Passos da Via Sacra em Seia e Capela do Santo Cristo do Calvário

IPA.00001348
Portugal, Guarda, Seia, União das freguesias de Seia, São Romão e Lapa dos Dinheiros
 
Capela quinhentista, integrante da Via Sacra, muito simples, cuja estrutura de implantação reproduz o esquema de um templo romano, se bem que simplificado, sem colunata, indiciando o conhecimento da tratadística maneirista. É de planta quadrangular, assente sobre alto pódio, com acesso por escadas frontais, onde se integra púlpito circular de cantaria; tem acesso por portal em arco abatido, com moldura formada pelas aduelas do arco, e interior de espaço único com cobertura em gamela, surgindo, na parede testeira, nicho com a representação do Calvário. A cobertura interior com talha dourada a servir de enquadramento a quatro painéis pintados, representando os Evangelistas, de feitura setecentista; nestes, destaca-se o facto dos símbolos do tetramorfo segurarem os tinteiros para a escrita das Sagradas Escrituras. A estrutura retabular muito simples, enquadra a primitiva pintura seiscentista sobre tábua, representando um Calvário. Na cidade, mantém-se, desactivado, um dos passos da primitiva Via Sacra, composto por nicho, flanqueado por pilastras, remate em frontão triangular interrompido por cruz.
Número IPA Antigo: PT020912200017
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Religioso  Via Sacra  Via Sacra e capela  

Descrição

Planta quadrada, de volume único e cobertura em quatro águas. Fachadas em cantaria de granito aparente, em aparelho isódomo, com remates planos, em friso de betão e beiral, sendo as laterais e posterior cegas, as primeiras reforçadas por tirantes de ferro. Fachada principal virada a E., rasgada por portal axial de volta perfeita, com moldura superior, formada pelas aduelas do arco, protegido por grades de ferro forjado pintado de verde e porta de duas folhas de madeira, decoradas com apainelados, pintados da mesma cor; no lado direito, surge púlpito circular em cantaria, assente em pequena coluna e com guarda plena formando apainelados, tendo as juntas preenchidas a cimento; o acesso processa-se por dois degraus no lado esquerdo. A fachada lateral esquerda possui, superiormente, a inscrição: "RESTAURADA PELO ROTARY / CLUB DE SEIA". A fachada lateral direita possui vestígio de um vão de volta perfeita, actualmente entaipado. INTERIOR em cantaria granítica aparente, com as juntas preenchidas a cimento, pavimento em lajes de granito e cobertura em gamela, de talha dourada, formada por friso de acantos, constituindo a sanca, florão central e as molduras de quatro painéis, representando os Evangelistas, surgindo, junto ao retábulo-mor, São João, no lado do Evangelho, São Mateus, no lado da Epístola, São Marcos e, junto à porta, São Lucas. Portal axial de verga recta com moldura em bisel. Na parede testeira, parcialmente rebocada e pintada de branco, retábulo de talha dourada, formado por nicho em cantaria, onde se insere painel de pintura sobre tábua, a representar Nossa Senhora e São João Evangelista, que enquadram a imagem do Crucificado; o painel é envolvido por moldura de talha decorada por motivos fitomórficos; altar paralelepipédico bipartido, pintado a imitar brocados e dividido por frisos de acantos em talha. PASSO da Via Sacra composto por nicho flanqueado por pilastras e remate em cornija, encimada por falso frontão triangular, rematado por cruz latina sobre plinto.

Acessos

Rua 1.º Dezembro (Capela); Esplanada dos Combatentes da Grande Guerra, n.º 11 (Passo)

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 284/2013, DR, 2.ª série, n.º 91 de 13 maio 2013

Enquadramento

Urbano, isolado, ergue-se numa das zonas elevada da cidade, rodeado por várias casas de habitação e ergue-se a cota superior à via pública, sobre alto pódio em aparelho rústico, com bordo biselado, descentrado relativamente ao eixo da capela, com degraus frontais de acesso ao imóvel, que acedem a patamar largo. O Passo da Via Sacra encontra-se rasgado no muro de uma casa residencial, protegido por portão metálico pintado de preto, junto à via pública.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: Via Sacra

Utilização Actual

Religiosa: igreja / Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 (conjectural) / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 16, final - provável construção do imóvel pelos irmãos da Misericórdia, que começaram a promover a procissão dos Passos; 1753, 27 Outubro - o Padre João Ferreira de Carvalho, morador nas Minas do Rio das Mortes, no Brasil, mandou 40 mil réis para obras nos imóveis pertencentes à Misericórdia, nomeadamente na capela, provendo para que, em caso de necessidade de obras de maior monta, fosse suprimida a dotação das órfãs; 1786, 30 Julho - data do Livro das Contas do Senhor do Calvário, por Dr. António Pereira de Miranda, provedor da comarca da Guarda., onde consta uma nota do reitor da vila, Dr. José Lopes: "A administração da capela do Senhor do Calvário e a chave esteve no poder do beneficiado Campos e depois passou para o beneficiado Neves o qual lá dizia Misa e só me foi entregue no ano de 92" (BIGOTTE, pp. 193-194); 1792 - receita de 7$540 réis e despesa de 2$500; 1796 - prestação de contas da Capela, onde se refere que pertencia à Colegiada e era administrada pelos párocos de Seia; 1797 - contenda entre o provedor e o pároco sobre a posse da chave da capela; séc. 20, década de 40 - foi cortada parte da escadaria de acesso ao imóvel para o alargamento da via pública; 2004, 12 Outubro - despacho de abertura do processo de classificação.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Cantaria de granito na caixa murária, no pavimento, escadaria e púlpito; madeira na porta, cobertura interna, retábulo; ferro no portal exterior e tirantes que reforçam a estrutura; betão na cobertura externa; telha.

Bibliografia

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20, década de 40 - obras na zona envolvente e escadas de acesso; década de 80 - recuperação, com feitura de nova cobertura e arranjo da talha no interior.

Observações

Autor e Data

Paula Figueiredo 2004

Actualização

 
 
 
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