Igreja Paroquial de Vila Verde / Igreja de São Mamede / Igreja Velha

IPA.00015651
Portugal, Porto, Felgueiras, União das freguesias de Vila Verde e Santão
 
Igreja românica tardia, de planta longitudinal, composta por nave única e capela-mor, iluminada uniformemente por frestas rasgadas nas fachadas e sobre o arco triunfal. Possui grandes afinidades com outras igrejas românicas de pequenas dimensões, situadas a N. do Douro, como: a Igreja de São Miguel do Castelo (v. PT010308340006), a Igreja de São Gens de Boelhe (v. PT011311020008) e etc. Inserida na "Rota do Românico do Vale do Sousa" a igreja constituía juntamente com os edifícios anexos um conjunto arruinado, tendo sido objecto de obras de conservação e valorização geral promovidas pela DGEMN. Estas intervenções devolveram-lhe as suas funções de culto. Apesar de ter estado quase um século votada ao abandono e sem cobertura, ainda são visíveis grandes vestígios de revestimento com pintura a fresco na nave e capela-mor. Apresenta nalgumas pedras das fachadas cruzes de sagração esculpidas como a existente no portal meridional. Observando-se com pormenor a fachada principal, verifica-se que a sua axialidade não é perfeita, pois a sineira não está exactamente no eixo da porta e janela.
Número IPA Antigo: PT011303330020
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Igreja de planta longitudinal, composta por nave única rectangular e capela-mor quadrada de menores dimensões e mais baixa, sacristia adossada à fachada S. da capela-mor, à qual se acede desde o exterior por porta aberta no lado poente. Volumes articulados diferenciados, com empenas triangulares e coberturas em telhado de duas águas com excepção da sacristia que apresenta cobertura plana de material metálico. A fachada principal em alvenaria de pedra com aparelho à vista encontra-se orientada a O., rematada superiormente por cornija saliente e sineira de duas águas ao centro e arco de volta perfeita sobrepujada por pequena cruz grega. Destaca-se nesta fachada ao centro, pequeno vão em arco pleno e porta de verga recta encimada por tímpano liso e arco de volta perfeita. As fachadas laterais caracterizam-se superiormente por cornija contínua de secção ligeiramente côncava, apoiada em modilhões predominantemente lisos, apresentando alguns, decoração simples com moldura ou com rolos, e ostentam duas estreitas frestas de arco pleno, uma de cada lado. A fachada S. apresenta vão de verga recta de acesso ao coro alto e portal de arco ligeiramente apontado, tímpano liso com cruz inscrita. Como vestígios de um alpendre desaparecido a fachada sul conserva ainda quatro cachorros salientes e pingadouro interrompido pelo vão de acesso ao coro aberto posteriormente. A capela-mor, na fachada voltada a Nascente apresenta vestígios de uma esguia fresta, actualmente entaipada, e o no coroamento das empenas apresenta cruz latina. A sacristia apresenta cobertura plana, porta pivotante, rectangular simples, na parede voltada a O. e na face S. uma pequena janela de remate em arco abatido. A ligação com o interior da igreja faz-se pela porta existente na parede sul da capela-mor. No INTERIOR apresenta dois níveis de pavimento em lajes de granito revestidas com soalho de madeira na sacristia e nave, sendo significativamente mais elevado na capela-mor, determinando a existência de 3 degraus no vão do arco triunfal. Na nave, lado da Epistola surge uma capela de arco pleno, onde existiu um altar. A existência de cavidades de encaixe de vigas de suporte nas paredes laterais na nave, denunciam a existência de um coro alto actualmente desaparecido. Capela-mor com supedâneo de granito e soco saliente a contornar a parede fundeira e laterais. A presença de pintura a fresco estende-se pela totalidade da parede fundeira da capela-mor e em metade das paredes adjacentes, e na nave no final das paredes laterais junto à parede do Arco Triunfal.

Acessos

EN 15 entre Penafiel / Lixa, desviando para vias municipais CM 1190 e EM 564 em direcção a Vila Verde / Airães, Serrinha, Lugar de S. Mamede

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 740-DU/2012, DR, 2.ª série, n.º 248 de 24 dezembro 2012

Enquadramento

Urbano, isolado. Implantado a meia encosta de uma elevação montanhosa, numa cota superior em relação à via pública que lhe dá acesso, da qual dista cerca de 20 metros, com desnível vencido por escadaria de granito, rematada por passeio que circunda todo o perímetro exterior, e adro igualmente de granito defronte do alçado principal. Apresenta orientação O./E. e uma envolvência marcada a Norte e a Nascente por arruamentos e loteamentos de habitações unifamiliares de grande volumetria e a Sul pela ruína da antiga casa paroquial e edifícios anexos*1 adaptados a sanitários públicos.

Descrição Complementar

PINTURAS MURAIS na capela-mor A parte superior preenchida por composição decorativa de elementos vegetalistas que envolvem um escudo de armas central. A parte inferior é dividida em três áreas verticais com representação em cada uma delas, do lado esquerdo a imagem de São Bento (?), do lado direito a imagem de São Bernardo (?) e ao centro possivelmente a imagem de São Mamede, o padroeiro. Todos estes elementos são rematados por moldura em forma de barra com enrolamento. As paredes laterais da capela-mor encontram-se decoradas por motivos estampilhados. Os paramentos da nave apresentam na zona superior e inferior, pintura decorativa de padrão repetitivo de quadrifólios a vermelho e ocre. Na zona inferior do lado direito apresenta um pequeno fragmento de barras verticais coloridas divididas por traço negro de época anterior aos quadrifólios. Os sarcófagos trapezoidais, em granito, que ladeiam exteriormente a porta principal pertenceram provavelmente aos fundadores da igreja, Martim Anes e sua irmã Maria Anes.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: Igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 13 (conjectural) / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUEOLOGIA: Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho (2005). ARQUITETURA: Miguel Malheiro (2005/2007); COORDENAÇÃO DO PROJETO E DAS INTERVENÇÕES: DGEMN; CONSTRUTORA: Augusto de Oliveira Ferreira (2005/2007); ENGENHARIA CIVIL: Duarte Pereira Vieira; ENGENHARIA ELETROTÉCNICA: Alfredo Carvalho; ESTABILIDADE: FEUP; INTERVENÇÃO NAS PINTURAS MURAIS: Mural da História; RESTAURO IMAGINÁRIA: Artur Jaime Duarte.

Cronologia

1258 - Segundo as inquirições, a igreja de São Mamede foi deixada em testamento por D. Mendo de Sousa ao Mosteiro de Pombeiro; séc. 13 - construção da igreja; 1301, 20 fevereiro - doação da Quinta de Vila Verde ao Mosteiro de Pombeiro, por Martim Anes e sua irmã Maria Anes; séc. 16 - remodelação interior com execução pinturas a fresco, altar lateral, coro-alto, janelas e arco triunfal; séc. 18 - execução da sacristia; 1758, 02 maio - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco António de Andrade Pacheco, é referido que a Igreja, dedicada a São Mamede, tem quatro altares, o mor, o do Santíssimo Nome de Jesus, o de Nossa Senhora da Graça e o de Santo António; tem as confrarias do Nome de Deus e de Nossa Senhora, tutelada pelo Provedor da Comarca de Guimarães; o pároco é vigário, apresentado pelo Mosteiro de Pombeiro e tem de côngrua 10$000, dois alqueires de trigo, dois almudes de vinho e $600 de lavagem, que paga o rendeiro; com os frutos do passal, recebe, anualmente, cerca de 27 a 28$000; 1866 - construção da nova igreja paroquial de Vila Verde e abandono da antiga; 1883 - já era referida como ruína; séc. 20, década de 40 - trasladação de enterramentos para o novo cemitério da freguesia; 2004 / 2007 - leitura estratigráfica de alçados e escavações arqueológicas pela Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho na capela-mor e nave, obras de conservação e valorização geral do imóvel, adaptação do anexo a sanitários públicos, arranjos exteriores e envolventes; 2007, 27 de dezembro - abertura do processo relativo à classificação por despacho da Subdiretora Geral do IGESPAR; 2011, 30 de março - proposta da DRCNorte para a classificação como MIP e definição de ZEP; 19 de dezembro - parecer favorável da SPAA do Conselho Nacional de Cultura; 2012, 28 setembro - publicação do projeto de decisão relativo à classificação como Monumento de Interesse Público e fixação da respetiva Zona Especial de Proteção do edifício, em Anúncio n.º 13492/2012, DR, 2.ª série, n.º 189.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Paredes exteriores de alvenaria de granito aparente no exterior e rebocadas no interior; revestimento do pavimento em lajeado de granito revestido a madeira de castanho nacional na nave e sacristia; vãos das janelas e frestas com vidro simples, caixilhos de ferro e portas de madeira; estrutura do telhado de madeira maciça, com assentamento de telhas cerâmicas na nave e capela-mor, e em chapa de aço Corten-A previamente decapado na sacristia; forros em madeira de castanho.

Bibliografia

CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique e BORRALHEIRO, Rogério, As freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758 - Memórias, História e Património, Braga, Universidade do Minho, 2000; FERNANDES, M. António, Felgueiras de Ontem e de Hoje, Braga, 1989; LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Lisboa, 1873, vol. 11º; MALHEIRO, Miguel, CAETANO, Joaquim Inácio, FONTES, Luís, COSTA, Aníbal, São Mamede de Vila Verde, Construir uma Igreja com as suas pedras, Centro de Estudos do Românico e do Território, Rota do Românico, 2011.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DREMN, Divisão Monumentos

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DREMN, Divisão Monumentos; DGEMN: DSID

Documentação Administrativa

ADB: Colecção cronológica, caixa 4, fls 198, 199; AN/TT: Num. 1527 (Vide: Braamcamp 1905, 258); PHM - Inquisitiones 1220, 72, 165, 208, Inquisitiones 1258, 557; CMF: Divisão de Urbanismo; IHRU: DGEMN/DREMN, Arquivo Divisão Monumentos, caixa 2507-34/1, 3231,3249, 3252, 3327, 3350, 3376, 3377, 3378, 3379, 3380, 3381; RELATÒRIOS: CAETANO, Joaquim (Mural da História), Igreja Velha de São Mamede de Vila Verde - Estudo e Intervenção nos Rebocos Interiores com Decoração a Fresco, DREMN, 2004; Unidade de Arqueologia, Igreja Velha de São Mamede de Vila Verde, Trabalhos de Arqueologia - Escavações na Capela-mor, DREMN, 2005; CAETANO, Joaquim (Mural da História), Igreja Velha de São Mamede de Vila Verde, Obras de Conservação e Valorização Geral da Igreja, 3ª fase - Restauro das Pinturas Murais, DREMN, 2006; MALHEIRO, Miguel (Coord.), Estudo de Valorização e Salvaguarda das Envolventes aos Monumentos da Rota do Românico do Vale do Sousa, 2ª fase - Diagnóstico, Conclusão e Conclusão Final, 3 vol., DREMN, 2006

Intervenção Realizada

1999 / 2000 - Execução das redes de abastecimento e saneamento do loteamento (instalação de uma conduta do lado S. da igreja); DGEMN: 2004 - análise estratigráfica de alçados e interpretação da evolução arquitectónica do monumento; estudo e intervenção nos rebocos interiores com decoração a fresco; 2005 - escavações arqueológicas na capela-mor; obras de conservação e valorização geral da Igreja, 1ª fase (realização de cobertura, execução de portas exteriores e demais caixilhos para fechos dos vãos que comunicam com o exterior, execução de drenagem perimetral à igreja com vazamento das águas pluviais e freáticas para uma trincheira drenante a executar no logradouro fronteiro ao imóvel, pavimento da escadaria exterior e passeios circundantes a executar com lajeado de granito, consolidação de paredes exteriores com colmatação das juntas da alvenaria de granito; 2006 - obras de conservação e valorização geral da Igreja, 2ª fase; obras de conservação e valorização geral da igreja - 3ª. fase, restauro de pinturas murais; 2007 - obras de conservação e valorização geral da Igreja, 4ª fase - adaptação de anexo a sanitários públicos e arranjos exteriores envolventes; obras de conservação e valorização geral da igreja, 5ª fase - organização do espaço de celebração e iluminação interior; 2008 - arranjos exteriores envolventes ao conjunto arquitectónico.

Observações

A igreja Velha de São Mamede de Vila verde foi um dos imóveis abrangidos pelo Estudo, Valorização e Salvaguarda dos Monumentos, respectivas envolventes e edifícios de apoio, integrados na "Rota do Românico do Vale do Sousa", promovido pela Comunidade Urbana do Vale do Sousa em cooperação com outras entidades como a DGEMN / DREMN. Da referida rota para além da Igreja de São Mamede de Vila Verde, fazem parte ainda, os 20 imóveis a seguir descritos: Igreja de São Miguel de Estre-os-Rios (v. PT01131100010), Igreja de Gândara (v. PT011311040009), Igreja de São Gens de Boelhe (v. PT011311020008), Igreja de Abragão (v. PT011311010015), Memorial da Ermida (v. PT011311150005), Capela da Senhora do Vale (v. PT011310080004), Igreja de São Pedro de Ferreira (v. PT011309050001), Ponte de Espindo (v. PT011305130009), Ponte de Vilela (v. PT011305020004), Torre de Vilar (v. PT011305260005), Igreja de Santa Maria de Airães (v. PT011303020007), Igreja Matriz de Unhão (v. PT011303280004), Igreja de São Vicente de Sousa (v. PT011303260008), Igreja de Cête (v. PT011310080001), Igreja Matriz de Meinedo (v. PT011305130002), Mosteiro de Pombeiro (v. PT011303150001) Monumento Funerário do Sobrado (v. PT010106090003) e Restos da Torre de Aguiar de Sousa (v. PT011310010012). *1 - Este conjunto arquitectónico, que constituía juntamente com a igreja um conjunto arruinado durante mais de um século, foi também objecto de recuperação e conservação, tendo sido criados sanitários públicos no edifício anexo, outrora corte de gado e a casa do padre ainda em ruína, foi objecto de obras de conservação e consolidada e será convertida em centro paroquial em intervenções futuras.

Autor e Data

Isabel Sereno 2001 / Ana Filipe 2008

Actualização

Ana Filipe 2011
 
 
 
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