|
|
|
Edifício e estrutura Edifício Residencial unifamiliar Casa
|
Descrição
|
| Conjunto de duas casas, de planta longitudinal alongada com logradouro. Volumes simples associados com coberturas em telhado de quatro águas. A fachada principal, orientada a N., e a lateral a E. apresentam embasamento rebocado, são revestidas a diversos tipos de azulejo, encaixados entre frisos, molduras ou apontamentos de reboco. O alçado da R. Conselheiro Veloso da Cruz, encaixado entre molduras e registos horizontais de reboco, apresenta ao nível do 1º piso para cada prédio uma porta principal ao eixo, ladeada por uma janela de duas folhas, alinhadas com três janelas no 2º piso. Todos estes vãos em arco de ferradura, onde se insere uma abertura tipo rosácea metálica, sobre caixilho de madeira, é emoldurada por arcos em ogiva em reboco contornados por grandes azulejos relevados. As ombreiras dos vãos inferiores e do último piso, no primeiro piso conjugam encaixados em molduras rebocadas painéis de tijolo cerâmico vidrado liso, de cor única e nos segundos azulejos relevados, azuis, brancos e amarelos. A parte inferior das janelas é verdadeiramente distinta, pois também nas do 1º piso misturam-se azulejos rectangulares facetados azuis e amarelos e no 2º piso associam-se painéis relevados, com predominância dos castanhos. A fachada lateral marcada por quatro vãos alinhados e distribuídos regularmente, repete o mesmo tipo de vãos, com os mesmos tipo de azulejos. A rematar superiormente estas duas fachadas de rua, uma cornija ritmada por uma sucessão de elementos cerâmicos denteados vidrados, intercalados por uma platibanda rebocada encimada por uma outra sucessão de elementos em tijolo vidrado tipo ameias. A fachada posterior rebocada é marcada por uma varanda saliente com escadarias nos extremos de acesso ao 2º piso, vãos alinhados e beiral saliente. No INTERIOR, a casa ligeiramente elevada relativamente à rua apresenta um hall com uma escadaria de acesso a um corredor central que se prolonga até às traseiras, ladeado por uma sequência de compartimentos. Todos os espaços, à excepção da cozinha são soalhados e apresentam uma caracterização simples e despojada, com rodapés e portas almofadadas pintadas. As habitações do 1ºpiso relacionam-se nas traseiras para um pátio empedrado, que confronta com um logradouro com um corpo de duas garagens. O acesso à habitação do 2º piso faz-se pelo logradouro através do nº18 da R. de Almeida Costa. |
Acessos
|
| Santa Marinha, Rua Conselheiro Veloso da Cruz, n.º 318 a 326; Rua de Almeida Costa, n.º 18 |
Protecção
|
| Inexistente |
Enquadramento
|
| Urbano, de gaveto. e adossado a O. a edifícios térreos. Para S. na Rua de Almeida Costa, adossada aos logradouros, insere-se num plano recuado uma frente de edifícios contemporâneos de quatro pisos. Os lotes associados, com logradouro fazem parte do quarteirão a E. do núcleo fabril, definido pelas ruas: a N. a Rua Conselheiro Veloso da Cruz, a O. Rua Mouzinho de Albuquerque, a S. e E. Rua de Almeida Costa. Destacam-se na rua pelo tratamento das fachadas e cornija cerâmica ameada. Nas proximidades, localiza-se a casa onde nasceu Mestre Teixeira Lopes. |
Descrição Complementar
|
| |
Utilização Inicial
|
| Residencial: casa |
Utilização Actual
|
| Residencial: casa |
Propriedade
|
| Privada: Misericórdia |
Afectação
|
| Sem afectação |
Época Construção
|
| Séc. 20 (conjectural) |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
| Desconhecido |
Cronologia
|
| 1832 - Nasce António de Almeida Costa; 1860 - António A. Costa, vem de S. Domingos de Rana, Cascais, para o Porto e abre uma oficina de mármores; 1863 - António Costa executou o pedestal de D.Pedro V, na Pç. da Batalha *2; 1865 - fundação da Fábrica de Cerâmica das Devesas por António Almeida Costa *3; 1881 - trabalhavam na fábrica 180 pessoas; 1884 - a fábrica das Devesas cede dependências para o funcionamento da escola de Desenho Industrial "Passos Manuel" *4;1886 - é aberta uma filial em Pampilhosa do Botão; 1887 - a fábrica das Devesas já empregava 700 funcionários; 31 Agosto - a escola deixa a Fábrica e passa a funcionar no Edifício das Escolas Paroquiais de Gaia; Séc. 19 - construção do bairro dos contramestres *5; construção do bairro operário; 1899, 17 Agosto - requerida licença de construção do edifício depósito-mostruário no Porto por António de Almeida Costa & Cª; 31 Agosto - concedida a licença de construção; Séc. 20 - Provável construção do conj. habitacional do gav. da R. Visconde das Devesas e R. de António Almeida Costa; 1901 - construção do edifício/depósito; 1908 - visita à Fábrica das Devesas do rei D. Manuel II; 1909, 23 Abril - José Joaquim Teixeira Lopes retira-se da sociedade; 1910 - publicação do Catálogo da Fábrica Cerâmica e de Fundição das Devesas; 1915, 7 Novembro- no seu palacete morre António Almeida e Costa *6; 1918 - data do 1º arrendamento do conj. habitacional do gav. da R. Visconde das Devesas e R. de António Almeida Costa; 1937, 16 Julho - a Comissão Administrativa, transfere para a Misericórdia de Gaia a administração do Asilo António de Almeida Costa e Creche D. Emília de Jesus Costa; 1938, 1 Janeiro - formaliza-se a transferência para a Misericórdia de Gaia *7; Anos 60 - subdivisão da casa da esquina em duas habitações e construção das garagens |
Dados Técnicos
|
| Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
|
| Paredes exteriores em alvenaria de tijolo maciço revestidas a reboco ou elementos cerâmicos; cobertura em estrutura de madeira revestida a telha marselha; paredes interiores estucadas; tectos estucados; pavimento em estrutura de madeira forrada a soalho; caixilharias de ferro e madeira pintadas; platibanda e cornija com elementos de tijolo cerâmico vidrado |
Bibliografia
|
| Fábrica Cerâmica e de Fundição das Devesas, António Almeida da Costa & Cª. , Vila Nova de Gaia, Catálogo, Real Typ. Limt. Lusitana, Gaya - Porto, 1910; LOPES, A. Teixeira, Ao correr da pena. Memórias de uma vida..., Vila Nova de Gaia 1968; VILA, Romero, A Fábrica do Costa das Devesas, in Amigos de Gaia, Vila Nova de Gaia, Maio 1979, pags. 5 a 10 ; 1ª Exposição de Cerâmica de Gaia, Catálogo da Exposição Temporária, Amigos de Gaia com Casa-museu Teixeira Lopes, 1979; SILVA, Germano, Vitória, Porto 1995; CORDEIRO, José Manuel, As Fábricas portuenses e a produção de azulejos de fachada (Sécs XIX - XX), in Azulejos no Porto, Catálogo da Exposição Temporária - Mercado Ferreira Borges, Câmara Municipal do Porto, Porto, 1996; LUÍS, Agustina Bessa, O Porto em vários sentidos, Lisboa 1998; SILVA, Francisco, A Misericórdia de Vila Nova de Gaia, 1929-1999, Porto 1999. |
Documentação Gráfica
|
| SCMVNG: AH |
Documentação Fotográfica
|
| DGEMN:DSID, SIPA; SCMVNG: AH |
Documentação Administrativa
|
| SCMVNG: AH; DGEMN:DSID |
Intervenção Realizada
|
| SCMVNG: Anos 60 - Transformação da casa da esquina em duas habitações, construção das garagens e subdivisão dos logradouros; Inquilino: 1998/99 - reparação da porta de entrada. |
Observações
|
| *1 - A Fábrica de Cerâmica das Devesas, fundada por António Almeida da Costa possuía incorporada na mesma uma Fundição. Esta Fundição além da produção de artefactos de ferro produzia as máquinas ligadas à produção cerâmica. O sócio de António Almeida e Costa era o Mestre José Joaquim Teixeira Lopes, Mestre de Escultura Cerâmica. A sua formação vinha da Escola de Belas Artes do Porto e da Escola Imperial de Paris. A unidade industrial das Devesas, assim como a do Carvalhinho e a de Massarelos estão ligadas à produção de "azulejo de relevo". Inicialmente era conhecida pela Fábrica A. A. Costa & Cª., depois Fábrica Cerâmica e Fundição das Devesas e posteriormente Companhia Cerâmica das Devesas. Deve-se à Fábrica das Devesas a introdução em Portugal da telha marselha. A ela estiveram ligados grandes artistas cerâmicos, como Teixeira Lopes (pai), Teixeira Lopes, Oliveira Ferreira, Diogo Macedo, Sousa Caldas, Henrique Moreira e etc. Na sua produção, além do fabrico de azulejos relevados, louça artística comum, ferros forjados e fundidos, mosaicos de pavimento distinguiu-se na reprodução de obras da Escola de Gaia, nomeadamente estatuária e painéis decorativos. Dada a importância da Fábrica das Devesas e sendo o Porto um centro de comércio por excelência é construído este edifício na R. D. Carlos I (actual R. José Falcão) como casa-depósito dos materiais produzidos para mostruário e comercialização dos mesmos. *2 - da autoria de Mestre Teixeira Lopes (pai); *3 - estabelecida em Vila Nova de Gaia em 1865, constituía na época uma das maiores e mais bem equipadas unidades fabris no género na Península Ibérica *4 - após o decreto de 6 de Maio de 1884 foram decretadas treze escolas de desenho industrial, uma delas em Gaia; *5 - a data inscrita na placa de ferro de "1875", poderá anunciar a data de construção; *6 - no testamento " depois de dispor algumas verbas a favor de familiares e de instituições e entidades diversas, legou o remanescente da sua grande fortuna - terrenos, prédios, etc. - ao Asilo António de Almeida Costa e Creche D. Emília de Jesus Costa (nome da sua falecida esposa), cujo funcionamento confiou ás creches de Santa Marinha, designando uma Comissão administrativa, para que se encarregasse da respectiva administração, e conferindo à mesma o direito de, se tal se mostrasse aconselhável e conveniente, transferir a direcção e manutenção do Asilo e da Creche para quem melhor pudesse garantir o seu bom funcionamento."; *7 - " ficando desde então todos os valores da herança assim como o funcionamento do Asilo (actual Lar António de Almeida Costa) e da Creche D. Emília de Jesus Costa a cargo da Misericórdia..."; *8 - caixilharias das janelas empenadas e degradação das portas de entrada e dos rebocos de algumas molduras; *9 - restauro e fixação do vidrado de alguns elementos cerâmicos e substituição de alguns azulejos em falta. |
Autor e Data
|
| Isabel Sereno 2000 |
Actualização
|
| |
| |
| |
|
|
| |