Igreja Paroquial de Belmonte / Igreja da Sagrada Família

IPA.00012518
Portugal, Castelo Branco, Belmonte, União das freguesias de Belmonte e Colmeal da Torre
 
Arquitectura religiosa, revivalista. Igreja matriz novecentista, de planta longitudinal com nave, capela-mor mais baixa e estreita, flanqueada por sacristias e torre sineira. Fachada-torre tripartida e simétrica, com três portas de verga recta, encimadas por janelas, a central rectangular. Remate em frontão interrompido por empena curva. Fachadas circunscritas por cunhais apilastrados e remates em friso e cornija, as laterais rasgadas por duas portas e três janelas. Endonártex com baptistério e interior com coro-alto de madeira, assente em colunas, coberturas em falsas abóbadas de berço de madeira, dois púlpitos e retábulos de talha dourada e policromada neogóticos e neomanuelinos.
Número IPA Antigo: PT020501010019
 
Registo visualizado 133 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave e capela-mor mais baixa e estreita, com sacristias adossadas e torre sineira no eixo da fachada principal. Volumes simples e articulados, com disposição verticalista das massas e coberturas diferenciadas a duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamentos de cantaria, com pilastras nos cunhais firmados por pináculos piramidais, e remates em friso e cornija. Fachada principal voltada a E., dividida em três panos, o central rasgado por portal de verga recta com moldura recortada na base e, superiormente, com remate em cornija borromínica. Sobre este, dois nichos de volta perfeita, com mísulas onde surgem as imagens da Virgem com o Menino e Santiago. Superiormente, janela quadrada segmentada em cruz de Malta. Os panos laterais, divididos por pilastras que se elevam até ao remate, são simétricos, com portal de verga recta, de molduras igualmente recortadas e remate em cornija angular curva. Sobre este, janela rectangular com cornija semelhante. A fachada remata em frontão encurvado interrompido, formando, na zona central, empena curva, truncada superiormente pela torre sineira, com um vão de volta perfeita em cada face e remate em cornija, balaustrada e pináculos. Na face principal, um relógio sobre a balaustrada. Fachada laterais são semelhantes, com dois portais, correspondentes à porta travessa e aos acessos à sacristia e quatro janelas, três a iluminar a nave e uma a capela-mor, de perfis e remates semelhantes aos vãos da fachada principal. A virada a N. possui, sobre a porta travessa, um registo de azulejo 3x3, monócromo, azul sobre fundo branco, representando a Imaculada Conceição e com a legenda "Há três séculos / vos proclamamos padroeira" e as datas "1646" e "1946". Fachada posterior em empena com cruz no vértice e rasgada por duas frestas na zona inferior e óculo circular junto ao remate. Os vãos de acesso são protegidas por portas metálicas pintadas de verde, decoradas com quadrifólios, folhagem estilizada, e a representação de janelas maineladas com bandeiras decoradas. No INTERIOR, o portal axial é protegido por guarda-vento de cantaria, formado pelo volume da torre sineira central, formando endonártex, com cobertura de talha pintada de castanho e com a representação central da Sagrada Família, encimada pela pomba do Espírito Santo. Neste, rasga-se, no lado do Evangelho, o vão do baptistério, em arco de volta perfeita e protegido por grade metálica pintada de branco, com pequena pia baptismal granítica, encimada por quadro relevado a representar o "Baptismo de Cristo". Paredes rebocadas e pintadas de branco, com lambril pintado a "grisaille", formando rosetões; coberturas em falsas abóbadas escalonadas, de berço na zona central com tirantes de metal e meio-berço lateralmente, de madeira pintada de castanho, assentes em cornija; pavimento de ladrilho e corredor central de lajes graníticas. Todas as janelas são protegidas por vidro branco com cruz vermelha no centro. Coro-alto de madeira, assente em duas colunas jónicas, tendo a zona central mais alta e convexa, protegido por teia de madeira pintada de castanho, balaustrada, onde surge, rodeada por folhagem pintada de verde, uma cartela com as iniciais "PJFM" (iniciais do pároco responsável pelas obras) e a data "1938" ; o acesso processa-se por escadas de dois lanços encostadas ao corpo da torre; a partir do coro-alto acede-se à sineira através de porta de verga recta no lado da Epístola. A cobertura do sub-coro é de madeira, pintada de castanho, dividida em apainelados, ostentando decoração em relevo: no centro, um Agnus Dei e, inseridas em estruturas cruciformes, no lado do Evangelho, um cálice e hóstia com cadeia e várias gavinhas, surgindo, no da Epístola, símbolos da Paixão, como a cruz, lança, escadas, archotes, martelo, torquês e as letras "IHS". Encostados às paredes laterais e confrontantes, quatro confessionários de madeira em branco, com decoração rendilhada; as duas portas laterais possuem sanefas de talha policromada. Os púlpitos *1 são também de talha policromada e dourada, assentes em coluna decorada, com guarda apainelada, onde surgem, em relevo, as figuras dos Evangelistas e São Pedro (Evangelho) e São Paulo e cenas da vida de Cristo (Epístola); o baldaquino é encimado por pináculos e edícula central com remates rendilhados. No lado do Evangelho, o retábulo de talha dourada dedicado a Nossa Senhora da Esperança, surgindo, no lado oposto, um vão de cantaria de volta perfeita com pedra de fecho com flor estilizada, onde se insere um grupo escultórico alusivo a São João de Brito. Retábulos colaterais de talha dourada e policromada, dedicados a Nossa Senhora de Fátima e São José. Arco triunfal de volta perfeita acede à capela-mor, com paredes rebocadas e pintadas de branco, as laterais com alto silhar de azulejo padrão, pavimento com estrado de madeira e cobertura em falsa abóbada de berço de madeira com cruz central, assente em cornija pintada de cor creme e dourado. Lateralmente, duas tribunas sobre as sacristias, com dois vãos de volta perfeita e estrutura de madeira composta por mísula, guarda balaustrada, colunas laterais, pináculos e frontão central; entre estas e confrontantes, dois registos de azulejo historiado a azul e branco com moldura policromada. Duas portas de verga recta acedem às sacristias. Sobre supedâneo, o retábulo-mor de talha policromada, de planta côncava e três eixos, o central com enorme tribuna de volta perfeita com fundo a fingir brocados e trono com baldaquino. Lateralmente e dividido por seis colunas marmoreadas, três de cada lado, dois nichos com mísulas projectadas, contendo imaginária. Remates individualizados, compostos por arcos polilobados, colunas e pináculos. No sotobanco, o sacrário, inserido em estrutura com quatro colunas e remate rendilhado, tendo na porta uma custódia e ladeado por anjos relevados em adoração. Nos pilares que sustentam as colunas que flanqueiam a tribuna, surge pequena coluna a sustentar duas imagens. Altar paralelepipédico com frontal decorado por relevo representando um pelicano. O acesso à tribuna processa-se por dois vãos na base dos eixos laterais.

Acessos

Largo Padre José Franco de Matos

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, com a fachada principal a abrir para pequeno largo, onde se ergue um chafariz com a data de 2000, e algumas árvores, dando as demais fachadas para estreitas vias públicas. No lado direito, situa-se a capela funerária, igualmente isolada, e o reservatório de água, que cria um volume dissonante.

Descrição Complementar

Retábulo dedicado a Nossa Senhora da Esperança é convexo com nicho central polilobado, com trono de três degraus, fundos apainelados decorados com motivos fitomórficos e cobertura em meia-cúpula. Lateralmente, quatro colunas com o terço inferior em losango e espira superiormente. Remate em três arcos canopiais, com decoração fitomórfica vazada. Altar paralelepipédico com frontal apainelado, dividido por quatro colunas e decoração central com rosetões e acantos. Retábulos colaterais são semelhantes, de planta recta e um eixo, circunscrito por pilares com três mísulas, a central com imaginária; remate central elevado, com baldaquino e pináculos, tendo altar paralelepipédico com frontal tripartido por colunas, a zona central crucífera e as laterais com frisos de acantos. Ao lado do portal axial, uma lápide com a inscrição: "Visita da imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima 29-1 a 5-2-1989"; no púlpito do lado do Evangelho, a inscrição "Verbum Dei non est allisatum" e no da Epístola "Predica verbum, insta oportuna importune". Na capela-mor, surgem duas credências de talha policromada, de apoio às cerimónias religiosas.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese da Guarda)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

CAIADORES: Acácio Antunes (séc. 20); Joaquim da Costa (séc. 20); Joaquim Guilherme da Costa (séc. 20); José da Costa (séc. 20). CARPINTEIROS: Joaquim Caninhas (séc. 20); Joaquim Leal Nanoura (séc. 20). ENTALHADOR: Lourenço Lopes Gomes (séc. 20). MARCENEIRO: Manuel da Costa (séc. 20). PEDREIROS: Joaquim Jerónimo (séc. 20); Luís Pombal (séc. 20). PINTOR-DOURADOR: José da Cunha (séc. 20).

Cronologia

1186, Maio - D. Sancho I doou à Sé de Coimbra todas as igrejas construídas e a construir em Covilhã e seu termo, que incluía Belmonte; séc. 13 / 14 - instituição da paróquia de Santa Maria de Belmonte; 1320, 23 maio - bula do Papa João XXII concedendo a D. Dinis, por três anos, para subsídio de guerra contra os mouros, a décima de todas as rendas eclesiásticas do reino, sendo a igreja de Santa Maria de Belmonte taxada em 120 libras; integra o termo de Belmonte e o bispado da Guarda; 1567 - primeiro registo de óbito; 1570 - primeiro registo de casamento; 1574 - a igreja pertence ao padroado real e integra a Diocese da Guarda; 1590 - primeiro registo de baptismo; 1711 - a imagem de Nossa Senhora da Esperança era descrita por Frei Agostinho de Santa Maria, como sendo "obrada em pedra branca, & muyto fina como alabastro, & com as roupas da mesma materia, semeado tudo de humas rozasinhas, & flores de ouro; (o que affirmão os Religiosos, se lhe fizera cá, depois que veyo da India) tem de comprimento cinco palmos, & meyo, & tem sobre o braço esquerdo assentado ao Menino Deos, lançando, ou mostrando hum raminho ou cacho a hum passarinho, que está sobre o braço direyto da Senhora, o qual abrindo as azas, mostra querer comer (...) & com a mão esquerda (...) está pegando no dedo polegar da mão esquerda da Senhora"; 1758 - a igreja de Santa Maria era referida nas Memórias Paroquiais pelo seu vigário, José Gonçalves Lourenço, como tendo o altar-mor, o de Nossa Senhora do Rosário (este com Irmandade, no lado do Evangelho) e de São Brás, na Epístola, edificado pela população; existia, ainda, o altar lateral do Crucificado das Almas; tinha anexa a Capela de São Bartolomeu, em Colmeal da Torre; era uma vigararia de apresentação real, com 40$000 pagos pela comenda da Ordem de Cristo, cujo comendador era D. Francisco de Sousa Calharis; 1834 - a abadia de Santa Maria de Belmonte foi extinta e integrada na de São Tiago; séc. 19, 2.ª metade - pensou-se na criação de uma nova igreja matriz, pois só existia a Igreja de Santiago; séc. 20 - construção do imóvel, por iniciativa do pároco José Franco de Matos, em terreno oferecido pela família Pignatelli; nela trabalharam os caiadores Joaquim da Costa e filhos, Joaquim Guilherme da Costa e José da Costa, e o sobrinho, Acácio Antunes, os pedreiros Luís Pombal, de Lardosa, e Joaquim Jerónimo e os carpinteiros Joaquim Caninhas e Joaquim Leal Nanoura; desenho da talha da autoria do marceneiro Manuel da Costa, sendo a douragem da Casa Fânzeres, de Braga, pela quantia de 36.300$00; execução do altar de Nossa Senhora da Esperança pelo entalhador Lourenço Lopes Gomes, pela quantia de 22.000$00 e dourado por José da Cunha, de Braga, por 16.000$00; execução do relógio em Braga; 1938 - data no coro-alto; 1940, 13 Maio - inauguração da igreja; 1946 - colocação de registo azulejar na fachada lateral direita alusivo à Imaculada Conceição; 1971 - criação do arciprestado Belmonte - Manteigas; 1989, 29 Janeiro a 5 Fevereiro - visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Granito na estrutura, rebocada e pintada, no embasamento, cunhais, cornijas, pináculos, modinaturas, balaustrada da sineira, pavimento da nave, coberturas, pia baptismal, oratório no lado da Epístola e imaginária; madeira no coro-alto, estruturas retabulares, púlpitos, confessionários, tribunas e imaginária; ferro nas portas e tirantes da cobertura da nave; bronze nos sinos; azulejo industrial na capela-mor, quer no silhar quer nos registos superiores; estuque em alguma imaginária; ladrilho cerâmico no pavimento da nave; telha de aba e canudo; vidro simples e colorido nas janelas.

Bibliografia

Inventário Colectivo dos Registos Paroquiais, vol. I, Lisboa, 1993; MARQUES, Manuel, Concelho de Belmonte - Memória e História, Belmonte, 2001; SANTA MARIA, Frei Agostinho de, Santuário Mariano..., vol. II, Lisboa, 1711; SERRÃO, Joaquim Veríssimo - Livro das Igrejas e Capelas do Padroado dos Reis de Portugal - 1574. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian Centro Cultural Português, 1971.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20, final - deslocação dos púlpitos da zona do arco triunfal para o meio da nave; reboco e pinturas do exterior e interior.

Observações

*1 - encontravam-se ao lado do arco triunfal, sendo alterada a localização pelo actual pároco, José Martins Registo.

Autor e Data

Paula Figueiredo 2003

Actualização

 
 
 
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