Câmara Municipal do Funchal

IPA.00015860
Portugal, Ilha da Madeira (Madeira), Funchal, Funchal (Sé)
 
Arquitectura civil residencial, barroco, rococó e revivalista. Palácio urbano barroco, de planta quadrangular integrando pátio central e torre sobrelevada sobre a fachada lateral SE.. Fachada principal com decoração rococó, de dois pisos, terminada em friso e cornija formando empena alteada ao centro, portal central de verga curva entre duplas pilastras encimada por janela de sacada de verga igualmente curva ladeada por aletas de concheados e sobrepujada por cornija e brasão municipal; é enquadrado por janelas sobrepostas e interligadas, de peitoril no piso térreo e de sacada no superior, estas encimadas por cornija. Fachadas laterais e posterior construídas ao gosto revivalista dos meados do séc. 20, recuperando, no entanto, elementos das anteriores construções, dentro do vocabulário da arquitectura senhorial madeirense, com "lojas" e andar de serviços intermédio a articular-se pelas molduras dos vãos com o andar nobre. Salão nobre decorado ao gosto revivalista.
Número IPA Antigo: PT062203100159
 
Registo visualizado 697 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta quadrangular com pátio central

Descrição

Planta quandrangular, com pátio central aberto, integrando torre quadrada alteada sobre a fachada SE., numa grande massa volumétrica articulada a SE. com dois corpos escalonados e torreados. Coberturas duplas em cada água, diferenciadas em telhados de duas, três e quatro águas, em telha de canudo, integrando várias gateiras e com cinco águas-furtadas na ala interna da fachada lateral esquerda. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com pilastras nos cunhais assentes em altas bases e coroados por pináculos, percorridas por embasamento de cantaria e terminadas em beirais triplos, com vãos moldurados a cantaria. Fachada principal virada ao lg. do Município, de dois pisos, terminada em friso e cornija moldurada, elevada em curva ao centro; é rasgada por onze vãos sobrepostos e interligados; no primeiro piso, janelas de peitoril de verga curva com moldura recortada nos ângulos e brincos laterais, com caixilharia de guilhotina e persianas fasquiados de madeira pintados de verde escuro, encimadas por espaldares, também recortados e formando voluta que se interliga às janelas de sacada do segundo piso; estas, têm verga igualmente curva encimado por friso e cornija, com portadas de madeira e guarda corrida de ferro; as janelas de ambos os pisos têm bandeira de madeira verde escura com losango branco. Ao centro, abre-se portal de verga curva moldurada e recortada, com pedra de feicho volutada entre enrolamentos, ladeado por duplas pilastras, de capitel jónico, possuindo portão de ferro forjado ornado; é encimado por friso que se interliga à janela de sacada do segundo piso, de verga curva, com moldura recortada, pedra de feicho de dupla voluta, ladeada por aleta de concheados, sendo sobrepujada por friso e cornija e brasão municipal, coroado e entre volutas; a sacada é convexa ao centro, e com guarda em gradeamento de ferro. Fachada lateral esquerda de três panos, os lateria mais estreitos, delimitados por pilastras de ordem colossal, encimados por pináculos sobre plintos; o pano da direita, rematado por friso e cornija coroado por beiral, é cego e ligeiramente avançado, possuindo grande painel de cantaria com imagem de São Tiago em baixo relevo; nos dois outros panos, rematados em beiral triplo, rasgam-se janelas sobrepostas, sendo as do primeiro piso rectangulares jacentes, gradeadas, as do segundo de peitoril, com caixilharia de guilhotina, interligadas às do terceiro piso, que são de sacada, com verga recta encimado por friso e cornija e guarda de ferro; as janelas de ambos os pisos superiores têm persianas fasquiadas de madeira pintadas de verde escuro e bandeira de madeira, também, verde escuro com três losangos pintados de branco. Fachada lateral direita de quatro panos, tendo no primeiro piso janelas rectangulares jacentes, gradeadas, e no segundo e terceiro janelas de peitoril, com caixilharia de guilhotina, encimadas por cornija recta; o pano da torre, de sete pisos, com cunhais em cantaria e terminada em friso e cornija, é rasgado nos pisos superiores em cada um dos panos por janelas de diferentes tipos, sendo a do último tripartida de sacada corrida, com vãos em arco, sobre pano de cantaria aparente com dois janelos. Fachada posterior de dois panos, o da direita sensivelmente avançado e estreito, tendo no primeiro piso portal de verga recta encimada por cornija; no outro pano, abrem-se janelas de peiroril gradeadas intercaladas por portas de verga recta simples, e, nos dois superiores, fenestração seguindo o esmo esquema da fachada lateral esquerda. INTERIOR acedido por átrio lajeado a mármore, com silhar de azulejos monócromos sobre fundo branco, e rasgado por três arcos, o central de volta perfeita, com pedra de feicho saliente, sobre pilastras, seguintes em ponta de diamante, encimado por friso e cornija. Este acede ao pátio interior, pavimentado a calhau rolado, formando ondas, tendo ao centro chafariz central de mármore, datado de 1880 e encimado pela estátua de "Leda e o Cisne". As fachadas para o pátio, percorridas por silhar de azulejos de padrão policromo, têm no piso térreo altas portas em arco de volta perfeita sobre pilastras, encimadas por cornija recta, enquadradas por janelas rectangulares jacentes encimadas por janelas de peitoril, e no último piso janelas de peitoril com cornija; nos ângulos, gárgulas de canhão. O acesso aos pisos superiores faz-se por escadaria de lances opostos, com guarda plena em alvenaria rebocada e capeada, sobre a qual se erguem pilares toscanos, assentes em plintos, de suporte de varanda alpendrada, com arcos abatidos; sobre os patamares intermédios, surgem nos ângulos pequenos alpendres quadrangulares; ao longo da escadaria, silhar de azulejos monócromos azuis sobre fundo branco recortados superiormente, e no topo abrem-se portais de verga recta encimada por tabela recortada. Salão nobre virada à fachada principal, com tecto pintado.

Acessos

Lg. do Município, R. Marquês do Funchal, R. Padre Martim Gonçalves da Câmara

Protecção

Incluído na Zona de Protecção da Igreja do Colégio Jesuíta (v. PT062203100006) e do Museu de Arte Sacra (v. PT062203010013)

Enquadramento

Urbano, isolado, no centro histórico da cidade, tendo fronteiro largo com fontanário central, circundado por estrada com circulação automóvel, erguendo-se a O. a Igreja do Colégio Jesuíta e o Tribunal, e a S. o Museu de Arte Sacra; a SE. confronta-se com espaço arborizado e a R. Padre Martim Gonçalves da Câmara, e a NE. com parque de estacionamento e edifícios de serviços municipais.

Descrição Complementar

Todo o conjunto da entrada e dos acessos encontra-se decorado com painéis de azulejos monócromos azuis sobre fundo branco, assinados por Battistini e executados na Fábrica de Maria Portugal, e datados de 1940.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Política e administrativa: câmara municipal

Propriedade

Pública: Municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Raul Lino e Carlos Ramos; ESCULTOR: António Duarte; MESTRE CANTEIRO: José Salles; PINTORES: Max Romer, J. Battistini, Alfredo Vital Miguéis e Rui Carita.

Cronologia

1453 / 1454 - Instituição do Funchal como vila; 1485, 4 Junho - provisão do duque D. Manuel para a demarcação no Campo do Duque de "uma igreja, praça e casas do concelho"; 5 Novembro - execução da provisão pelo ouvidor Brás Afonso Correia e contador Luís de Atouguia com o pessoal camarário; 1486 - início da construção dos primitivos paços do concelho, nas traseiras da Sé, onde se levanta hoje o Banco Totta; 1491 - conclusão dos primeiros paços municipais; 1508, 21 e 22 Agosto - elevação do Funchal à categoria de cidade; 1514 - elevação do Funchal a sede de Bispado; 1523, 24 Janeiro - voto da cidade ao "bem-aventurado apoóstolo" Santiago Menor, celebrado no 1º dia de Maio; séc. 16 / 17 - referência a várias edificações na área dos actuais Paços do Concelho; 1758 - execução de obras em prédios vários, que levaram à edificação do actual palácio da Câmara por D. Joana Teresa de Carvalho Esmeraldo, tia-avó do 1º Visconde de Carvalhal, e seu marido, o sargento-mor do Funchal Francisco Roque de Albuquerque Figueirôa; 1784 - saída da Câmara dos paços manuelinos para as Casa da Saúde; 1796 - arrendamento do palácio de Fernando José Correia Brandão por 500 mil rs anuais; 1797, 7 Janeiro - pedido da Câmara de um subsídio ao Governo para levantar novos Paços do Concelho na R. do Cotife, que ficou sem resposta; 1798, 10 Março - regresso ao edifício das Casas da Saúde, dado as receitas camarárias não poderem comportar o aluguer; 1800 - era proprietário do palácio Carvalhal Esmeraldo o morgado Francisco António da Câmara Leme, irmão de D. Joana Teresa; 1802, 13 Novembro - 1ª sessão da Câmara no edifício de D. Guiomar, levantado no lg. da Sé em 1775 e demolido em 1913; 1820, cerca - arrendamento do palácio Carvalhal Esmeraldo à firma inglesa "Blackburns & Compª"; 1824 / 1825 - saída da Câmara do efifício do lg. da Sé por motivos de obras, voltando ao mesmo edifício; 1837 - saída da Câmara do Lg. da Sé "por causa do danoso cheiro das prisões, onde havia 180 presos" para as Casas da Saúde e daí para um prédio do Dr. Daniel de Ornelas; 1836, 16 Maio - decisão de instalação da Câmara no lg. do Pelourinho nas casas onde depois se levantou a fábrica de moagens "Viúva de Romano Gomes & Filhos"; 1842, 24 Outubro - na sequência do aluvião que afectou as casas do lg. do Pelourinho, a Câmara passa para o Asilo de Mendicidade das Angústias; 1845 - regresso da Câmara ao Asilo; 1847, 2 Dezembro - decisão de entrega do Asilo à comissão administrativa do mesmo e instalação num edifício da R. da Alfândega; 1862, 2 Agosto - decisão de tomar de arrendamento o edifício da R. do Esmeraldo construído pelo capitão Geraldo de Freitas Barreto; 1864 - tentativa de construção de edifício de raiz na antiga cerca de São Francisco, tendo apresentado projectos a firma "Samuel Sloan & A. Hulton", de Filadélfia e a de Frutuoso Abel Maria dos Santos, de Lisboa; 1865, 2 Março - publicação do resultado do concurso, sendo vencedor o da firma de Filadélfia; 19 Abril - ordem de demolição do que restava do convento de São Francisco; 1866, 11 Março - cerimónia de lançamento da 1ª pedra dos novos paços do concelho, que não passaram dos alicerces; 1868 - arrendamento à Câmara do antigo palácio Carvalhal Esmeraldo; 1883, 4 Agosto - aquisição do antigo palácio Carvalhal Esmeraldo pela Câmara à firma "Freitas e Macedo", que entretanto adquirira as parcelas de Afonso de Freitas Albuquerque, conde da Calçada, Francisco Roque de Albuquerque, Dr. Luís Vivente de Afonseca e outros, por 25 contos de rs; 1927 - data de dois óleos com vistas antigas da cidade pintadas por Max Romer, existentes na sala da Assembleia Municipal; 1929, 18 Setembro - referência à nomeação de uma comissão de engenheiros para avaliar o perigo de desmoronamento que oferecia a torre da Câmara, fora de prumo, depois de efectuada por um temporal; 1935, 12 Janeiro - nomeação do Dr. Fernão de Ornelas Gonçalves (1908 - 1978) para presidente da Câmara, iniciando, pouco depois os contactos para a remodelação os Paços do Concelho, projecto que teve como consultor o Arq. Raúl Lino, que chega a enviar ao Funchal o Arq. Carlos Ramos; 1938 - recepção do retrato do antigo Presidente da Câmara, general Óscar Fragosos Carmona; 1939 / 1940 - principais obras nos Paços do Concelho; 1940 - data no silhar de azulejos da escada do pátio central, pintados por Battistini e da fábrica de Maria de Portugal; pintura de alegoria à Câmara Municipal e do tecto do salão nobre pelo pintor madeirense Alfredo Miguéis, bem como de quatro retratos personalidades ligadas à edilidade existente na sala de estar; 1941 - colocação no pátio interior do chafariz encimado pela escultura de "Leda e o Cisne", executada em 1880 para o Mercado D. Pedro V; 1944, 9 Dezembro - inauguração do baixo relevo de Santiago Menor, da autoria do escultor António Duarte e proposto na recuperação dos Paços do Concelho pelo Arq. Raúl Lino; 1988 - pintura das imagens de São Tiago Menor e São Roque na sala da Assembleia Municipal.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Cantaria mole e rígida regional aparente, alvenaria de pedra regional rebocada, madeira (carvalho e outras), ferro fundido, azulejo, mármore, pintura sobre tela e estuque, vidro, amarrações mistas, telha de meio canudo e calhau rolado miúdo.

Bibliografia

SILVA, Padre Fernando Augusto da, Elucidário Madeirense, 3 vols., Funchal, 1945; CARITA, Rui, Museu da Cidade, Funchal, 1986; TRUEVA, José de Sainz, Tectos Armoriados, Islenha, nº 1, Junho - Dezembro 1987, p. 113; CARITA, Rui e TRUEVA, José Manuel de Sainz, Roteiro Histórico da Cidade, Funchal, 1997, p. 116 - 121; AFONSO, Eng. José, Funchal, Espaços Verdes, Funchal, 1998; VERÍSSIMO, Nelson e TRUEVA, José Manuel de Sainz, Inventário de Escultura da Região Autónoma da Madeira, Funchal, 1998, p. 114, 115 e 285.

Documentação Gráfica

Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (planta do Funchal de Mateus Fernandes, 1567); BPM Porto (planta de Agostinho José Marques Roque, 1800); Mapoteca do IGC (planta do Funchal de Reinaldo Oudinot, 1804), Lisboa; GR / Equipamento Social; DRAC

Documentação Fotográfica

Museu Vicentes Photographos; CMF; DRAC

Documentação Administrativa

ARM: CMF; CMF: Obras; DRAC

Intervenção Realizada

CMF: 1986 - Remodelação do piso intermédio S. sobre a Praça do Município para instalação do Museu da Cidade; 1990 / 1991 - remodelação do piso térreo S. frente à R. Padre Martim Gonçalves da Câmara para instalação da Divisão de Trânsito.

Observações

Nas intervenções dos anos 80 e 90 foram localizadas várias estruturas das casas adaptadas nos meados do séc. 18 a palácio, como uma porta intermédia do antigo Museu da Cidade, com indicação de ter possuído varanda de sacada.

Autor e Data

Rui Carita 2001

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login