Quinta da Pacheca

IPA.00014090
Portugal, Viseu, Lamego, Cambres
 
Arquitectura agrícola, de encosta. Quinta de produção vitivinícola implantada em solos de xisto de declives pouco acentuados, numa sub-região de clima um pouco mais húmido, apresentando a vinha armada em talhões regulares sem sustentação de socalcos. Núcleo construído localizado em local estratégico, dominando a propriedade, e em zona privilegiada do vale de Cambres, composto por edifícios de arquitectura rural vernacular articuladas por pátios, escadas e caminhos.
Número IPA Antigo: PT011805050038
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Agrícola e florestal  Quinta    

Descrição

Quinta implantada em cerro de declive suave, com solos de xisto de cascalho miúdo, com caminho de entrada formando ALAMEDA de plátanos de grande porte. O seu perímetro é bordado por árvores de fruto e oliveiras. As VINHAS, de baixo porte, plantadas em fiadas de tamanho e número variável, conduzidas por arames sustentados por poios (esteios) de xisto, armadas de forma tradicional, organizam-se em talhões rectangulares, divididos por caminhos rectos e bordaduras de árvores de fruto e oliveiras, não tendo muros de suporte dada a pouca inclinação do terreno. A S. da casa do proprietário, a quinta possui um JARDIM, tipo bosquete, composto por espécies arbóreas utilizadas neste tipo de estrutura: carvalho, cedros, loureiros, japoneiras, bambus, e por pequenos canteiros de flores. Todo este espaço encontra-se rodeado por murete, intercalado por grades de ferro forjado, que se prolonga a O. da casa, onde define um terreiro circundado por plátanos, que se estende até ao lado N. da casa. Junto à capela desenha-se outra zona ajardinada, delimitada por sebe alta que compartimenta o caminho. O espaço é ocupado por canteiros e vasos de flores e várias árvores dispersas: cedros, japoneiras. Ao fundo, junto do caminho, um tanque de granito. O NÚCLEO CONSTRUÍDO, implantado em ponto estratégico, ao centro da propriedade que domina a propriedade, é composto por diversos edifícios, adaptados ao desnível do terreno, com coberturas diferenciadas em telhados de 2, 3 e 4 águas, caiados, articulados por pátios, escadas e caminhos. No pátio central ergue-se a CASA DO PROPRIETÁRIO, de planta rectangular, de pisos desnivelados com orientação E. / O.. Fachada principal com janelas de guilhotina e uma varanda alpendrada, acedida por escada de um lanço, de granito, com guardas decoradas, tendo tecto em masseira sustentado por finos pilares de granito. A varanda prolonga-se para a fachada S., a antiga fachada principal, onde sobressai arcada de 3 arcos de volta perfeita de fecho saliente, coroados por cornija de chanfro, assente em mísulas toreadas. Nos diferentes panos os vãos, em óculo, janelas horizontais, janelas de guilhotina e de sacada, distribuem-se de forma harmoniosa. No lado S. do pátio ergue-se a CASA DO COCHEIRO, de planta rectangular, com pisos desnivelados, tendo na virada a N., ao nível do 1º piso, alto, uma janela de molduras decoradas, que se demarca dos restantes vãos. No lado N. do pátio a CASA DE VISITAS, de planta composta e um piso, com dois corpos paralelos, unidos na fachada S., onde se abrem um óculo, igual ao da fachada principal, seguido de alpendre quadrangular suportado por duas colunas, de chão lajeado, com tecto forrado a madeira, sob o qual se abre a porta, de moldura de granito lisa e pedra de fecho saliente. O interior acolhe o centro de engarrafamento e uma sala para receber convidados. Adossado à fachada E. os ESCRITÓRIOS, abertos a um caminho com latada. Na continuação, está adossada a CAPELA, de planta longitudinal simples, com fachadas rebocadas, circunscritas por cunhais apilastrado e remates em cornija, a principal voltada a O., rematada em empena telhada, coroada por cruz de granito, com braços cilíndricos, e pináculos, sendo rasgada por portal de verga recta ladeada por óculos gradeados. As demais fachadas são cegas, a posterior com remate em empena. No interior, possui retábulo de madeira em branco, de planta recta e três eixos, o central com nicho, albergando a imagem de Nossa Senhora da Conceição, separado por colunas coríntias das laterais, com mísulas ostentando as imagens de São José e Santo António; remate em frontão curvo. Na base do eixo central, sacrário embutido e altar em forma de urna com frontal decorado por enrolamentos e acantos. O tecto é de masseira, com caixotões emoldurados. No lado S. do pátio implanta-se a OFICINA VINÁRIA, integrada na estrutura da casa de cima (2ª casa de habitação), de planta rectangular, de dois corpos paralelos, adaptados ao desnível do terreno, com orientação S. / N.. O 1º corpo, da adega, tem aberturas na fachada S., onde se abre portão central ladeado por duas janelas de molduras decoradas. Cunhais de granito e embasamentos pintados a ocre. O interior, de elevado pé-direito, com chão de terra batida, tecto de asnas com forro e escada de comunicação com o 2º corpo, guarda balseiros e tonéis de madeira. O 2º corpo, em cota bem mais elevada, está dividido em dois pisos. A fachada E., voltada a um pátio, é centrada por alpendre, sustentado por colunas de granito, protegendo o portão, partindo de cada lado uma escada de acesso ao 2º piso, ritmado por janelas de batentes. À fachada N. está adossada a CASA DO ALAMBIQUE. Interiormente, o 1º piso alberga a casa dos lagares com oito lagares de granito de grandes dimensões, distribuídos em seis grupos, e o 2º piso é um espaço amplo utilizado para arrumos. No lado N. deste pátio ergue-se a COZINHA e o REFEITÓRIO dos trabalhadores, de planta rectangular, com orientação S. / N., interiormente dividido em duas salas, comunicantes apenas pela roda; chão em lajes de xisto e tectos com sistema de asnas elaborado de forma decorativa. Na cozinha, onde sobressai a monumentalidade do saial da chaminé, com arquitrave e pilares de granito, tem uma saída a S. , com alpendre quadrangular, de ligação à casa do alambique, com tecto de asnas em fuso. No lado N. deste conjunto concentram-se as estruturas de apoio distribuídas em socalcos e organizadas em pequenos caminhos. A E. o CARDENHO DOS HOMENS, rectangular, de dois pisos, com aberturas pequenas, ao qual se adossa o telheiro da lenha voltado para um pátio com latada ao centro. Aqui erguem-se os GALINHEIROS, estruturas de construção cuidada, com nichos individuais e pátio comum cimentado. Mais abaixo, o CARDENHO DAS MULHERES com telheiro de duas águas adossado a fachada N., de planta quadrangular, dois pisos, adaptados ao declive do terreno, com janelas de guilhotina e venezianas. Na mesma cota, mais a N., a CASA DO CASEIRO, de planta quadrangular, e dois pisos, rasgado por janelas horizontais no 1º piso e de guilhotina no 2º janelas. Na mesma cota da adega uma construção de planta quadrangular, com um piso.

Acessos

EN 222, ao Km. 129,5, para CM 1070, a cerca de 300 m, fl. 126

Protecção

Incluído no Alto Douro Vinhateiro - Região Demarcada do Douro (v. PT011701040033)

Enquadramento

Rural. Integrada na Região Demarcada do Douro, na sub-região do Baixo Corgo, a de maior concentração das vinhas, por motivos históricos e pelas suas características edafo-climáticas, com solos pouco declivosos, de xisto, e clima mais húmido. Implanta-se nas margens do vale do Douro, com núcleo de construções em ponto estratégico de onde se abarca toda a envolvente. Nas imediações dos lugares do Carneiro e de Lagares. Confina com a Quinta de Tourais, fronteira à cidade da Régua.

Descrição Complementar

No interior da casa está colocado um painel de azulejos do séc. 18.

Utilização Inicial

Agrícola e florestal: quinta

Utilização Actual

Agrícola e florestal: quinta

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

José Freire de Serpa Pimentel (atr. fachada).

Cronologia

1551 - Bastião Pereira afora ao mosteiro de Tarouca uma vinha em Tourais, nome pelo qual era conhecido o local; 1659 - José Pereira Pacheco, filho de Manuel Pereira Pacheco e Joana Pacheco, emprazam uma quinta em Tourais ao mosteiro de Salzedas; séc. 18 - João Pacheco Pereira, professo da Ordem de Cristo e juiz da Alfândega do Porto, descreve a quinta; 1735 - Mariana Pacheco Pereira deixa a quinta a seu sobrinho Pedro Pacheco Pereira; 1750, década - a quinta, pertença da comenda de S. Martinho de Cambres, passa a ser referida como da Pacheca; 1752 - o Padre António Pacheco Pereira, foi sepultado na capela; 1855 - Bernardo Pinheiro de Aragão troca terras que tinha encravadas na quinta; 1903 - José Freire de Serpa Leitão Pimentel e António Machado Mendia compram a quinta à família Pacheco Pereira; 1911 - construção da fachada com arcarias, lagares e outras estruturas (galinheiros, refeitório, cozinha); 1974 - obras de vulto: nova fachada, demolição dos lagares antigos; 1983 - construção da casa de visitas.

Dados Técnicos

Paisagem: terraceamento parcial da área agrícola através de muros de xistos. Núcleo construído: Paredes autoportantes.

Materiais

Paisagem - inertes: xisto aparelhado; vivos: vinha; árvores de fruto, oliveiras, etc. Núcleo construído: alvenaria de xisto contrafortado por blocos de granito nas zonas de maior tensão; rebocos interiores e exteriores de cal; cobertura de telha portuguesa e marselha de barro, sobre armação de asnas de madeira; caixilharias de madeira pintada; embasamentos e molduras dos vãos em granito; gradeamentos de ferro; tectos camisa e saia de madeira e pavimentos de madeira.

Bibliografia

MONTEIRO, Manuel, O Douro, Porto, 1911; COSTA, M. Gonçalves da, História do Bispado e Cidade de Lamego, vol. VI, Laemgo, 1992; LIDELL, Alex, PRICE, Janet, As Quintas do Vinho do Porto, Lisboa, 1995; CARVALHO, Manuel, Guia do Douro e do Vinho do Porto, Porto, 1995; FAUVRELLE, Natália, Quintas do Douro: As arquitecturas do vinho do Porto, Porto, 2001.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; AHQP; CD: Arquivo Cadastral; CEVRD: Arquivo Cadastral

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; AHQP

Documentação Administrativa

AHQP; IVP: Arquivo Cadastral; CML: Arquivo do Registo Predial

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1995 - restauro da capela, com execução de nova cobertura interna e arranjo do retábulo.

Observações

Autor e Data

Natália Fauvrelle 2001 / João Carvalho 2002

Actualização

 
 
 
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