Bairro Operário da Fábrica de Cerâmica das Devesas

IPA.00015623
Portugal, Porto, Vila Nova de Gaia, União das freguesias de Santa Marinha e São Pedro da Afurada
 
Conjunto arquitetónico residencial unifamiliar. Habitação económica de promoção privada. Conjunto operário de média dimensão, composto por casas unifamiliares banda térreas com logradouro no tardoz, e fachada principal orientada para a rua.
Número IPA Antigo: PT011317160039
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico   Edifício  Residencial unifamiliar  Habitação económica  Promoção privada (Fábrica de Cerâmica das Devesas)  Bairro operário

Descrição

Grupo de casas em banda, constituído pela associação de quatro casas com logradouro, geminadas duas a duas. Volumes articulados de acordo com os módulos, com coberturas em telhado de duas águas, de onde se erguem pontualmente ao eixo águas furtadas de cobertura de duas águas. A fachada principal, orientada a O., de embasamento rebocado e totalmente revestida a azulejo padrão, é marcada pela associação de duas portas de entrada, separadas por uma coluna de ferro fundido e emolduradas por elementos em tijolo cerâmico vidrado, amarelado e raiado. A ladear cada conjunto de portas, uma janela rectangular de duas folhas com a mesma moldura. Superiormente uma cornija cerâmica denteada serve de apoio a beiral saliente. A fachada posterior rebocada é caracterizada por acrescentos diversos adossados, e por algumas águas furtadas salientes da cobertura. O alçado de topo, orientado a S. rebocado e de empena triangular, com beiral saliente apresenta apenas duas aberturas, uma ao nível do 1º piso e outra ao eixo para iluminação do vão do telhado. No INTERIOR, a casa ligeiramente desnivelada abre-se para uma entrada com pequena escadaria e corredor de acesso aos diferentes compartimentos, de caracterização simples e despojada. A maioria das casas fazem aproveitamento do vão do telhado.

Acessos

Rua Mouzinho de Albuquerque, n.º 59 - 153

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, confronta e faz frente para o quarteirão das oficinas do núcleo da antiga Fábrica das Devesas *1, limitado a N. pela R. Conselheiro Veloso da Cruz, a O. pela R. Alexandre Borges e a E. pela R. Mouzinho de Albuquerque. Localiza-se a nascente deste núcleo fabril. Este conjunto de casas iguais adaptado à topografia do terreno, com logradouro murado nas traseiras, apresenta uma fachada de topo que faz gaveto a S. com a R. Almeida Costa. Nas traseiras do lote um caminho de serventia do conjunto, proporciona uma entrada secundária, de serviço, directamente para o logradouro. Este caminho, é fechado por um portão metálico na R. de Almeida Costa. Sobre os telhados da casa, ergue-se ao longe a Casa do Costa. Este conjunto em banda situa-se nas proximidades do centro histórico de Gaia e da estação de caminho de ferro das Devesas.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

1860 - António A. Costa (1932-1915), vem de S. Domingos de Rana, Cascais, para o Porto e abre uma oficina de mármores; 1863 - execução, por António Costa, do pedestal de D. Pedro V, na Praça da Batalha *3; 1865 - fundação da Fábrica de Cerâmica das Devesas por António Almeida Costa; 1881 - trabalhavam na fábrica 180 pessoas; 1884 - a fábrica das Devesas cede dependências para o funcionamento da escola de Desenho Industrial "Passos Manuel" *4; 1886 - abertura de uma filial em Pampilhosa do Botão; 1887 - a fábrica das Devesas já empregava 700 funcionários; 31 agosto - a escola passa a funcionar no edifício das Escolas Paroquiais de Gaia; séc. 19 - construção do bairro operário das Devesas; 1899, 17 agosto - requerida licença de construção do edifício depósito - mostruário no Porto por António de Almeida Costa & Companhia; 31 agosto - concedida a licença de construção; 1901 - construção do edifício depósito; 1908 - visita à Fábrica das Devesas por D. Manuel II; 1909, 23 abril - José Joaquim Teixeira Lopes retira-se da sociedade; 1910 - publicação do Catálogo da Fábrica Cerâmica e de Fundição das Devesas; 1937, 16 Jjulho - a Comissão Administrativa, transfere para a Misericórdia de Gaia a administração do Asilo António de Almeida Costa e Creche D. Emília de Jesus Costa; 1938, 1 janeiro - formaliza-se a transferência para a Misericórdia de Gaia *6; 1985 - demolição da fundição em ruína, propriedade da Misericórdia, localizada nas traseiras do bairro operário; 2013, 17 julho - publicação da abertura do procedimento de classificação do Complexo da Fábrica das Devesas, em Anúncio n.º 251/2013, DR, 2.ª série, n.º 136; 2015, 29 maio - publicação do Anúncio n.º 137/2015 relativo à caducidade de classificação do Complexo da Fábrica de Cerâmica e de Fundição das Devesas, em DR 2.ª série, n.º 104.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Paredes exteriores em alvenaria de tijolo maciço revestidas a reboco ou elementos cerâmicos; cobertura em estrutura de madeira revestida a telha marselha e/ou em lage aligeirada revestida a telha marselha; paredes interiores estucadas; tectos estucados; pavimento em estrutura de madeira forrada a soalho; caixilharias de madeira pintadas; cornija em tijolo cerâmico vidrado

Bibliografia

Fábrica Cerâmica e de Fundição das Devesas, António Almeida da Costa & Cª., Vila Nova de Gaia, Catálogo, Real Typ. Limt. Lusitana, Gaya - Porto, 1910; LOPES, A. Teixeira, Ao correr da pena. Memórias de uma vida..., Vila Nova de Gaia 1968; VILA, Romero, A Fábrica do Costa das Devesas, in Amigos de Gaia, Vila Nova de Gaia, Maio 1979, pags. 5 a 10 ; 1ª Exposição de Cerâmica de Gaia, Catálogo da Exposição Temporária, Amigos de Gaia com Casa -museu Teixeira Lopes, 1979; SILVA, Germano, Vitória, Porto 1995; CORDEIRO, José Manuel, As Fábricas portuenses e a produção de azulejos de fachada (Sécs XIX - XX), in Azulejos no Porto, Catálogo da Exposição Temporária- Mercado Ferreira Borges, Câmara Municipal do Porto, Porto, 1996; LUÍS, Agustina Bessa, O Porto em vários sentidos, Lisboa 1998; SILVA, Francisco, A Misericórdia de Vila Nova de Gaia, 1929-1999, Porto 1999

Documentação Gráfica

SCMVNG: AH

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; SCMVNG: AH

Documentação Administrativa

SCMVNG: AH; IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

SCMVNG: Anos 90 - Substituição das coberturas e caixilhos; CMVNG: Anos 90 - Substituição do revestimento dos passeios da R. Mouzinho de Albuquerque *

Observações

*1 - Incluído no "Conjunto da Fábrica de Cerâmica das Devesas, incluindo núcleo fabril 1, núcleo fabril 2, Casa António Almeida da Costa, Bairro dos Operários, Bairro dos Contramestres, Creche Emília de Jesus Costa, Asilo António Almeida da Costa, Conjunto Habitacional e Depósito de Materiais do Porto (R. José Falcão e R. da Conceição)". A Fábrica de Cerâmica das Devesas, fundada por António Almeida da Costa possuía incorporada na mesma uma Fundição. Esta Fundição além da produção de artefactos de ferro produzia as máquinas ligadas à produção cerâmica. O sócio de António Almeida e Costa era o Mestre José Joaquim Teixeira Lopes, Mestre de Escultura Cerâmica. A sua formação vinha da Escola de Belas Artes do Porto e da Escola Imperial de Paris. A unidade industrial das Devesas, assim como a do Carvalhinho e a de Massarelos estão ligadas à produção de "azulejo de relevo". Inicialmente era conhecida pela Fábrica A. A. Costa & Cª., depois Fábrica Cerâmica e Fundição das Devesas e posteriormente Companhia Cerâmica das Devesas. Deve-se à Fábrica das Devesas a introdução em Portugal da telha marselha. A ela estiveram ligados grandes artistas cerâmicos, como Teixeira Lopes (pai), Teixeira Lopes, Oliveira Ferreira, Diogo Macedo, Sousa Caldas, Henrique Moreira e etc. Na sua produção, além do fabrico de azulejos relevados, louça artística comum, ferros forjados e fundidos, mosaicos de pavimento distinguiu-se na reprodução de obras da Escola de Gaia, nomeadamente estatuária e painéis decorativos. Dada a importância da Fábrica das Devesas e sendo o Porto um centro de comércio por excelência é construído este edifício na R. D. Carlos I (actual R. José Falcão) como casa-depósito dos materiais produzidos para mostruário e comercialização dos mesmos. *2 - estabelecida em Vila Nova de Gaia em 1865, constituía na época uma das maiores e mais bem equipadas unidades fabris no género na Península Ibérica; *3 - o nº 153; *4 - da autoria de Mestre Teixeira Lopes (pai); *5 - no testamento " depois de dispor algumas verbas a favor de familiares e de instituições e entidades diversas, legou o remanescente da sua grande fortuna - terrenos, prédios, etc. - ao Asilo António de Almeida Costa e Creche D. Emília de Jesus Costa (nome da sua falecida esposa), cujo funcionamento confiou ás creches de Santa Marinha, designando uma Comissão administrativa, para que se encarregasse da respectiva administração, e conferindo à mesma o direito de, se tal se mostrasse aconselhável e conveniente, transferir a direcção e manutenção do Asilo e da Creche para quem melhor pudesse garantir o seu bom funcionamento."; *6 - " ficando desde então todos os valores da herança assim como o funcionamento do Asilo (actual Lar António de Almeida Costa) e da Creche D. Emília de Jesus Costa a cargo da Misericórdia..."; *7 - as coberturas cuja estrutura em madeira foi substituída por laje aligeirada; *8 - as coberturas que ainda se mantêm originais; *9 - estes passeios originalmente eram executados em tijolo burro da F.C.D.

Autor e Data

Isabel Sereno 2000

Actualização

Anouk Costa 2014
 
 
 
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