Igreja de São Vicente

IPA.00001235
Portugal, Évora, Évora, União das freguesias de Évora (São Mamede, Sé, São Pedro e Santo Antão)
 
Arquitectura religiosa, gótica, maneirista. Composição acusando a sobriedade do estilo chão eborense de meados do Séc. 16, revestida no interior por excelentes retábulos de talha de época joanina. Azulejos e talhas seiscentistas na Capela da Irmandade. Capela dos Passos de estilo joanino. Pintura mural figurando São Sebastião de típica iconografia gótica quatrocentista. Magnífico conjunto retabular em talha. Pintura mural quatrocentista.
Número IPA Antigo: PT040705210061
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja  

Descrição

Planta quadrada, regular e centralizada, com c. de 14 m de lado, resultante da articulação, da nave, transepto e ábside. Tem frontaria modesta em alvenaria, com pórtico em cantaria de granito de vão rectangular e frontão triangular rasgado por luneta circular. Embebida no paramento do lado N. da fachada N., uma capela dos Passos do Senhor, em mármore de Estremoz; tem o pórtico virado para o Largo, ladeando o da Igreja, de vão rectangular e verga profundamente moldurada, sobrepujada de frontão retabular envolvido em volutas e pináculos, com cornija de enrolamentos rematada por cruzeiro. INTERIOR: acanhado salão de três naves de três tramos, de abóbada de berço, descarregando a central em poderosos pilares prismáticos, da ordem dórica, e as laterais sobre o paramento, recebidas por arquitrave de cantaria. No tramo central da nave da Epístola, abre-se, por vão de arco perfeito a continuar em toda a profundidade por abóbada de berço, integralmente revestida de azulejos tipo "tapete", a Capela da Irmandade de Nossa Senhora da Vitória, actualmente dedicada a São Gregório Papa; apresenta retábulo de talha e na parede do lado esquerdo e na zona superior pintura mural, muito delida, com a representação de uma Missa de São Gregório, que porta casula ocre e vestes claras, distinguindo-se mal as outras figuras da composição. A fazer a lanterna do cruzeiro, de tramos embebidos no corpo da nave, cúpula semi-esférica rompente de arcos de volta perfeita, com as trompas ornadas de estuques geométricos. À capela-mor dá acesso arco triunfal realizado pela estrutura cupular do cruzeiro; é profunda e ladeada de dois absidíolos, uma e outros cobertos de abóbada de canhão e de estrutura singela. Da velha ermida gótica quatrocentista, restam dois pórticos embebidos nos paramentos que deitam para a R. de Valdevinos e para as Escadinhas de São Vicente e um tramo da nave que cavalga o muro da cerca romana, com abóbada em ogiva de nervuras duplas fechada com botão granítico de tema vicentino e apoiada em colunas prismáticas de alvenaria, com capitéis graníticos de motivos vegetais estilizados; no paramento fundeiro, fragmento de pintura mural representando São Sebastião, de esboço estilizado e longos caracóis anelares.

Acessos

Largo de São Vicente; Rua Miguel Bombarda

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 95/78, DR, 1.ª série, n.º 210 de 12 de setembro 1978 *1 / Incluído no Centro Histórico da cidade de Évora (v. PT040705050070)

Enquadramento

Urbano, em meia encosta da escarpa acentuada da colina de Évora, do lado S., a cavaleiro da Cerca Velha da Cidade, imbricada entre o casario, harmonizada com a envolvência

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja

Utilização Actual

Cultural e recreativa: galeria de exposições

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 15 / 16

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

1467 - refundação por Luis Lourenço (Prioste do Cabido da Sé de Évora e criado do Infante Dom Henrique), sobre a plataforma onde se haveria de erguer o Mosteiro de Nossa Senhora da Graça (070510028), em casa foreira do Cabido que para aquele efeito a cedeu, da anterior ermida de fundação incerta que cavalgava o paramento O. da cerca romana, dedicada ao mártir São Vicente; 1552 - Depois da publicação do Breviário Eborense, Garcia de Resende conseguiu mobilizar o Senado Municipal para a reedificação do templo gótico, cuja fábrica o próprio Mestre dotou com dez mil réis; 1651 - visitação municipal refere várias pinturas murais na igreja; 1856 - reconstrução da capela do Passo da Via Sacra transferido do primitivo local na R. do Paço; 1965, Verão - durante as obras de restauro, segundo Túlio Espanca foram postas a descoberto pinturas murais quinhentistas na capela-mor *2.

Dados Técnicos

Pintura mural a fresco

Materiais

Alvenaria, cantaria de granito, mármore em alguns elementos secundários.

Bibliografia

ESPANCA, Túlio, Fundação e Evolução Histórica da Igreja dos Mártires de Évora, A Cidade de Évora, nº 29 e 30, 1949; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal-Distrito de Évora, Vol. VI, 1966.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DREMS

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DREMS; Biblioteca Pública de Évora: Visitação dos Oratórios de Évora em 1597, ms. nº 61, Livraria da Manisola

Intervenção Realizada

CME: 1966 - restauro geral, orientado pelo Arqº Raul David.

Observações

*1 - DOF... e todo o recheio, nomeadamente as pinturas a fresco e em tábua, o retábulo, o altar de talha e os azulejos; *2 - "... na ousia, formada por um mural do estilo da Renascença, pouco saliente e armado sobre alvenaria estucada. Obra de cerca de 1570, de artista anónimo, mas de afinidades artísticas com Francisco de Campos, autor dos famosos frescos do Paço dos Condes de Basto, é constituído por pórtico apilastrado, de estrias clássicas, dividido em três painéis de secção rectangular. Da representação hagiográfica estão intactos Santas Sabina e Cristeta, ladeando São Vicente, de que existem, apenas, fragmentos do manto e dos pés. Sobrepujante, na empena, de efeito arquitectónico e perspectivado, medalhão figurado pelos três mártires de Évora, no cárcere romano, repousando. A cimafronte é ornada de florão circular, policromo, de grinaldas e filactera clássicas. Na parede fundeira da ousia, no lado oriental, escapou, também, uma interessante e rara pintura mural representando São Sebastião. A figura, mutilada nas pernas e com vestígios de emolduramento, é tratada com delicadeza e a cabeça, de longos e anelados cabelos oferece o ingénuo hieratismo peculiar da Arte Gótica dos fins do Séc. 15. Quatro longos dardos, bem medievais, ferem o corpo do mártir, que se contorce no tronco esgalhado da árvore, suavemente, sem violência ou ar de tragédia".

Autor e Data

Manuel Branco 1993 / Joaquim Caetano 2005

Actualização

Maria Fernandes 1997
 
 
 
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