Estação Ferroviária do Carregado

IPA.00014303
Portugal, Lisboa, Vila Franca de Xira, União das freguesias de Castanheira do Ribatejo e Cachoeiras
 
Arquitectura de trasnportes e comunicações, Art Deco.
Número IPA Antigo: PT031101150057
 
Registo visualizado 1837 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

O edifício de passageiros desenvolve-se paralelamente à linha e situa-se entre esta e o aglomerado urbano que serve. No cais oposto situa-se um "abrigo de passageiros", pequeno pórtico coberto. O anexo das instalações sanitárias constitui um pavilhão autónomo adjacente ao edifício de passageiros. A estação integra ainda um edifício de apoio (armazém de mercadorias / cais coberto) e uma passagem de nível com habitações anexas. A S. do recinto da estação existem conjuntos de pequenas habitações em banda (hoje parcialmente desocupadas e em ruínas), com implantação perpendicular ao desenvolvimento da linha férrea, que, muito provavelmente, eram também parte das instalações de apoio aos funcionários da rede ferroviária. O recinto da estação é delimitado por um gradeamento com elementos em ferro fundido e portão móvel em perfis de ferro (na zona entre o edifício de passageiros e o armazém de mercadorias), um muro alto em alvenaria rebocada com remates em cantaria e portão rodado em chapa metálica (entre o armazém e a passagem de nível) e por elementos modulares em betão armado moldado (passagem de nível). O Edifício de Passageiros é um volume simples, paralelepipédico de disposição horizontal, com dois pisos e planta rectangular alongada (27,60m X 8,65m) com orientação N-S. e cobertura em telhado de 4 águas com platibanda. O piso térreo destina-se ao serviço ferroviário e apoio aos passageiros (vestíbulo, salas de espera, bilheteiras, gabinetes). O piso superior é ocupado com duas habitações para funcionários (com entradas independentes pelos extremos do alçado voltado para a povoação). Os alçados são simétricos e têm, dois a dois, idêntica base de composição. Os alçados mais longos (voltado um para a via férrea, E., o outro para a povoação, O.) são dominados pelos vãos centrais, correspondentes ao espaço do vestíbulo: portas de acesso de passageiros em vão alargado no piso térreo (4 folhas de abrir enquadradas por 2 folhas fixas, com caixilhos em perfis de aço macio pintado), grande janelão semi-circular à altura de todo o piso superior (caixilhos fixos em perfis de aço macio pintado). Restantes vãos rectangulares verticais regulares, sendo de porta no piso térreo (3+3 em cada alçado, 2 folhas de abrir enquadradas por 2 folhas fixas, com caixilhos em perfis de aço macio pintado) e de janela de peito no piso superior (3+3 em cada alçado, 2 folhas de abrir e bandeira fixa, com caixilhos em madeira pintada). No alçado do lado da povoação, acesso ao interior por três degraus ascendentes frente aos vãos; do lado do cais, acesso ao interior por três degraus descendentes frente aos vãos, com guardas metálicas para protecção. Os alçados de topo são cegos no piso térreo e têm uma janela central de peito no piso superior, acima do letreiro de designação da estação: "Carregado ? Alenquer". O piso térreo é construído em cantaria de pedra calcária aparelhada, bujardada, com golpe de aresta, rematada por friso horizontal de secção rectilínea ortogonal quebrada, contornando integralmente o edifício. Acima deste nível, construção em alvenaria rebocada e pintada e vãos com molduras lisas em cantaria. Platibanda de remate superior do volume com escalonamento exterior invertido, definindo sucessivas linhas de sombra horizontais. Aumento da espessura dos paramentos nos cunhais, entre os vãos do piso superior e no enquadramento dos vãos centrais, definindo sucessivas linhas de sombra verticais que simulam a presença de pilastras (evidenciando-se também sobre a platibanda, com remate superior diferenciado). Sobre o vão semi-circular, remate superior em murete de contorno rectangular mais alto. O alçado do lado da via férrea tem acoplado em toda a sua extensão, imediatamente acima do friso de separação entre pisos, um alpendre de protecção do cais de passageiros em betão armado, constituído por uma cobertura em laje horizontal apoiada num sistema de vigas e pilares, com troço longitudinal sobre o bordo do cais em consola e pendente para o interior. Duas chaminés em alvenaria, de volumes paralelepipédicos escalonados, pontuam os extremos do alçado do lado da via. O anexo das instalações sanitárias é um pequeno volume com um só piso e planta rectangular, com cobertura plana, horizontal, em laje de betão armado apoiada sobre uma teoria de pilares de secção quadrada. O ritmo da estrutura é realçado pelos paramentos intermédios, levemente sutados, entre o embasamento em pedra e um rasgo horizontal de ventilação. Abrigo de passageiros, no cais entre as vias, em estrutura metálica. O armazém de mercadorias (ou "cais coberto") é um edifício com planta rectangular desenvolvendo-se paralela à linha, com dois níveis de vãos, implantado no limite do terreno da estação, no alinhamento do muro que a separa do aglomerado. Cobertura em telhado de duas águas de telha marselha sobre asnas e escoras exteriores em madeira, apoiadas sobre cachorros em pedra. Os vãos (nos alçados mais longos: 4 com verga em arco abaulado, parcialmente entaipados, a que correspondem, no nível superior, vãos rectangulares sem moldura, com caixilhos metálicos; nos alçados de topo: 2 vãos com verga em arco de volta perfeita, parcialmente entaipados, 1 vãos de janela rectangular vertical, com duas folhas de abrir com caixilho em madeira e 1 óculo elíptico entaipado, a meio, no nível mais alto) têm molduras em tijolo cerâmico maciço. Cunhais e friso horizontal entre vãos em tijolo cerâmico maciço; embasamento em pedra rusticada com estereotomia irregular de juntas rectilíneas. Casas de habitação junto à passagem de nível: volumes simples, de disposição horizontal, com um piso, planta rectangular alongada com orientação N-S. e cobertura com telhado de 2 águas em telha marselha e remate em beirado de telha de canudo; vãos rectangulares verticais simples, com molduras em tijolo cerâmico maciço com efeito denteado, caixilhos e folhas de porta em madeira. INTERIOR: o vestíbulo do edifício de passageiros (situado ao centro) tem altura interior correspondente aos dois pisos e é iluminado pelos grandes vãos dos dois alçados; paredes revestidas com painéis de mosaico em pasta de vidro colorido, de padrão geométrico abstracto (zig-zag), até à altura do lintel dos vãos do piso térreo que formaliza um friso contornando todo o compartimento. Tecto plano e sanca de remate com secção rectilínea ortogonal quebrada. Circulações e salas de espera com paredes revestidas com lambrins em azulejo cerâmico vidrado de padrão geométrico abstracto (friso de xadrez preto e branco, pequeno quadrado liso azul nas intersecções; fundo em azulejo liso branco). As habitações do piso superior têm entradas e escadas de acesso independentes situadas em ambos os extremos do alçado voltado para a povoação.

Acessos

Rua da Estação. WGS84 (graus decimais) lat.: 39.005640; long.: -8.953957

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, em planície, isolado. Situado em terrenos de Lezíria na margem direita do rio Tejo, ao N. de Lisboa. Estação Ferroviária ao quilómetro 36 da Linha do Norte. A ligação ao aglomerado urbano do Carregado é feita pela Estrada da Vala (ao longo da "Vala do Carregado") e então através da Estrada Nacional n.º 1.

Descrição Complementar

Azulejo de padrão geométrico em lambrins nos compartimentos interiores destinados ao público; painéis-inscrição com a designação da estação "Carregado Alenquer" nos alçados de topo do edifício de passageiros e sobre o janelão semi-circular do alçado voltado para a povoação; painéis em mosaico de pasta de vidro colorido, de padrão geométrico abstracto (zig-zag) nos paramentos do vestíbulo de passageiros até à altura do lintel dos vãos do piso térreo.

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Transportes: estação ferroviária

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses (C.P.), Divisão de Via e Obras: arq. José Ângelo Cottinelli Telmo (1897-1948); eng.Roberto Espregueira Mendes.

Cronologia

1856 - aberta ao público a primeira linha ferroviária do país, entre Lisboa e o Carregado; 1930 / 1931 - projecto do novo edifício de passageiros; 1931, 29 de Novembro - inauguração do Edifício de Passageiros.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes (edifício de passageiros); laje sobre pórticos em betão armado (alpendre sobre o cais de passageiros); laje em betão armado sobre pilares (anexo das instalações sanitárias).

Materiais

Cantaria de pedra calcária, alvenaria rebocada e pintada, azulejo cerâmico vidrado e painéis de mosaico em pasta de vidro colorido, betão armado, ferro e tijolo cerâmico maciço.

Bibliografia

TELMO, Cottinelli, O Novo Edifício de Passageiros da Estação de Carregado, Boletim da CP, n.º 35, Maio 1932, pp. 87-88; TELMO, Cottinelli, Novo Edifício de Passageiros na Estação do Carregado, Arquitectura Portuguesa, ano XXVI, n.º 11, Novembro 1933, pp.101-103; MARTINS, João Paulo, Cottinelli Telmo. A Obra do Arquitecto (1897-1948). Dissertação de mestrado em História da Arte, Lisboa: FCSH, UNL, 1995. 2 vol.; MARTINS, João Paulo, Cottinelli Telmo. Arquitecto na CP, in Gilberto Gomes (ed.), O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996, Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses, 1996, pp. 126-134.

Documentação Gráfica

CP: Direcção Geral de Gestão de Infraestruturas, Arquivo Técnico

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA

Documentação Administrativa

CP: Direcção Geral de Gestão de Infraestruturas, Arquivo Técnico

Intervenção Realizada

Observações

(1) A sobreelevação realizou-se através da colocação de três degraus, existindo agora, frente a cada porta de acesso ao interior, um conjunto de degraus rebaixados, recortados no pavimento do cais. (2) Composta por painéis de revestimento em mosaico em pasta de vidro colorido, de padrão geométrico abstracto (zig-zag), incluindo a inscrição "bilheteira" e as guardas em tubo e barra de aço pintado, com motivo ornamental geométrico.

Autor e Data

JPaulo Martins 2002

Actualização

JPaulo Martins 2004
 
 
 
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