Palácio da Rosa

IPA.00014192
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Arquitectura residencial, barroca. Palácio urbano planimetricamente organizado em torno de pátio, cuja compartimentação interna se apresenta marcada pela existência de grandes compartimentos (dominantemente de planta rectangular), directamente comunicantes e cuja componente ornamental foi concebida com critérios temáticos e coerência. No andar nobre distinguem-se particularmente, pela componente decorativa que ostentam, os compartimentos desenvolvidos em torno do pátio. Comunicantes entre si, apresentam genericamente as mesmas opções decorativas segundo uma linguagem datável de finais do século 18 / inícios do século 19, destacando-se a adopção de pintura e estuque ao nível dos muros, tectos e sancas. De notar ainda que, o edifício apresenta uma variedade notável de revestimentos azulejares (lambris e painéis) realizados em diferentes épocas, merecendo também particular destaque o espaço da antiga biblioteca, com revestimento em boiserie entalhada pontuada nas molduras por grinaldas polícromas.
Número IPA Antigo: PT031106530586
 
Registo visualizado 1699 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta em L

Descrição

Planta em L irregular, composta pela justaposição de corpos de planta rectangular, quadrada e poligonal, volumetria escalonada e cobertura efectuada por telhados a 2, 3, e 4 águas. Com cunhais e soco de cantaria, panos de muro em reboco pintado, com abertura de vãos a ritmo regular - predominantemente de verga recta com emolduramento simples de cantaria. O alçado principal, a SO., organiza-se em 2 corpos e desenvolve-se em 3 pisos. O corpo SE., sobrelevado relativamente ao SO. em virtude da implantação do edifício no terreno, é rematado superiormente por cornija continuada e apresenta pisos demarcados por friso de cantaria. Ostenta a eixo, ao nível do piso térreo, portal nobre de verga curva, de acesso ao interior, guarnecido ao centro por mascarão, articulado lateralmente com emolduramento de cantaria e rematado superiormente por frontão triangular sobrepujado pela pedra de armas dos viscondes de Vila Nova de Cerveira. No enfiamento do portal, janela de verga recta e cornija saliente, articulada lateralmente com emolduramento de cantaria. No andar nobre regista-se a presença de vãos com tratamento diferenciado, de verga recta, peito e cornija saliente. O corpo SO. é rematado superiormente por platibanda em balaustrada, apresentando as mesmas opções ao nível do tratamento dos vãos. Acede-se ao edifício por intermédio de pátio de planta rectangular adornado com painéis de azulejos monócromos com apontamentos polícromos, figurando retratos e episódios legendados respeitantes à vida dos proprietários da casa. INTERIOR: a compartimentação é feita por salas comunicantes ente si, de planta quadrada e rectangular, distribuidas em torno do pátio que perfura centralmente o edifício. Ao nível do piso térreo, vestíbulo de planta rectangular a partir do qual se desenvolve escadaria - de 2 lanços rectos com patamar intermédio - conducente aos pisos superiores e na qual se destacam, nos muros laterais, silhares de azulejos monócromos de carácter figurativo. Contiguamente ao alçado principal, um outro acesso ao edifício, no qual se destaca a presença de escadaria com guarda de ferro fundido e arco de acesso animado por embutidos marmóreos de cariz geométrico. No piso térreo reconhecem-se dependências secundárias, designadamente garagem, cocheiras e cavalariças. Os salões principais do palácio, organizados segundo corredor longitudinal de distribuição, ocupam todo o andar nobre do edifício, encontrando-se orientados a NO. Essa mesma ala do edifício articula-se exteriormente com os primitivos jardins do palácio, observando-se no extremo NE. parte do lance da muralha Fernandina, na qual se reconhece a base de um cubelo sobre o qual assenta pequena casa de arrecadação com varanda.

Acessos

Largo da Rosa, n.º 1 - 5; Escadinhas da Costa do Castelo, n.º 6; Rua Marquês de Ponte de Lima, n.º 35 - 37. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,714646, long.: -9,135246

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 740-J/2012, DR, 2.ª série, n.º 248 de 24 dezembro 2012 *1 / Parialmente incluído na Zona de Proteção do Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa (v. IPA.00003128)

Enquadramento

Implantado na encosta da costa do castelo, o edifício acompanha o acentuado declive do terreno, desenvolvendo-se ao longo das Escadinhas de S. Cristovão até ao início da R. Marquês de Ponte de Lima. Ao lado do edifício no Largo da Rosa (v. PT031106380634), integra a Igreja de São Lourenço (v. PT031106530633). No largo, surge um busto de Francisco Franco, encomendado pela Câmara Municipal de Lisboa, em 25 de outubro de 1951.

Descrição Complementar

No átrio destacam-se painéis azulejares assinados pelo pintor-decorador Pereira Cão, realizados na Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego em 1905 (insc.: PEREIRA CÃO PINXIT - 1905 F. C. V.º LAMEGO). No compartimento que antecede a antiga biblioteca destaca-se a existência de outro conjunto de painéis azulejares monócromos com molduras polícromas da autoria do pintor L. Batistini, realizados em 1904 (insc.: L. BATISTINI. 1904).

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

AZULEJARIA: Pereira Cão (azulejos do pátio).

Cronologia

Séc. 17 - provável construção do palácio; séc. 18 - o palácio era pertença dos marqueses de Castelo Melhor ; 1755 - na sequência do terramoto, que provoca danos profundos na igreja paroquial de S. Cristovão, a missa é celebrada, durante algum tempo, no pátio do palácio, o qual sofreu igualmente estragos ; 1878 - é propriedade da casa de Ponte de Lima sendo administrador Joaquim José da Silva Lopes ; 1888 - é proprietária a marquesa de Castelo Melhor ; 1892 - 1895 - é proprietário o visconde da Varzea ; 1900 - falecimento de D. Helena (n. 1836), 6ª marquesa de Castelo Melhor (que por morte de sua tia materna D. Ana Xavier de Lima se tornara também herdeira da Casa de Ponte de Lima), pelo que o palácio passa para a posse de sua filha e herdeira, D. Helena Maria de Vasconcelos e Sousa Ximenes (n. 1781), 7ª marquesa de Castelo Melhor ; 1902 - 1934 - é proprietário D. João da Silveira Pinto da Fonseca, marquês de Castelo Melhor ; 1904 - 1906 - campanha de obras gerais de conservação e de beneficiação, com acrescento de últimos andares e enriquecimento artístico, responsável designadamente pela aplicação no pátio de azulejos historiados do pintor decorador e ceramista Pereira Cão ; 1924 - o Guia de Portugal refere ainda a riqueza do recheio do palácio e o brilho das festas aí realizadas ; 1938 - 1948 - é propriedade dos herdeiros do marquês de Castelo Melhor sendo cabeça de casal D. Bernardo da Silveira de Vasconcelos e Sousa, conde de Castelo Melhor ; c. 1940 - reside no palácio (na ala N. do piso térreo) D. Maria Emília, descendente dos condes de Castelo Melhor e marqueses de Ponte de Lima ; 1946 - 1968 - é propriedade dos herdeiros do marquês de Ponte de Lima, João Pinto da Fonseca ; 1970 - aquisição do edifício pela Câmara Municipal de Lisboa e dispersão do recheio (designadamente da colecção de pintura que o palácio albergava) ; c. 1980 - funcionam no palácio a Academia Portuguesa da História e o Gabinete de Estudos Olisiponenses (da Câmara Municpal de Lisboa); 2004, 30 dezembro - classificação do edifício como Interesse Municipal pela CMLisboa, Deliberação Camarária de 7-12-2004, Boletim Municipal de 30-12-2004; 2005, 27 janeiro - Despacho de abertura do processo de classificação pelo presidente do IPPAR; 2006, 04 julho - proposta de classificação como Imóvel de Interesse Público pela DRLisboa; 2011, 30 dezembro - proposta de classificação como Monumento de Interesse Público e fixação de Zona Especial de Proteção, pela DRCLVTejo; 2012, 23 janeiro - parecer favorável do Conselho Nacional de Cultura; 2012, 14 junho - publicação do projeto de decisão relativo à classificação do edifício como Monumento de Interesse Público e fixação da respetiva Zona Especial de Proteção, em Anúncio n.º 12 827/2012, DR, 2.ª série, n.º 114.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira, azulejos

Bibliografia

ANDRADE, Manuel Ferreira de - A Freguesia de S. Cristovão. Lisboa: 1944 - 1945; ARAÚJO, Norberto de - Peregrinações em Lisboa. Lisboa: s.d., vol. I; CASTILHO, Júlio de - Lisboa Antiga. Bairros Orientais. 2ª ed., Lisboa, 1935-1938, vols. IV, X e XI; FERREIRA, Rafael Laborde e VIEIRA, Victor Manuel Lopes - Estatuária de Lisboa. Lisboa: Amigos do Livro, Lda., 1985; GONÇALVES, António Manuel - «Rosa (Palácio da)». in SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo - Dicionário da História de Lisboa. Lisboa: 1994; Guia de Portugal. Lisboa: 1924, vol. I; Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa: 1973, vol. V, tomo 1.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN/DRMLisboa, Arquivo Pessoal Maria João Laginha; CML: Direcção Municipal de Planeamento e Gestão Urbanística

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

DGPC: PT DGEMN:DSARH-010/125-0204/01; CML: Arquivo de Obras, Procº nº 2330

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1878, Outubro - transformação de duas janelas em portas conducentes à cocheira; 1888, Julho - construção do segundo andar do edifício voltado para o interior do pátio; 1888, Setembro - edificação da cocheira no interior do pátio; 1892, Janeiro - reparação de telhados e obras de beneficiação geral; 895, Agosto - alterações interiores e reconstrução de um muro de suporte; 1902, Março - modificações interiores; 1903, Janeiro - obras interiores de ampliação do edifício; 1905, Maio - obras gerais de beneficiação interior; 1904, Julho - construção de divisória interior e transformação de uma porta em janela; 1919, Maio - construção de um andar sobre a sala de jantar; 1919, Maio - abertura de dois vãos de janela na sala de jantar; 1922, Fevereiro - ampliação e alterações interiores; 1923, Novembro - construção de um anexo no jardim da casa para habitação do motorista; 1928, Outubro - beneficiações interiores, reparação da cobertura, do estuque e pintura; 1934, Janeiro - limpezas e reparações interiores e exteriores; 1936, Agosto - limpezas e reparações interiores e exteriores; 1939, Março - limpeza e reparações interiores; 1946, Setembro - limpeza geral; 1947, Novembro - obras de limpezas interiores; 1948, Junho - pequenas obras de pinturas interiores; 1965, Novembro - obras simples de conservação; 1966, Junho - obras simples de conservação.

Observações

*1- Classificação do Conjunto constituído pelo Palácio da Rosa e Igreja de São Lourenço (incluindo toda a área de jardins).

Autor e Data

Teresa Vale, Maria Ferreira e Sandra Costa 2001

Actualização

 
 
 
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