Igreja Paroquial do Lindoso / Igreja de São Mamede

IPA.00015287
Portugal, Viana do Castelo, Ponte da Barca, Lindoso
 
Arquitectura religiosa, maneirista, barroca e novecentista. Igreja paroquial de planta longitudinal composta por nave e capela-mor poligonal, mais baixa e estreita, interiormente com tectos de madeira e iluminado pelos vãos laterais e da fachada principal. Fachada-torre, com esta sensivelmente avançada no exterior e a interromper a empena em que termina a fachada, rasgada por portal em arco de volta perfeita, de fecho saliente, encimado por janela, também em arco, relógio e sineira, em cada uma das faces da torre, e ladeado por frestas de arco. Fachadas laterais rasgadas por janelas de capialço e porta travessa central de verga recta. Interior com coro-alto, púlpito no lado do Evangelho, retábulos laterais e colaterais em talha policroma e dourada, de planta recta e um eixo, com elementos barrocos, e retábulo-mor, de planta recta e três eixos, igualmente barroco.
Número IPA Antigo: PT011606120075
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave única e capela-mor rectangular de remate poligonal, tendo adossado em cada um dos lados da nave corpo de planta poligonal, correspondentes ao baptistério e a capela lateral, e à fachada lateral esquerda sacristia rectangular. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na nave, de três na sacristia e facetadas na capela-mor, baptistério e capela lateral. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, à excepção da fachada principal e da capela-mor, que são de cantaria aparente, com as juntas tomadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de cantaria e terminadas em cornija sobreposta por beiral. Fachada principal virada a SO., terminada em empena interrompida por torre quadrada que integra ao centro, sensivelmente mais avançada, com cunhais sobrepujados por pináculos piramidais sobre plintos paralelepipédicos; no corpo da torre rasga-se o portal, em arco em volta perfeita, de duas aduelas sobre pilastras com chanfro e com chave relevada, sobrepujado por janela em arco de volta perfeita, com peitoril avançado e encimada por cornija, e moldura quadrada integrando relógio do mesmo formato, mas de ângulos cortados; superiormente, corre friso e rasga-se em cada uma das faces sineira em arco de volta perfeita, albergando sino; a torre é coberta por coruchéu piramidal coroado por cruz latina de cantaria. O portal é ladeado por duas frestas em arco de volta perfeita. Fachadas laterais com pilastras nos cunhais posteriores, rasgadas em cada um dos lados por porta travessa, de moldura encimada por pequeno friso, e três janelas rectangulares com capialço, uma outra nos corpos do baptistério e da capela lateral, e duas mais pequenas na capela-mor; na sacristia, abre-se a SO. porta de verga recta, também encimada por friso, na fachada lateral esquerda duas janelas de capialço e na posterior outra porta e janela de igual modinatura. Na capela-mor, abre-se no pano central janela rectangular moldurada com capialço. INTERIOR de paramentos rebocados e pintados de branco percorridos por silhar de granito encimado por um outro de azulejos policromos de padrão recente, tendo pavimento cerâmico demarcando o corredor central e tecto de madeira envernizada, em masseira, com tirantes de ferro. Coro-alto formado por duas ordens sobrepostas de três arcos assentes em pilares, com o central mais alto, sendo os inferiores em volta perfeita e os superiores abatidos; possui guarda em ferro e é acedido por escada desenvolvida no corpo avançado da fachada lateral direita, a partir da qual se desenvolve depois a escada de acesso à torre. No sub-coro, surge pequena pia baptismal, facetada, decorada com pombas. A nave possui junto de cada uma das portas travessas pia de água benta gomada; no lado do Evangelho dispõe-se capela lateral em arco de volta perfeita integrando retábulo de talha policroma a branco, azul, rosa e dourado, e púlpito de bacia rectangular assente em mísula de volutas e com guarda plena em talha policroma a branco, cinzento e dourado, decorada com elementos fitomórficos inseridos em almofada côncava; é acedido por porta de verga recta com escada desenvolvida parcialmente na caixa murária, formando volume ligeiramente avançado, rasgado por porta estreita de verga recta. No lado da Epístola, surgem duas capelas laterais, inseridas em arco de volta perfeita, com retábulos de talha policroma a branco, rosa, azul e dourado, ambos de um eixo; no topo da nave, duas outras capelas laterais, igualmente em arco de volta perfeita com retábulos de talha policroma a branco, cinzento e dourado, também de planta recta e um eixo. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras toscanas. Na capela-mor, sobre supedâneo acedido por três degraus, surge o retábulo-mor de talha policroma a branco, cinzento, rosa e dourado, de planta recta e três eixos, definidos por quatro colunas torsas, decoradas com pâmpanos e fénices, assentes em plintos paralelepipédicos ornados de acantos, e com capitéis coríntios; no eixo central, abre-se tribuna de perfil curvo e boca rendilhada, envolvido por moldura, interiormente pintado de azul e resplendor dourado, integrando pequeno trono expositivo; nos eixos laterais surgem painéis pintados com motivos fitomórficos, possuindo mísulas com imaginária; ático constituído por elementos de talha dourada reaproveitados, surgindo sobre o eixo central florões e querubim encimada por cornija que assenta em consolas laterais, e sobre os eixos laterais florões e elementos fitomórficos volutados. Sotobanco composto pelas portas de acesso à tribuna, decoradas com amplo losango integrando motivos fitomórficos com a mesma disposição, ladeadas por plintos e consolas sobrepostas; altar tipo urna com frontal pintado com flores sobreposto por molduras geométricas, volutas e concheados em talha dourada. Sacrário tipo templete em talha dourada profusamente ornado com motivos vegetalistas, possuindo nos ângulos colunas torsas assentes em plintos, e cúpula gomada. Na sacristia rebocada e pintada, existe lavabo com bica em carranca sobre pia de água benta gomada e, sobre o arcaz uma estrutura retabular com nicho central ladeado pela pintura de São Bento e Santo Amaro.

Acessos

Lugar do Castelo, Largo do Destro

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, isolado, em plena Serra Amarela, a 452 m de altitude. Ergue-se no perímetro exterior imediato do principal núcleo construído da povoação e nas proximidades do castelo do Lindoso (v. PT011606120003), inserida num adro, vedado por muro encimado por gradeamento de ferro, acedido frontalmente por portão do mesmo material, delimitado por pilares encimados por elemento semicircular moldurado. O adro é em terra batida, possuindo, entre o portão e o portal axial, pavimento em lajes de granito; dispõe a O. da antiga pia baptismal, circular, com alguns sulcos relevados dispostos regularmente na vertical, assente em pé circular com moldura superior, e, junto à porta da fachada lateral esquerda, existe sarcófago antropomórfico.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: Uma lápide que surge no lado do Evangelho da capela-mor tem a seguinte inscrição: EM HOMENAGEM AO SNR. MANUEL RIBEIRO GRANDE BENFEITOR DESTA IGREJA 1956. TALHA: Os primeiros retábulos laterais tem estrutura igual, com um eixo definido por duas colunas torsas, ornadas de pâmpanos, fénices e anjos, assentes em plintos paralelepipédicos decorados com motivo fitomórfico, e de capitel coríntio, suportando arquivolta, decorada com frisos, o central com elementos vegetalistas, e cartela contendo querubim no fecho; interior pintado de azul e albergando imaginária. Altar paralelepipédico com frontal tripartido decorado com elementos fitomórficos. O segundo lateral da Epístola apresenta planta recta e corpo côncavo, de um eixo definido por duas colunas torsas, decoradas por pâmpanos e fénices, assentes em consolas decoradas com motivos fitomórficos sobre plintos; ao centro, surge painel rectangular, com moldura saliente, interiormente pintado de azul com motivos fitomórficos, à frente do qual se dispõe imagem sobre mísula, ladeada de outras duas; sobre o ático de friso ornado de acantos e querubins, dispõe-se o ático, de duas arquivoltas decoradas com motivos vegetalistas e tímpano com raios de elementos vegetalistas intercalados por acantos volutados; no fecho do arco, existe cartela com anjo músico. Altar paralelepipédico, com frontal semelhante ao do retábulo fronteiro. Os retábulos colaterais apresentam estrutura igual, de planta recta e um eixo definido por duas colunas torsas, decoradas por pâmpanos e fénices, e duas pilastras sobrepostas com mísulas para imaginária e elemento vegetalista superior, assentes em plintos paralelepipédicos de face frontal ornada de motivo fitomórfico, que se prolongam no ático, em duas arquivoltas, decoradas por motivos fitomórficas e com cartela vegetalista recortada no fecho; ao centro, abre-se nicho em arco de volta perfeita, com boca de motivo vegetalista recortado, interiormente pintado de azul e com mísula para imaginária. Altares semelhantes aos dos retábulos anteriores. Os silhares medievais eram seis e pertenciam a duas caixas e quatro tampas de antigos sarcófagos. As duas arcas, uma delas com recorte antropomórfico, foram escavadas em blocos monolíticos de granito, toscamente talhados, com cantos arredondados e orifício para verter os líquidos de decomposição do corpo. As tampas, incompletas, talhadas em lajes monolíticas de granito, uma delas de maior qualidade, apresenta decoração em "estola" desenhada por uma linha dupla central relevada, com bifurcação curvilínea na cabeceira; outra, poligonal, em granito de menor qualidade e de tratamento mais tosco, apresenta no sentido do comprimento dupla nervura relevada e sulcos laterais formando motivos geométricos. A terceira tampa, também trapezoidal, de talhe razoável, conserva o terço do lado da cabeceira, poligonal, decorado com volutas em baixo relevo, possuindo na face lateral esquerda vestígios de inscrição, muito erudida, onde parece ler-se PET T. O quarto fragmento de tampa, bem afeiçoada, correspondendo a mais de metade do lado direito e abarcando parte da cabeceira, foi cortada pelo eixo longitudinal e foi reutilizada como guarnição de porta; de formato poligonal, apresenta na face lateral direita decoração gravada e em baixo relevo, respectivamente uma suástica curvilínea inscrita num círculo e um friso lateral de volutas. Embora pareça existir certa influência galega, observável sobretudo na tampa "em estola", que talvez seja de "importação", os restantes silhares apresentam características técnico-estilísticas de grande simplicidade decorativa e incipiência de desenhos, sugerindo uma produção local.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Viana do Castelo)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

OFICINA DE RESTAURO: António Alves Sucessores. Filho. T. S. Marcos, Braga.

Cronologia

Séc. 09 - Primeira referência explicita a Lindoso num documento da Igreja Bracarense em que se descrevem os limites da diocese; séc. 11 - o censual da Sé de Braga, feito pelo bispo D. Pedro, regista a Igreja de São Mamede do Lindoso com o pagamento de "II quartarios"; séc. 11 / 14, entre - provável execução dos sarcófagos no adro da igreja; 1114 - data da confirmação dos limites da diocese de Braga pelo papa Pascal II; 1220 - segundo as Inquirições, Lindoso tinha 10 fogos; 1290 - Inquirições de D. Dinis referem a freguesia do Lindoso; 1320 - no catálogo das Igrejas organizadas para pagamento de taxa, a do Lindoso fazia parte da Terra de Nóbrega e foi taxada em 60 libras; 1386, 20 Outubro - D. João I doa a Diogo Gil, de Lavradas, a terra do Lindoso com todas as suas pertenças; 1489 / 1493 - no registo da cobrança das "colheitas" dos benefícios eclesiásticos do arcebispado de Braga, D. Jorge da Cunha apurou o rendimento da Igreja de São Mamede do Lindoso em $385 rs em dinheiro com "morturas", e $026 rs em dízimos de cereais; 1527 - segundo o "Numeramento" da população, mandado realizar por D. João III, Lindoso tinha 41 fogos; 1662 - na sequência da tomada do castelo do Lindoso e respectiva povoação pelo general espanhol Baltasar Pantoja, durante as campanhas da Restauração, os arquivos paroquial e notarial do concelho desapareceram; 1664 - data do primeiro registo de óbito documentado; 1669 - data dos primeiros registos de baptismo e de casamento documentados; 1707 - data do primeiro crismado constante no Rol de Crismados; 1741 - data do primeiro Registo de Testamentos; 1758 - segundo o Pe. Ribeiro Fernandes, vigário da paróquia, a freguesia tinha 150 vizinhos e 417 pessoas de sacramento; a paróquia ficava fora do lugar, defronte do castelo e pertencia ao Arcebispado de Braga; tinha quatro altares: o maior, com o Santíssimo Sacramento, e as imagens de São Mamede, a Senhora dos Remédios, São Pedro, São João e o Menino Jesus Rei, dois colaterais; o do Evangelho com imagem de Nossa Senhora do Rosário e o da Epístola com a de Santo António, e um lateral, com imagem do Senhor Crucificado; não tinha Irmandades; o páraco era vigário, colado, sendo apresentado pelo Colégio Patriarcal, tendo a renda 80$000; 1845 - data do Inquérito Paroquial que refere a igreja como estando em mau estado de conservação, ter sacrário com o Santíssimo e ser omisso relativamente a ter paramentos; o padre, de 55 anos, chamava-se António Joaquim da Rocha Barros, era natural da freguesia de Gondonis, e tinha fama de mancebia e de ser amante do governo da Rainha; 1862 - a Estatística Paroquial refere a igreja como sendo da apresentação do Patriarcado; 1950, década - ampliação e remodelação da igreja promovida pelo benemérito emigrante Manuel Ribeiro, que deu cerca de 300 contos; durante as obras, recolheram-se elementos romanos, como um pedestal com invocação a Hércules, de proveniência desconhecida, mas reaproveitados na estrutura da igreja, e, contíguos à parede N. da nave, outros medievais pertencentes a sarcófagos; estes últimos, foram recolhidos pelo páraco da freguesia José Magalhães, na casa paroquial; 1956 - data da pia baptismal; 1971 - o Pe. Avelino de Jesus da Costa deu a conhecer a ara romana ao arqueólogo e epigrafista Monsenhor José Vives, de Barcelona; esta foi posteriormente estudada por C. A. Brochado de Almeida.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Estrutura de cantaria com paramentos rebocados e pintados de branco e aparente na fachada principal e cabeceira; elementos estruturais, molduras dos vãos, arcos, pilastras, frisos e cornijas, pia baptismal, pia de água benta e outros elementos em cantaria de granito; silhar de azulejos policromos; retábulos e guardo do púlpito em talha policroma e dourada; portas e caixilharia de madeira; vidros martelados coloridos; pavimento de granito e cerâmico; tectos de madeira envernizada; portão do adro e guarda do coro-alto em ferro; cobertura exterior em telha.

Bibliografia

MARIZ, José, Inventário Colectivo dos Registos Paroquiais, vol. 2 - Norte, 1994; FONTES, Luís de Oliveira, REGALO, Henrique de Araújo, Lindoso o Castelo e a Região, Braga, 1997; COSTA, Pe. Avelino de Jesus da, Subsídios para a História da Terra da Nóbrega e do Concelho de Ponte da Barca, vol. 1 e 2, Ponte da Barca, 1998; FONTES, Luís Fernando de Oliveira, A estela com Togado de Lindoso, Ponte da Barca, in Mínia, número 10, III série, Braga, 2003, pp. 146 - 158; WWW.geira.pt/arqueo/htm/sitio116.html , 04 Fevereiro 1998, consultado a 12 Outubro, 2005.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Dicionário Geográfico, vol. 20, nº 89, p. 665 - 672; Arquivo Distrital de Vila Real: Arquivo Paroquial (datas extremas: 1664 - 1892)

Intervenção Realizada

1950, década - Obras de ampliação e restauro; posteriormente - restauro da imagem do Sagrado Coração de Jesus, na oficina de Braga de António Alves Suc. Filho.

Observações

Autor e Data

Paula Noé 2005

Actualização

 
 
 
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