Igreja Paroquial de Favaios / Igreja de São Domingos

IPA.00011974
Portugal, Vila Real, Alijó, Favaios
 
Arquitectura religiosa, neoclássica. Igreja paroquial de planta longitudinal composta de nave única e capela-mor, mais baixa e estreita, com tectos de madeira de perfil curvo e profusamente iluminada, tendo adossado torre sineira e sacristia. Fachadas com pilastras nos cunhais, coroados por fogaréus e cruzes nas empenas, terminadas em friso e cornija, e rasgadas por vãos de verga abatida, encimada por cornija. Fachada principal terminada em frontão triangular, rasgada por portal abatido inserido em estrutura de cantaria, encimado por nicho e duas janelas laterais. Fachadas laterais com portas travessas de ambos os lados. No interior, coro-alto sobre arco abatido, confessionários embutidos, dois púlpitos com guarda plena de talha policroma, dois retábulos laterais e dois colaterais, postos de ângulo neoclássicos. Retábulo-mor revivalista, de talha policroma, de planta recta e três eixos.
Número IPA Antigo: PT011701070048
 
Registo visualizado 89 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave única e capela-mor rectangular, mais baixa e estreita, tendo adossado à fachada lateral esquerda torre sineira quadrada e sacristia rectangular. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja, de uma na sacristia e em cúpula na torre. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com pilastras nos cunhais, coroados por fogaréus assentes em altos plintos paralelepipédicos, percorridas por embasamento de cantaria e terminadas em duplo friso e cornija moldurada, ritmadas por argolas de ferro. Fachada principal virada a S., revestida a azulejos de padrão relevado policromo, de motivo fitomórfico, terminada em frontão triangular, com cornijas ritmadas por argolas de ferro, coroado por cruz latina de cantaria sobre plinto. É rasgada por portal de verga abatida, envolto em moldura com filetes relevados e inserido em estrutura de cantaria, terminada em arquitrave, integrando duas pilastras laterais sobrepujados por urnas sobre plintos; encima-o friso de cantaria e nicho, com arco em volta perfeita, albergando imagem do orago, de moldura inferiormente recortada e encimado por frontão curvo, sendo ladeado por duas janelas de verga abatida, com moldura possuindo brincos e encimada por cornija. A torre, sensivelmente recuada relativamente à fachada, apresenta quatro registos, os dois superiores escalonados, separados por cornijas bastante salientes, possuindo no primeiro, registo de azulejos policromos, de moldura recortada, com representação de Nossa Senhora da Conceição, no segundo, relógio circular e no terceiro, em cada uma das faces, sineira em arco de volta perfeita, sobre pilastras, albergando sinos; sobre a cornija é rematada por guarda plena de cantaria integrando ao centro balaústres, com urnas nos cunhais, sobre o qual se eleva o quarto registo da torre, octogonal, alternando panos de alvenaria rebocada com os de cantaria, rasgados por sineiras, sendo coroado por cúpula facetada, terminada em pináculo com cata-vento de ferro. Fachadas laterais, sobrepostas por beiral, com nave e capela-mor rasgadas por três janelas de verga abatida encimada por cornija e, ao centro, por portas travessas com o mesmo perfil. Sacristia com portal virado a S., um outro e janela na lateral esquerda e uma outra janela na fachada posterior, todas com modinatura igual aos vãos da nave. INTERIOR rebocado e pintado de branco, com silhar de cantaria e um outro de azulejos de padrão fitomórfico policromo, com vãos encimados por sanefas de talha policromada a bege e dourado e portas ladeadas por pias de água-benta gomadas prolongadas inferiormente e encimadas por nicho com arco em volta perfeita. Nave com coro-alto assente em arco abatido, fechado por guarda-vento de madeira envidraçado, de pinázios formando motivos geométricos, com guarda em balaustrada assente em cornija e integrando ao centro painel rectangular com instrumentos musicais, sendo acedido por porta de verga recta no lado do Evangelho. Lateralmente dispõem-se confrontantes quatro confessionários embutidos de verga recta, três com portas de madeira, seccionadas por pináculos com cogulhos em três panos, entalhados e recortados por quadrilóbulos e outros motivos, terminadas em empenas, coroadas por flor-de-liz; o primeiro do lado da Epístola, transformado em oratório, apresenta imagem de vulto do Senhor dos Passos. A meio surgem dois púlpitos, de bacia rectangular sobre ampla mísula, com guarda plena em talha policromada a bege, azul e dourado, decorado com festões e cartela central, acedidos por porta de verga recta encimada por sanefa de talha policroma. No topo da nave, surgem dois retábulos laterais e dois colaterais, postos de ângulo, de igual estrutura dois a dois, todos eles em talha policroma de planta recta e um eixo. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras toscanas, pintado a rosa e no intradorso a bege com florões. Sobre friso e cornija de cantaria, assenta o tecto, de madeira e de perfil curvo, pintado a azul celeste, com quatro cartelas nos ângulos representando os quatro Evangelistas: São Lucas e São João, no lado do Evangelho, e São Marcos e São Mateus, no da Epístola, e, ao centro, São Domingos recebendo o rosário; tirantes de ferro com florões centrais. Na capela-mor, sobre o supedêneo sobrelevado, surge o retábulo-mor de talha policromada a azul, bege e dourado, de planta recta e três eixos, o central mais alto, definidos por colunas estriadas assentes em dupla ordem de plintos paralelepipédicos, de faces ornadas com motivos fitomórficos, e com capitéis coríntios, coroadas sobre o entablamento por vasos de flores; ao centro, abre-se tribuna em arco de volta perfeita e chave saliente, interiormente pintada de azul celeste e com trono expositivo de seis degraus escalonados e de ângulos facetados, decorados com vasos e outros motivos fitomórficos, sendo encimado por pequeno nicho, desnudo, e baldaquino de sanefa recortada; nos eixos laterais surgem mísulas sustentando imaginária encimada por baldaquino; remate central em frontão semicircular, sobreposto por resplendor contendo a representação do Espírito Santo, e com motivos fitomórficos nos seguintes; banco decorado com elementos fitomórficos enrolados integrando ao centro sacrário em forma de templete, com colunas estriadas nos ângulos frontais e aletas nos posteriores, terminada em cornija contracurvada coroada por acantos vazados. Altar tipo urna, com frontal formando apainelados com motivos vegetalistas enrolados. Sobre friso e cornija, esta pintada de marmoreados fingidos a rosa, assenta igualmente o tecto, de perfil curvo, pintado a azul celeste, possuindo moldura envolvente e, ao centro, numa cartela, com moldura recortada de acantos, a Adoração da Custódia. Sacristia com lavabo de cantaria, de espaldar rectangular, delimitado por pilastras e terminado em friso e cornija recta, tendo no terço inferior cornija interrompida ao centro por taça gomada, para onde cai a água da torneira, envolta por painel de azulejos de padrão.

Acessos

Rua do Capelão Morais

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção do Núcleo urbano de Favaios / Conjunto arquitectónico do Largo da Praça e Rua Direita de Favaios (v. PT011701070139)

Enquadramento

Urbano, isolado no centro da vila, em plataforma adaptada ao declive do terreno e sobrelevada à principal via que a atravessa. É precedida por escadório de perfil semicircular, adaptado ao contorno de estrada que corre fronteira, possuindo passeio separador; no arranque da guarda, ergue-se fonte desactivada, de corpo paralelepipédico, coroado por bola sobre silhar quadrangular, decorado superiormente por escudos, o frontal com as armas de Portugal. Insere-se num adro fechado lateral e posteriormente por muro de cantaria, parcialmente encimado por gradeamento de ferro, e acedido por portões laterais de ferro. O adro é pontuado de árvores. Junto à igreja existe casa datada de 1793.

Descrição Complementar

O registo de azulejos da torre integra sob Nossa Senhora da Conceição cartela com as cinco quinas sobreposta à cruz de Cristo e a inscrição À PADROEIRA DA NAÇÃO A FREGUESIA DE FAVAIOS NA CONCLUSÃO DAS OBRAS DE RESTAURO DESTE TEMPLO 8-12-1958. Fabrica de CARVALHINHOS. Retábulos laterais com corpo de estrutura igual: eixo definido por colunas de interpretação jónica, assentes em dupla ordem de plintos paralelepipédicos, com face frontal decorada por urna com flores; ao centro, abre-se nicho em arco de volta perfeita, com moldura de dardos e chave saliente, interiormente pintado e albergando imagem, ladeado por duas mísulas em forma de cornucópia com imaginária e, superiormente, inseridas em cartela, palmas; sobre o entablamento, com friso decorado por flores, surge o ático formado por espaldar; no lado do Evangelho este é semicircular, formando escamas, a imitar uma cúpula, coroada por cartela quadrada com anjos segurando uma cruz e uma lança e com raios que incidem sobre um pelicano; lateralmente, no alinhamento das colunas, surgem urnas. No retábulo da Epístola, o espaldar é contracurvado, possuindo volutas laterais e remate em consola, com cartela central oval, contendo a inscrição BEATI MORTUI QUI IN DOMINO MORIUNTUR, envolta de folhagem; no alinhamento das colunas surgem anjos músicos. Banco decorado por cornucópias de flores e integrando ao centro sacrário embutido, delimitado por colunas caneladas e com porta em arco de volta perfeita entre elementos vegetalistas, no lado do Evangelho, e vaso com flores, no lado da Epístola. Altar tipo urna, de frontal decorado por vaso com flores envolvido por folhagem enrolada. Retábulos colaterais de estrutura igual, com o eixo definido por colunas de fuste liso e terço inferior canelado e com festões, e de capitéis coríntios, assentes em duas ordens de plintos paralelepipédicos, decorados por urnas e motivos fitomórficos; ao centro, abre-se nicho, de perfil curvo, com moldura decorada com motivo vegetalista, interiormente pintada e albergando imaginária, sendo ladeado por duas mísulas com imagens e encimado por motivos vegetalistas; entablamento com friso decorado com florões e cartela central com a inscrição MENSAGEM DE FÁTIMA PENITÊNCIA E ORAÇÃO (Evangelho) e I.C.M. (Epístola), encimado pelo ático formado por espaldar ornado de festões, motivos vegetalistas e cartela circular, terminado em cornija com folhas de acantos vazadas; no alinhamento das colunas, surgem urnas. Banco com apainelados decorados por vasos floridos e altar tipo urna com frontal ornado de vaso de flores, que se espraiam enroladas.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Vila Real)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTORES DE AZULEJOS: Fábrica de Carvalhinhos.

Cronologia

Época Pré-Romana - já existia a povoação, com a designação de Flavia ou Flavias, integrando-se o território na "Terra" de Panóias; 1084 / 1091, entre - Censual de Braga refere a Terra de Panóias com a freguesia de Favaios; 1145 - Censual de Braga refere Favaios: "In Pannoiis recepti archiepiscopus ...eclesiam Sancti Georgii"; 1211, 27 Setembro - foral de D. Afonso II; 1270, 10 Julho - confirmação do foral por D. Afonso III; 1514, 15 Julho - foral novo dado por D. Manuel; séc. 16 - o historiador João de Barros refere ter existido no adro da Igreja Velha de Favaios, na Quinta de São Jorge, uma lápide com a inscrição "F... à memória do seu marido Flávio, fundador desta povoação"; 1551 - o Censual de Frei Baltazar menciona duas freguesias em Favaios: a de São Jorge e a de São Domingos; 1596 - data do primeiro registo de baptismos documentado; 1605 - data do primeiro registo de casamento documentado; 1623 - data do primeiro registo de óbito documentado; 1719 - data do primeiro registo de testamentos documentado; 1755, 1 Novembro - não sofreu quaisquer danos com o terramoto; 1758, Março - a vila era couto da Casa dos Távoras e constava de 240 fogos e cerca de 760 pessoas; a igreja ficava dentro da vila e tinha o orago de São Domingos; tinha três retábulos: o retábulo-mor com a imagem do orago e o Santíssimo, e dois colaterais, o do Evangelho dedicado a Nossa Senhora do Rosário e o da Epístola a São Sebastião; tinha ainda duas capelas, uma de cada lado da nave, dedicados a Nossa Senhora dos Prazeres, administrada por António Pinto de Queirós Moutinho, e o outro, do Espírito Santo, administrada por João de Barros de Mesquita e Beça, capitão-mor da vila, ambas com bens vinculados e obrigação de missas; o páraco era reitor com apresentação da Mitra Primaz de Braga, que rendia 200$000 rs; 1759 - Favaios deixou de ter como donatários os Marqueses de Távora e passou para a posse da Coroa; 1793 / 1845 - datas extremas do Livro de Registo de Capítulos e Visitações; 1820 - reconstrução da Igreja, com construção da nave e da torre, sendo a obra de pedreiro de 25 mil cruzados; pouco depois as obras foram interrompidas devido à guerra civil; 1835 - início da construção da capela-mor; 1840 - inauguração da primeira fase das obras pelo Pe. António de Moura; 1853 - data da extinção do concelho de Favaios, passando a partir daqui a pertencer ao concelho de Alijó; séc. 19, finais - revestimento da fachada principal com azulejos relevados; 1958, 8 Dezembro - data no registo de azulejos colocado na torre sineira, assinalando o seu restauro, e efectuado na Fábrica de Carvalhinhos, do Porto; provável pintura do tecto da nave.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; elementos estruturais, embasamentos, pilastras, frisos e cornijas, fogaréus, cruzes, molduras dos vãos, pias de água benta e outros elementos em cantaria de granito; registo e silhares de azulejos; revestimento em azulejos relevados; argolas, grades e portões do adro em ferro; portas de madeira; sanefas, guarda dos púlpitos e retábulos em talha policroma e dourada; guarda do coro e guarda-vento em madeira, o último envidraçado; portas e caixilharia de madeira; vidros simples; pavimento de granito; tectos de madeira pintados; cobertura em telha cerâmica; sinos de bronze.

Bibliografia

CD Portugal Século XXI - Distrito de Vila Real, Matosinhos, 2000; LEITÃO, Fernando Rodrigues, Monografia do Concelho de Alijó, Lisboa, 1963; MARIZ, José (Coordenação), Inventário Colectivo dos Registos Paroquiais, vol. 2 - Norte, s.l., 1994; Monografia de Favaios. Turma do 2º Ano - 2ª fase, Vila Real, 1991; PLÁCIDO, Manuel Alves, O povoamento do concelho de Alijó (1115 - 1269), in Estudos Transmontanos, nº 2, Vila Real, 1984, p. 51 - 66.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Dicionário Geográfico, vol. 15, nº 30, p. 177 - 181; Arquivo Distrital de Vila Real: Arquivo Paroquial (datas extremas: 1595 - 1884)

Intervenção Realizada

Paróquia: 1958 - Obras de restauro na igreja; restauro dos retábulos; séc. 20, 2ª metade - instalação de alarme.

Observações

Autor e Data

Paula Noé 2005

Actualização

 
 
 
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