Colégio de São Tomás / Palácio da Justiça de Coimbra / Tribunal da Relação de Coimbra

IPA.00016282
Portugal, Coimbra, Coimbra, União das freguesias de Coimbra (Sé Nova, Santa Cruz, Almedina e São Bartolomeu)
 
Tribunal de 1ª e 2ª instância do séc. 20, instalado num antigo espaço colegial de fundação quinhentista, alterado e transformado, no final do século 19, para residência palaciana pertencente ao Iº Conde do Ameal (João Maria Correia Aires de Campos (1847-1920)). COLÉGIO DE S. TOMÁS: o colégio de S. Tomás comporta características comuns a outros colégios universitários que se instalaram na R. da Sofia, durante o século 16, estabelecendo-se em edifícios que tomam o recinto claustral como centro polarizador em torno do qual organizam o espaço arquitectónico e o "corpo colectivo vivo". Na sua dupla valência, o "claustro comporta-se, portanto, como expressão de uma cadeia evolutiva de natureza formal, ao mesmo tempo que reflecte as necessidades e as mundividências daqueles para quem fora sucessivamente sendo construído" (HORTA CORREIA, p.273). De origem mediterrânica (muçulmana e cristã), o claustro assume, na Idade Média, o carácter de jardim fechado ou horto, simbolicamente conotado com o jardim paradisíaco da tradição bíblica, comportando igualmente funções de cunho utilitário (para cultivo de plantas e horticultura), de recreio e de lazer. Durante os séculos XV e XVI o recinto claustral contrai uma feição humanista, formalizando uma nova tipologia, de configuração quadrangular e duplo andar, dotado de três tramos separados por contrafortes e preenchidos por um sistema de arcaria geminada (ao nível do piso inferior) e vãos de verga recta (ao nível do piso superior), que poderá ter afinidade com o modelo de Santa Maria de la Pace, delineado por Bramante (cf. HORTA CORREIA, p.275). Os espaços claustrais dos colégios renascentistas da R. da Sofia, em que se enquadra o de S. Tomás, formalizam um conjunto tipológico homogéneo, que resultou de uma evolução tecnológica e estilística delineada pelo mesmo autor, Diogo de Castilho, para específica adaptação às necessidades da Universidade Reformada. Dita evolução constou essencialmente da concepção de um sistema de coberturas abobadadas, nas galerias inferiores do claustro, e na aplicação da gramática jónica na decoração dos capitéis, que, de acordo com a tratadística quinhentista, era particularmente adequada a edifícios destinados aos "homens das letras" (cf. HORTA CORREIA, p.281). No Colégio de S. Tomás o claustro subsiste como o único elemento persistente ao longo das sucessivas transformações a que o edifício esteve sujeito, tendo sido, já no início do século 20, princípio fundamental para a estruturação da solução preconizada para o Palácio da Justiça. PALÁCIO DA JUSTIÇA: a solução equacionada para o equipamento judicial, entre 1928 e 1934, foi estruturada segundo o modelo da arquitectura judicial francesa oitocentista, de planta quadrangular, simétrica, integrada no ideário do classicismo europeu do século 19. O modelo judicial francês de "Templo Judicial", que funcionou como suporte da proposta do Palácio da Justiça de Coimbra, surgiu em Rennes, na Bretanha, no final do séc.17. Trata-se de um edifício paradigmático que teve uma influência determinante na estruturação formal e conceptual da arquitectura judicial ao longo de todo o séc. 19, difundido internacionalmente e só renovado a partir da década de 60 do séc.20. Este modelo desenvolve-se numa planta de base quadrangular, aberta ao centro por um claustro, em torno do qual se dispõem simetricamente os vários serviços. Os eixos de simetria são fixados quer horizontalmente em planta, quer verticalmente nas fachadas principais e laterais, com o intuito de sugerir jogos de equilíbrio e rigor associados ao sistema judicial. O gosto pronunciado pela simetria verifica-se igualmente na sala de audiências, espaço por excelência em torno do qual gravita toda a organização do espaço judiciário. Estas disposições foram tratadas em numerosos textos teóricos, onde se procurava idealizar um "Templo Judicial", ligado ao culto da "divindade" (a Justiça) e, deste modo, associada à imagem dos templos da cultura helénica. Se a figura do quadrado e a multiplicação dos eixos de simetria asseguravam, simbolicamente, o sentido de igualdade e equilíbrio da Justiça, o recurso à gramática neoclássica, com particular recurso à ordem coríntia - que pela sua feminilidade encarnava a própria imagem da Justiça - imprimiam ao edifício os pressupostos de distância, monumentalidade, celebração e ritualização requeridos para o espaço judiciário durante o período do Estado Novo. Corolário das reformas judiciais instauradas pelo Ministério da Justiça, durante a Ditadura Militar e início do Estado Novo, o Palácio da Justiça de Coimbra surge, no contexto da arquitectura judicial portuguesa do século 20, como uma obra paradigmática: quer por se tratar da primeira edificação do género; quer por se ter constituído exemplo modelar para as futuras estruturas judiciais, formulando novas circunstâncias tipológicas e princípios ordenadores do espaço. Entre estes, importa sublinhar: os princípios de hierarquização e ritualização do espaço; a concepção funcional da planta, na sua simetria, articulação programática e configuração quadrangular, por exemplo; o sentido celebrativo e simbólico dos edifícios que, embora maioritariamente enquadrados num discurso de cariz modernista, permaneceram ligados ao ideário classicista; a ideia de centralização dos serviços; e a proposta de unificação das artes no espaço judicial. Esta obra reveste-se de grande significado, tendo funcionado como momento fundador de um discurso arquitectónico, centrado na especificidade do programa judicial, que se desenvolveu sem grandes rupturas até à década de 70 do século XX. A expressão "Palácio de Justiça", de raiz francesa, foi importada no contexto do regime constitucional, correspondendo a uma nova concepção de carácter ideológico dos modelos políticos e do princípio de separação dos poderes. Em Portugal, esta designação remonta ao século XIX, correspondendo nessa data apenas aos tribunais superiores de Lisboa e Porto, mas só será generalizada a partir do ministério de Cavaleiro Ferreira que passa a utilizar esta denominação para os Tribunais de 1ª instância. Trata-se essencialmente de uma expressão especificamente associada ao edifício judicial, cujo programa comporte um ou mais tribunais judiciais e vários serviços afectos ao Ministério da Justiça. Por vezes os edifícios judiciais são assinalados com a inscrição lapidar Domus Ivstitiae - expressão latina de "Casa da Justiça" -, que pressupõe algum distanciamento e carácter celebrativo. Consiste, no entanto, num termo apenas referencial, que foi aplicado pela primeira vez em 1934 no Palácio da Justiça de Coimbra, e alargado a partir do ministério de Cavaleiro Ferreira (1944-1957) aos tribunais de comarca, mas sem entrar no vocabulário de uso corrente.
Número IPA Antigo: PT020603170139
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Colégio universitário    

Descrição

Acessos

Rua da Sofia

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano.

Descrição Complementar

Figuras alegóricas da Justiça, Direito e Lei, situadas no frontão triangular da fachada principal, talhadas pelo escultor Henrique Moreira, em 1932; medalhões localizados na fachada principal, frisos, mísulas, capitéis e bustos alegóricos da Repúblicada, da autoria de João Machado Júnior; trabalhos de serralharia dos portões de entrada, janelões da Sala de Audiências do Tribunal Criminal, candelabros e lampiões das galerias inferiores do claustro, executados por Daniel Rodrigues; trabalhos de marcenaria nos tectos das galerias superiores do claustro, das Salas de Audiências da Relação e do Cível, realizados por Álvaro Ferreira. A azulejaria assume, nesta obra, uma presença indelével, pelo revestimento das superfícies murais do átrio de entrada, galerias superior e inferior do claustro, escadarias e corredores com painéis cerâmicos da autoria do ceramista Jorge Colaço; escultura "A Lei", executada por Cabral Antunes em 1962, assente sobre nicho situado na fachada SE..

Utilização Inicial

Educativa: colégio universitário

Utilização Actual

Judicial: tribunal da relação

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Época Construção

Séc. 16 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Amoroso Lopes; Augusto da Silva Pinto (1896). ENGENHEIRO: Castelo Branco (1928). ENGENHEIRO DE ESTRUTURAS: Augusto Ribeiro Duarte Ralha (1931).

Cronologia

Dentro da trajectória histórica do edifício podemos distinguir a existência de três momentos marcantes, que correspondem fundamentalmente a alterações substanciais ocorridas ao nível programático e consequentes formas de ocupação do espaço: 1549/[1892] - período que corresponde à construção primitiva do antigo colégio dominicano de S. Tomás, traçado por Diogo de Castilho e formalmente associada à reforma da Universidade, promovida por D. João III; [1892]/ 1927 - após a aquisição do imóvel pelo Conde do Ameal, o edifício sofre transformações profundas, interior e exteriormente, para adaptação às novas funções residenciais; 1927/actualidade - distingue-se, finalmente, um terceiro período com a instalação dos serviços judiciais de Coimbra, função que se mantém na actualidade. 1º PERÍODO - COLÉGIO DOMINICANO DE SÃO TOMÁS: 1549 - início das obras de construção do Colégio dominicano de São Tomás de Aquino (fundado em 1547 por D. João III), delineado por Diogo de Castilho; (século 18) - remodelação do piso superior da fachada principal (E.); 1826 - publicação da Carta Constitucional. Através deste documento cessava o funcionamento dos tribunais "ambulantes e temporários" que itineravam pelo território nacional, a par das visitas régias. A partir desta data os tribunais passam a funcionar em sedes fixas, mesmo que não instalados em edifício próprio; 1834 - extinção das ordens religiosas e consequente nacionalização dos bens da Igreja Católica, mediante o Decreto de 31 de Maio, deixando desabitados inúmeros conventos e colégios que viriam a ser ocupados com novos programas funcionais de carácter público, onde se incluíram os tribunais. Por esta ocasião, o edifício do Colégio de São Tomás de Aquino foi incorporado na Fazenda Nacional; 1881, 25 Abr. - o Tribunal de Coimbra, instalado no Colégio da Santíssima Trindade (comummente denominado de "Tribunal da Trindade"), situado no Bairro Latino, é transferido para o Convento de Santa Cruz, onde partilhou as instalações com a Câmara Municipal. O espaço da igreja do Colégio da Santíssima Trindade, foi desafectado ao culto, para nele instalar a Sala de Audiências; 1874 - publicação da Novíssima Reforma Judiciária; 1866 - projectava-se construir um novo Tribunal e Cadeia sobre as ruínas do Castelo ou proceder a uma adaptação do Colégio de São-Paulo-o-Ermita; 1876 - proposta elaborada pelo eng.º Alexandre da Conceição, para a construção de um novo edifício que albergasse a Câmara e o Tribunal de Comarca, a instalar sobre os escombros do Mosteiro de Santa Cruz; 1879, 1 Ago. - conclusão da empreitada. O tribunal passou a funcionar no grande salão do antigo Refeitório do Mosteiro, comummente denominado por Salão dos Artistas, situado no piso superior. A Sala de Audiências tinha uma planta quadrangular coberta por abóbadas cruzadas policromas, sustentadas por vigamentos metálicos; 1910, 5 Out. - nesta data o território nacional estava dividido em três Distritos Judiciais: Lisboa, Porto e Açores; 2º PERÍODO - PALÁCIO DO AMEAL: [1892] - aquisição do antigo Colégio de São Tomás de Aquino pelo Iº Conde do Ameal (João Maria Correia Aires de Campos (1847-1920); 1895 - projecto, traçado pelo arq.º Augusto da Silva Pinto, para a adaptação do antigo Colégio de São Tomás às novas funções residenciais. A zona do claustro superior foi submetida a trabalhos de cantaria, realizados por João Machado. Elevação do pavimento do claustro renascentista, sistematicamente soterrado pelas cheias do Mondego, que passou a ser sustentado por uma estrutura de abóbadas em pedra, assentes sobre alicerces implantados a 15 m de profundidade; 1918, 11 Mai. - publicação do Decreto nº 4.250, diploma fundador da Relação de Coimbra. O Tribunal da Relação passou a compreender: o Distritos Administrativos de Coimbra, Guarda, Castelo Branco, Leiria, Viseu e Aveiro; e as Comarcas de Águeda, Vagos, Anadia, Mangualde, Santa Comba Dão e Tondela; 1918, 22 Jun. - os serviços afectos ao Tribunal foram sendo progressivamente instalados nas dependências da Cadeia Penitenciária de Coimbra; 1918, 1 Jul. - inauguração oficial da Relação de Coimbra nas dependências da Cadeia Penitenciária, local onde permaneceu até 1928; 1926 - o Parque Judiciário nacional persistia o legado pela Monarquia Constitucional; 1926, 3 Jun. - a pasta da Justiça é confiada a Manuel Rodrigues Júnior, cuja acção reformadora incidiu quer na remodelação do sistema judicial, quer na renovação do parque judiciário nacional, de forma particular na atenção à instalação dos Tribunais Superiores e das Relações; 1926, 29 Ago. - Publicação do Decreto nº 11.991, que instituía um imposto judicial, cujas verbas se destinaram a suportar as despesas com os projectos e edificação dos Tribunais Superiores de Lisboa, Porto e Coimbra; 3º PERÍODO - PALÁCIO DA JUSTIÇA DE COIMBRA: 1927, 22 Jun. - publicação do primeiro Estatuto Judiciário, consagrado pelo Decreto nº 13.809, onde se estabelece uma nova organização do sistema jurídico, que se traduziu directamente na forma de articulação dos espaços afectos à Justiça. 1927 - Francisco de Melo, engenheiro-director das Obras de Edifícios Nacionais do Norte, avalia as condições do Palácio do Ameal, com o intuito de nele reunir todos os serviços judiciais da Comarca e da Relação de Coimbra, que nesta data funcionavam em edifícios dispersos e em más condições de acomodamento. No relatório que redige descreve sumariamente o estado do imóvel: a ala S., voltada à R. Manuel Rodrigues, fora completamente reconstruída e redesenhada a sua fachada "num estilo moderno que nada t[inha] de comum com o antigo convento" [DGEMN: Arquivo DREM 0721/6/1], conservando-se apenas, da construção primitiva apenas, duas antigas salas abobadadas, que correspondiam à antiga capela; a ala O., alinhada com a R. Rosa Falcão, encontrava-se em toscos, tendo sido igualmente reconstruída; a ala N., com frente para a R. João Machado, estava totalmente por edificar, tendo-se instalado o estaleiro de obra sobre as suas fundações; finalmente a ala E., voltada à R. da Sofia, não tinha sido objecto de qualquer intervenção, permanecendo com a imagem do antigo colégio, cuja fachada ostentava um portal renascentista, posteriormente transladado para a fachada do Museu Machado Castro [cf. DGEMN: Arquivo DREM 0721/6/1]; 1928, 21 Jan.- criação, mediante Portaria nº 5.176, de uma Comissão Administrativa, integrada no âmbito da Administração-Geral das Obras de Edifícios Nacionais, para gerir e superintender as obras do Palácio da Justiça de Coimbra. A comissão era constituída pelo Presidente do Tribunal da Relação de Coimbra, pelo Procurador da República junto deste Tribunal, pelo Secretário da Presidência, pelo Secretário da Procuradoria da República, do juíz da 1ª vara cível da comarca de Coimbra, pelo presidente da Comissão Municipal Administrativa de Coimbra e pelo engenheiro adjunto da Câmara Municipal Manuel de Abreu Castelo Branco; 1928, 27 Jan. - contrato de compra e venda do Palacete do Ameal, celebrado entre o Ministério da Justiça e dos Cultos e os proprietários do Palácio do Ameal. O edifício foi adquirido pela quantia de 625 contos, tendo sido imediatamente iniciadas obras de remodelação segundo o projecto do eng.º Manuel Castelo Branco. Nesta data, as fachadas S. (voltada à R. Manuel Rodrigues), O. (voltada à R. Rosa Falcão) e fachada principal já tinham uma composição muito próxima da actual. Na fachada S. faltava apenas concluir o entablamento e a cornija, estando já construídos os contrafortes, situados entre o torreão S. e a caixa de escadas, que sustentavam as abóbadas de cobertura dos compartimentos, posteriormente ocupados com a Sala dos Advogados e dos Solicitadores; 1928, 3 Jul. - é aberto concurso público para a empreitada do Palácio de Justiça, encetando a PRIMEIRA CAMPANHA DE OBRAS que se estendeu até à década de 40; 1928, 27 Out. - com as obras ainda a decorrer, o Tribunal da Relação instala-se no novo espaço, abandonando definitivamente o edifício da Penitenciária; 1928, Dez. - o ministro da Justiça concede uma dotação de 1500 contos para prolongamento das obras, sendo particularmente destinada à reconfiguração da ala nascente e fachada principal; 1929, 23 Jul. - conclusão dos medalhões neo-renascença situados na fachada principal, elaborados pelo escultor João Machado Júnior; 1932, 5 Mai. - conclusão dos trabalhos de cantaria do Salão Nobre, Tribunal Criminal e Tribunal Cível; 1933, Jun. - instalação dos tribunais de 1ª instância no novo edifício do Tribunal; 1933, Jul. - abertura de concurso público para trabalhos em pintura e azulejaria destinadas à decoração do átrio, escadaria principal, revestimento das paredes, tectos do Salão Nobre e mobiliário para os serviços dos tribunais da 1ª e 2ª Varas da Comarca; 1933, Dez - conclusão da fachada principal e frontão, da autoria de Henrique Moreira, e assentamento dos portões na mesma; 1934, Jan. - assentamento dos primeiros painéis cerâmicos, da autoria de Jorge Colaço, no claustro superior; 1934, 6 Mai. - inauguração do edifício do Tribunal da Relação pelo então ministro da Justiça Manuel Rodrigues. Nesta data o Palácio ocupava 2120.88 m² de área coberta e 2087.12 m² de área ajardinada; 1940, 19 Jan. - levantamento geral do edifício, elaborado pelo eng.º José Ferreira da Cunha, no âmbito da actividade da DGEMN Centro; 1940 - conclusão das obras de remodelação iniciadas em 1928. Nesta data é realizada uma inventariação dos espaços judiciais pelo Ministério da Justiça; 1944 - o corpo de funcionários do Tribunal da Relação de Coimbra é constituído por: 1 Conselheiro Presidente, 7 Juízes Desembargadores, 1 Secretário, 1 Primeiro Oficial, 1 Segundo Oficial, 2 Terceiros Oficiais, 1 Contínuo de 1ª classe, 2 Contínuos de 2ª classe, 1 carteiro, 1 Contador-tesoureiro, 1 Chefe de Secção, 1 Escriturário de 1ª classe, 1 Escriturário de 2ª classe, 2 Copistas, 1 Oficial de Diligências, 1944, 23 Fev. - publicação do Estatuto Judiciário consignado no Decreto-lei nº 33.547. O Distrito Judicial de Coimbra integrava 47 comarcas (cfr. Circunscrições Judiciais, anexo ao Decreto-Lei nº 33.547, de 32/2/1944); 1948, Mar. - o Ministério da Justiça disponibiliza uma verba no valor de 150.000$00 destinada a obras de beneficiação no Palácio de Justiça; 1950, Out. - Ministério das Obras Públicas define uma área de protecção para o Palácio de Justiça, publicada em Diário do Governo, II série, de 11 de Outubro, nº 240; 1954, 14 Ago. - João de Matos Antunes Varela assume a Pasta da Justiça, cargo que manteve até 1967. O ministro pautou a sua actuação centrando-se nas questões inerentes à logística dos Tribunais, Casas de Magistrados, Conservatórias e Notariados, dando seguimento e expansão ao plano de renovação do parque imobiliário judicial encetado pelo ministro cessante Manuel Cavaleiro Ferreira. A par deste plano, o ministro incidiu no problema das construções prisionais e na reforma dos Serviços Tutelares de Menores, e iniciou estudos no sentido da publicação do novo Código Civil, cujo trabalho foi desenvolvido por Eduardo Correia (formado em Direito pela Universidade de Coimbra); Após a morte de Duarte Pacheco e de António Ferro, Antunes Varela foi um dos ministros mais dinâmicos na promoção das novas gerações de arquitectos e artistas durante o Estado Novo; 1955 - concepção do "Programa de Serviços Internos" pela Direcção Geral da Justiça. Tratou-se de um procedimento destinado a normalizar e tipificar as instalações afectas aos Tribunais, sob o ponto de vista estético, gramatical e funcional. Este novo instrumento regulador tinha a dupla intenção de: por um lado, facilitar o trabalho dos arquitectos na execução dos ante-projectos e projectos; por outro lado, permitia estabelecer uma matriz de avaliação onde o Conselho Superior das Obras Públicas poderia situar os seus pareceres de apreciação técnica; 1956, 31 Dez. - celebração de escritura de aquisição de um imóvel contíguo ao edifício do Tribunal, que ocupava um lote com cerca de 510 m2, situado na esquina da R. da Sofia com a R. João Machado e que se destinava ao alargamento do perímetro do jardim do mesmo. O prédio foi adquirido pela quantia de 820.000$00 e demolido dois meses depois; 1957, Nov. - o pintor Guilherme Camarinha inicia os estudos para a tapeçaria a instalar no Salão Nobre; 1958 - SEGUNDA CAMPANHA DE OBRAS; 1958, Dez. - anteprojecto de remodelação e ampliação do Palácio de Justiça, elaborado pelo arq.º Amoroso Lopes. O anteprojecto previa: a substituição integral da estrutura do telhado por outra em betão armado ou pré-esforçado, levantamento da telha e caleiras, demolição de divisórias de tabique nos antigos sótãos, demolição de paredes de alvenaria, aproveitamento dos vãos do telhado (correspondente ao 4º piso) para a instalação de alguns Serviços da Justiça, prolongamento das escadarias até ao 4º piso, criação de um terraço aberto sobre a galeria do piso nobre, adaptação dos espaços situados na cave e na ala E. por baixo do terraço, habitação do guarda e arrecadações do Tribunal, instalação de dois elevadores, instalação de sanitários ao nível do 3º piso, rebaixamento de tectos no 3º piso; 1958, Abr. - Reparação dos pavimentos dos terraços S. e O., transformação do gradeamento do jardim a O. Propunha-se ainda o restauro dos estuques em mau estado de conservação, situados no andar nobre, a repavimentação do chão em mármore da Estremoz, a demolição de uma escada helicoidal situada na ala N. e a reconstituição de uma escada de serviço na ala oposta. No seu conjunto o orçamento para esta intervenção estimava em 2.917.203$10; 1959, 27 Abr. - inauguração do Salão Nobre e da "Exposição do Código Civil de 1867 e do futuro Código Civil", promovida pelo ministro da Justiça Antunes Varela e comissariada por Braga da Cruz e Rui Alarcão. O espaço do Salão Nobre, que albergou até à década de 50 o Tribunal do Trabalho, foi submetido a uma intervenção geral que teve presente a necessidade de enquadrar cenicamente o circuito da exposição. Esta intervenção, desenvolvida por Amoroso Lopes, incidiu sobretudo num programa de carácter decorativo, que constou: da substituição do antigo tecto em estuque armado por um tecto em madeira formando caixotões, do revestimento das paredes com panos de damasco vermelho e madeira, da integração de mobiliário especificamente desenhado para o local, da instalação de um grande lustre em cristal ao centro da sala e de uma tapeçaria da autoria de Guilherme Camarinha que enquadra a tribuna dos magistrados. As obras importaram na quantia de 234.900$00; 1959, 19 Jun. - parecer favorável do Conselho Superior das Obras Públicas ao anteprojecto para a remodelação e ampliação do Palácio de Justiça; 1960, 12 Mai. - início da empreitada das obras de beneficiação e ampliação, adjudicada à empresa Fonseca & Irmão Lda pela importância de 939.565$00, abrindo o segundo grande ciclo de obras que se prolongariam até à década de 60. As obras foram dirigidas pelo arq.º Amoroso Lopes, tendo sido acrescentado um piso ao claustro renascentista (único elemento que persiste da construção inicial); 1962, 14, Abr. - Estatuto Judiciário (Decreto-Lei nº 44.278). Este documento legislativo aumentou o número de comarcas afectas ao Distrito Judicial de Coimbra de 47 para 50; 1962, Set. - conclusão da empreitada das obras de beneficiação e ampliação; 1965 - instalação dos serviços da Ordem dos Advogados no terraço superior; 1965, Set. - início de nova empreitada destinada a obras de beneficiação; 1969 - proposta de construção de um novo pavilhão para expansão dos serviços do Tribunal; 1973, Fev. - anteprojecto, traçado pelos arquitectos Amoroso Lopes e Madeira Portugal, para a edificação de um novo pavilhão, a construir na Rua João Machado, destinado à resolução dos problemas de congestionamento dos serviços judiciais no edifício. A solução proposta, que não chegou a ter seguimento, constava de um parque de estacionamento e instalações para albergar as Conservatórias do Registo Predial e Civil, bem como o Arquivo de Identificação e a Polícia Judiciária; 1973, 4 Mai. - o Decreto nº 202/73 reajustou os limites territoriais do Distrito Judicial de Coimbra, que passa a ser constituído por 65 comarcas; 1978, Jan. - instalação da Polícia Judiciária no imóvel da Rua Venâncio Rodrigues; 1998 - transferência dos Tribunais Cíveis para o Palácio de Justiça.

Dados Técnicos

Materiais

Bibliografia

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Documentação Gráfica

Arquivo Técnico do Instituto de Gestão Financeira e Patrimonial - Ministério da Justiça, DGEMN: DSARH, DREL/DEM, DREL, DREL/DIE, DREM Centro/DE; Arquivo do Tribunal da Relação de Coimbra;

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; Arquivo do Tribunal da Relação de Coimbra

Documentação Administrativa

Instituto de Gestão Financeira e Patrimonial do Ministério da Justiça - Arquivo Técnico; Arquivo do Tribunal da Relação de Coimbra; DGEMN: DREL 12_14; DSC/DSE 0646/16; DSCv1 J1/1; DSARH ED [0416/1; 0419/12; 0437/3; 0438/1; 0582/61; 9/42-13]; DREM.DENN [0721/6/1; 0721/6/2; 0721/6/3; 0721/6/4]

Intervenção Realizada

Observações

*dados obtidos a partir do Inquérito do RIAP (Recenseamento dos Imóveis da Administração Pública) de 2006. Neste inquérito a área útil foi deduzida por aproximação, sendo calculada em função de uma percentagem (70%) da área bruta.

Autor e Data

Rute Figueiredo 2006

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