Santuário de Nossa Senhora da Graça

IPA.00014057
Portugal, Vila Real, Mondim de Basto, Vilar de Ferreiros
 
Arquitetura religiosa, barroca. Santuário com igreja barroca de planta centralizada, composta por nave octogonal, precedida por torre sineira quadrangular, e capela-mor e sacristia retangulares, dispostas em eixo, interiormente com coberturas em abóbadas e iluminação axial e bilateral. Fachadas e cobertura exterior em cantaria, com cunhais apilastrados e remates em friso e cornija, com gárgulas nos ângulos. A fachada principal é do tipo fachada-torre, de construção oitocentista, criando nártex inferior, rasgado por vão em arco de volta perfeita encimado por janela de capialço, e abatido lateralmente, apresentando nos registos superiores sineiras sobrepostas. O portal principal tem verga reta e moldura recortada, encimada por frontão de volutas. Fachadas laterais semelhantes, com nave de pano central avançado, terminado em empena truncada, rasgada por porta travessa de arco abatido e frontão triangular e janela, a capela-mor com janelas de capialço e a sacristia com portal de verga abatida e frontão triangular. As fachadas posteriores da capela-mor e sacristia terminam em empena truncada, abrindo-se na última janela de capialço. No interior, apresenta coberturas em cúpula e abóbadas de berço, coro-alto de cantaria sobre arco abatido, dois púlpitos laterais confrontantes, com guarda em talha policroma e acedidos por vão pelo interior dos muros, dois retábulos colaterais revivalistas e retábulo-mor em talha policroma, tardo-setecentista, de planta reta e um eixo. Na encosta possui três capelas, ligadas ao ciclo da Virgem, uma oitocentista e duas novecentistas, de planta quadrangular e cobertura piramidal, com fachadas em cantaria de cunhais apilastrados, a principal rasgada por portal abatido, tendo no interior imagens de tamanho natural.
Número IPA Antigo: PT011705080023
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Santuário  

Descrição

Santuário composto pela igreja, implantada no cimo do monte, edifício de apoio aos peregrinos e residência do ermitão, na face NE. da plataforma, e por três capelas, de estrutura semelhante, dedicadas à Anunciação, à Visitação e à Natividade. IGREJA de planta composta por torre sineira quadrangular, nave única octogonal, capela-mor e sacristia retangulares, dispostas em eixo. Volumes articulados, de dominante horizontal, quebrada pelo verticalismo da torre sineira, com coberturas diferenciadas em lajes de granito, de oito águas na nave, coroadas por bola, duas águas nos corpos avançados lateralmente na nave, capela-mor e sacristia e em coruchéu piramidal na torre sineira. Fachadas em cantaria de granito aparente, em fiadas de aparelho isódomo, com cunhais apilastrados, percorridas por embasamento e terminadas em friso e cornija, integrando gárgulas de canhão nos cunhais. Fachada principal virada a SO., marcada pela torre sineira adossada, de quatro registos escalonados, os três primeiros separados por friso e cornija, rematados em guarda plena de cantaria e com plintos nos cunhais, de remate piramidal, sobreposto por um quarto registo. O primeiro registo forma nártex, rasgado frontalmente por arco de volta perfeita, ladeado por dois pilares almofadados, sobrepostos por motivo trilobado, e por janela de capialço; lateralmente abre-se portal de verga abatida; o segundo e terceiro registos são rasgados, em cada uma das faces, por vãos em arco de volta perfeita, o último albergando sinos; no quarto registo rasga-se, também em cada face, vão retilíneo envidraçado. Portal principal em arco abatido, com moldura recortada e fecho saliente, encimado por duplo friso, o superior convexo, e frontão de volutas. Fachadas laterais semelhantes, marcadas pelo escalonamento dos diferentes corpos; o da nave tem pano central avançado, terminado em empena, de friso e cornija, truncada, rasgado por portal de arco abatido, encimado por frontão triangular, e por janela retangular de capialço. As fachadas laterais da capela-mor são rasgadas por duas janelas de capialço e as da sacristia por portal em arco abatido encimado por frontão triangular. Fachada posterior com os corpos da capela-mor e da sacristia terminados em empena levemente truncada, sendo o da sacristia rasgado por janela retangular de capialço. INTERIOR com as paredes em cantaria de granito aparente, em fiadas de aparelho isódomo, pavimento de lajes e cobertura também em cantaria. Coro-alto de cantaria, sobre arco abatido, e com guarda em balaustrada de granito, acedido por porta de verga reta; no sub-coro possui, de ambos os lados, pias de água benta, gomadas. Nave de espaço centralizado, estruturado por quatro arcos, de volta perfeita, sobre pilastras dóricas, contendo lateralmente dois púlpitos, confrontantes, de bacia retangular sobre mísula volutada, decorada com elementos vegetalistas, com guarda plena de talha pintada a marmoreados fingidos bege, castanho e dourado, acedidos por porta de verga reta, moldurada, encimada por sanefa de talha, com lambrequim, igualmente em talha pintada a marmoreados fingidos. Sob os púlpitos, abrem-se duas portas de verga reta, que dão acesso ao coro-alto, à torre sineira e aos púlpitos. As portas travessas têm arco abatido e são ladeadas por pias de água benta gomadas. Cobertura da nave em cúpula, sobre dupla cornija circular. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras, ladeado por dois retábulos colaterais, em talha pintada a marmoreados fingidos e dourado, dedicados ao Crucificado, do lado do Evangelho, e a Nossa Senhora de Fátima, do lado da Epístola. Capela-mor coberta por abóbada de berço, sobre cornija. Na parede testeira, sobre supedâneo de três degraus, dispõe-se o retábulo-mor, de talha pintada a marmoreados fingidos, a castanho, bege e dourado, de planta reta e um eixo, definido por duas colunas de fuste liso, assentes em plintos paralelepipédicos, ornados de elementos vegetalistas, e de capitéis coríntios, encimadas por fragmentos de frontão; ao centro, abre-se tribuna de perfil curvo, moldurada, albergando imagem do orago sobre peanha, tendo o fundo pintado com glória de querubins; a estrutura remata em espaldar inscrito em falso frontão semicircular, adaptado ao perfil da cobertura, decorado por painel ovalado com as iniciais "AM". Altar paralelepipédico, com frontal ornado de motivos vegetalistas. Sobre a banqueta surge sacrário tipo templete, com colunas laterais. Nas paredes laterais, abrem-se duas portas de verga reta, confrontantes, encimadas por mísulas de talha dourada com imaginária; dão acesso a corredores que contornam a capela-mor e comunicam com pequena divisão, correspondente à antiga sacristia, que tem lavabo de espaldar com amplo florão, com torneira ao centro, encimado por reservatório, atualmente fechado, e taça frontal gomada. Na parede testeira desta divisão, existe porta de acesso à atual sacristia, com lavabo recente de taça sobre coluna. EDIFÍCIO DE APOIO AOS PEREGRINOS de planta em L e volumes articulados com coberturas em telhados de quatro águas, rematadas em beirada simples. Fachadas em cantaria de granito de aparelho isódomo, adaptadas ao terreno de acentuado declive, apresentando a fachada principal, a NO., e a fachada lateral SO. de um piso, e as restantes de dois. A principal e lateral SO., terminam em cornija e são rasgadas por portas de verga reta, tendo as da fachada lateral as vergas inscritas com as datas de 1992 e 1843. Fachada lateral NE. cega, tendo adossado fontanário de espaldar liso, rematado em empena com cornija, e tanque frontal sobre base paralelepipédica. Superiormente, surge na parede inscrição em baixo relevo. Fachada posterior de dois pisos, rasgada por portas e janelas, sendo uma de sacada, no piso superior. As CAPELAS da encosta têm planta quadrangular, de massa simples e cobertura piramidal, de cimento, a da Anunciação coroada por catavento e a da Visitação por bola. Apresentam fachadas em alvenaria de granito, rebocadas e pintadas de branco, terminadas em friso e cornija, e com pilastras toscanas nos cunhais, coroadas por pináculos piramidais sobre plintos paralelepipédicos. A fachada principal é rasgada por portal em arco de volta perfeita, cerrado por portão de ferro. No interior têm as paredes em cantaria de granito aparente. A Capela da Anunciação, tem no interior as imagens em tamanho real, da Virgem, do Anjo e, ao centro, de Deus Pai e do Espírito Santo; numa mesa surge livro aberto. A Capela da Visitação, com a data de 1933 inscrita na pedra de fecho do portal, encimada pelas iniciais "AM" em baixo relevo, tem no interior, plataforma forrada com tijoleira, sobre a qual se dispõem as imagens em tamanho real da Virgem e Santa Isabel, rodeadas por quatro anjos, dois deles tocando harpa e saltério. A Capela da Natividade, também com as iniciais "AM", sobre o portal, tem no interior uma plataforma, forrada a tijoleira, encimada por estrutura de madeira, terminada em empena e forrada com pintura de uma cabana e várias palmeiras; sobre a plataforma dispõem-se as imagens de Maria e São José junto ao Menino, deitado sobre palhinhas, ladeado por uma vaca e um burro e encimado por anjo, segurando uma filactera.

Acessos

Monte Farinha; Alto da Senhora da Graça

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, isolado, no cume do Monte Farinha (também chamado de Monte de São Veríssimo, Monte Meão ou Monte Mesquita), com cerca de 900 m de altitude e de configuração cónica, constituindo o último cabeço de uma cadeia montanhosa ligada à serra do Marão, e de onde se desfruta de um domínio visual de 360 graus, alcançando a Serra do Marão, a Serra da Cabreira, a Serra do Barroso, as cidades de Amarante e da Lixa, a região de Valongo e outras terras distantes. A igreja do Santuário ergue-se no cimo de uma plataforma, acedida por escada com três patamares, formando o superior o adro, vedado por muro, percorrido na face interior por bailéu, e pavimentado a paralelos de granito e lajes de cantaria, à volta do templo. O adro tem acesso por rampa e por dupla escadaria, com guarda plena de cantaria, tendo nos ângulos pilares tipo balaústre ou piramidais. Do lado SE., integrando o talude, ergue-se o edifício de apoio aos peregrinos, servindo também de residência do ermitão. Nas traseiras da igreja desenvolve-se um anfiteatro para celebração de cerimónias religiosas. Na vertente O., a partir do escadório, desenvolve-se caminho lajeado, em ziguezague, ligando as três pequenas capelas, integradas em plataformas artificiais, adaptadas ao declive do terreno, de planta quadrangular, delimitadas por muro e com acesso frontal. Para NE., situa-se o Monte dos Palhaços *1, de menor dimensão. Na sua encosta encontra-se uma pedra de grandes dimensões, conhecida por Pedra Alta.

Descrição Complementar

O nártex tem a inscrição "COMEMORANDO A VISITA DE SUA EXCELÊNCIA A ESPOSA DO CHEFE DE ESTADO DONA MARIA DO CARMO FRAGOSO CARMONA EM 9-9-1944 A COMISSÃO E O MUNICÍPIO". Um dos sinos tem inscrito "JOANES FERREIRA LIMA ME FECIT BRACARAE". A verga da porta de acesso ao púlpito do lado do Evangelho tem a inscrição "ANO 1775" e a do lado da Epístola a inscrição "FEITO ESTE SANTUARIO". Os retábulos colaterais, de estrutura semelhante, são em talha pintada a marmoreados fingidos a castanho, bege e dourado, de planta reta e um eixo, definido por duas pilastras almofadadas, ornadas por elementos vegetalistas, que se prolongam no remate, numa arquivolta, igualmente com motivos fitomórficos; ao centro possui amplo nicho, em arco contendo painel pintado, alusivo ao orago, e banco de apainelados, ornados com elementos vegetalistas. As estruturas são encimadas por sanefas, com lambrequim, assentes em mísulas de acantos, rematadas por elementos vazados. Altar tipo urna de frontal decorado com elementos vegetalistas e drapeados, integrando o do lado da Epístola, livro em baixo relevo com inscrição. O edifício de apoio aos peregrinos tem na fachada SO. as seguintes lápides inscritas: "VISITA DE SUA EXCELÊNCIA O SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA DR. JORGE SAMPAIO EM 25 DE OUTUBRO DE 1996" e "ESTAS OBRAS FORAM RECONSTRUÍDAS A EXPENSAS DO GRANDE BENEMÉRITO EXMO. SNR. COMENDADOR ALFREDO ALVARES DE CARVALHO PINTO COELHO A COMISSÃO AGRADECIDA ALTO DO MONTE FARINHA 24 DE JULHO DE 1931"; na fachada NE. tem ainda lápide com a inscrição: "1945 / 1995 PEREGRINAÇÃO Nª Sª DA GRAÇA I CINQUENTENÁRIO". Na capela da Anunciação, o livro tem a legenda "AVÉ MARIA / GRATIA PLENA, / DOMINUS TECUM / BENEDICTA TU / IN MULIERIBUS / ET BENEDICTUS / FRUCTOS VENTRIS TUI JE- / SUS". Na Capela da Natividade, o anjo segura filactera com a inscrição "GLÓRIA - IN - EXCELCIS DEU".

Utilização Inicial

Religiosa: santuário

Utilização Actual

Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Vila Real)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

PEDREIRO: José Pinto da Costa (1869). SINEIRO: João Ferreira Lima.

Cronologia

Séc. 04 a.C. - início de actividades metalúrgicas no local; 1549 - no Tombo da Igreja de Atei (v. PT011705010010) é referida a existência das ermidas de Santo Aleixo e de Santo Apolinário, situadas no "pico do Outeiro do Monte Farinha"; 1566, 30 junho - Livro de Registos dos Tombos e Propriedades das Igrejas do Arcebispado de Braga refere a existência de uma capela de "Nossa Senhora de São Bríssimo" no Monte Farinha, como marca divisória entre as freguesias de Atei, Mondim de Basto e Vilar de Ferreiros; a invocação parece dever-se ao facto de ter existido na encosta do monte uma capela dedicada a São Veríssimo; o fato da capela se localizar na zona de limite administrativo das três freguesias, motivará acesas disputas entre os respetivos habitantes, sobretudo entre os párocos das igrejas e entre estes e os seus superiores hierárquicos; 1651 - Frei Leão de S. Tomás refere a ermida existente no cume do Monte Farinha; 1699 - para efeitos de regulamentação dos montes baldios de logradouro comum, existem tombos de Mondim, Atei, Ermelo e Vilar de Ferreiros que referem uma capela de São Veríssimo, diferente da capela da Senhora da Graça, "a meio da encosta", em lugar um pouco mais acima da fonte do Ermitão; 1747 - provisão do Arcebispo de Braga, D. José de Bragança, autoriza a re-edificação "a fundamentis" da capela de Nossa Senhora da Graça, existente no lugar da antiga ermida de Santo Aleixo, por estar em mau estado devido aos temporais; para tal os mordomos de Nossa Senhora da Graça e obrigam com os seus bens; 1758, 27 fevereiro - referência à capela de Nossa Senhora da Graça situada no alto do Monte de Farinha ou de São Veríssimo, pelo abade Manuel Paulo da Silva Pereira e Queirós, nas Memórias Paroquiais da freguesia de Vilar de Ferreiros; no monte tem a capela e casas de romagem e um rocio suficiente; e esta é a terceira capela de que se conserva a memória, que houvesse naquele monte; a imagem é de pedra "de qualidade estranha a estas gentes" e não há tradição de quando ali foi colocada; não consta que fosse encarnada e, apesar do clima e da elevação ser desabrigada, conserva-se tão perfeita como se agora fosse acabada, enquanto as imagens de madeira feitas há poucos anos, que se acham na mesma capela, não conservam a encarnação; as mesmas pedras da capela todos os anos mudam a cor e experimentam a ruína dos tempos; tem frequente romagem e com maior ocorrência nos dias de Ascensão do Senhor e São Tiago Maior; a apresentação da capela é dos abades desta freguesia e dos vigários da freguesia de São Pedro de Atei, em alternativa; o pároco refere ainda as ruínas do Outeiro dos Palhaços, que lhe fica ao pé "no qual se descobrem vestigios de que houve casas (...) e há tradição vulgar que ali fora povoação de mouros"; 12 março - os mesmos dados são confirmados pelo padre José Rodrigues nas Memórias Paroquiais da freguesia de Atei, que refere haver duas ermidas no alto do monte Farinha ou de São Veríssimo, uma da invocação de Nossa Senhora da Graça, feita de novo à romana, no lugar da antiga, e outra com invocação de Santo Apolinário, onde se vai em romagem com grande concurso, principalmente na véspera do dia de São Tiago; as ofertas são recebidas pelo pároco da freguesia de Atei e pelo abade da freguesia de Vilar de Ferreiros, em alternância, devido às ermidas estarem na divisão das freguesias; 1763, 23 novembro - tendo sido informado que, tanto o pároco de Vilar de Ferreiros, como o de Atei, "distraíam" as esmolas e ofertas dos fiéis ao santuário, com grave prejuízo da Senhora, que se achava sem disponibilidades de conservação, D. Gaspar de Bragança, Arcebispo de Braga, suspende a alternância da administração da capela e nomeia um administrador privativo, o Pe. Manuel José Rodrigues, de Mondim de Basto; a fim de que para o futuro o respectivo património se aplicasse exclusivamente à sua manutenção, apenas reservou aos párocos o direito de inspeção; 1775 - re-edificação da igreja, segundo inscrição nas vergas das portas dos púlpitos; 1779 - a administração da igreja passa para o abade de Vilar de Ferreiros; 1786 e 1788 - nas visitações de Vilar de Ferreiros refere-se que o zimbório e telhados da capela se encontram em estado de ruína; 1839 - data da morte do segundo e último capelão, o padre Francisco Peixoto de Carvalho; 1842 - postura da Câmara Municipal de Mondim de Basto proíbe roçar mato no Monte Farinha "por ser necessario para consumo dos Romeiros" sendo a multa para os transgressores de mil reis; 1843 - construção de edifício de apoio aos peregrinos, conforme data inscrita no portal; 1884 - conclusão de outra casa espaçosa para os peregrinos; 1886 - conclusão da capela da Anunciação, na vertente SO. do monte; 1869 - dá-se 4$500 ao pedreiro José Pinto da Costa à conta da obra da Senhora da Graça; 1886 - o Abade de Miragaia descreve o santuário de Nossa Senhora da Graça como "um dos primeiros santuários de Trás-os-Montes e muito concorrido todo o ano, principalmente nas duas grandes romarias da Ascensão e de Santiago"; 1893 - data dos Estatutos da Confraria aprovados pelo Governador Civil de Vila Real; 1933 - construção da capela da Visitação; 1934 - construção da terceira capela no caminho de acesso ao monte, vulgarmente conhecida como "capela do Fundo", por iniciativa da Comissão Administrativa do Santuário, presidida pelo Pe. António Guilherme de Queirós Saavedra; 1944 - conclusão da estrada que acede ao santuário; 9 setembro - visita o santuário D. Maria do Carmo Fragoso Carmona, esposa do Presidente da República; 1950, década - alteamento da torre sineira; 1954, 15 julho - provisão do bispo de Vila Real, D. António Valente da Fonseca, reconhecendo e confirmando no pároco de Vilar de Ferreiros a jurisdição paroquial do santuário, e dando ao mesmo santuário capelão próprio, que nele desempenhe as funções de reitor com todos os direitos e deveres inerentes ao cargo, nomeando no cargo o Padre António Gomes Ribeiro; 1990, agosto - um violento incêndio florestal destrói por completo toda a vegetação do alto da Senhora da Graça; 1990, década - escavações no local colocam a descoberto várias casas; 1996, 25 outubro - visita do então Senhor Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio; 2003, fevereiro - queda de um raio na torre sineira, causa estragos no mirante que possuía; 2005, 18 agosto - um incêndio florestal destrói quase por completo o pinhal do alto da Senhora da Graça; 2006, agosto - escavações do lado O. do monte Farinha, durante as quais se descobrem gravuras nos rochedos, estudadas por um grupo da Universidade do Minho, liderada por António Pereira Dinis, integradas num projeto financiado pelo IPA e pela Câmara Municipal de Mondim de Basto; surgem, ainda, vestígios de práticas metalúrgicas, fossas, elementos em sílex, moedas, oferendas em bronze e cerâmica; perante os achados a Câmara de Mondim de Basto definiu uma área de proteção e pretende classificar o conjunto como Imóvel de Interesse Municipal.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria de granito; balaustrada do coro-alto, base do púlpito, pias de água benta, pináculos, pavimentos e coberturas interiores e exteriores em cantaria de granito; portas da igreja em madeira pintada, da casa dos romeiros em alumínio e das capelas em ferro; vidros policromos; grades em ferro; guardas dos púlpitos e retábulos em talha pintada a marmoreados fingidos; pavimento cerâmico nas plataformas das capelas da encosta.

Bibliografia

CAPELA, José Viriato, BORRALHEIRO, Rogério, MATOS, Henrique - As Freguesias do Distrito de Vila Real nas Memórias Paroquiais de 1758. Memórias, História e Património. Braga: José Viriato Capela, 2006; CASAL PELAYO, Primo - A Ermida do Monte Farinha. Vilar de Ferreiros, Mondim de Basto: P. C. Pelayo, 1969, 2ª ed.; GIL, Júlio, CALVET, Nuno - Nª Senhora de Portugal. Santuários Marianos. Lisboa: Intermezzo, 2003; "Gravuras rupestres em Mondim indiciam rituais alusivos ao sol", in Diário do Minho. 13 agosto 2006; LOPES, Eduardo Teixeira - Mondim de Basto: Memórias Históricas. Mondim de Basto: E. T. Lopes, 2000, p. 441-446; TOMÁS, Frei Leão de S. - Benedictina Lusitana. Lisboa: 1994, VASCONCELOS, João - Romarias. Um Inventário dos Santuários de Portugal. Lisboa: OLHAPIM, 1998, vol. 2; Vv.Aa. - Guia de Portugal. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1987, vol. 5, p. 316.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal / Paulinas

Documentação Administrativa

Irmandade de Nossa Senhora da Graça

Intervenção Realizada

1931 - obras de reconstrução no santuário, a expensas do Comendador Alfredo Alvares de Carvalho Pinto Coelho; este manda construir os aposentos de romeiros e instalações anexas após um violento incêndio; séc. 20, 1ª metade - Pe. Manuel Joaquim Correia manda restaurar a capela, restituindo à nudez da pedra o seu interior e renova as pinturas e dourados; posteriormente, o mesmo empenha-se na construção de uma ampla via de comunicação entre o largo da missa campal e o adro de cima, alargamento da estrada na passagem da Garganta, entradas para o restaurante e ampliação da casa das estampas; 1992 - obras de beneficiação na casa dos peregrinos, conforme data inscrita no portal; I.N.S.G.: 2001 - arranjo da parte NE. do adro; conclusão das obras nos edifícios de apoio aos peregrinos; 2005 - remoção do mirante de cimento sobre a torre sineira que servia de posto de vigia dos Serviços Florestais e dos Bombeiros; construção na torre sineira de uma nova cobertura em coruchéu e respectiva guarda, ambas em granito.

Observações

*1 - Na encosta do Monte dos Palhaços existem vestígios de construções castrejas, com várias casas de períodos diferentes de ocupações, retangulares e apresentando lareira, excepto uma, de perfil circular e com vestíbulo. Existe ainda um conjunto de cerca de 20 penedos com insculturações, relacionadas com cultos solares. Segundo a lenda, haverá no local uma entrada para uma galeria subterrânea, chamada de "Mina dos Mouros", com 9 kilómetros de comprimento, que irá sair ao rio Tâmega, num local chamado Furaco. Nesta "Mina dos Mouros", segundo o povo, existe um tesouro guardado por uma moura encantada, transformada em serpente. Quem encontrar o tesouro poderá resgatá-lo, ao quebrar o encanto da moura com um beijo. *2 - A benemérita Clara Joaquina de Miranda, proprietária, viúva do lugar de Vilarinho, ofereceu 250$000, os quais foram aplicados na aquisição de um carrilhão para a torre, com antecipado compromisso de a Comissão, presidida pelo Pe. Guerra, construir um caminho de ligação a Vilarinho, que não chegou a ser traçado. A torre dos sinos fora oferta de um filho de Vilar de Ferreiros, Augusto Alves Teixeira, que adquirira no Brasil fortuna, tendo o seu nome estada gravado na própria torre, mas acabou por ser apagado pelas comissões. *3 - Segundo Pelayo, é a tradição local que, o primeiro ermitão vivia num covil voltado para Mondim, perto de onde existe uma fonte com represa abundante de água, que servia para lhe regar uma bouça que ficava logo abaixo, na encosta voltada para Campos. Foi ele quem, na proximidade da fonte, construiu a primeira capela, que não deve ter sido ao gosto da Senhora, visto a ter abandonado para ir para o cimo do monte. Depois teria sido construído uma nova capela no lugar desejado pela Senhora. Certa noite, quando regressava ao seu tegúrio, o ermitão foi surpreendido por um bando de malfeitores, que o assassinaram, vindo a ser sepultado, em "odor de santidade", à entrada do adro da igreja de Vilar de Ferreiros. Uma outra tradição refere que o santuário terá sido mandado fazer por um homem notável e abastado, natural de Mondim, em agradecimento de se ter salvado de um naufrágio iminente num navio que vinha do Brasil. *4 - Uma prática pouco usual neste santuário era a de transportar os devotos, que se julgavam agraciados por Nossa Senhora da Graça, em casos de perigo de vida, dentro de caixões, aos ombros dos familiares, em voltas ao templo.

Autor e Data

Ricardo Teixeira e António Dinis 2000

Actualização

Joaquim Gonçalves 2005
 
 
 
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