Castelo de Silves / Castelo e Cerca Urbana de Silves

IPA.00001288
Portugal, Faro, Silves, Silves
 
Castelo e cerca urban de construção muçulmana, trecentistas, do qual se ignora a fundação, embora, com base nos achados arqueológicos, se suponha ter a primeira fortificação consistido num castro lusitano de povoamento, por ele tendo passado os fenícios, os gregos e os cartagineses. O castelo, implantado em terreno sobranceiro, apresenta planta poligonal irregular, composta por alta torre de menagem, três torreões e sete quadrelas. A cerca da vila possui muralhas e portas do período almóada. Apresenta ainda casa do governador com tetos pintados, setecentistas, cisterna de enormes proporções e na praça de armas, vestígios de palácios islâmicos e do que se supõe ter sido a casa do Infante D. Henrique, enquanto exerceu o cargo de alcaide-mor da então capital do Algarve.
Número IPA Antigo: PT050813070002
 
Registo visualizado 4325 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo e cerca urbana    

Descrição

Planta poligonal, irregular, composta por 4 torreões e 7 quadrelas, com ameias, ligados por uma cortina de muralhas com adarve, rematadas por ameias com seteiras. Duas portas, a principal resguardada entre torres, e a Porta da Traição, cavada na muralha a norte. Junto à porta principal eleva-se a casa do guarda, construção de um piso, abobadada, coberta por um telhado de 2 águas; no seu recinto várias construções subterrâneas (silos) com entrada por pequenas aberturas a nível do solo. A Cisterna da Moura com cerca de 10m de altura e 820m2 de superfície, com 5 naves marcadas por quatro ordens de colunas que recebem os arcos semi-circulares onde assentam as abóbadas rebaixadas. A Cisterna dos Cães, poço com 60m de profundidade escavado na vertical. Na praça d'armas, junto à muralha sudoeste, vestígios de uma casa, presumível residência do Infante D. Henrique, entre os quais os alicerces em taipa, uma escada em pedra com um degrau siglado, uma ampla sala com restos de uma abóbada por terra, um largar de azeite com uma das mós. Os troços de muralhas existentes deixam perceber que se tratavam de altas muralhas ameadas com torres que circundavam o aglomerado urbano partindo do Castelo a poente, voltando a encontrá-lo a sul; o troço entre a Rua Nova da Boavista e a Rua Nunes Mascarenhas, cortado pela Rua B. Marques e pela Rua D. Afonso III, apresenta restos de torres, sensivelmente a meio e no topo da Rua Nova da Boavista, ao qual se foram adossando construções modernas; troço que encontra as Portas da cidade, poderoso baluarte de dois registos, é visível em toda a largura do átrio do Museu Arqueológico, através de um grande painel de vidro. INTERIOR: no 2º piso da residência do Governador, duas salas com cobertura em tectos de madeira, pintados; um deles, em masseira, apresenta ao centro as armas reais enquadradas por cartela de concheados e folhas de acanto e, nos quatro painéis laterais, troféus militares compostos por armaduras, bandeiras, lanças, canhões, espingardas e tambores; o outro tecto, plano, apresenta pintura alegórica de Marte ladeado por medalhões figurativos e flores.

Acessos

Silves, Rua do Castelo (Castelo); Rua Nova da Boavista, Rua Nunes Mascarenhas e Rua da Porta da Azóia (Muralhas e Porta da Almedina)

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 151 de 01 julho 1948 (Castelo de Silves) / MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 31-C/2012, DR, 1.ª série, n.º 252, de 31 dezembro 2012 (Muralhas e Porta da Almedina de Silves)

Enquadramento

Castelo implantado no alto do monte Almedina a nascente da cidade. Os troços de muralha existente situam-se por entre o casario das ruas Nova da Boavista e Nunes Mascarenhas e por detrás da rua da Porta da Azóia; o Torreão das portas da cidade fecha a Praça do Município pelo lado nascente; o troço de muralha da rua das Portas de Loulé está integrado no Museu de Arqueologia de Silves.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: castelo e cerca urbana

Utilização Actual

Turística / Cultural: biblioteca municipal (torreão das Portas da Cidade)

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Câmara Municipal de Silves, auto de cessão de 19 Novembro 1940

Época Construção

Séc. 08 / 09 / 10 (conjectural) / 11 / 12 / 13 / 14 / 15 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

201, a.c. - os romanos conquistam Silves transformando-a numa forte base de ocupação e centro comercial de grande prosperidade; 716 - os Mouros tomam o local e reforçam a fortaleza romana com uma nova cerca amuralhada com torres e couraças e que se estendia ao longo da margem direita da ribeira desde o porto até ao Rovallo, ponto este em que eram tomadas as águas para abastecimento da população e era especialmente defendido por um pequeno castelo e continuava depois a monte pela banda do norte até ao porto fluvial, inclusive (ALMEIDA, 1948); 1160 - tomada e saque por Fernando Magno; volta a cair em poder mouro; 1189 - D.Sancho I, auxiliado por uma poderosa armada de cruzados, conquista a cidade após prolongado cerco; 1191 - um grande exército árabe, às ordens do Mirabolim de Marrocos, toma de novo a cidade; Séc. 13 - no reinado de D. Afonso III, com D. Paio Peres Correia, é definitivamente conquistada; reconstroem-se as antigas fortificações; 1266 - foral por D. Afonso III; 1305 - concessão de privelégios aos moradores por D.Dinis; 1380 - concessão de privelégios aos moradores por D.Fernando; 1457 - o Infante D. Henrique é nomeado alcaide-mor de Silves; 1487 - D.João II concede aos moradores novos e grandes privilégios o que não impede a decadência de Silves; 1755, 01 Novembro - danificado pelo terramoto, nomeadamente a alcáçova; segundo Moreira de Mendonça "A cidade de Silves perdeu a sua Se, Torre, castelo, e muralhas..." (MENDONÇA. 1758); Séc. 18 - provável reconstrução da alcáçova e pintura dos tectos; 1835 - as muralhas são reparadas às custas da população por ocasião das lutas liberais do célebre Remexido *1; 1890, até c. de - o Tribunal Judicial (v. IPA.00016256) funciona no Torreão das Portas da Cidade; 1969 - estragos provocados pelo sismo; 1980, outubro - Despacho de homologação de classificação das Muralhas e Porta da Almedina de Silves como Imóvel de Interesse Público; 1990, início da década de - campanha de escavações põe a descoberto ruínas de edifícios árabes dos séculos 08 / 13; 1995, 04 dezembro - as Muralhas e Porta da Almedina de Silves são incluídas no PDM de Silves como Valor Concelhio pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 161/95; 2005, Março - elaboração da Carta de Risco da zona da entrada principal da muralha do Castelo pela DGEMN; 2005, 29 setembro - tendo-se extraviado o processo inicial de classificação das Muralhas e Porta da Almedina de Silves, nova proposta de abertura de processo de classificação pelo IPPAR/DRFaro; 2005, 20 dezembro - Despacho de abertura de processo de classificação das Muralhas e Porta da Almedina de Silves pela Vice-Presidente do IPPAR; 2005 - 2006 - escavações no Castelo orientadas pelos Arqueólogos Rosa e Mário Varela Gomes trazem a lume vários vestígios de construções islâmicas, entre eles as ruínas de palácio do Séc. 11, com restos de estuques polícromos, pertencente ao então governador da cidade, Al-Mutamid; descobertos igualmente, no âmbito das obras do programa Polis para instalação de uma Casa de Chá, vestígios de uma casa que poderá ter sido a casa do Infante D. Henrique, a sudoeste da Praça d' Armas, junto às muralhas; 2006, 09 maio - Proposta de classificação das Muralhas e Porta da Almedina de Silves pelo IPPAR/DRFaro; 2006, 12 junho - Proposta de ZEP das Muralhas e Porta da Almedina de Silves pelo IPPAR/DRFaro; 2008, 12 junho - Proposta do IPPAR/DRFaro de ampliação da ZEP do Castelo às Muralhas e Porta da Almedina de Silves; 2008, 01 outubro - o Conselho Consultivo do IGESPAR emite Parecer a propor a classificação como MN - Monumento Nacional e Parecer favorável à ZEP das Muralhas e Porta da Almedina de Silves; 2011, 27 de outubro - publicado no DR, nº 207, 2ª série, o Anúncio nº 15560/2011 de Projecto de Decisão relativo à classificação como MN e a demarcação da respectiva ZEP das Muralhas e Porta da Almedina de Silves; 2015, agosto - escavações arqueológicas dirigidas por Mário e Rosa Varela Gomes / Universidade Nova / CMSivles, no setor poente, área que poderá corresponder à Alcaidaria do Infante D. Henrique; no decorrer das mesmas, é descoberto um engenho de açucar datável do Séc. 14 / 15; 2019 - atribuição do Prémio Cinco Estrelas ao Castelo de Silves, na categoria de Monumentos Nacionais.

Dados Técnicos

Materiais

Estrutura em taipa, cantaria (grés de Silves), alvenaria, madeira em portas e caixilhos, telha.

Bibliografia

ALMEIDA, João de - Roteiro dos monumentos militares Portugueses. Lisboa, 1948, Vol. III; AIRES - BARROS, Luís - As Rochas dos Monumentos Portugueses: tipologias e patologias. Lisboa, abril, 2001, vol. II; DGEMN - Castelo de Silves, Boletim da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Lisboa, 1948, n.º 51;JÚDICE, P. P. de Mascarenhas - Atravez de Silves. Silves, 1911, Parte I; CMSILVES - Livro do Almoxarifado de Silves. Silves: Câmara Municipal, 1984; LOPES, João Baptista da Silva - Corografia (...) do reino do Algarve. Lisboa, 1841; MENDONÇA, Joachim Joseph Moreira de - História Universal dos Terramotos. Lisboa: Officina de António Vicente da Silva, 1758; MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS - Relatório da Actividade do Ministério no Triénio de 1947 a 1949. Lisboa, 1950; IDEM - Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952. Lisboa, 1953; PINTO, Fernando ? «A Taipa do Castelo». Revista Monumentos. Lisboa, 2005, n.º 23, pp. 52 - 55; TEIXEIRA, Manuel C. - «Silves: cidade mediterrânica - cidade muçulmana». Revista Monumentos, Lisboa, 2005, nº 23, pp. 6 - 17.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMS, Carta de Risco

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, Carta de Risco

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMS, Carta de Risco

Intervenção Realizada

DGEMN: 1940, década de - demolição de edificações anexadas às muralhas; escavações destinadas ao rebaixamento e regularização do solo, junto da entrada principal e na Praça de Armas; reconstrução dos telhados da Casa da Guarda e remoção dos entulhos acumulados sobre as respectivas abóbadas; apeamento e reconstrução de uma das torres que ameaçava ruína; apeamento e reconstrução, por igual motivo, de diversos panos de muralha; consolidação da torre de menagem e restauro do respectivo coroamento; tomada de juntas em todas as torres e panos de muralha; reconstituição de todos os adarves, com seus degraus de cantaria tosca, assim como da guarnição de ameias; consolidação de alguns cunhais e abóbadas das torres, com fortes cintas de betão armado, encobertas; construção de portas, de grande espessura, segundo os melhores modelos da época; reparação geral de rebocos na casa da guarda; limpeza geral da grande cisterna existente na praça de armas; 1965 - demolição e apeamentos de alvenarias; demolição de uma construção abarracada que estava encostada a um troço da muralha, reparação do respectivo troço; 1966 - construção de alvenaria hidráulica em tapamento de rombos e consolidação; 1967 - obras destinadas à instalação do museu municipal nos torreões do castelo; construção de abobadilha regional de tijolo num dos torreões; reconstrução de rebocos; caixilharia, vidros e instalação eléctrica; 1969 - obras gerais de consolidação; 1971 - apeamento de alvenarias e reconstrução; 1972 - obras de recuperação da torre junto à Câmara Municipal; demolição de um anexo; consolidação de fendas; 1973 - reparação de um troço de muralhas junto do edifício da Câmara Municipal; construção de betão armado em lintéis para consolidação dos paramentos de um torreão; 1977 - consolidação de muralhas, tapamento de rombos; 1979 - fornecimento e assentamento de cilhares de cantaria da região num cunhal que ruíu; reparação da cobertura de uma torre; limpeza e reparação dos telhados dos edifícios existentes no castelo; 1980 - consolidação dos troços de muralha virados a norte e poente; 1981 - consolidação de duas torres na zona norte; 1982 - obras de beneficiação; assentamento de silhares de cantaria da região em cunhais de um torreão da zona virada a norte; 1984 - demolição dos restos das alvenarias de um prédio que obstruía um troço das muralhas Dr. Francisco Vieira; assentamento de silhares de cantaria da região em cunhais de um torreão; tapamento de rombos e consolidação de panos de muralha; 1985 - continuação da consolidação e recuperação do troço da Rua Dr. Francisco Vieira e do troço na zona norte; 1984 / 1985 / 1986 / 1987 - obras de recuperação do castelo; 1993 - obras de recuperação; CMSilves: 2000 - obras de recuperação: conclusão trabalhos de restauro coberturas alcáçova incluindo colocação de novos forros de madeira, isolamento térmico, colocação de subtelha de canudo artesanal, impermeabilização de caleiras e restauro sistema de escoamento de águas pluviais; restauro dos tectos pintados da Alcáçova (pelo Centro de Estudos de Arte e Arqueologia de Tomar); projecto de musealização que inclui a utilização do casario existente no castelo para serviços admnistrativos e educativos, bem como a criação de um jardim botânico ligado aos Descobrimentos no antigo quintal do Governador; reconstrução dos cunhais da Torre da Almedina; 2002 - reconstrução de dois cunhais da Torre de Almedina e fechamento de juntas; 2005 - limpeza exterior do Castelo; CMSilves: 2019 - obras de conservação e restauro da zona envolvente do castelo, nomeadamente da torre 1 da frente sul, de modo a recuperar os danos causados pela erosão.

Observações

Autor e Data

João Neto 1991

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login