Igreja de São Miguel de Fetal

IPA.00014048
Portugal, Viseu, Viseu, União das freguesias de Viseu
 
Arquitectura religiosa, maneirista e barroca. Igreja de planta longitudinal, com nave, coro-alto, capela-mor e sacristia, com estrutura maneirista, possuindo alguns elementos de cariz barroquizante. Alçados circunscritos por cunhais apilastrados com pináculos e remate em friso e cornija. Fachada principal com pórtico decorado por frontão, ladeado por janelas em nível superior. Remate em frontão triangular. Coberturas em abóbada de berço. Mantém os retábulos colaterais maneiristas. Retábulo-mor de talha dourada e policromada.
Número IPA Antigo: PT021823240063
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja  

Descrição

Planta longitudinal, composta e regular, formada por nave, coro-alto, capela-mor mais estreita e baixa, e sacristia, com coincidência entre o exterior e o interior, de volumes articulados e disposição horizontalista das massas. Coberturas de telhados diferenciados de duas águas. Embasamentos de cantaria e os alçados rebocados e pintados de branco, circunscritos por pilastras, encimadas por pináculos de bola, e rematadas por friso e cornija. Fachada principal voltada a NO. com portal principal de verga recta, emoldurado por pilastras e, sobre a arquitrave, um frontão curvo interrompido, com pináculo em posição centralizada. O conjunto é ladeado por duas lápides epigráficas em latim e, em posição elevada, dois janelões rectangulares, gradeados e encimados por frontão triangular. Sobre a cornija o remate em frontão triangular, com pequeno nicho de arco de volta perfeita sobrepujado por frontão curvo e ladeado por duas volutas estilizadas. No vértice do frontão, cruz assente em base. Alçado NE. com dois janelões rectangulares gradeados, no corpo da nave e, no da capela-mor, um janelão semelhante aos anteriores, mas de menores dimensões e porta de acesso à sacristia. Alçado tardoz possui fenestração rectangular e, em plano superior, duas janelas quadradas. Gárgula no segundo terço do muro, rematado em empena truncada por pequena sineira. Alçado SO. igual ao outro alçado lateral, só que neste, no corpo da nave, possui uma porta travessa. INTERIOR com guarda-vento em madeira e coro-alto, com balaustrada de madeira, apoiado em arco abatido, com acesso por escada, no lado da Epístola. No lado do Evangelho, porta de acesso ao púlpito. Em nível superior, o púlpito com bacia de cantaria assente em mísula e guarda de madeira torneada. Cobertura em abóbada de berço, apoiada em cornijas salientes. Arco triunfal de volta perfeita, encimado, junto à cota superior da abóbada da nave, por um óculo. Lateralmente, retábulos semelhantes. Do lado do Evangelho, o de S. Miguel, composto por dois pares de colunas estriadas nos dois terços superiores, que ladeiam um nicho de volta perfeita, com a imagem do santo. Entablamento, sobre o qual assentam dois pares de pináculos, enquadrando um espaço quadrado decorado com imagética religiosa e encimado por um frontão curvo interrompido. No lado oposto, o altar de Nossa Senhora. Capela-mor tem, do lado do Evangelho, arco rebaixado que, através de porta rectangular, dá acesso a corredor para a sacristia, que possui, de cada lado, uma porta de acesso ao exterior. Ao topo, pequena escadaria para a sineira e nicho de arco de volta inteira, com vestígios de pintura mural, representando Jerusalém, inserido em moldura policromada. No lado da Epístola, arcossólio rebaixado de igual configuração ao do lado do Evangelho, onde se insere o sarcófago pétreo, vazio, do rei godo Rodrigo. O retábulo, a que se tem acesso por três degraus, é formado por uma tribuna central, delineado por uma moldura decorada com folhas de acanto, que alberga um trono de 3 degraus decorados com motivos vegetalistas e onde assenta a imagem de Cristo pregado na Cruz. O conjunto é flanqueado por um par de pilastras decoradas com conchas e flores estilizadas, a que se segue um par de colunas pseudo salomónicas, com espiras enlaçadas por renques de flores e dois quarteirões. O entablamento é percorrido por um friso branco povoado com cabeças de anjos douradas. Frontão com cartela centralizada, ladeada por dois festões e sanefa curva com lambrequins de borlas. Como coroamento, uma cartela concheada, de grandes dimensões, envolta em folhagens e festões. Cobertura em abóbada de berço.

Acessos

Rua Simões Dias. WGS84 (graus decimais) lat.: 40,658248, long.: -7,906291

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, a meia encosta, em superfície plana horizontalizada artificialmente, em plano inferior à via circular da cidade, isolado, destacado e separado por adro murado a que se tem acesso por pequena escadaria.

Descrição Complementar

As lápides epigráficas, mandadas fazer a quando da campanha de obras de 1735, na fachada principal e depois de traduzidas, referem, a do lado esquerdo: "Miguel, príncipe celeste, orago deste templo, defende o género humano do antigo inimigo". Porque é tido como general supremo e ministro do céu, convém-lhe a arremeçadora lança e a mão com a balança pendente, atributos da imagem do retábulo colateral do Evangelho. A do outro lado diz: "este novo templo foi edificado em Sé vaga onde a primeira paróquia de Viseu teve a sua antiga sede. Contavam-se sete séculos e sete lustres sobre mil anos, quando o cabido mandou fazer esta obra". No retábulo-mor, em posição centralizada e sobre a banqueta, o sacrário, com a representação do Cálice e da Hóstia, e de remate escamado, sobre o qual repousa o cordeiro místico, deitado sobre o Livro dos Selos. Nas tabelas dos retábulos colaterais, a representação da Assunção da Virgem, no lado do Evangelho, e da Anunciação, na Epístola.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

CAIADOR: José de Almeida (1738). CARPINTEIRO: José do Vale (1738). ENSAMBLADOR: Manuel de Carvalho (1739). ENTALHADOR: Manuel Madeira (1752). FERREIRO: Manuel Francisco (1738). PEDREIROS: Francisco de Sousa (1738); António Ribeiro e Manuel Ribeiro (1738 - 1763); Bernardo Pereira (1739); Pedro Rodrigues (1739 - 1741).

Cronologia

624 - 711 - a zona era utilizada como necrópole; 900, circa - aponta a tradição que foi encontrado um túmulo, que, actualizando a grafia, dizia: "Aqui repousa Rodrigo último rei dos Godos"; 1110 - o conde D. Henrique doa a Igreja e certos terrenos adjacentes, para catedral, a D. Teodónio prior e governador do Bispado de Viseu; 1613 / 1641 - os monges capuchos, antes de passarem para o Convento de Santo António de Massorim, foram aqui instalados; séc. 17, 2.ª metade - execução dos retábulos colaterais e respectiva imaginária; 1719 - o Bispo D. Jerónimo Soares manda restaurá-la e iniciam-se as obras; 1728 - edifício totalmente remodelado por decisão do bispo D. Jerónimo Soares; 1735 - conclusão das obras e restauro do túmulo de D. Rodrigo, executando a inscrição que hoje se vê e que diz, transcrevendo do latim: "Aqui jaz ou jazeu o último rei dos godos, segundo diz a tradição"; 1736, 3 Fevereiro - contrato entre o Cabido da Sé de Viseu e o pedreiro António Ribeiro para o acrescento da capela-mor e sacristia, por 4.500 cruzados; 1738 - obras do caiador José de Almeida, por 35$880; 23 Agosto - provisão do Cabido da Sé para pagar 542$320 ao pedreiro António Ribeiro e filho, Manuel Ribeiro, pelo acrescento da obra da igreja; a mesma provisão previa o pagamento ao carpinteiro José do Vale, pelo resto da obra, a quantia de 276$480, que constou em carregar cantaria e ferro e o feitio das grades da nave e sacristia 1739, 3 Janeiro - provisão do Cabido pagando 20$920 ao pedreiro Francisco de Sousa, por quebrar pedra para as escadas do adro e parapeiro respectivo; 28 Março - o mestre ensamblador Manuel de Carvalho recebeu 12$800 pela obra do púlpito; obra do mestre ferreiro Manuel Francisco, de Abravezes, de duas grades para as frestas da capela-mor, por 13$800; Maio - feitura do adro e obras de pedraria na igreja, por Bernardo Pereira e Pedro Rodrigues, ambos de Ranhados; 1741, 11 Fevereiro - recibo de Pedro Rodrigues pela obra que executou na igreja, compreendendo a execução das escadas, conserto dos telhados e reboco dos muros; 1752 - escritura entre o imaginário ou entalhador, Manuel Madeira, de Santa Comba Dão, e o Padre Manuel Roiz de Carvalho, em que aquele se obrigava a concluir o retábulo-mor até Agosto de 1753; 1808 - deixa de ser Igreja paroquial; 1855 - a Irmandade do Senhor dos Passos, estando instalada na capela da Cruz, na Sé, transferiu-se para aqui, onde ainda hoje se mantém; 2001 - roubo das imagens dos altares colaterais.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Granito; rebocos, madeiras e ferro.

Bibliografia

BRITO, Fr. Bernardo de, Monarchia Lusitana, II Parte, Lisboa, 1609; LEAL, Augusto Soares D'Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol. XII, Lisboa, 1890; VAZ, João L. Inês, Roteiro Arqueológico do Concelho de Viseu, Viseu, 1987; ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, in Beira Alta, vol. XLIV, n.º 1, Viseu, 1983; Guia de Portugal, III, vol. II Beira Baixa e Beira Alta, Lisboa, 1985; CORREIA, Alberto, Cidades e Vilas de Portugal - Viseu, Lisboa, 1989; EUSÉBIO, Maria de Fátima dos Prazeres, Retábulos da Cidade de Viseu, in Beira Alta, vol. L, fasc. 1 e 2, Viseu, Assembleis Distrital de Viseu, 1991, pp. 5-31; ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, 3 vols., Viseu, 2001; Requalificação da Igreja de São Miguel, in Jornal da Beira, 26 Outubro 2006; COSTA, Jorge Braga da e CRUZ, Júlio, Monumentalidade Visiense, Viseu, AVIS, 2007.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

População: 1990 - reparação do telhado da capela-mor.

Observações

*1 - aponta a tradição que D. Rodrigo, último dos reis do período suevo-visigótico, depois de perdida a batalha que permitiu aos muçulmanos a conquista da Espanha, refugiou-se junto à Capela de São Miguel do Fetal, onde, anos mais tarde, faleceu; uma arca funerária de pedra, na capela-mor, guarda a memória daquele rei. *2 - em 1853, quando se demoliu um lanço da parede da sacristia, foi encontrada uma lápide sepulcral romana, servindo como reaproveitamento, onde se lia, actualizando a grafia: "Monumento consagrado aos Manes. A Sunua, filha de Bocco Cina, de idade de onze anos, mandaram fazer esta sepultura o natural amor de mãe piedosissima e o genro Albiniano".

Autor e Data

João Carvalho 2001

Actualização

 
 
 
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