Igreja Paroquial de Santiago / Igreja de São Tiago

IPA.00012773
Portugal, Setúbal, Sesimbra, Sesimbra (Santiago)
 
Arquitectura religiosa tardo-gótica, maneirista e barroca. Igreja de 3 naves sem clerestório com capela-mor, 2 altares colaterais e 4 capelas laterais. Torre sineira à esquerda da fachada principal, eleva-se em corpo saliente a esta. Estrutura arquitectónica típica do segundo quartel do séc. 16, concebida dentro de um espirito tardo-gótico com recursos a tramos de arcaria clássica. As pinturas de brutesco das colunas quinhentistas, a policromia dos azulejos e a talha barroca, conferem ao interior da igreja grande unidade artística.
Número IPA Antigo: PT031511020032
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta pelos corpos articulados das naves, capela-mor e sacristia, com volumes de acentuada verticalidade. Coberturas diferenciadas em telhados de 2 águas e cúpula bolbosa na torre sineira. Adossada ao lado esquerdo sobresai o corpo saliente da torre sineira, formando ângulo recto com o frontispício, delimitada por cunhais e de 3 registos separados por cornija. No 1º, na fachada lateral direita, uma porta encimada por janelão e na fachada principal 4 janelos colocados a eixo, dois de cada lado, no 2º 2 relógios e no 3º 4 ventanas sineiras em arco pleno; o remate é em cornija e nos cunhais 4 pináculos. Fachada principal da igreja com embasamento, rasgada por portal rectangular simples sobrepujado por cornija e frontão triangular, encimado por janelão com a data da fundação da igreja incisa no lintel; remate em empena triangular com cornija e beiral e ao centro uma cruz. Fachada lateral direita de 2 corpos escalonados, o primeiro pertencendo ao corpo da nave aberto por 2 janelas e um janelo e o segundo à sacristia, de 2 pisos com 2 portas e uma janela no 1º e 2 janelas de arco abatido no 2º. INTERIOR de três naves com cinco tramos de arcaria de volta perfeita e colunas com capitéis lavrados com motivos fitomórficos e geométricos, decoradas com brutesco, coevas da fundação; as duas primeiras colunas do lado do Evangelho apresentam cartelas com pinturas votivas representando caravelas; do lado da Epístola, a segunda coluna tem na cartela a cruz da Ordem de Santiago e as seguintes apresentam, inseridas em cartelas douradas, uma alma ardendo nas chamas do Purgatório e o Santíssimo Sacramento; coro alto simulando mármores; no sub-coro duas pias baptismais, em mármore; no solo existem várias lápides sepulcrais; tectos das naves em três planos de madeira; paredes do templo e capela-mor com lambril de azulejos tipo enxaquetado verde e branco. Adossado à terceira coluna do lado do Evangelho está o púlpito. Os altares, quer o principal, os dois colaterais e os quatro laterais apresentam um riquissimo trabalho de talha lavrada e dourada; no altar de Nossa Senhora do Rosário assinala-se a imagem estofada e policromada da virgem; o altar de Santo António, do lado da Epístola, tem encaixilhado uma pintura sobre tela que representa "Santo António livrando o pai da forca"; um dos altares do lado do Evangelho preserva um retábulo maneirista de linhas serlianas e estrutura anterior aos restantes que se datam do período barroco. Arco triunfal de exuberante gramática decorativa, através do qual se acede à capela-mor com abóbada pintada com trechos de arquitectura prespectivada que envolvem um medalhão central alusivo à Eucaristia; altar-mor com retábulo de colunas salomónicas com atlantes nas bases, frisos repletos de formas sinuosas de vegetalismo, anjos e símbolos eucarísticos. Na sacristia, cujo acesso se faz através da capela-mor, um arcaz.

Acessos

Largo Movimento das Forças Armadas

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, adossado do lado esquerdo a casario baixo. Implantado em rua com acentuado desnível. A fachada principal é rodeada por muro de alvenaria formando pequeno adro, situado a um nível superior à rua e cujo desnível se vence por 2 degraus e a cujo interior se acede por portão de ferro assente em dois fortes pilares encimados por pináculos de bola. Fachada lateral direita acompanha a inclinação da via pública. A torre sineira situa-se fora do adro.

Descrição Complementar

Também na sacristia um dossel setecentista de Nossa Senhora da Conceição, em veludo, uma tela do fim do séc. 17 representando a "Imaculada Conceição", de Bento Coelho da Silveira, duas imagens em madeira estofada setecentistas, uma naveta de prata lavrada em forma de caravela do sé. 16, uma cruz processional também quinhentista e um painel sobre madeira representando um "Santo Bispo".

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Setúbal)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ENTALHADORES: José Rodrigues Ramalho, Matias Rodrigues (atri.); Manuel João da Fonseca (séc. 18). PINTOR: Bento Coelho da Silveira (séc. 18).

Cronologia

1533 - o mestre da Ordem de São Tiago e duque de Aveiro lavrou em alvará a intenção de se fazer na Ribeira de Sesimbra uma igreja nova, dando início, ainda nesse ano a construção da igreja, por iniciativa de D. Jaime de Lencastre, bispo de Ceuta, encarregando-se Francisco Marrecos, cavaleiro fidalgo da casa real, da superintendência das obras na qualidade de seu vedor; 1534 - inscrição aposta no exterior da igreja refere o avançado estado de obras construtivas; 1536 - a nova igreja estava aberta ao culto, com a sua capela-mor erecta e o corpo em fase de ultimação; 1538 - a freguesia obtinha autonomia plena através da bula apostólica de confirmação; 1553 - a "visitação" a Sesimbra de D. António Preto, mestre da Ordem de São Tiago, vem encontrar a nova igreja matriz a funcionar em pleno, ainda que inacabada de decorações e ornamentos interiores. Embora sem sacrário, nem retábulos nos altares principal e colaterais o templo estava concluído de obras de pedraria com as suas três avantajadas naves de "vinte e cinco varas e meia de cinco palmos a vara" de comprimento total, grossas paredes de alvenaria, de empenas, tecto de madeira ainda por forrar, de bordo, e capela-mor coberta por abóbada "toda de pedraria de nove chaves"; nos altares colaterais "arrimados às paredes do cruzeiro", duas peças de escultura: "huma Imagem de São Brás de vulto, de alabastro" e "huma Imagem de Santo António de vulto, de madeira", e ordenou o ladrilhamento do chão e a ultimação do coro alto, ainda inacabado, bem como a colocação de "bancos para se sentar a gente" (SERRÃO, 1997); 1564 - colocação do sacrário e retábulos nos altares principal e colaterais; 1642 / 1644 - campanha de obras de embelezamento da igreja - azulejaria, talha, pintura das colunas-; 1642 - data da cartela numa das colunas do lado do Evangelho; 1643 - data da pintura da cartela, na segunda coluna do lado da Epístola; data do púlpito; 1644 - data da pintura votiva na primeira coluna do lado do Evangelho; 1690 - realizada campanha de obras que lhe alterou o seu aspecto primitivo; séc. 18 - retábulo-mor pelo entalhador Manuel João da Fonseca; 1720 - azulejos da capela de Nossa Senhora do Rosário; séc. 18, finais - data da pintura do tecto da abóbada da capela-mor pelo pintor Bento Coelho da Silveira.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Pedra, tijolo, telha, mármore, talha, azulejo, madeira

Bibliografia

SERRÃO, Eduardo da Cunha, SERRÃO, Vítor, Sesimbra Monumental e Artística, 2ª ed., Sesimbra, 1997; SOBRAL, Luís de Moura, Pintura e Poesia na época barroca, ed. Estampa, Lisboa, 1994.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; ANTT, Ordem de S. Tiago

Intervenção Realizada

DGEMN: 1967 - obras de melhoramento da igreja e recuperação do retábulo do altar-mor.

Observações

Autor e Data

Cecília Matias 2002

Actualização

 
 
 
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