Igreja Paroquial de Cidadelhe / Igreja de Santo Amaro

IPA.00001344
Portugal, Guarda, Pinhel, Vale do Côa
 
Arquitectura religiosa, barroca. Igreja paroquial de expressão chã, de planta longitudinal composta por nave e capela-mor mais estreita, com sacristia adossada ao alçado lateral esquerdo. Fachada principal em empena, com vãos em eixo composto por portal de verga recta, decorado por frisos e cornija, encimado por óculo. Alçados circunscritos por cunhais apilastrados, remates em friso e cornija, sendo os laterais rasgados por fenestrações. Coberturas de madeira em caixotões, os da nave e capela-mor pintados. Retábulos de talha dourada do estilo nacional e púlpito do lado do Evangelho. Campanário isento. Cobertura única em telhado de duas águas assente integralmente sobre cornija, enquanto interiormente, os dois espaços têm forros individualizados, em caixotões, o da nave pintado com bustos de santos e o da capela-mor com flores, sol e lua. A parede testeira da capela-mor está inteiramente revestida por retábulo de talha dourada de estilo coevo ao da reedificação, aproveitando estruturas do anterior retábulo.
Número IPA Antigo: PT020910070021
 
Registo visualizado 481 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Igreja de planta longitudinal composta por nave e capela-mor rectangulares, com a sacristia adossada. Capela-mor de corpo mais estreito, acusado na fachada lateral SE., não alterando o sentido horizontal da disposição da massa edificada que a cobertura única em telhado de duas águas, assente integralmente sobre cornija, também unifica. A fachada principal, voltada a O., ergue-se sobre uma fiada de cantaria entre cunhais angulares, sobre base e com capitéis de molduras salientes, e a marcação da empena em granito, coroada por pináculos e encimada por cruz latina, rasgada por portal enquadrado por pilastras com capitéis com listéis salientes, onde assenta entablamento com cronograma ( "1715" ), sendo a estrutura encimada por óculo. Sobre a porta, em capitais negros, surge a inscrição "RECONSTRUIDA / EM / 1934". Fachada lateral SE. rasgada por duas janelas, fresta e porta travessa de verga recta. Fachada tardoz sobre embasamento em granito, demarcada pelos cunhais coroados por capitéis, cega e com remate em empena, na zona da capela-mor, surgindo, na sacristia, ligeiramente mais recuada, remate em meia-empena. O paramento mural da fachada lateral NE. acompanha o desnível acentuado de cota, com sanca rebocada, sendo rasgada por pequena fresta rectangular e duas janelas rectangulares, todas de ombreiras lisas e lintel recto em granito. INTERIOR nivelado, com pavimento em lajeado de granito, superfícies parietais rebocadas e pintadas de marmoreado, com silhar de azulejos e cobertura em caixotões de madeira pintados, com motivos hagiográficos. Na nave, no lado do Evangelho, surge porta de acesso à capela baptismal de planta rectangular com tecto de caixotões em masseira e paredes revestidas de azulejos de feitura contemporânea, com pia baptismal em granito, de copa facetada sobre pé liso. O púlpito, de planta quadrangular, assenta sobre peanha, coroado por baldaquino com sanefa, sobre o qual surge um anjo músico, sendo o acesso feito pelo interior, através de porta com ombreiras e lintel liso. Surge, ainda, uma porta de acesso a arrumações. No lado da Epístola, a porta travessa e retábulo lateral com nicho enquadrado por duas colunas salomónicas, coroado por sanefa e frontão de duas aletas afrontadas, sustentadas por dois anjos, com altar e banqueta em talha dourada. A ladear o arco triunfal, dois retábulos de talha dourada, semelhantes, com nicho enquadrado por duas colunas salomónicas, rematando em frontão curvo, surgindo, no primeiro, uma maquineta. A capela-mor é coberta por forro de madeira em caixotões pintados com flores, o sol e a lua, tendo a parede testeira inteiramente revestida por retábulo de talha dourada, que enquadra o primitivo, ladeado por montantes ornamentados. Compõe-se de predelas com o sacrário inscrito ao centro, um único registo aberto em três panos, os dois laterais delimitados por colunas salomónicas, albergando imagens coevas, colocadas sobre peanhas, sob sanefas. Corpo central aberto em camarim, com escadório sob abóbada de caixotões. O coroamento do retábulo encaixa-se na estrutura de madeira que enquadra os caixotões do tecto, definindo-se por quatro aletas afrontadas e sanefa, a proteger a pomba do Espírito Santo, ao centro. Na parede do lado do Evangelho, inscreve-se a porta de acesso à sacristia e, do lado da Epístola, rasga-se janela rectangular que ilumina o espaço. A torre campanário está isenta, separada do corpo da igreja, tendo planta rectangular regular e dois registos marcados nas fachadas. O primeiro andar apresenta pano mural cego, enquadrado por molduras lisas de cantaria de granito, e o segundo, todo em granito, é vazado em volta perfeita, para receber os sinos. Remata em empena recta, com cornija saliente, encimada lateralmente por pináculos e, ao centro, por cruz latina. O acesso às sineiras faz-se pela escada aberta no lado N., enquadrada por portal em cantaria, de verga recta, sobre o qual foi colocada edícula vazada, com remate triangular, que exibe decoração nas ombreiras, surgindo, na direita, figura antropomórfica sobre uma esfera e, na esquerda, a inscrição "ANO / DE / 1646" *1.

Acessos

Pinhel

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, implanta-se no adro de terra batida juntamente com a torre do campanário isenta, situada do seu lado SE.. Está rodeada de edifícios de habitação e, nas traseiras da fachada posterior, localizava-se o primitivo tribunal da aldeia, hoje em ruínas. Na direcção do ângulo SO. da fachada principal, situa-se casa onde foi aposto portal quinhentista gravado, que ostenta cronograma (v. PT020910070058). A torre campanário está implantada no centro do adro, elevando-se sobre maciço rochoso granítico, flanqueada por muro de cantaria.

Descrição Complementar

A porta principal é de madeira, de duas folhas, cada uma delas com quatro pares de almofadas rectangulares, trabalhadas em relevo de lavor em diamante e cabochão, esquema que se repete na porta travessa, com duas faixas verticais relevadas.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese da Guarda)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1708 - era anexa da Igreja de Azevo (COSTA, 1708); 1715 - reconstrução do edifício, dando-lhe a feição actual; 1758, 13 Maio - referida nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco António Fernandes da Fonseca, como sendo do bispado de Lamego, a povoação do rei, com 111 fogos; a igreja estava no centro da povoação, tendo quatro altares, o mor, com a imagem de Nossa Senhora, o de Santa Luzia, das Almas, com irmandade, o do Senhor e de Nossa Senhora, ambos com confraria; o cura era apresentado pelo vigário de Azevo, tendo 2$600, 130alqueires de centeio, 32 de trigo e dois almudes de vinho; séc. 20 - obras de recuperação; 1990, 11 novembro - proposta de abertura do processo de classificação pelo IPPC; 1991, 19 março - Despacho de abertura do presidente do IPPC; 2009, 23 outubro - caduca o processo de classificação conforme o Artigo n.º 78 do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, n.º 206, alterado pelo Decreto-Lei n.º 265/2012, DR, 1.ª série, n.º 251 de 28 dezembro 2012, que faz caducar os procedimentos que não se encontrem em fase de consulta pública.

Dados Técnicos

Paredes portantes em alvenaria de pedra argamassada e rebocada, travadas nos cunhais com silharia

Materiais

Granito; cantaria de granito sem revestimento; alvenaria de granito argamassada, rebocada e pintada; tectos em caixotões de madeira pintados; altares de talha dourada; revestimentos azulejares contemporâneos na capela baptismal e na nave, ciaxilharias em madeira pintada.

Bibliografia

COSTA, António Carvalho da, Corografia Portugueza, e Descripçam Topografica do famoso Reyno de Portugal, tomo II, Lisboa, 1708; MARTA, Ilídio, Pinhel - Falcão. Notas e Factos, Celorico da Beira, 1943; Ronda do Concelho. Cidadelhe, in Boletim da Liga Amigos de Pinhel, 5 - 6, Novembro - Dezembro 1970.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMP, Parque Arqueológico Vale do Côa

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; Parque Arqueológico Vale do Côa

Documentação Administrativa

CMP; Junta de Freguesia de Cidadelhe, DREMC

Intervenção Realizada

1934 - reconstrução, com reboco e pinturas marmoreadas das superfícies parietais do interior da nave; 1990, década - recuperação da capela baptismal com aplicação de azulejos de fabrico contemporâneo, recuperação da cobertura em caixotões de madeira e consolidação da pia baptismal; aplicação de silhar de azulejos na nave; substituição de silhares de granito deteriorados no embasamento exterior da fachada tardoz, por silhares cortados mecanicamente; renovação dos rebocos exteriores, feitos em cimento e pintura; consolidação dos aparelhos de cantaria exteriores, com aplicação de argamassa de cimento.

Observações

*1 - segundo a tradição, foi retirado do vão de uma casa situada nas traseiras da Igreja Matriz.

Autor e Data

Margarida Conceição e João Vilhena 1999

Actualização

Maria Fernandes 2003
 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login