Capela de Nossa Senhora da Piedade / Capela dos Mareantes

IPA.00015629
Portugal, Porto, Vila Nova de Gaia, União das freguesias de Santa Marinha e São Pedro da Afurada
 
Capela seiscentista, com intervenções no séc. 18 e 19, altura em que se introduziram elementos de património integrado. É de estilo maneirista, de planta retangular simples, de espaço único, com cobertura em abóbada de caixotões, escassamente iluminada por óculos nas empenas e pelas janelas em capialço da fachada principal. A fachada principal remata em frontão triangular com os vãos rasgados em três eixos, formados pelo portal, rematado em nicho encimado por frontão, e pelos postigos. As fachadas estão flanqueadas por cunhais apilastrados e rematam em cornijas. Interior com coro-alto de feitura oitocentista, com acesso pelo interior, púlpito no lado do Evangelho, desativado. Sobre supedâneo em lajeado, o retábulo-mor de feitura mais recente, enquadrado por estrutura arquitetónica maneirista. O retábulo lateral é de talha neoclássica. O interior tem revestimento de azulejo de padrão policromo seiscentista, com apontamentos de talha barroca joanina, nas sanefas, destacando-se as bandeiras da porta da retro-sacristia, espelhadas, refletindo a luz no interior. A fachada principal é revestida de azulejo de padrão seiscentista, reaproveitado e com deficiências de aplicação.
Número IPA Antigo: PT011317160047
 
Registo visualizado 209 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta retangular simples, composta por nave e sacristia adossada à fachada posterior, de volumes articulados e coberturas diferenciadas em telhados de duas e três águas. Fachadas em alvenaria de granito aparente, com as juntas pintadas de branco, exceto na principal, revestida a azulejo de padrão policromo, e exceto no corpo da sacristia, com as fachadas rebocas e pintadas de branco; no templo, as fachadas são percorridas por socos em alvenaria de granito, flanqueadas por cunhais apilastrados, firmados por pináculos piramidais na principal, e rematadas por cornijas. Fachada principal virada a nordeste rematada por frontão triangular com cruz no vértice e vazado por óculo circular; é rasgada por portal de verga reta, com moldura de cantaria e ladeado por meias pilastras que sustentam cornija firmada por pináculos e volutas, que centram nicho envidraçado, com imaginária, rematado por frontão triangular; o portal está ladeado por postigos em capialço, protegidas por grades de ferro e envolvidas por molduras de cantaria. Fachada lateral esquerda adossada e a fachada lateral direita está virada a um caminho vedado, tendo no extremo esquerdo da nave, sineira de volta perfeita, rematada por friso e assente em pilastras, com vestígios da antiga cruz no topo. O corpo da sacristia é rasgado por pequena porta e janela de peitoril. Fachada posterior, marcada pela sacristia, rematada em empena reta, rasgada por portal de verga reta e, sobrepostas, duas janelas, uma jacente e uma de peitoril, todas protegidas por grades; sobre esta, é visível o remate em empena da nave, com cruz latina sobre plinto no vértice e rasgada por óculo circular. INTERIOR com paredes laterais e fundeira totalmente revestidas a azulejo de padrão policromo, formando painéis envolvidos por barras e frisos de entrelaçados, tendo cobertura em abóbada de caixotões, de granito aparelhado, com florões de talha dourada nos ângulos, e pavimento em ladrilho cerâmico. Coro-alto de madeira, com guarda de falsos balaústres e acesso por escadas de madeira no lado da Epístola. A ladear o portal axial, pia de água benta em cantaria de granito, embutida no muro e de bordo boleado. No lado do Evangelho, a mísula e bacia em cantaria do antigo púlpito, sobre o qual se ergue sanefa de talha dourada, composta por cornija, rocalhas, fragmentos de frontão invertidos. No lado oposto, capela retabular lateral, dedicada a Nossa Senhora das Dores e ao Crucificado. Sobre supedâneo em lajeado de granito, uma mesa de altar em madeira e ambão de talha dourada. Na parede testeira, um retábulo de talha pintada de branco e dourado, envolvida por arco em cantaria, com seguintes almofadados, flanqueado por pilastras toscanas de fustes almofadadas, encimadas por frisos, cornijas e frontão de lanços, que remata no óculo circular vazado. O retábulo é de corpo plano, com um eixo composto por arquivolta assente em dois apainelados com mísulas com imaginaria; centram amplo nicho de volta perfeita com o fundo adamascado, onde se insere o grupo escultórico de Nossa Senhora da Piedade. Altar em forma de urna, decorado com contas do rosário e pequenas reservas com símbolos da Paixão. Está ladeado por duas portas de acesso à sacristia, com bandeiras espelhadas encimadas por sanefas de talha dourada, composta por duas edículas com acantos e rosetões. Sacristia com pavimento mais elevado que o da nave, e cobertura em teto de estuque, com pequena mesa de madeira, tendo uma área de arrumos e instalações sanitárias.

Acessos

Santa Marinha, Avenida Diogo Leite; Rua da Piedade, n.º 38

Protecção

Em estudo / Incluído na Zona Especial de Proteção do Convento de Corpus Christi (v. IPA.00005341)

Enquadramento

Urbano, fazendo parte da frente ribeirinha de Vila Nova de Gaia, em zona com forte declive, vencido por plataforma artificial que se eleva na zona frontal relativamente à via pública, sendo o acesso feito através de escadaria de lanços convergentes *1. Enquadra-se na malha urbana, pouco se destacando, estando adossado a edifício de habitação multifamiliar de três pisos, tendo a fachada posterior a confrontar com a Rua da Piedade, pela qual se tem acesso ao corpo da sacristia. A oriente, adossa-se a uma construção de três pisos e a ocidente separa-se por um caminho estreito dos edifícios que se sucedem até ao gaveto da Avenida Diogo Leite, o Largo Miguel Bombarda e a Rua da Piedade. No largo, está instalado o Posto de Turismo. Está na proximidade das Caves Calém (v. IPA.00021248) e da Ponte D. Luís (v. IPA.00005548).

Descrição Complementar

O RETÁBULO LATERAL é de talha pintada de branco e dourada, de corpo reto e um eixo definido por duas colunas coríntias assentes em plintos paralelepipédicos, ornados por albarradas, ladeado por apainelado com mísulas contendo imaginária. Ao centro, nicho de volta perfeita e moldura saliente, com seguintes ornados por pequenos rosetões. A estrutura remata em entablamento e frontão semicircular, decorado por resplendor. Altar em forma de urna, decorado por motivos fitomórficos, encimados por sacrário embutido, em forma de caixa com a porta ornada por motivos eucarísticos.

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: capela / Funerária: capela mortuária

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto - Arciprestado de Vila Nova de Gaia - Norte)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 17 - construção da capela; séc. 18 - feitura das sanefas de talha existentes no interior; 1758 - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Jorge Neuel, surge referida a capela como sendo dos fregueses; séc. 19 - feitura do retábulo da capela lateral e introdução da sineira.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Paredes em alvenaria de granito, algumas rebocadas ou revestidas a azulejo tradicional; cobertura interior, supedâneo, pia de água benta, modinaturas, pináculos, cunhais em cantaria de granito; coro-alto, portas, mobiliário e caixilharias em madeira; pavimento em tijoleira vidrada; pavimento da sacristia em cimento pigmentado; cobertura da sacristia em estuque; grades de ferro forjado pintado; coberturas exteriores em telha cerâmica do tipo Marselha.

Bibliografia

ABRANTES, António - «Convento de Santo António do Vale da Piedade», in O Tripeiro. Porto: VI série, ano IX, n.º 7, Julho 1969; DINIS, José - «O Convento de Santo António de Vale de Piedade», in O Tripeiro. Porto: VI série, ano VI, n.º 6, Junho 1966; NOUEL, Vigário Jorge - «Memórias Paroquiais na divisão administrativa do Porto em 1758 - Santa Marinha de Vila Nova de Gaia», in O Tripeiro. Porto: VI série, ano IV, n.º 10, Outubro 1964; PACHECO, Helder - O Grande Porto. Lisboa: Editorial Presença, 1986.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA, DGEMN/DSID; Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20, década 90 - colocação da tijoleira na capela, pintura na sala das traseiras da mesma; remoção do reboco da fachada lateral da capela.

Observações

*1 - tradicionalmente, refere-se que, quando não havia hospital, por baixo da capela existiria uma albergaria / hospital para recolhimento de doentes. No entanto, dadas as consecutivas cheias do Douro este espaço terá sido entulhado.

Autor e Data

Paula Figueiredo 2016 (no âmbito da parceria DGPC / Diocese do Porto)

Actualização

 
 
 
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