Hospital da Divina Providência / Câmara Municipal de Vila Real

IPA.00012906
Portugal, Vila Real, Vila Real, Vila Real
 
Arquitectura de saúde, neoclássica. Antigo hospital de Misericórdia, de planta sensivelmente quadrangular com pátio central aberto, à volta do qual se desenvolvem as várias dependências. Fachadas de dois pisos, rasgadas por vãos de arco abatido moldurados e encimados por cornija do mesmo perfil, com pilastras nos cunhais coroados por fogaréus e terminadas em friso e cornija. A antiga fachada principal é de três panos, com o central mais avançado e terminado em frontão triangular, rasgado por vãos de verga recta, e os panos laterais com janelas de varandim encimados por janelas de sacada corrida. A actual fachada principal possui cornija alteada na zona central, de perfil contracurvado, de inspiração borromínica, encimada por figura alegórica à cidade, e escadaria frontal avançada de acesso ao andar nobre.
Número IPA Antigo: PT011714230142
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Saúde  Hospital  Hospital de Confraria / Irmandade  Misericórdia

Descrição

Planta composta por dois corpos, um mais antigo sensivelmente quadrangular, desenvolvido à volta de um pátio rectangular interior, e um outro rectangular, mais estreito e de construção mais recente. Volumes horizontais, com coberturas em telhados de quatro águas, o do corpo mais antigo integrando ampla clarabóia de vidro, também de quatro águas, sobre o pátio. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, de dois e três pisos, separados por friso, rasgadas regularmente por vãos sobrepostos. O corpo principal apresenta embasamento de cantaria granítica, pilastras nos cunhais, decorados superiormente por elemento curvo, sobrepujadas por fogaréus assentes em altos plintos paralelepipédicos, sendo rasgadas por vãos de verga abatida, com moldura rematada por pequena cornija com o mesmo perfil, e integrando na caixilharia, de duas folhas, bandeira superior, terminando em duplo friso e cornija moldurada sobreposta por beirada simples. Fachada principal virada a N., com a cornija alteada na zona central, de perfil contracurvado, de inspiração borromínica, atrás da qual surge figura alegórica feminina, segurando na mão direita uma lança e na esquerda cartela com escudo coroado com as armas de Vila Real, assente em plinto paralelepipédico, superiormente galbado e ornado de elementos fitomórficos. Ao centro dispõe-se escada em cantaria, de dois braços e cinco lanços, o último comum, com guarda em balaústres e corrimão moldurado, possuindo nos ângulos acrotérios; os do perímetro exterior da escada apresentam duas ordens, os inferiores maiores e de faces almofadadas e os superiores lisos suportando altos fogaréus adelgaçados, decorados por elementos vegetalistas salientes de almofada côncava; no arranque da escada, ladeando os quatro degraus semicirculares que a precedem, os plintos são maiores e mais altos, formados por dois blocos, o inferior de faces decoradas por elementos vegetalistas salientes da almofada côncava, e os superiores lisos, suportando os fogaréus. Os acrotérios intermédios são mais pequenos e adelgaçados, de faces almofadadas e coroados por bolas assentes em plintos prismáticos igualmente de faces almofadadas. No alinhamento da cornija sobrelevada, abre-se no primeiro piso portal moldurado, encimada por cornija e com fecho saliente, interligando-se à sacada avançada do patamar da escada ao nível do segundo piso, onde se abre portal, com moldura encimada por cornija levemente recortada, de fecho decorado por elemento volutado e acanto saliente; encima-o brasão com as armas municipais, com paquife formando pingentes e coronel. O portal é ladeado por placa de mármore com inscrição dos nomes dos mortos na Grande Guerra pertencentes ao concelho. De cada lado da escadaria, rasgam-se, no primeiro piso, três janelas de varandim e, no segundo, duas janelas de sacada corrida, com guarda em gradeamento de ferro, e uma de peitoril. Fachada lateral direita rasgada, em cada um dos pisos, por seis janelas de peitoril, de brincos rectangulares e pequeno recorte lateral, sendo centradas por porta de verga recta, de dupla moldura encimada por cornija recta, no primeiro piso, e por janela de sacada, de moldura igualmente dupla e encimada por cornija, com guarda de gradeamento de ferro, no segundo. Fachada posterior de três panos, o central sensivelmente mais avançado, delimitado por pilastras colossais, suportando duplo friso e frontão triangular, coroado por fogaréus sobre plintos e, ao centro, por urna sobre plinto; tímpano todo em cantaria, com brasão nacional, em escudo redondo, coroado, assente em palmas e ladeado de grinaldas. No primeiro piso abre-se portal de verga recta, moldurado, de fecho saliente, encimado por frontão triangular interligado à janela de sacada do segundo piso, de perfil curvo com guarda de ferro, e de verga recta encimada por cornija; sobre esta, o friso do frontão é decorado por reticulado saliente. Nos panos laterais rasgam-se, de cada lado, três janelas de varandim, no primeiro piso, e três janelas de sacada, única e com guarda de ferro, no segundo. O corpo secundário, para onde se expandiram as instalações da Câmara, possui o primeiro piso revestido a placas de cantaria e os restantes rebocados e pintados, separando-se o segundo piso do terceiro por alto friso de cantaria decorado sob os vãos por losango com florão; as fachadas são rasgadas por janelas longilíneas sobrepostas, molduradas e com diferentes caixilharias, e terminam em friso ritmado por argolas de ferro e cornija, sobreposta por beirada simples. INTERIOR do corpo principal com paredes rebocadas e pintadas de branco, silhar de azulejos recentes, monocromos sobre fundo branco, de padrão fitomórfico, pavimento de madeira ou em cantaria de granito; a comunicação dos pisos processa-se por escada de braços convergentes, tendo na parede do patamar intermédio painel de azulejos pintado com a cidade de Vila Real e Santo António e São Pedro. Pátio central com dois pisos desenvolvidos em arcada, a do piso inferior com pilares quadrados e a do segundo com colunas sobre plintos paralelepipédicos, e com guarda em ferro, envolvidos por alas com tectos de madeira; as alas são rasgadas por portas de verga recta, de molduras levemente recortadas, na face principal de diferentes alturas no piso térreo e em arco abatido no segundo piso, tendo o central a data de 1916 inscrita. Destaque para o salão nobre, com paredes contendo lambril de madeira, seccionado por frisos e terminado em cornija, e forradas de tecido adamascado, de vermelho, e tecto de madeira de três tramos, dois formando falsa abóbada de aresta, com as nervuras decoradas por pequenas flores douradas, sobre mísulas, e o último tramo plano formando apainelado. Duas das portas interiores de salas do segundo piso possuem moldura terminada em cornija e recorte lateral com borlas formando pingentes.

Acessos

São Dinis, Avenida Carvalho Araújo; Largo dos Freitas; WGS84: 41º17'40.19''N., 7º44'46.51''O.

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, adossado. Ergue-se no topo S. da Avenida Carvalho Araújo, centralmente ajardinada com canteiros oblongos, possuindo frontalmente ampla praça, vedada ao trânsito e transformada em espaço de lazer, com pavimento em calçada à portuguesa e guias graníticas formando quadrícula larga, canteiros, fonte e bancos de jardim. Na fachada principal, os vãos que ladeiam a escadaria são vedados por gradeamento de ferro assente em muro baixo de granito, ritmado por plintos paralelepipédicos, e a fachada posterior, sobrelevada em relação à rua fronteira, é vedada por muro alto, encimado de gradeamento de ferro, lanceolado, possuindo portão central, enquadrado por altos plintos, coroados por fogaréus. A E. ergue-se a Casa da Porta da Vila e outros imóveis de interesse arquitectónico (v. PT011714230189 e PT011714230194) e a O. o Liceu de Vila Real (v. PT011714230181), a Capela da Colegiada de Santa Ana ou o antigo Hospital da Misericórdia (v. PT011714230020) e a Casa do Arco (v. PT011714230017).

Descrição Complementar

As armas municipais são formadas por uma espada de prata. O painel de azulejos do patamar da escada possui a inscrição: STO. António S. Pedro mais cinco interrogando-se sobre Vila Real. Ao lado do painel existe acrílico com a inscrição, em 13 regras: Este painel, inaugurado em 4 de Setembro de 1997, é uma tripla homenagem a Vila Real. Primeiro uma homenagem da Câmara Municipal, que quis enriquecer e dignificar ainda mais os Paços do Concelho com um toque de perenidade que só a Arte confere. Segundo, do próprio artista, o pintor João Dixo, que aceitou repartir connosco a sua visão da Cidade onde nasceu. Terceiro, de alguns vila-realenses radicados no Brasil - Srs. António Maria Gonçalves de Carvalho, Manuel Correia Botelho, António Santos Cigarro e Álvaro Batista Guedes - que sublimaram a sua saudade no gesto generoso de oferecer esta obra de Arte aos seus concidadãos. A lápide de mármore que ladeia o portal principal tem a seguinte inscrição: MORTOS DA GRANDE GUERRA DO CONCELHO DE VILA REAL. 1º TENENTE DA ARMADA - JOSÉ BOTELHO DE CARVALHO ARAUJO - VILA REAL, TENENTE - ALFREDO AMBROSIO FERREIRA - ", 1º SARGENTO - AMÉRICO AUGUSTO PELOTAS - ", 2º " - BELISARDO AUGUSTO - ", 2º " - JOAQUIM DA COSTA PINHEIRO - CAMPEÃ, 2º " - ANTÓNIO MIGUEL PINTO - VILA REAL, 2º " FRANCISCO MORAES - BORBELA, 1º CABO - MIGUEL MARTA - GUIÃES, 1º " - CONSTANTINO MARIA DE ARAUJO - NOGUEIRA, 1º " - JOSÉ LUIZ BOTELHO - TORGUEDA, 2º " - AMADEU MOURÃO - VILA REAL, SOLDADO - FRANCISCO ALVES CARNEIRO - BORBELA, " AUGUSTO BORGES, ADONFE, " - DOMINGOS DIAS TEIXEIRA - LAMAS D'OLO, " - ANTÓNIO JOAQUIM VARANDAS - TORGUEDA, " TOMAS PEREIRA DE BARROS - ADONFE, " - ANTONIO JOAQUIM - MONÇOS, " - ANTONIO MATIAS SIGRE - MONDRÕES, " - ABILIO ALVES CAMPOS - LORDELO, " MANUEL RODRIGUES ORDONHO - ANDRÃES, " - MANUEL DE CARVALHO - VILA COVA, " ANTONIO DA SILVA - SOUTELO (SAMPAIO), " - SERAFIM DOS ANJOS MARTINS - MONDRÕES, " - ANTONIO FERNANDES - VILA REAL, " MANUEL JOAQUIM TEIXIERA DE CARVALHO - LORDELO, " - MANUEL RIBEIRO DA MOTA - VILA MARIM, " - ANTONIO PINTO - VALE DE NOGUEIRAS, " ARMANDO JOSÉ FERREIRA - PARADA DE CUNHOS, " - JOAQUIM DIAS MATOS CABRAL - PENA, " - MANUEL RAMALHO - ", 11- 11- 925.

Utilização Inicial

Saúde: hospital de confraria / irmandade

Utilização Actual

Política e administrativa: câmara municipal

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTOR: João Dixo (1997).

Cronologia

1816, 14 agosto - memória do Dr. Francisco Inácio Pereira Rubião expondo que o Hospital Militar não era o sítio ideal para o novo hospital da Misericórdia; 25 Agosto - pede-se para verificar se as casas contíguas ao da Divina Providência, na Rua detrás da Misericórdia, pertencentes a D. Ana da Silva, poderiam ser permutadas com as casas legadas pelo Morgado de Gouvinhas (v. PT011714230089); a Mesa resolve pedir uma lotaria para as obras do hospital; 1817, 19 janeiro - em reunião da Mesa da Misericórdia, decidiu-se vender as casas do Morgado de Gouvinhas; decidiu-se ainda, unanimemente, que fosse construído um novo hospital, no largo da Câmara e sítio do Cano Velho, para o que precisaram de um acordo com João Botelho Pimentel, que tinha casas no local; nomeou-se para inspeccionar as obras, duas vezes por dia, o Pe. Francisco António Machado; o General Silveira, conde de Amarante e o Dr. Francisco Inácio Pereira Rubião promoveram a primeira subscrição para angariação de fundos, tendo atingido o montante de 4.800$00; o general Silveira atraiu também para o hospital vários benefícios e doações, de que se destacam: José Rodrigues de Freitas e Francisco Rodrigues de Freitas, comerciantes de Vila Real, que doaram 20.000$000 quando morreram e os juros de 11.000$000 para a capela do hospital, onde se fizeram sepultar (o primeiro morreu em 20 dezembro de 1820 e o segundo em 18 Dezembro de 1826); Ana Eufrásia da Rocha e irmã, que doaram 20.000$00 com a condição de receberem os doentes da Ordem Terceira de São Francisco; o Arcebispo D. Fr. Miguel da Madre de Deus que legou os dízimos das Santas Engrácias em Canelas (São Miguel de Poiares), o que rendia 300 a 400$000 anuais; e o legado de 50.000$000 de D. Maria Emília Teixeira de Moura; Março - início da construção do edifício para hospital da Misericórdia, com obras custeadas pelos dois irmãos beneméritos, Francisco e José de Freitas; para tal, demoliu-se uma das torres que defendia a principal porta da antiga muralha de D. Dinis; a fachada principal do hospital era inicialmente a virada a S., para o Lg. dos Freitas; 1820 - conclusão do hospital, denominado Hospital da Divina Providência; 1821, 2 julho - o fundo do hospital constava de 11:460$601; o fundo cresceu neste ano devido à herança de José Botelho de Lemos de 1:110$000; o provedor cedeu ainda em benefício do hospital 14$360; 1821, 16 fevereiro - José Rodrigues de Freitas e Francisco Rodrigues de Freitas deixaram todos os seus bens ao hospital; 1822, 10 maio - carta ao rei informando que a Misericórdia, estava a fazer um novo hospital, com todo a magnificência e grandeza, o qual tinha na "frontaria da entrada" duas moradas de casas, uma onde se recolhiam os doentes do hospital e outra de D. Antónia da Silva Teixeira e seu sobrinho, o Dr. José Tomás, da dita vila; assim, a Irmandade suplicava licença para trocarem as casas de D. Antónia da Silva por uma que tinha na Pç. Velha, que havia sido obrigada a comprar durante as Campanhas na vila para fazer o hospital militar, e ainda licença para demolirem a casa do hospital velho, a fim de se poder alienar aquela nova obra; o rei concordou com a petição; 1837, 24 dezembro - em sessão da Mesa, foi apresentado um acórdão da Câmara Municipal, datado do dia 23, pedindo para encaminharem toda a água das vertentes do chafariz do Tabulado, que anteriormente ia à fonte do cano velho, levando-a pela taça que se achava no centro do claustro do hospital, continuando à sua custa conduzir o remanescente à bica que então se encontrava na esquina noroeste do edifício, a fim de continuar o seu antigo destino sem prejuízo da outra metade, quando a Câmara em qualquer tempo haja de reedificar a fonte declarada; 1841 - o hospital passou a ter farmácia própria; séc. 19, finais - transferência da fachada principal para a virada a N., com transformação de uma janela central em porta e colocação da escadaria, proveniente do antigo Convento de São Francisco, entretanto demolido (AZEVEDO, Correia); 1886 - o Abade de Miragaia refere ser um dos melhores hospitais da província, amplo, sólido, com entradas exteriores e vistosa e dispendiosa escadaria; 1893, a partir - trabalharam na enfermagem e direcção interna do hospital, as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras Portuguesas; 1897, 12 julho - inauguração do serviço hidroterápico; 1914, 5 novembro - a Câmara decide em sessão demolir a antiga Casa da Câmara e os prédios anexos e comprar o edifício do Hospital da Divina Providência; 1915 - sendo Provedor da Misericórdia o Presidente da Câmara, Dr. Augusto Rua, a Misericórdia estabeleceu negociações com o Monsenhor Jerónimo do Amaral para aquisição do seu edifício, onde havia funcionado o Colégio de Nossa Senhora do Rosário até 1910, (v. PT011714230020), para instalação do hospital; vendido o edifício, procede-se à instalação pretendida, sendo transferido para o edifício do Hospital da Divina Providência a Câmara Municipal; 30 Setembro - realização da primeira reunião camarária no edifício, após algumas obras de adaptação; neste ano, estavam ainda instalados no edifício a Administração do Concelho, a Conservatória do Registo Civil e a Escola Normal; fotografias desta época mostram o edifício com vedação, igual à actualmente existente, prolongada para a fachada lateral direita, onde existia pequeno jardim; 1916 - data inscrita no arco do segundo piso do pátio central, assinalando obras de restauro no edifício; data da transferência dos serviços de Finanças, a Tesouraria do Concelho e o Tribunal; demolição de várias casas existentes nas imediações do edifício e abertura da Avenida Municipal, com orientação N. - S.; 1919 - mudança de designação da avenida que se passa a denominar Av. Carvalho de Araújo; deslocação do Pelourinho para a frente da Câmara (v. PT011714230009); 1925, 20 julho - elevação de Vila Real a cidade pela lei nº 1804; 11 novembro - data da placa de mármore afixada na fachada principal com o nome dos mortos na Grande Guerra pertencentes ao concelho; meados - organização de uma Sala - Museu, com algumas obras de pintura e escultura, principalmente provenientes do convento de São Francisco; posteriormente, ampliou-se o edifício, interligando-o ao que se adossa a E.; 1997, 4 setembro - inauguração do painel de azulejos na parede do patamar da escada, pintado pelo pintor João Dixo e oferecido pelos vila-realenses radicados no Brasil António Maria Gonçalves de Carvalho, Manuel Correia Botelho, António Santos Cigarro e Álvaro Batista Guedes.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; elementos estruturais, molduras dos vãos, frisos, cornijas e pilastras, fogaréus, guarda da escada e outros elementos em granito; portas e caixilharias em madeira; guarda ventos e janelas com vidros simples; gradeamentos de ferro; placa de mármore; silhares e painel de azulejos; pavimentos em lajes de granito e em madeira; salão nobre forrado de lambril de madeira e adamascado; tectos de madeira ou de estuque; cobertura exterior de telha e vidro em estrutura de ferro.

Bibliografia

AZEVEDO, Correia, Vila Real de Trás-os-Montes, Porto, s.d.; AAVV, Misericórdias do Distrito de Vila Real - Passado, Presente, Futuro -, Vila Real, 1998; BORGES, Júlio António, Monografia do Concelho de Vila Real, Maia, 2006; GONÇALVES, Manuel Silva (Coord.), Recenseamento dos Arquivos Locais - Câmaras Municipais e Misericórdias, vol. 5, s.l., 1997; LEAL, Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol. 11, Lisboa, 1886; SOUSA, Fernando de, GONÇALVES, Silva, Memórias de Vila Real, Vila Real, 1987.

Documentação Gráfica

Câmara Municipal de Vila Real

Documentação Fotográfica

DGEMN:DSID; Câmara Municipal de Vila Real

Documentação Administrativa

Câmara Municipal de Vila Real; Arquivo Distrital de Vila Real: Arquivo da Santa Casa da Misericórdia de Vila Real

Intervenção Realizada

CMVila Real: 1915 / 1916 - obras de adaptação a instalação dos serviços da Câmara; séc. 20, 2ª metade - obras de adaptação às exigências modernas; instalações especiais.

Observações

A 7 de Dezembro de 1272 D. Afonso III, em Santarém, concede foral para que se fundasse uma nova "poba" e muda-se o nome para Vila Real de Panóias. No entanto, este foral não surtiu efeito e não atraiu população, talvez devido à sua dureza e ao facto de não conseguir pôr cobro às prepotências, extorsões e perseguições da nobreza e clero da região. Em 4 Janeiro de 1289, D. Dinis concede foral e fez demarcar a zona municipal com padrões, de que ainda restam dois no Museu Municipal; para obter o chão para a vila e outros, encarregou, por carta, o seu clérigo Pêro Anes Foucinha de efectuar todas as trocas, composições e compras em seu nome com os diversos proprietários, fidalgos, eclesiásticos ou outros para se fundar a "pobra" de Panóias; pretendendo ainda dar à vila 4 aldeias que nela existiam e que não eram da coroa, manda escambá-las por outros seus herdamentos ou comprá-las. A 4 Fevereiro de 1293 D. Dinis concede-lhe segundo foral e em 22 de Junho de 1515 D. Manuel dá-lhe foral novo. Em 1527 a vila era do Marquês de Vila Real, com toda a jurisdição, direitos e rendas, vivendo intramuros e nos arrabaldes 478 famílias. Não existem vestígios da primitiva casa da Câmara ou Senado na parte designada da vila velha. Em 1535 iniciou-se a construção de um novo edifício, extra-muros, mas perto das principais portas da muralha, estando concluído em 1537. O edifício era de planta quadrangular e dois pisos, coroados por merlões, com janelas nas fachadas E., O. e S., tendo nas duas que faziam frente à muralha brasão nacional, dourado e pintado. No piso térreo tinha seis arcos de pedra, dois em três das fachadas, possuindo na virada a N. escadas exteriores, no cimo das quais ficava uma varanda com colunas de pedra e porta à casa onde se faziam as audiências do Geral, Correição, Almoteçaria e Órfãos, e no segundo piso, onde existia no séc. 18 dossel e mesa, e onde se realizavam as sessões da Câmara. Na mesma época, existia uma outra sala com assentos para a nobreza e advogados que assistiam às audiências, com suas grades, molduras e muito bem entalhado. Fronteiro à Casa da Câmara, existia um terreiro quadrado, em torno do qual se erguiam algumas casas nobres, ao qual se chamava Praça Velha, e nela se fazia um mercado de venda de pão, azeite, pescado e legumes. Em 1641, depois da extinção da Casa de Vila Real, a vila passou a pertencer à Casa do Infantado, de que foi primeiro usufrutuário o Infante D. Pedro, depois rei de Portugal. Em 1706, aquando da morte do rei D. Pedro II, partiu-se o escudo do monarca junto ao pelourinho. Na primeira metade do séc. 18, a Câmara compunha-se de três vereadores (fidalgos), procurador do concelho, escrivão e porteiro. O presidente era o juiz de fora e, quer o procurador quer os vereadores eram eleitos de três em três anos, mas para servir apenas um ano, pelo que eram eleitos nove vereadores e três procuradores, mas em triplicado, devendo a Casa de Bragança escolher uma das listas tríplices. A 18 de Março de 1834, deu-se a extinção da Casa do Infantado. Em 1835 Vila Real passou a sede de distrito. Em 1915 instalaram-se no antigo edifício da Câmara as classes dos Cursos Complementares, devido à falta de espaço naquele, e em 1916 foi demolido.

Autor e Data

Paula Noé 2004

Actualização

 
 
 
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