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Edifício e estrutura Edifício Cultural e recreativo Casa de espetáculos
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Descrição
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Edifício de planta rectangular alongada, com quatro pisos e um aproveitamento de sotão. Volume simples, com cobertura em telhado de três águas. Desta ergue-se um volume de planta rectangular facetado, correspondente ao lanternim do Salão com cobertura em telhado de quatro águas e dez janelas de duas folhas, com persianas de madeira. A fachada principal orientada a S., com embasamento em granito, revestida a azulejo lisos, facetados de cor única e fortemente ritmada por seis vãos emoldurados. A rematar uma cornija saliente onde apoia uma platibanda contínua de granito. Nos extremos dois grandes portais ladeiam quatro janelões com peitoril almofadado de granito do piso sobreelevado e três pequenas aberturas de iluminação da cave semi enterreda e porta de acesso á mesma. As janelas do último piso são de duas folhas. A fachada das traseiras de empena triangular, com beiral saliente em madeira é percorrida nos diversos pisos por varandas com grades metálicas. No INTERIOR o primeiro piso, designado por cave, espaço amplo com colunas em cantaria de granito, *1, relaciona-se com a R. através de quatro vãos sendo um deles uma porta de acesso por uma escada enterrada no passeio. O primeiro piso, sobreelevado relativamente à R., constitui-se no espaço do Salão. A anteceder o Salão, a E. duas salas ladeadas por escadarias de acesso a dois pequenos foyers, onde se localizam as bilheteiras. No extremo oposto, dois salões separados por dois arcos com um ponto de apoio central de madeira. O Salão, de planta rectangular, com um piso contínuo de galeria apoiado em colunas de ferro fundido com balaustrada de madeira. A partir da galeria escadas de acesso ao piso dos camarins, em torno do zimbório, no vão do telhado. O zimbório no centro do Salão de planta rectangular facetado, decorado nos ângulos com pilastras estriadas em estuque. Também nos extremos do piso da galeria desenvolvem-se salões, francamente iluminados do exterior. |
Acessos
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Rua das Portas do Sol, n.º 20, 22 |
Protecção
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Em estudo / Incluído na Zona histórica da cidade do Porto (v. PT011312070086) |
Enquadramento
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Urbano, no centro histórico do Porto adossado a dois edifícios, tendo o do lado O. quatro pisos e a E. dois pisos. O Salão e o edifício do lado O. apresentam-se recuados cerca de dois metros relativamente ao alinhamento definido pela R. da Porta do Sol. Do lado oposto da R. desenvolve-se a Casa Pia actualmente Governo Civil e instalação da PSP. A R . da Porta do Sol sem saída automóvel a S., termina elevada sobre a R. de Saraiva de Carvalho, onde se acede através de uma escadaria. No enfiamento N. desta R. as traseiras do Teatro Nacional de São João, que confronta com a R. do Cativo. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Cultural e recreativa: casa de espetáculos |
Utilização Actual
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Devoluto |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 19 (conjectural) |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido |
Cronologia
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Séc. 19 - Provável construção do prédio; 1876, 2 Dezembro - A Sociedade Nova Euterpe " pede licença para dar bailes de Máscaras no Salão Porta do Sol" (até ao final da época de Carnaval de 1877); 1900, 16 Abril - Alvará concedido à Sociedade Alexandre Herculano para dar bailes públicos no Salão Herculano *2; 1921 - Gaspar R. Cardoso & Companhia *3 apresenta requerimento para "construir cave"; Anos 30 - Alugado para armazém de cabedais; Anos 60 / 70 - Alugado para armazém de colchões Molaflex; 1988 - Por herança de um tio avô, Manuel Cardoso Pereira, passa para os actuais proprietários; 1989 - Deixa de ser utilizado pela Molaflex; 1998 / 99 - O Teatro Nacional S. João interessa-se pela aquisição do Salão Porta do Sol, para instalação de serviços administrativos, de guarda roupa etc; 1999 - O Teatro de S. João desiste do salão e inicia a aquisição do edifício nº14 da R. da Porta do Sol. |
Dados Técnicos
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Estrutura mista |
Materiais
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Paredes exteriores de alvenaria de granito rebocadas pelo lado interior e exterior; parede exterior revestida a azulejo (fachada principal); cobertura em estrutura de madeira revestida a telha de barro; tectos estucados; revestimento de pavimentos em soalho de madeira; caixilharias em madeira pintada; Grades de ferro pintado. |
Bibliografia
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A. D. P., Maço com diversos documentos relativos a teatros (1843 - 1909), nº3090; Idem, Livros de registos de Licenças para espectáculos, nº4034 (1873 - 1885), nº 4035 (1885 - 1893); A. H. M. P., Processo 282 / 1921, vol. 370, folhas 356- 358; Público, Porto, 2 .7. 1990 |
Documentação Gráfica
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CMP: AHMP |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN / DSID |
Documentação Administrativa
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CMP: AHMP; INPA: ADP |
Intervenção Realizada
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Proprietário: 1999 - Reparações pontuais na cobertura. |
Observações
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Não foi possível ter uma visão completa da fachada posterior do edifício por dificuldades de acesso. Não foi possível aceder a todos os espaços do interior tendo em conta o mau estado de conservação de alguns pavimentos, nomeadamente o dos camarins. Na transição do séc. 19 / 20, além de diversos teatros espalhados pela cidade, existiam os vulgarmente designados Salões de Festas: Santa Clara, Grémio Comercial, Alexandre Herculano, Serpa Pinto e Camillo Castello Branco. A Sociedade de Camillo Castello Branco existiu na R. de São Lázaro, nº393 e o Salão de Santa Clara, no Largo com o mesmo nome, nº4. No Arquivo Distrital do Porto, a primeira sociedade a requerer licença para dar baile de máscaras é a Nova Euterpe. A Sociedade Alexandre Herculano possuía outro edifício na R. Mouzinho da Silveira , nº18. Pela consulta dos livros de Licenças foi possível verificar que entre o período de 1876 e 1902, que o Salão era utilizado fundamentalmente para bailes de máscaras. No entanto encontrei pedidos para "sarau de gimnástica" e "um concerto" em 1886. Numa documentação relativa à Pç. da Batalha e quanto à importância da sociedade Alexandre Herculano, sei que foi esta que apoiou e elaborou um documento na defesa do nome da R. Alexandre Herculano quando esta era apenas R. da Batalha. A realização de bailes de máscaras na cidade do Porto, era nesta altura uma forma de estar da burguesia visto que tanto nestes chamados Salões ,como em todos os Teatros da Cidade, incluindo o Teatro do Princípe Real (actual S. João) se verificam o mesmo tipo de pedidos ao Governo Civil. No Auto de Vistoria de 28.12.1901 quanto às potencialidades do Salão da Sociedade Alexandre Herculano, pode ler-se "...Verifica-se não haver obstáculo ao livre exercício de trapézios e mais...de ginástica, actualmente colocado no Salão Principal. A lotação do salão foi averiguada ser a seguinte: quinhentos lugares do salão, duzentos mais cada um, e acrescentar as galerias...". *1 - outrora arrumo e armazém de bebidas do restaurante do primeiro piso; *2 - requerimento do Director da Sociedade Alexandre Herculano: " José Gonçalves deseja dar bailes públicos e máscaras no Salão Herculano, á R. da Porta do Sol, d´esta cidade (casa nº22) e para isso precisa da respectiva licença; para isso pede a V. Excia. a graça de lhe conceder por tempo de 12 meses, a começar em 1 de Janeiro de 1901. Porto, 27.12.1900"; *3 - Gaspar Cardoso era avô do actual proprietário. |
Autor e Data
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Isabel Sereno 1999 |
Actualização
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