Quinta da Ponte / Solar da Ponte

IPA.00015691
Portugal, Braga, Guimarães, União das freguesias de Briteiros São Salvador e Briteiros Santa Leocádia
 
Quinta barroca e vernacula, composta por casa e anexos agrícolas, constituídos por eira e sequeiro, currais, casa de caseiros e moinho hidráulico. Solar de planta rectangular alongada, de dois pisos. Fachadas percorridas por embasamento, com cunhais apilastrados e cornija sob beiral no remate. Fachada principal marcada axialmente por escadaria semicircular, portal principal de verga recta e ressalto semicircular na cornija, com portas e janelas, rectangulares, e janelas de sacada com grades de ferro forjado. Fachada lateral com escadaria de pedra com arranque volutado. Interior com lojas e lagares, no primeiro piso, e salas e cozinha, no segundo, possuindo janelas com conversadeiras. Dependências agricolas vernáculas, com moinho hidráulico de rodízio.
Número IPA Antigo: PT010308410098
 
Registo visualizado 418 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Quinta    

Descrição

Planta composta por solar de planta rectangular, alongada, com diversas estruturas de apoio à propriedade agrícola, nomeadamente alpendre, curral, sequeiro, espigueiro com eira e casa do caseiro, dispostas lateralmente e posteriormente, em relação ao solar, em torno de terreiro. SOLAR de massa simples horizontalizante, com cobertura em telhado quatro águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco percorridas por embasamento pintado de cinzento, pilastras nos cunhais e remates em cornija sob beiral. Fachada principal voltada a NO., marcada axialmente por escadaria em leque, de acesso a portal principal de verga recta encimado por ressalto semicircular acima da cornija de remate. No primeiro registo, do lado esquerdo, rasga-se porta de verga recta e duas janelas rectangulares, e do direito duas portas, também rectangulares. No segundo registo, em cada um dos lados, duas janelas rectangulares, ladeando janela de sacada com guarda em ferro forjado. Sob a sacada do lado esquerdo encontra-se lápide com inscrição. Fachadas laterais dissemelhantes, tendo a voltada a SO. duas janelas, rectangulares, em cada um dos registos, e a voltada a NE. janela jacente rectangular, no primeiro registo, e porta de verga recta e janela, também rectangular, no segundo, com escada de pedra de um lanço, com arranque volutado e grade de ferro. Fachada posterior com três panos estruturados por pilastras toscanas colossais, sendo o central definido, axialmente, por escadaria de pedra de lanço recto com grades de ferro de acesso a porta de verga recta. De cada lado, duas portas de verga recta, no primeiro registo, e três janelas, rectangulares, no segundo. Os panos laterais, semelhantes, são rasgados por porta de verga recta encimada por janela de sacada com guarda de ferro forjado. INTERIOR *1 com lojas no primeiro piso, mantendo os lagares de pedra. Acesso ao segundo piso por escada de cimento, onde se distribuem distribuem-se salas, tendo algumas janelas com conversadeiras, cozinha com lareira e forno e instalações sanitárias. DEPENDÊNCIAS AGRICOLAS em ruínas com fachadas em alvenaria de granito conjugando aparelho irregular com alguns panos de aparelho regular. MOINHO de planta rectangular, massa simples com cobertura em telhado duas águas. Fachadas em alvenaria de granito em fiadas de aparelho irregular. Fachada principal voltada a E. rasgada por porta estreita, rectangular. Fachada lateral N. cega, marcada pelo caleiro que transporta a água do açude até ao rodízio. Fachada lateral S. com dois pisos, sendo o cabouco rasgado por amplo vão, protegido por portão de ferro, de acesso ao rodízio, e o sobrado por janela, rectangular. Fachada posterior a O. com janela rectangular. INTERIOR com paredes de granito argamassadas a cimento, tendo no primeior piso rodízio de madeira e, no segundo piso, soalhado, a "moenda", constituída pelo "pé" e "andadeira", em granito, e a "moega", de madeira.

Acessos

Lugar da Ponte

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, isolado, no interior de propriedade murada com portal nobre definindo dois panos estruturados por pilastras, rematados por cornija recortada e abertos por janela protegida por grade de ferro. Desenvolve, na fachada principal, jardim formal integrando fonte de espaldar recortado com tanque rectangular. A quinta, com uma extensão de cerca de 6 ha., desenvolve-se numa sucessão de patamares na encosta suave para o rio Febras, afluente do Ave, no vale de Briteiros, a NNE. das Caldas das Taipas, no sopé do Monte de São Romão, onde se encontra a Citânia de Briteiros (v. PT010308410002) e o monte Sabroso, onde se encontra o castro do mesmo nome (v. PT010308550003). Um pouco distante do solar, no interior da propriedade ergue-se um moinho hidráulico (v. PT010308410143).

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: Inscrição gravada em lápide existente sob a sacada do lado esquerdo da fachada principal, com os sulcos pintados a preto; é emoldurada por sulco pintado de preto, côncado nos ângulos; granito; tipo de letra: capital quadrada; leitura: EM OUTUBRO DE 1880 FOI A CITÂNIA VISITADA POR ALGUNS MEMBROS DO CONGRESSO INTERNACIONAL DE ANTROPOLOGIA E ARQUEOLOGIA PRÉ-HISTÓRICA. EM 28 DE SETEMBRO DE 1930, OS MEMBROS DO XV CONGRESSO INTERNACIONAL, COM AS REPRESENTAÇÕES DE VÁRIAS NAÇÕES, HONRARAM, NOVAMENTE, AQUELA ESTÂNCIA E AQUI REUNIDOS, HOMENAGEARAM A GRANDE OBRA DE SARMENTO.

Utilização Inicial

Residencial: quinta

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: Sociedade

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 18, final - Construção do solar para residência da família Sarmento; séc. 19 - construção de uma das alas do solar; construção do moinho hidraúlico; 1833, 9 Março - nascimento, em Guimarães, de Francisco Martins Sarmento, filho de Francisco Joaquim Gouveia de Morais Sarmento e D. Joaquina Rosa de Araújo Martins; meados - Camilo Castelo Branco hospeda-se na casa *2; 1877 - são recebidos no solar, residência de Martins Sarmento, os participantes do 1º Congresso Arqueológico português, realizado em Guimarães; 1880 - são recebidos no solar os participantes no Congresso Internacional de Antropologia e Arqueologia Pré-Histórica; 1899, 9 Agosto - falecimento de Martins Sarmento que legou o edifício à Sociedade do mesmo nome; 1930, 28 Setembro - membros do XV Congresso Internacional de Arqueologia visitam a Citânia de Briteiros e, no solar, prestam homenagem à obra de Martins Sarmento; 1980, década - o edifício entrou em ruína acelerada; 1999 - apresentação de candidatura ao III Quadro Comunitário para recuperação do solar e instalação do Museu da Cultura Castreja; 2001 - conclusão das obras de recuperação do exterior do solar; recuperação do moinho financiada pelo programa comunitário Leader II; 2002, 1 Março - assinatura do contrato de instalação do Museu da Cultura Castreja, com a presença do Sr. Ministro da Cultura.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura do solar e dependências agrícolas e mós do minho, em granito; portas, janelas, interior do moinho, nomeadamente o pavimento, forro do tecto, estrutura de suporte, "moega", veio e rodízio, em madeira; sacadas das janelas, e portão do cabouco do moinho, em ferro forjado; coberturas exteriores de telha cerâmica, de meia cana.

Bibliografia

SIMÕES, J. Santos, Um imperativo histórico-cultural. Museu de Cultura Castreja. O Solar da Ponte, Guimarães, 2000; Boletim da Sociedade Martins Sarmento, nº 46, Março de 2002; www.csarmento.uminho.pt, 1 Fevereiro 2006.

Documentação Gráfica

DGEMN: DSID

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

SMS: 2001 - Solar: colocação de um novo telhado, portas e janelas; colocação de placa de betão entre os pisos; moinho: recuperação, com a consolidação da estrutura, colocação de um novo telhado e sobrado, portas, janelas e sistema de moagem; recuperação da açude e dos caleiros para transporte da água.

Observações

*1 - O interior aguarda obras de beneficiação, no âmbito da adaptação do edifício a Museu da Cultura Castreja; *2 - Camilo Castelo Branco descreve a casa como "A meia légua das Taipas, tem Francisco Martins uma quinta, chamada de Briteiros. Na casa magnífica da Quinta vivia um par de cônjuges decrépitos, antiquíssimos criados de pais e avós do meu amigo. A extensão das salas, câmaras, corredores em longitude e forma conventual, de tudo me senhoreei. Escolhi o quarto, cujas janelas faceavam com um recortado horizonte de arvoredos, e a cumeeira chã dum serro onde se divisam as relíquias de antiga povoação, que lá dizem ter sido Citânia, cidade de fundação romana."

Autor e Data

António Dinis 2002

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login