Estação Ferroviária de Fronteira

IPA.00014400
Portugal, Portalegre, Fronteira, Fronteira
 
Estação ferroviária da Linha de Évora, construída no séc. 20, conservando o edifício de passageiros, a casa de pessoal e as instalações sanitárias, adossados sucessivamente à esquerda e com implantação lateral, paralela às linhas férreas, as antigas plataformas de embarque, cais coberto, dois cais descobertos e curraleta, casas de habitação, um depósito de água e casa do motor, um poço, uma toma de água, um forno, uma placa giratória e outros elementos característicos da paisagem ferroviária . A tipologia, arquitetónica e decorativa, com o edifício de passageiros de um piso e a casa de pessoal, de dois, de volumes articulados e interiormente interligados, com recurso a colunata toscana no edifício de passageiros, bem como certos pormenores decorativos, como o silhar de azulejos, as meias pilastras a definir os panos das fachadas, remate alteado ao centro e pináculos e os vãos retilíneos de molduras decoradas, e, na casa de pessoal, as bow-window e janelas com sobrejanelas e aventais de azulejos, surge noutras estações. É o caso das Estações de Cabeço de Vide (v. IPA.00014401), também de Ernesto Korrodi e Leopoldo Battistini, datada de 1933, de Sines, de Santiago do Cacém, ambas com revestimento azulejar da autoria de Gilberto Renda e realizado entre 1931-1935, e a de Santo Amaro - Veiros, igualmente da autoria de Ernesto Korrodi. O silhar de azulejos tem painéis figurativos, azuis e brancos, de pendor historicista, com temas tipo "bilhetes postais" regionais, representando monumentos, paisagens e motivos etnográficos, e molduras policromas, pintados por Leopoldo Battistini e executados na Fábrica Constância. As instalações sanitárias possuíam cubículo das senhoras virado à linha e a dos homens com acesso lateral, precedido por zona de urinóis, protegido por anteparo, revestido a painéis de azulejos com albarradas.
Número IPA Antigo: PT041208020014
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

Conjunto composto por edifício de passageiros (EP), casa de pessoal e instalações sanitárias (WC), adossados sucessivamente à esquerda, dispostos paralelamente à linha férrea e do seu lado esquerdo (sentido ascendente da antiga linha), as antigas plataformas de embarque, cais coberto (armazém) (CC), implantado a sudoeste do edifício de passageiros, servido por cais descoberto, curraleta, casas de habitação, um depósito de água, poço, uma toma de água, pequenos chafarizes, um forno, casa das bombas (locomóvel), uma placa giratória, a nordeste do edifício de passageiros, e outros elementos característicos da paisagem ferroviária, como candeeiros de plataforma e vedações metálicas de delimitação da estação. EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS, de planta retangular, com massa disposta na horizontal e cobertura em telhado de quatro águas, rematadas em beirada simples. Tem fachadas de um piso, rebocadas e pintadas de branco, percorridas por soco de cantaria e por silhar de azulejos, com painéis figurativos azuis e brancos, de moldura recortada, policroma, terminadas em friso e cornija de massa, com pináculos piramidais, nos cunhais. Também nos cunhais e definindo um pano central na fachada principal e posterior, existem meias pilastras e, sob o remate, falsas mísulas, de massa. As fachadas são rasgadas por vãos de verga reta, com moldura integrando quartelões e terminada em cornija, de chave relevada, encimados por painéis de massa a imitar cantaria. A fachada principal, virada a noroeste, possui o remate alteado ao centro, terminando em cornija contracurva, sobreposta por pináculos piramidais e sob a qual surge painel de azulejos, recortado, com as armas nacionais e inscrição; é rasgada por porta central e quatro janelas laterais, duas de cada lado. A fachada lateral direita é rasgada por porta central e a posterior é semelhante à principal, mas possui apenas portas e, frontalmente, alpendre telhado, avançado sobre a plataforma de passageiros, com telhado de quatro águas, assente em colunas toscanas. A CASA DE PESSOAL OU DO CHEFE DA ESTAÇÃO, recuada relativamente ao edifício de passageiros, possui planta retangular e cobertura em telhado de quatro águas, rematadas em beirada simples, e sobreposta por chaminé. Tem as fachadas de dois pisos, rebocadas e pintadas de branco, com soco de cantaria e remate em friso e cornija, de massa. A fachada principal, virada a virada a noroeste, é marcada ao centro, por duas bow-window retilíneas, sobrepostas, com vãos de diferentes tamanhos, a do segundo piso contendo na guarda painéis de azulejos de albarradas, azuis e brancos e de molduras policromas; à esquerda, abre-se vão sobrelevado, em arco, com escada de cantaria e guarda plena, de alvenaria rebocada e pintada de branco, com painel de azulejos de albarradas ao nível do patamar intermédio,tendo porta de acesso ao segundo piso; à direita, abre-se, em cada um dos pisos, uma janela de peitoril, com molduras semelhantes às do edifício de passageiros, com sobrejanela e avental em painéis de azulejos policromos. Na fachada lateral esquerda, abrem-se duas portas, ao nível do piso térreo, e, no superior, tem uma bow-window retilínea e janela semelhante às da frontaria. Na fachada posterior, virada à linha, a cornija do remate é alteada ao centro, formando pequeno frontão curvo, e rasgam-se três eixos de janelas de peitoril, igualmente com sobrejanela e avental em painéis de azulejos. No INTERIOR, o edifício de passageiros e a casa de pessoal são interligadas ao nível do piso térreo. As INSTALAÇÕES SANITÁRIAS, adossadas ao edifício do chefe da estação e no alinhamento da sua fachada posterior, tem planta retangular e cobertura em telhados de quatro águas, rematadas em beirada simples. Apresenta fachadas de um piso, rebocadas e pintadas de branco, percorridas por soco de cantaria e terminadas em friso e cornija de massa. No INTERIOR, dispõe de dois cubículos sanitários, o das senhoras com acesso virado à linha e o dos homens, precedido por área de urinóis e com acesso lateral, protegido por anteparo frontal, revestido a painéis de azulejos policromos, com albarradas inseridas em molduras recortadas de concheados e volutados. CAIS COBERTO: planta retangular simples, com massa disposta na horizontal e cobertura em telhado de duas águas, com estrutura de madeira, prolongando-se em abas corridas. Tem fachadas de um piso, rebocadas e pintadas de branco, as dos topos terminadas em empena, rasgadas por portas de correr, de grandes dimensões. É flanqueado por dois cais descobertos, sobre muretes em alvenaria de pedra rústica e cujo acesso se faz por escadas. Num dos cais descoberto situa-se um guindaste e próximo do outro uma curraleta. DEPÓSITO DE ÁGUA, com estrutura de betão, poço, dois pequenos chafarizes e uma toma de água. PLACA GIRATÓRIA: de superfície, sem fosso, com 4,20 m de diâmetro. CASAS DE HABITAÇÃO: Casa isolada, de planta quadrangular, com massa disposta na horizontal e cobertura em telhado de duas águas e fachadas de um piso. Casas em banda, com massa disposta na horizontal e cobertura corrida em telhados de duas águas. Constituem seis habitações, de acesso independente, com planta retangular simples, cada uma delas composta por três quartos, cozinha e casa de banho e fachadas de um piso. ARRANJOS EXTERIORES: Áreas ajardinadas, onde pontuam os vários elementos descritos como o depósito e a toma de água, os chafarizes e a placa giratória.

Acessos

Fronteira, Rua da Estação; Linha de Évora - Ponto quilométrico 120,094 (PK). WGS84 (graus decimais) lat.: 39,047353; long.: -7,644373

Protecção

Em vias de classificação

Enquadramento

Peri-urbano, isolado. Implanta-se no exterior da povoação, numa zona de expansão urbana, e junto à qual se construíram, a sudeste, silos industriais, e, a noroeste, a Escola Básica Frei Manuel Cardoso.

Descrição Complementar

O edifício de passageiros possui, na fachada principal, painel de azulejos com as armas nacionais e a inscrição "CAMINHOS DE FERRO DO ESTADO" e, nas laterais, painel de azulejos retangular, de fundo branco e as letras a azul, com moldura recortada, policroma, contendo toponímia inscrita: "FRONTEIRA".

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Infraestruturas de Portugal (conforme do artigo 6º, nº 2 e 5, e artigo 11º, n.º 1, ambos do DL 91/2015, e com a regras definidas pelo regime jurídico do Domínio Público Ferroviário que constam do DL 276/2003)

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Ernesto Korrodi (séc. 20). FÁBRICA DE CERÂMICA: Fábrica de Constância (1930), Fábrica de Cerâmica Viúva Lâmego (1959). PINTORES DE AZULEJOS: Leopoldo Battistini (1930), Viriato Silva (1930). PROJETISTA: Divisão de Via e Obras dos Caminhos de Ferro Portugueses (1930, 1933).

Cronologia

1932, janeiro - a linha férrea está construída quase até Fronteira; 1933, fevereiro - está concluída a estação de Fronteira, cuja construção, realizada pela Divisão de Construção da Direção Geral de Caminhos de Ferro, dirigida pelo engenheiro Rodrigo Severiano Monteiro, orçou em cerca de 500 contos, financiados pelo Fundo Especial de Caminhos de Ferro; a estação contava com o edifício de passageiros, com silhar de azulejos, os painéis figurativos da autoria de Leopoldo Battistini e as molduras de João Rodrigues, executados na Fábrica Constância, de Lisboa; no interior, dispunha de amplo vestíbulo e uma acolhedora sala de espera, ambas decoradas com sobriedade e silhares de azulejos, tendo a gare resguardada por um alpendre suportado por colunas; contava com o alojamento do chefe e pessoal graduado da estação, instalações acessórias, como reservatório para água e água para alimentação de locomotivas, cinzeiro para limpeza de máquinas, cinco vias, uma das quais de manobras e outra de carga; o cais descoberto, para depósito de mercadorias, seguido de um armazém, colocados de modo a permitir, de um lado, a carga e descarga direta das mercadorias dos vagões, e, do outro, a operação inversa para carros; seis moradias, para a habitação de pessoal, com talhões anexos, reservados ao cultivo pelos funcionários; e, devido à importância da estação no transporte de gado, um curral e uma curraleta para facilitar a carga e descarga do mesmo; data do projeto da casa da locomóvel, pela Divisão de Via e Obras dos Caminhos de Ferro Portugueses; 1937, 20 janeiro - inauguração da estação; 1940, dezembro - planta do edifício de passageiros, casa de pessoal e instalações sanitárias, bem como da casa tipo A; 1957 - a estação de Fronteira fica classificada em 4.º lugar no Concurso das Estações Floridas; 1958 - a estação fica classificada em 6.º lugar no Concurso das Estações Floridas; 1959 - a estação de Fronteira fica classificada em 1º lugar no Concurso das Estações Floridas, colocando-se uma placa cerâmica alusiva, com desenho de Carlos Botelho e fabricada na Fábrica de Cerâmica Viúva Lâmego; 2011, 15 setembro - o edifício de passageiros, o cais coberto, o depósito e a toma de água, as arrecadações e as habitações da Estação de Fronteira são subconcessionados ao Município de Fronteira para atividades socioculturais, até 14 de setembro de 2026; 2013, 27 novembro - deliberação camarária determinando a abertura do procedimento de classificação da Estação de Fronteira, como de Interesse Municipal; 05 dezembro - pedido de parecer da autarquia sobre a eventual classificação da Estação de Fronteira como de Interesse Municipal; 18 dezembro - proposta de arquivamento do procedimento de classificação da Estação de Fronteira pela Direção Regional de Cultura do Alentejo, por não ter valor nacional; 2014, 13 janeiro - Despacho da diretora-geral da DGPC a determinar o arquivamento do procedimento de classificação de âmbito nacional da Estação de Fronteira; dezembro - colocação da placa SOS Azulejo.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; soco, meias pilastras, pináculos, colunas e molduras dos vãos em cantaria de granito; frisos, cornijas e sobrejanelas no edifício de passageiros em massa; portas e caixilharia de madeira pintadas; vidros simples; silhares e painéis de azulejos em azul e branco ou policromos; cobertura de telha.

Bibliografia

CALADO, Rafael Salinas, ALMEIDA, Pedro Vieira de - Aspectos Azulejares na Arquitectura Ferroviária Portuguesa. [Lisboa]: Caminhos de Ferro Portugueses, EP, 2001; FINO, Gaspar Correia - Legislação e disposições regulamentares sobre caminhos de ferro. Lisboa: Imprensa Nacional, 1903, 1908; FRAILE, Eduardo Gonzalez - Las primeras estaciones de ferrocarril: su tipologia; «Linha de Portalegre. Estação de Fronteira». In Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46, 01 fevereiro 1933, n.º 1083, pp. 78-80; GOMES, Gilberto, Gomes, Rosa - Os caminhos de Ferro em Portugal 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A., 2006; HUMBERT, Georges-Charles - Traité Complet des Chemins de Fer. Paris: Baudry, 1891; LOPEZ GARCIA, Mercedes Lopez, MZA - Historia de sus estaciones. Coleccion de ciências, humanis y enginieria, nº 2. Madrid: Ediciones Turner, S.A., 1986; LOURENÇO, Tiago Borges - Postais Azulejados. Decoração Azulejar Figurativa das Estações Ferroviárias Portuguesas. Dissertação de Mestrado em História da Arte Contemporânea apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Lisboa: texto policopiado, 2014, vol. I e II; PEREIRA, Hugo Silveira - As viagens ferroviárias em Portugal (1845-1896); PEVSNER, Nicolaus - Historia de las tipologias arquitectónicas; PIMENTEL, Frederico Augusto - Apontamentos para a historia dos caminhos de ferro portuguezes. Lisboa: Tipografia Universal, 1892.

Documentação Gráfica

Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA; Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID (DGEMN/DSID-001/012-1804/8); Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Paula Azevedo e Ana Sousa 2020 (no âmbito do Protocolo de colaboração DGPC / Infraestruturas de Portugal)

Actualização

 
 
 
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