Casa do Morgado de Vilar de Perdizes / Câmara Municipal de Chaves

IPA.00012241
Portugal, Vila Real, Chaves, Santa Maria Maior
 
Casa nobre construída na primeira metade do séc. 19, em estilo neoclássico, não chegando a ser concluída, e depois transformada para instalação da Câmara Municipal. Apresenta planta retangular simples, interiormente com tetos de madeira e amplamente iluminado. Caracteriza-se pela sobriedade e regularidade das fachadas, de três panos simétricos, definidos por pilastras toscanas, de três pisos, rasgados regularmente por vãos de verga abatida sobrepostos, e terminadas em friso e cornija. A fachada principal é decorativamente mais rica, com o pano central a terminar em frontão triangular atarracado, coroado por relógio assente em altas aletas, num contrastante revivalismo neo-barroco; tem dois registos separados por friso, destacando-se o portal, ladeado por aletas e encimado por espaldar recortado com volutas, e os óculos laterais ovais com moldura alteada coroada por cornija em empena, igualmente de linguagem tardo-barroca. No segundo piso abrem-se três janelas, a central de sacada e as laterais de peitoril, com avental recortado. Os panos laterais são rasgados por janelas de peitoril, com avental recortado. As restantes fachadas são rasgadas por módulos de três janelas ou porta e duas janelas, de brincos retos. No interior, os pisos interligam-se por escadaria desenvolvida sensivelmente ao centro, a partir de arco em volta perfeita estreito, tendo o primeiro lance apertado e flanqueado por muros altos, e depois com maior largueza, com os ângulos coroados por urnas.
Número IPA Antigo: PT011703500121
 
Registo visualizado 502 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre    

Descrição

Planta rectangular, regular, de volume simples com cobertura em telhado de quatro águas, com clarabóia no fecho. Fachadas rebocadas e pintadas de branco com embasamento de cantaria, simples, terminadas em friso, ritmado de argolas de ferro, e cornija dupla, sobreposta por beiral, com três panos simétricos, definidos por pilastras toscanas e fuste almofadado, que surgem igualmente nos cunhais, e três registos. Fachada principal virada a SE., com pano central de dois registos separados por friso de cantaria, rematada por frontão triangular sobrepujado por relógio, com mostrador de esmalte e moldura de pedra decorada com volutas e motivos fitomórficos, tendo no tímpano brasão com coroa. No primeiro registo, abre-se portal de verga abatida, moldurado, ladeado por pequenas aletas e espaldar de cantaria recortada com cartela central e volutas, enquadrado por dois óculos elípticos, com moldurasuperiormente alteada e terminada em empena. No segundo registo rasgam-se três janelas, de verga abatida, a central de sacada, com guarda de ferro forjado e com bandeira, e as laterais de peitoril, cailharia de guilhotina e com avental recortado. Panos laterais semelhantes, rasgados por dois módulos de três janelas de peitoril, de verga abatida, caixilharia de guilhotina e avental recortado. Fachadas laterais com dois módulos de três janelas de verga abatida, de brincos rectangulares e caixilharia de guilhotina, nos panos laterais, e três módulos de três janelas ou porta e duas janelas jacentes, no central. Fachada posterior rasgada, nos panos laterais, por dois módulos de porta e duas janelas ou três janelas e no central por três portas, de verga abatida, no primeiro registo, três janelas no segundo e janela de sacada com guarda de ferro ladeada por duas janelas, no terceiro. INTERIOR de três pisos ligados por escadaria nobre e escada secundária, desenvolvidas interiormente. Compartimentação interna organizada a partir de corredores de distribuição com ligação às várias dependências. Vestíbulo com paramentos em cantaria de granito, em fiadas de aparelho irregular, com silhar recortado de azulejos monócromos azuis sobre fundo branco, de composição figurativa com cenas campestres, e placas comemorativas de eventos e efemérides; pavimento em lajes de granito e tecto de madeira. Possui duas portas laterais, confrontantes e, frontalmente, arco de volta perfeita, moldurado, com cartela na pedra de fecho, sobre dupla pilastra toscana, ladeado por duas portas de verga abatida com bandeira, que abrem para corredores. Nos pisos inferiores desenvolvem-se salas e gabinetes das áreas administrativa e financeira, obras e urbanismo. Transposto o arco, desenvolve-se a escadaria nobre, de dois braços rectos, com guarda de balaústres alternados com acrotérios sobrepostos por urnas, em cantaria de granito; ano nível do piso intermédio, surge sobre portal de verga recta frontal às escadas, registo de azulejos policromos com as armas da cidade de Chaves; a caixa das escadas apresenta falsa cúpulla facetada, em madeira, assente em trompas, e integrando pequena claraboia. No piso superior, está instalado o gabinete da presidência e da vereação, salão nobre, gabinetes de secretariado, salas de espera e casas de banho.

Acessos

Santa Maria Maior, Praça de Camões. WGS84: 41º44'24.03''N., 7º28'17.85''O.

Protecção

Incluído na Zona de Protecção do Castelo de Chaves (v. PT011703510004)

Enquadramento

Urbano, isolado, integrado na malha urbana do centro histórico, em terreno plano. Fachada principal voltada para a Pç. de Camões, erguendo-se frontalmente a Igreja de Santa Maria Maior / Igreja Matriz de Chaves (v. PT011703500021), à direita o Antigo Paço dos Duques de Bragança / Museu Flaviense (v. PT011703500068) e à esquerda a Capela de Nossa Senhora do Loreto / Capela da Santa Cabeça (v. PT011703500055) e um interessante conjunto de casas de habitação setecentistas e oitocentistas. Na praça, pavimentada a cubo granítico com guias de granito formando quadrícula, ergue-se em eixo com o portal principal, ergue-se a estátua em bronze do Duque de Bragança.

Descrição Complementar

No vestíbulo estão suspensas cinco placas evocativas de acontecimentos importantes para o concelho de Chaves, tendo as seguintes inscrições: 1) Placa de bronze: VISITA AO CONCELHO DE SUA EXª, O SR. PRIMEIRO MINISTRO, PROF. DR. ANÍBAL ANTÓNIO CAVACO SILVA CHAVES, 89-07-29; 2) Placa de bronze: Visita ao Concelho de Chaves de Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, Dr. Mário Soares Chaves, 93.07.24; 3) Placa de bronze: Visita ao Concelho de Chaves de Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio integrada nas Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Chaves, 97.06.10; 4) Placa em bronze: VISITA AO CONCELHO DE CHAVES DE SUA EXª, O SR. PRIMEIRO MINISTRO ENGº ANTÓNIO GUTERRES CHAVES 99.07.08; 5) Placa de vidro: VISITA A CHAVES DE SUA EXCELÊNCIA O SENHOR PRIMEIRO MINISTRO, ENGº ANTÓNIO GUTERRES, PARA ASSINATURA DO CONTRATO DE CONCESSÃO DA SCUT DO INTERIOR NORTE (IP 3, ENTRE CHAVES E VISEU) CHAVES, 00.12.30.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Política e administrativa: câmara municipal

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 19, primeira metade - início da construção de um solar, junto do antigo paço dos Duque de Bragança, para residência do morgado de Vilar de Perdizes, António de Souza Pereira Coutinho; 1861, 08 fevereiro - a Câmara, presidida por Francisco de Barros Teixeira Homem, aprova a compra do palacete do morgado de Vilar de Perdizes, ainda em construção, para aí instalar os seus serviços; carta de D. Maria da Conceição Moscoso de Lacerda, da cidade de Lisboa, envia carta dizendo que pretende vender as ditas casas, por um 1:600$000, invertido em inscrições, e, pelo menos, outro tanto em dinheiro; a Câmara delibera, por unanimidade, que se lhe mandassem 2:500$000, encarregando o escrivão de dar conhecimento a Lisboa; para amortização da compra do edifício são afixados editais para venda, em hasta pública, da velha e reduzida Câmara Municipal *1; 17 março - venda em hasta pública do antigo edifício dos Paços do Concelho ao negociante António José Pereira Coelho Júnior, da vila de Chaves, pela quantia de um conto e trezentos e cinquenta mil e cem réis; 20 outubro - concurso para conclusão da obra de pedraria do edifício adquirido para Paços do Concelho; 1861, 20 setembro - concurso da arrematação da obra de pedreiro e suas condições, no solar do Morgado de Vilar de Perdizes; 20 outubro - auto de arrematação da obra de pedreiro para edificar o último quarteirão dos Paços do Concelho, o que fica sem efeito; 1862 - face à polémica suscitada com a ampliação do edifício, a Câmara insiste na execução do seu projeto, previsto para um só quarteirão, aprovado inicialmente pelo Governo Civil do distrito; 15 março - o Governo Civil do distrito expõe várias razões para a suspensão das obras em curso e a rescisão do contrato; 09 maio - em resposta ao Governo Civil, a Câmara Municipal informa que aguarda o despacho de sua Majestade, acerca das obras; 06 Junho - o Governo Civil do distrito ordena à Câmara que pague as obras já realizadas no palacete; 07 dezembro - o Governador Civil do Distrito quer saber as condições das obras nos Paços do Concelho; dezembro - a opinião pública da vila manifesta, através de dez representantes, o seu apoio à Câmara e ao prosseguimento das obras; 1865, 06 agosto - arrematação da obra de lajeamento do pátio dos Paços do Concelho; 22 setembro - arrematação das obras de madeira da parte nova do edifício; 1870, 07 fevereiro - por escassez de verbas e falha de madeiras secas, as obras dos Paços do Concelho são proteladas para o ano seguinte; 03 outubro - o Administrador do Conselho, João de Sousa Vilhena, pede à Câmara para declarar qual a casa escolhida para instalar a Conservatória; a Câmara delibera destinar para a secretaria da conservatória a sala do lado esquerdo dos baixos dos Paços do Concelho; 1871 - arrematação da obra de carpinteiro e estucador, para sobradar e estucar as três salas da frente do andar nobre; 1874, 07 outubro - o Governo Civil do Distrito ordena que a aula de latim volte para o "departamento" anterior, ou seja, nos baixos dos Paços do Concelho; a Câmara não entrega as chaves e informa que nada tem a ver com a aula de latim; 1880 - obras de nivelamento e arranjo do largo fronteiro aos Paços do Concelho; o antigo edifício dos Paços do Concelho é vendido à Sociedade Flaviense; 1890, 13 novembro - pede-se a transferência da imagem de São Jorge dos Paços do Concelho para a igreja de São João de Deus, na Madalena, "por ser pouco decente e reparado o local onde se achava"; 1960, década - arranjo da praça fronteira ao edifício.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura, pavimento do átrio e escadaria nobre, de cantaria de granito; silhar de azulejos no átrio; portas, janelas, pavimentos dos pisos superiores e tectos de madeira; cobertura exterior de telha.

Bibliografia

AIRES, Firmino - «Incursões Autárquicas I - 1860 - 1890». In Revista Aquae Flaviae. Chaves: 1994, vol. 12, pp. 11-81;DIONÍSIO, Santana (dir.), Guia de Portugal, 5, Lisboa, 1987, pp. 425 - 426; MACHADO, Júlio Montalvão, Crónica da Vila Velha de Chaves, Chaves, 1994, p. 286.

Documentação Gráfica

DGEMN:DSID

Documentação Fotográfica

DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

C.M.C.: 1980 - obras de renovação e adaptação dos interiores.

Observações

*1 - A 15 de fevereiro de 1861, a Câmara deliberou que, sendo as casas que então serviam de Paços do Concelho muito insignificantes e pequenas, pois, tinha apenas uma sala de entrada para o tribunal judicial e outra próxima, onde se recolhiam as testemunhas, servindo esta última para as sessões camarárias, com graves inconvenientes, e tendo já a Câmara transata, como recurso, uma pequena casa que fora do Marechal Agostinho Luís Alves, por troca com um chão do Município, chamado do Órgão, passou a Câmara a ter um pouco mais espaço. Contudo, esta aquisição não resolvera o problema e o orçamento apresentado pelo Tenente do Corpo de Engenheiros, José Correia Teles Pamplona, para adaptação destas casas a Câmara Municipal, orçadas em mais de 8:000$000, também não satisfia o desejado.

Autor e Data

António Dinis 2005

Actualização

 
 
 
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