Câmara Municipal de Monsaraz / Paços da Audiência

IPA.00014009
Portugal, Évora, Reguengos de Monsaraz, Monsaraz
 
Arquitectura político-administrativa e judicial, gótica, manuelina, setecentista. Edifício de Tribunal medieval com porta ogival, janelas geminadas e abóbadas de nervuras.
Número IPA Antigo: PT040711030038
 
Registo visualizado 202 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Político e administrativo regional e local  Câmara municipal  Casa da câmara, tribunal e cadeia  

Descrição

Planta longitudinal, composta. Volumes articulados, dispostos em 2 pisos, massas na vertical. Cobertura homogénea em telhado de duas águas. Fachada principal a S. composta por um volume saliente correspondente à escadaria de dois lanços para acesso ao primeiro piso que se alcança através de pequeno portão gradeado , tendo à direita o portal simples de entrada no primeiro piso. No registo superior e no pequeno terraço onde termina a escadaria, a porta de acesso ao segundo piso, emoldurada em pedra, e janela idêntica à esquerda. No limite E. e no sentido transversal ao edifício está o campanário com um sino e inscrição: FRANCISCO RODRIGUES BELAS LISBOA - 1878. Fachada O. composta por dois registos com três volumes distintos correspondentes à caixa da escadaria, ao corpo principal e original do edifício e ao volume do segundo piso construído posteriormente, levemente reentrante. Registo inferior com conjunto de seis janelas geminadas de arquetas com lanceta, insculturadas. Na base, junto à calçada pode ver-se uma pedra de cabeceira de sepultura, reutilizada como marco de delimitação da antiga freguesia paroquial de Santa Maria da Lagoa. Registo superior composto por janela axial de arquetas de meias canas decoradas por capitéis vegetalistas. INTERIOR: espaço diferenciado composto por corredor de entrada e salão principal. O corredor que se alcança através do vão de entrada tem planta rectangular e corresponde ao vão da caixa da escada de acesso ao segundo piso; este corredor antecede a primitiva fachada do edifício composta por porta ogival de ábacos duplos, moldurados e jambas de meias canas com capitéis naturalistas e do lado direito conjunto de duas janelas geminadas, de molduras góticas, sem gradeamento. Salão interior de planta rectangular dividido em três tramos iluminado pelo núcleo de janela geminadas da fachada O.. O primeiro que se alcança através da porta ogival, corresponde à antiga sala de audiências; tem cobertura em abóbada de chanfros com chave axial, circular; ocupando parcialmente a parede N., painel de pintura mural, a fresco, figurando o "Bom e o Mau Juíz" e "Cristo Pantocrator"; a parte superior da pintura é truncada pela abóbada; segundo tramo tem tecto em abóbada nervurada, reforçada por arcos formeiros e pilastras; o terceiro tramo tem cobertura em abóbada de berço. O segundo piso é composto por duas salas contíguas: a primeira tem planta rectangular e a segunda, a O., planta quadrangular com coberturas em abóbada.

Acessos

Rua Direita e Largo Nuno Álvares Pereira

Protecção

Incluido no Núcleo intramuros de Monsaraz (v. PT040711030002)

Enquadramento

Urbano. Edifício de gaveto no largo principal da vila, próximo da Igreja Matriz (v. PT040711030046), Igreja e Hospital da Misericórdia (v. PT040711030045) Novos Paços do Concelho (v. PT040711030043) e Pelourinho (v. PT04 0711030001).

Descrição Complementar

O painel mural a fresco designado "o Bom e Mau Juíz", apresenta-se dividido em dois registos: o superior mede 1, 55m de altura por 1, 88m de largura e o inferior 1, 86 de altura por 3, 06 de largura; o tema do registo superior é o Cristo Pantocrator sobre o globo terrestre, ladeado por dois anjos e, abaixo destes, duas figuras, os profetas Jeremias e Ezequiel, representadas até à cintura e que seguram respectivamente os símbolos alfa e omega desenhados por duas filacteras; o registo é ladeado por um escudo português, à esquerda, e pelo escudo da Casa de Bragança, à direita; o registo inferior representa uma alegoria da justiça, composta pelas figuras do Bom Juíz, à esquerda, e do Mau Juíz, à direita, acompanhados pelos réus e escrivães; todo o painel é envolvido por uma moldura de temas florais e geométricos, de cor ocre; horizontalmente, uma barra mais fina com flores quadrifólias, separa os dois registos.

Utilização Inicial

Política e administrativa: câmara municipal

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 14 / 16 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc. 14 - construção; 1362 - primeira referência documental ao edifício na descrição do julgamento da posse da Defesa da Pedra Alçada; Séc. 15 - execução das pinturas murais, a fresco, da sala do tribunal; Séc. 15 / 16 - adaptação do edifício a cadeia, com a construção de um segundo piso; 1755 - destruição parcial do edifício em consequência do terramoto; 1958 - Descoberta das pinturas murais "O Bom e o Mau Juíz" no decorrer de obras de manutenção; 1958 / 1960 - restauro das pinturas murais pelo pintor Abel de Moura; 1975 - o edifício é utilizado com biblioteca local; 1990 - através de um protocolo celebrado entre a Igreja e a Câmara Municipal, foi instalado um pequeno Museu de Arte Sacra com o espólio existente na Igreja Matriz; 1999 - candidatura aprovada pelo Programa Vilas e Aldeias Históricas para criação do Museu do Fresco.

Dados Técnicos

Estrutura mista

Materiais

Alvenaria xisto rebocada e caiada. Granito nas cantarias das portas de janelas. Madeira nas caixilharias. Tijoleira no pavimento. Lage de betão armado para suporte da escada. Bronze fundido no sino do campanário. Ferro no portão de acesso à escadaria

Bibliografia

Um Fresco Precioso do século XV foi descoberto em Monsaraz, Jornal O Século, 4 de Dezembro, 1958; ESPANCA, Túlio, Notável Achado de Arte em Monsaraz, Évora, 1958; MOURA, Abel, Conservação de Frescos, Boletim da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, nº 108, Lisboa, 1961; GONÇALVES, José Pires, Monsaraz e seu Termo, Boletim da Junta Distrital de Évora, Évora, 1962; IDEM, O Fresco do Paço da Audiência de Monsaraz, Boletim da Junta Distrital de Évora, Évora, 1964; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Évora, Lisboa, 1978; AMENDOEIRA, Ana Paula, Monsaraz: Análise do processo de evolução e transformação urbana no século 20, Évora, 1997; MARKL, Dagoberto, CABRAL, Teresa, FRAZãO, Irene, RIBEIRO, Arlinda, O Fresco do Antigo Tribunal de Monsaraz, Lisboa, 1999.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; IJF.

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSARH, DGEMN/DREMS; CMRM; JFM; IJF; IANTT, Odiana, Livro 8, fl 52v.

Intervenção Realizada

JFM: 1958 - obras de reparação e ampliação; demolição de um pano mural no topo N. da sala dos julgamentos; DGEMN: 1958 / 1960 - restauro das pinturas murais; 1964 - Execução de sondagens em paredes e pavimentos, compreendendo demolições, escavações, escoramento, reconstrução de alvenarias e pavimentos junto à sala da Junta; 1970 - Demolição de pavimentos e alvenarias (tectos) para pôr a descoberto a primitiva entrada da sala dos paços da audiência; construção de betão armado em lage para suporte da escada; assentamento de pavimento de lagedo de granito; rectificação de um vão de cantaria; construção e assentamento de portas e caixilhos na sala do fresco; reconstrução de rebocos e caiações; 1971 - Pintura de portas e caixilhos da antiga sala do tribunal; IJF: 1975, 1977, 1978 - intervenções de restauro das pinturas murais; IJF: 1987 - restauro das pinturas murais; IPPAR: 1996 - restauro das pinturas murais.

Observações

Autor e Data

Paula Amendoeira 1999

Actualização

 
 
 
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