes lisos em marmoreado fingido e capitéis compósitos, com tribuna central recortada superiormente, com o fundo pintado de azul albergando imagem. Ático com frontão interrompido e remate em espaldar curva, decorada com elementos fitomórficos e mísula no fecho. Altar em forma de urna, com frontal pintado em marmoreado fingido, decorado com elementos fitomórficos emoldurados.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Braga)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: M. Louro (1992); CARPINTEIRO: António Martins (1691). ORGANEIRO: Joaquim António Claro (séc. 19).

Cronologia

Séc. 06, primeira metade - construção da primitiva igreja, pelo rei Suevo Charraricoe, em agradecimento pela cura do seu filho; 558 - o Bispo São Martinho sagrou o edifício sede da diocese de Dume; 579, 10 Março - morte de São Martinho, sendo sepultado em Dume; 877 - doação de Dume ao Bispo de Mondonhedo, São Rosendo; 911 - delimitação do termo de Dume e confirmação da doação ao Bispo de Mondonhedo; 1103 - devolução de Dume à diocese de Braga; 1608 - referências à ermida da Senhora do Rosário junto das casas do Assento; séc. 17 - reedificação da igreja; 1691, 18 Janeiro - contrato de obra de carpintaria com António Martins; 1706 - segundo o Padre Carvalho da Costa é priorado apresentado pelos arcebispos de Braga e rende 200$000 com Nossa Senhora da Parada, sua anexa, situada no Couto de Tibães; a povoação tem 50 vizinhos; 1731 - reedificação da igreja pelo Cabido da Sé de Braga durante o período de Sede Vacante; 1758 - o pároco, Francisco Duarte refere-se à igreja "de um só corpo sem naves", com uma torre com dois sinos e três altares, o altar mor e dois colaterais, da invocação do Menino Deus e de São Sebastião *2; refere-se igualmente à Capela de Nossa Senhora do Rosário, vizinha da igreja, "assasmente bem administrada por uma irmandade da mesma Senhora, em que são irmãos não só os moradores desta freguesia, senão também varias pessoas de varias partes"; séc. 19 - execução do órgão por Joaquim António Claro; 1918 - o sarcófago de São Martinho de Dume, que estava na capela-mor da igreja paroquial, é retirado para o Museu D. Diogo de Sousa; 1934, 8 Abril - é lançada a primeira pedra de um monumento a São Martinho de Dume; 1939, 9 Julho - inauguração do monumento; 1950 - homenagem do município de Braga no XIV centenário da chegada de São Martinho a Dume; 1987 - identificação de uma "villa" romana sob a capela de Nossa Senhora do Rosário; 1988, 15 Julho - início das obras de restauro e ampliação da igreja; 1992 - escavação da necrópole altomedieval de Dume; 1992, 26 Julho - na sequência das obras de restauro e ampliação, segundo o projecto do arquitecto M. Louro, a igreja foi reaberta ao culto com a presença do Arcebispo de Braga, D. Eurico Duas Nogueira; 2017, 26 agosto - inauguração do núcleo museológico de São Martinho de Dume, existente sob a Igreja e nas zonas envolventes.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura, embasamento, cunhais, cornijas de remate, elementos decorativos, pias de água benta, lavabo da sacristia e base do púlpito, de granito; pia baptismal de mármore; portas, janelas, balaustrada do coro-alto, pavimentos, e guardas do balcão do órgão e do púlpito, retábulos de madeira; nave da igreja e sacristia com azulejos industriais; pavimento da sacristia em mosaico cerâmico; grade do baptistério, sacadas interiores e grades exteriores das janelas, de ferro; cobertura exterior de telha de aba e canudo.

Bibliografia

Braga - Freguesias 97, Braga, 1997, p. 22; CAPELA, José Viriato, As Freguesias do distrito de Braga nas Memórias Paroquiais de 1758. A construção do imaginário minhoto setecentista, Braga, 2003, pp. 172 - 174; COSTA, António Carvalho da (Padre), Corografia Portugueza..., Lisboa, Valentim da Costa Deslandes, 1706, tomo I; FONTES, Luis F. de Oliveira, Dume: Devolução do Túmulo do Bispo de S. Martinho, a Ampliação da Igreja Paroquial e o Salvamento Arqueológico, in Forum, 4, 1988, pp. 75 - 89; FONTES, Luis F. de Oliveira, Salvamento Arqueológico de Dume (Braga). Resultados das Campanhas de 1989 - 90 e 1991 - 92, in Cadernos de Arqueologia, Série II, 8 / 9, Braga, 1991 / 92, pp. 199 - 230; OLIVEIRA, Eduardo Pires de, O edifício do Convento do Salvador - De mosteiro de freiras ao Lar Conde de Agrolongo, Braga, 1994; PEREIRA, Pedro Antunes, Túmulo de São Martinho regressa a Dume em 2006, in Jornal de Notícias Minho, p. 24, 27 Maio 2005; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol II, Braga, 1990.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho: 1987 - início das escavações arqueológicas, dirigidas por Luis O. Fontes, na Capela de Nossa Senhora do Rosário, para onde se projectava a devolução do túmulo do Bispo São Martinho, após as necessárias obras de restauro e adaptação do espaço às suas novas funções; preservação dos vestígios arqueológicos exumados no interior da igreja, com a colocação do pavimento interior cerca de 1.80 m acima das ruínas; 2017 - conclusão dos trabalhos no Núcleo Museológico de São Martinho de Dume, 2.ª fase, projeto promovido pela União de Freguesias de Real, Dume e Semelhe e Câmara de Braga, com musealização das ruínas da antiga basílica, localizados sob a Igreja Paroquial de Dume e dos seus espaços circundantes; o projeto teve o acompanhamento da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho.

Observações

*1 - No pedestal da estátua existem as inscrições: Frontalmente: A S. MARTINHO DE DUME; lado O.: FOI LANÇADA A 1ª PEDRA A 8-4-1934 E INAUGURADO A 9-7-1939; lado N.: FALECEU E FOI SEPULTADO NA ANTIGA CATEDRAL DE DUME A 10-3-579; lado E.: 1º BISPO DE DUME DE 556 A 579; Em frente à estátua de S. Martinho de Dume existe uma lápide comemorativa com a inscrição: AO S. MARTINHO DE DUME XIV CENTENÁRIO DA SUA CHEGADA À METRÓPOLE DE BRAGA HOMENAGEM DO MUNICIPIO BRACARENSE 1950; *2 - O pároco refere que no altar-mor, da parte da Epístola, sobre uma "peanha está a imagem de São Rosendo, bispo que foi na mesma freguesia, no tempo que foi bispado" e da parte do Evangelho "em outra semelhante peanha está a imagem de São Martinho de Dume, padroeiro da mesma freguesia, que também nela tinha sido bispo antes de ser promovido a arcebispo de Braga; e nesta igreja da parte da Epistola, logo abaixo do presbitério do altar, em um nicho da parede, tem a sua sepultura ao parecer de jaspe"; refere ainda que ao refazer a igreja, em 1731, "se acharam subterrâneas pedras, que inculcavam majestade que ela teria na sua antiguidade, como pedaços de colunas com boa arte lavradas, sepulturas de pedras inteiriças e muitas outras pedras de outra cantaria".

Autor e Data

António Dinis 2005

Actualização

 
 
 
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