Mosteiro de São Bento / Igreja de São Bento

IPA.00011888
Brasil, Rio Janeiro, Rio Janeiro, Rio de Janeiro (C)
 
Arquitectura religiosa, maneirista, barroca e rococó. Mosteiro beneditino de planta rectangular irregular, composto por igreja maneirista, com nave e capelas laterais intercomunicantes, antecedidas por uma ampla galilé, capela-mor profunda, tendo a zona monacal no lado direito, desenvolvido em dois pisos e em torno de claustro com chafariz central. A igreja apresenta fachada harmónica com corpo tripartido composto pelas três arcadas de acesso à galilé, encimadas pelas três janelas do coro-alto; o corpo enconta-se flanqueado por duas torres sineiras seiscentistas, de dois registos, o inferior rasgado por várias janelas e o superior com duas ventanas de volta perfeita em cada uma das faces, com coberturas em coruchéus piramidais. A galilé possui cobertura em abóbada de aresta e tem acesso à nave por três portas de verga recta, assentes em pilastras toscanas. Interior escassamente iluminada pelos janelões da fachada principal e por um óculo rasgado no arco triunfal, tendo as paredes totalmente revestidas a talha dourada barroca joanina e coberturas em falsas abóbadas de berço abatido, com caixotões pintados, os da capela-mor com molduras de talha, com temática hagiográfica, excepto os do coro-alto, decorativos, a imitar os caixotões pétreos do séc. 17. O coro-alto desenvolve-se sobre a galilé, contendo um cadeiral de madeira composto por duas ordens de cadeiras com espaldar simples e marcado por um órgão com castelo único e remate em coroa fechada. A nave possui capelas colaterais revestidas a talha, formando grutas de ouro, tendo, algumas delas, cobertura pintada com elementos decorativos vegetalistas, formando uma tarja. Os retábulos são de talha dourada barroca joanina, de planta recta e um eixo definido por colunas salomónicas e quarteirões, ornada por tímpano que integra falso espaldar contracurvo, ornado pelas insígnias dos oragos respectivos. A última do lado do Evangelho desenvolve-se em dois tramos, o segundo de feitura mais tardia, constituindo a Capela do Santíssimo, protegida por grades de talha dourada. As capelas e a nave possuem grades confessionários, de madeira torneada. Confrontantes, dois púlpitos quadrangulares com guardas entalhadas e baldaquino. Arco triunfal revestido a talha barroca do estilo nacional, tardo-seiscentista, e com elementos posteriores, de talha em branco, pontuada por elementos dourados. Sobre supedâneo de mármore, o retábulo-mor de estilo barroco joanino, de planta convexa e três eixos compostos por colunas salomónicas, o central contendo trono expositivo e os laterais com apainelados de talha, rematado por espaldar com as armas da Ordem. No lado direito, a zona monacal, desenvolvida em torno de claustro quadrangular e evoluindo em dois pisos, o inferior marcado por portaria alpendrada, que liga às escadas do coro-alto e à quadra, surgindo, no lado oposto, o refeitório e cozinha. Na zona posterior à capela-mor, a sacristia, com dois arcazes e retábulo. O acesso ao Mosteiro processa-se por uma ampla calçada composta por três lanços de escadas em cantaria.
Número IPA Antigo: BR922100680016
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem de São Bento - Beneditinos

Descrição

Mosteiro de planta rectangular irregular composto por igreja, zona monástica no lado direito e dependências adossadas à fachada posterior; o conjunto é antecedido por uma amplo terreiro. IGREJA de planta retnagular composta por nave com quatro capelas laterais intercomunicantes de cada lado, antecedidas por galilé, com transepto inscrito e capela-mor profunda, de volumes articulados e coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachada principal com remate em frontão triangular, com cruz latina no vértice e tímpano rasgado por janela rectilínea de moldura simples. O corpo da fachada divide-se em dois registos, definidos por friso e cornija e em três panos, definidos por duas ordens de pilastras toscanas, sendo flanqueado por pilastras toscanas colossais. No piso inferior, o pano central é marcado por vão em arco de volta perfeita, sobre pilastras toscanas e com fecho saliente, ladeado, nos panos laterais, por dois arcos semelhantes, mas de menores dimensões. Os vãos são protegidos por portões de ferro forjado, ornados por acantos, enrolamentos, volutas, palmetas e cartelas com os símbolos da Ordem Religiosa e dos santos que se encontram no interior. No registo superior, três janelas rectilíneas com molduras simples de cantaria e remate em cornija. A fachada é flanqueada por duas torres sineiras, levemente recuadas, de dois registos definidos por friso e cornija, o primeiro com duas janelas rectilíneas em capialço, protegidas por grades metálicas, surgindo, no registo superior, duas ventanas em cada face, com arcos de volta perfeita e molduras simples, contendo sinos. Rematam em frisos, cornijas e pequena platibanda plena com pináculos de bola nos ângulos, tendo coberturas em coruchéus piramidais. INTERIOR com a galilé rebocada e pintada de branco, com silhares de azulejo e coberta por abóbadas de aresta e pavimento em cantaria de várias cores, com os silhares dispostos em xadrez. Portal de acesso de verga recta e moldura dupla, assente em duas pilastras toscanas e de fustes e plinto almofadados, o interior em losango. Possui porta de madeira, de duas folhas almofadadas e ornada por ferragens e com a data metálica "1671"; está ladeado por duas portas rectilíneas de menores dimensões. O interior da nave divide-se em quatro tramos, definidos por pilastras e pilares, sobre plintos almofadados, com as paredes totalmente revestida a apainelados de talha, de decoração fitomórfica, onde se rasgam os arcos das capelas laterais, revestidos a talha e ornados pelas insígnias dos oragos, encimadas por oito tribunas, rebocadas e pintadas de rosa, com guardas de madeira balaustrada. Tem cobertura em falsa abóbada de berço abatido, marcada pelos arcos formeiros e dividida em caixotões pintados, com elementos hagiográficos e decorativos; o pavimento é de mármore branco e cinzento, formando enxaquetado, com duas pedras sepulcrais armoriadas. As portas laterais da parede fundeira apresentam-se envolvidas por moldura e sobre-portas de talha, estando formando apainelados de acantos, cartelas e conchas, encimados por balaustrada de madeira. A central está resguardada por guarda-vento de madeira entalhada e com elementos decorativos dourados, com quarteirões nos ângulos, ornado por festões e rematado em friso de acantos e cornija, encimados por acantos vazados, anjos que tocam trombetas e escudo central alusivo à Ordem e sustentado por dois anjos. Coro-alto sobre a galilé, com guarda em balaustrada de madeira, interrompida, ao centro, por um órgão, com cobertura em falsa abóbada de berço, dividido em caixotões pintados com elementos geométricos. Possui duas ordens de cadeiras, formando um cadeiral em U, com a cadeira abacial ao centro, tudo de madeira e com espaldares simples, encimados por telas pintadas com a vida de São Bento. Pavimento em ladrilho cerâmico geométrico e a parede fundeira encontra-se revestida a talha, formando apainelados de acantos. No primeiro tramo da igreja, dois altares dedicados a Santa Francisca Romana (Evangelho) e Santa Ida (Epístola). As capelas laterais são dedicadas a São Caetano, Nossa Senhora do Pilar, Santo Amaro e Santíssimo (Evangelho), surgindo, no lado oposto, São Brás, Santa Gertrudes, São Lourenço de Nossa Senhora da Conceição; têm acesso por arcos de volta perfeita revestidos a talha, compondo pilastras e arquivoltas ornadas por folhas de acanto, protegidos por grades torneadas com acrotérios em forma de quarteirões. Possuem pavimentos em cantaria e estão ligadas por arcos de volta perfeita com vestígios de pintura decorativa geométrica ou elementos entalhadas formando rosetões e "ferronerie", que se apoiam nos pilares que definem os tramos. Junto às últimas capelas, as grades confessionários de madeira torneada, integrando um ralo, um atril e altar de talha dourada, decorada por acantos, sobre estrados de madeira. Confrontantes, surgem dois púlpitos quadrangulares com bacias de cantaria e guardas plenas em talha dourada ornada por acantos, encimados por baldaquinos, também em talha dourada. Arco triunfal de volta perfeita, totalmente revestido a talha, formado por quatro colunas, duas torsas e douradas e duas de talha em branco com elementos decorativos dourados, da ordem compósita, assentes em altos plintos paralelepipédicos, que se prolongam em duas arquivoltas, a exterior torsa. Entre as colunas, evoluem painéis de talha com acantos, que se prolongam pelo ático, interrompidos ao centro por espaldar curvo com cornija interrompida, ornado por enrolamentos e concheados que centram óculo circular protegido por vidro colorido formando uma cruz. Sobre as colunas interiores, fragmentos de frontão que sustentam figuras de vulto, de vestes estofadas e sustentando o cálice e a cruz, constituindo alegorias. A capela-mor tem pavimento em cantaria e cobertura em falsa abóbada de berço com caixotões de talha dourada ornada por florões, que enquadram oito painéis pintados, surgindo ao centro uma entrada de luz; as pinturas representam cenas da vida de Santa Escolástica e São Bento. As ilhargas estão revestidas a talha, servindo de espaldar a um cadeiral disposto em duas ordens de sete cadeiras, em madeira. Sobre supedâneo de quatro degraus de cantaria, o retábulo-mor de talha dourada e planta convexa com três eixos definidos por colunas salomónicas, sobre duas ordens de consolas, rematadas por friso e cornija. Ao centro, a tribuna em arco de volta perfeita contendo trono de quatro degraus ornados por festões, ladeado por duas mísulas decoradas por folhagem, protegidas por baldaquinos de espaldar ornados por lambrequins. O conjunto remata em alto espaldar curvo, formado por enrolamentos e sustendo anjos que sustentam açafates de flores, rematado em cornija e tendo uma cartela com uma mitra abacial rodeada por resplendor e glória de querubins. Os eixos laterais são formados por apainelados com cartelas recortadas e amplas plumas e acantos. Sotobanco e Banco profusamente decorado com elementos fitomórficos e altar em forma de urna, tripartido e decorado com cartelas e elementos vegetalistas. Na base da torre, o baptistério, com pia baptismal hemisférica e com decoração vegetalista. CONVENTO de planta rectangular irregular, prolongando-se uma das alas para a zona posterior da igreja e envolvendo-a no lado esquerdo, desenvolvendo-se em torno de um claustro quadrangular. Evolui em dois pisos, com coberturas diferenciadas em telhados de duas e quatro águas. Fachada principal marcada por oito janelas no piso inferior, uma delas de maiores dimensões e nove no superior. No piso inferior, a porta de acesso à portaria rectilínea, flanqueada por pilastras toscanas de fuste almofadado, assente em pilares com as faces também almofadadas, encimados por arquitrave e frontão triangular interrompido por nicho em arco de volta perfeita, sobre pilastras toscanas e com cobertura em abóbada de concha. A porta é protegida por alpendre de madeira assente em duas colunas toscanas e no muro lateral, marcado por porta de verga recta e moldura simples, ladeado por dois bancos de cantaria. Ao lado, janela de verga recta e moldura simples, protegida por grades de ferro. INTERIOR com acesso pela portaria, tendo no lado esquerdo as escadas de acesso ao corredor do coro-alto, e no lado oposto o gabinete do abade, a antiga botica, a que se sucedem várias celas, prolongando-se pela ala oposta à igreja. No lado oposto à portaria, o refeitório, com bancos corridos e púlpito de leitura, com acesso por uma zona ampla e abobadada, onde se inscrevem a escadaria regral; junto às escadas, a cozinha e a casa do lavabo, com cisterna central. Anexa, a sacristia e casa do lavabo da mesma, marcado por duplo arcaz e um altar, com dois armários embutidos nas paredes.

Acessos

Rua Dom Gerardo, n.º 68

Protecção

Tombamento Federal - IPHAN, 1938 (edifício e acervo)

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado numa zona elevada, sobranceiro ao porto de Rio de Janeiro, rodeado de vários edifícios públicos e residenciais, tendo, na zona fronteira, uma zona arborizada, onde se situa a calçada de acesso ao edifício. A calçada é composta por uma escadaria em cantaria, de três lanços e com guardas plenas de cantaria, com a coluna de arranque na forma de pilares de faces almofadadas, encimado pelo início do corrimão boleado. As escadas são bordejadas por vegetação luxuriante. Liga a um amplo terreiro pavimentado a lajeado, onde se erguem árvores de grande porte.

Descrição Complementar

As cartelas das grades da galilé são decoradas com: a central com o báculo, livro e pomba, báculo e coração; no do lado esquerdo, grelha e palma, alusivos a São Lourenço, mitra e livro de São Brás; no do lado direito, o livro e a cruz de São Caetano, a coroa e estrela alusivos a Nossa Senhora do Pilar, Nossa Senhora de Monserrate e Nossa Senhora da Conceição. Os altares do primeiro tramo são semelhantes, com retábulos de talha dourada de planta recta e um eixo definido por duas pilastras ornadas por acantos, que se prolongam em duas arquivoltas, tendo, no fecho, uma cartela sustentada por dois anjos ornadas por coração inflamado. Ao centro, apainelado acharoado, marcado por festões e um baldaquino com drapeados a abrir em boca de cena, sustentados por anjos, que enquadram uma mísula com as imagens dos oragos. Altares paralelepipédicos com frontal ornado por festões e acantos, com sanefa franjada e ornada por acantos. Órgão em forma de um único castelo, com as flautas dispostas em meia-cana e palhetaria em leque na zona inferior, ornada por gelosias plenas e rematado por coroa fechada, ladeada por anjos de vulto encarnados. Assenta em consola bolbosa, formando apainelados separados por quarteirões e relicários, rodeado por tribuna balaustrada, sobre mísula apainelada marcada por vários atlantes encarnados. Os retábulos das capelas colaterais são semelhantes, em talha dourada, de planta recta e um eixo definido por uma coluna salomónica, com os terços superiores marcados por espira fitomórfica, e por quarteirões, formados por estípides e pequenos anjos, sustentados por plintos decorados e consolas, surgindo nos intercolúnios decoração abundante, composta por rosetões, cartelas, entrelaçados, conchas e cornijas. Ao centro, nicho de volta perfeita, profusamente decorado por acantos, entrelaçados, acantos, encanastrados, o qual extravasa para o frontão semiciruclar, decorado por falso espaldar contracurvo, rematado por cornija e decorado por acantos, drapeados e fragmentos de frontão encimados por anjos de vulto. Altares em forma de urna, ornados por cartela com as insígnias do orago, que se repetem no ático do retábulo e no arco de acesso às capelas. A Capela de São Caetano tem, na cartela do ático do retábulo, um coração inflamado, surgindo no altar e acesso à capela uma cruz, a primeira rodeada de resplendor. Esta capela possui cobertura em abóbada de aresta, rebocada e pintada de branco. O mesmo tipo de abóbada surge na Capela de Nossa Senhora do Pilar, cujas insígnias são a cruz e a coroa. No nicho do retábulo, uma maquineta em talha dourada poligonal, com as faces envidraçadas e flanqueadas por quarteirões, com remate em pequeno espaldar e cornija. Na base, sobre a banqueta, uma ampla cartela, inscrevendo uma cruz. Semelhante às anteriores, a Capela de Santo Amaro, tendo como insígnias o báculo e o livro. A Capela do Santíssimo tem dois tramos, ambos revestidos a talha, com acantos e florões centrais, o segundo encerrado por grades entalhadas, tendo pavimento de madeira, tribunas laterais, portas de acesso a anexos e à sacristia e retábulo de talha dourada semelhante aos anteriores, estando encimado por dossel, de onde pendem drapeados, que enquadram um sacrário de talha dourada, contracurvo e remate em cornija e espaldar, decorado profusamente por acantos, tendo a porta rodeada por esplendor e decorada por coração inflamado. O altar em forma de urna encontra-se profusamente ornado por festões. Na Capela de São Brás, a insígnia é composta por báculo e mitra; esta capela encontra-se totalmente revestida a talha, formando apainelados de acantos. Na Capela de Santa Gertrudes a insígnia é o coração inflamado. Esta capela encontra-se coberta a abóbada de aresta pintada de marmoreados fingidos, com moldura florida e composta por concheados e cartelas recortadas. Na Capela de São Lourenço, as insígnias são a grelha e a palma, tendo o espaço uma abóbada pintada semelhante à anterior. A Capela da Conceição possui uma coroa como insígnia, sendo o retábulo mais rico, com o falso espaldar ornado por encanastrados e o nicho com painel ovalado, formando uma glória de anjos; na base do nicho, um sacrário embutido com a porta ornada por um "Agnus Dei". Encontra-se totalmente revestida a talha, com a abóbada decorada por acantos e florão central.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Religiosa: mosteiro masculino

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Frei Bernardo de São Bento (1668-1691); Francisco Frias de Mesquita (1617); Frei Manuel do Rosário Buarcos (1663). DOURADOR: Caetano da Costa Coelho (1739-1743). ENGENHEIRO: Francisco de Frias da Mesquita (1619). ENTALHADORES: Alexandre Machado Ferreira (1717-1723); Frei Domingos da Conceição Silva (atr. 1670-1676, 1671, 1694); João Honorato Ferreira (1950); José da Conceição (1733-1736); Simão da Cunha (1733-1736); Valentim da Fonseca e Silva (1781-1795). ESCULTOR: Bruno Giorgi (1983). FUNDIDOR: Fundição Artística Metalúrgica (1983). ESTOFADORES: António Teles (1726-1736); Miguel do Loreto (1726-1736). MESTRE DE OBRAS: Frei Bernardo de São Bento Correia de Souza (1676-1694); Frei Leandro de São Bento (1663-1666). ORGANEIRO: Agostinho Rodrigues Leite (1773). OURIVES: João Paulo Meira (1781-1795); Martinho Pereira de Brito (1781-1795). PINTOR: Ricardo do Pilar (1670-1680).

Cronologia

1589, Outubro - chegada dos monges beneditinos Frei Pedro Ferraz e Frei João Porcalho vindos do mosteiro da mesma ordem em São Salvador da Baía, instalando-se perto da ermida de Nossa Senhora da Conceição, a qual tinha confraria e que foi doada por Aleixo Manuel e Francisca da Costa, que a haviam fundado; o mosteiro passa a denominar-se Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição; 1590, Março - o fidalgo Manuel de Brito e o filho Diogo de Brito de Lacerda doaram uma sesmaria para a construção do mosteiro; 1593 - mosteiro adquiriu por arrematação a ilha das Cobras; 1569 - a Ordem Beneditina ordena que todos os mosteiros a fundar fossem dedicados a São Bento, alterando-se o orago do edifício; 1602 - a igreja foi dedicada a Nossa Senhora de Monserrate, a pedido do Governador -geral do Brasil, D. Francisco de Sousa; 1617 - projecto da nova igreja, pelo engenheiro militar Francisco de Frias da Mesquita; 1608-1613 - Frei Ruperto de Jesus doou uma naveta de prata com as armas da Ordem; 1617 - plano da igreja e do mosteiro foi traçado por Francisco Frias de Mesquita; 1618, 29 Dezembro - os monges solicitam autorização para retirarem pedra do Morro da Viúva; 1633 - início da construção da igreja; 1634 - André Dias Homem ofereceu uma custódia e um cálice de prata; 1641 - inauguração da igreja, apesar do frontispício, vestíbulo, coro e galilé não estarem terminados; todavia, já se encontravam erigidas duas capelas, a de São Lourenço e a de Santo Amaro; 1642-1648 - construção do pátio; 1652 - existiam as confrarias de Nossa Senhora de Monserrate, Santa Catarina, Santo Amaro, São Brás e São Lourenço; execução de um órgão; 1652-1657 - douramento do arco da primitiva capela de São Lourenço; 1657-1663 - aforamento de um terreno à Junta da Companhia Geral do Comércio, no morro do Mosteiro; edificação da torre esquerda da fachada; 1660-1663 - feitura de um aterro na calçada de acesso ao mosteiro, tornando-o mais difícil, conforme projecto de Frei Manuel do Rosário Buarcos; 1663 - compra de um realejo para a igreja por 16$400; 1663-1666 - feitura do alpendre do lado esquerdo; 1665 - Francisco de Jesus Vilalobos doou toda a sua prata ao Mosteiro, com a qual se fez um báculo por 106$000, e um turíbulo, 2 lanternas e uma galheta, que importaram em 103$750; 1666-1669 - levantamento da fachada e galilé, cuja abóbada foi forrada a azulejo; 1668-1691 - feitura da actual calçada de acesso, conforme projecto de Frei Bernardo de São Bento; pavimentação do terreiro; 1669-1691 - feitura da torre do lado direito, sendo as obras dirigidas por Frei Leandro de São Bento; 1670-1672 - pintura da Árvore da Família Beneditina para a portaria por Ricardo do Pilar; pintura do Cristo dos Martírios da sacristia; 1670-1676 - execução do primeiro retábulo-mor, atribuído a Frei Domingos da Conceição da Silva; 1670-1680 - pintura dos painéis para os caixotões da capela-mor por Ricardo do Pilar, mais tarde monge; 1671 - execução das portas de acesso à igreja, atribuídas ao frade leigo, Frei Domingos da Conceição da Silva; 1672 - feitura da imagem do orago da igreja por Frei Domingos da Conceição; 25 Junho - o Papa Clemente X privilegiou o retábulo-mor; 1676-1679 - para se alargar o arco triunfal foi necessário demolir os altares colaterais dedicados a São Lourenço e Santo Amaro, obra dirigida por Frei Bernardo de São Bento Correia de Souza; 1669-1673 - feitura de uma capela lateral do Evangelho; construção de duas capelas laterais da Epístola; execução do altar-mor em cantaria; 1671, 1 Agosto - venda da última capela lateral do Evangelho a Cristóvão Lopes Leitão e D. Mariana do Soberal para a fundação da Capela de São Cristóvão, em troca de missas por sufrágio; 1676 - execução das esculturas de São Bento e Santa Escolástica por Frei Domingos da Conceição; 1679-168 - feitura do trono do retábulo-mor; 1681 - dissolução da Confraria de Nossa Senhora de Monserrate; 1681-1685- construção das tribunas do lado da Epístola; 1682-1685 - feitura da terceira capela lateral da Epístola; 1684, 15 Outubro - venda de uma capela da Epístola à Confraria de São Lourenço, por mil cruzados; 1685-1687 - feitura de duas capelas laterais do Evangelho; 1685-1688 - feitura das tribunas do lado do Evangelho; 1688, 1 Maio - venda de uma capela do Evangelho à Irmandade de Nossa Senhora do Pilar por 400$000; feitura da lâmpada de prata da capela; 1689, 6 Agosto - venda de uma capela da Epístola a Manuel Fernandes Franco e Cecília de Sequeira, que faria o retábulo, um cálice e dois castiçais, lâmpada e galhetas de prata, sendo dedicada a Santa Escolástica; 1691-1694 - feitura do alpendre da portaria, sob a direcção de Frei Bernardo de São Bento Correia de Souza; este foi o responsável pelo plano do que faltava construir no mosteiro; 1694 - feitura da talha do arco triunfal por Frei Domingos da Conceição da Silva; 1695, 4 Agosto - Manuel Fernandes Franco rectifica no seu testamento o orago da capela, mudando-o para Nossa Senhora da Conceição; 1696 - doação de um terreno à Coroa; 1698, 12 Janeiro - a Confraria de São Brás, novamente refeita e composta por mulatos, adquiriu uma capela lateral; 1700-1703 - os Irmãos de São Brás mandam fazer um retábulo; douramento do retábulo da Capela de São Caetano pela Confraria; chega de Lisboa o retábulo da Conceição e respectiva imagem com coroa de prata, bem como os púlpitos e o retábulo de Santo Amaro; execução das grades de madeira da igreja e capelas laterais, por Frei Domingos da Conceição; compra de um realejo; 1705-1708 - o padroeiro da Capela de São Cristóvão fez a doação de um lampadário, 2 castiçais e uma galheta de prata; 1711 - o ataque dos franceses ao Rio de Janeiro deixou algo danificado o Mosteiro; 1711-1714 - um devoto deu uma cruz e resplendor de prata para a imagem de São Caetano; Frei José de Jesus doa uma cruz de ouro a Santo Amaro; douramento da talha do arco triunfal; colocação de um órgão grande e um pequeno, resgatado aos franceses por 4 moedas novas; 1717, 27 Julho - Alexandre Machado Pereira compromete-se a executar a talha dos arcos das capelas laterais, à semelhança dos das Capelas de São Cristóvão e Conceição, já concluídos, bem como o revestimento de talha do corpo da igreja, por 5 mil cruzados; 1718 - os monges tinham a obrigação de rezar um missas dominical pelos irmãos de São Lourenço; Frei Cristóvão do Rosário deixa um legado para um lampadário de prata para a Capela da Conceição; 1720-1723 - assentamento da talha no arco da Capela da Conceição, feita por Alexandre Machado Ferreira; execução de um órgão acharoado que importou em 6 mil cruzados; 1726-1731 - feitura das esculturas da nave e anjos tocheiros por José da Conceição e Simão da Cunha; 1733-1736 - feitura do guarda-vento, capelas do primeiro tramo e apainelados de talha da nave e arco triunfal, por José da Conceição e Simão da Cunha; 1735 - os monges abriram a Rua da Prainha, anexa ao conjunto monástico, onde construíram casas para alugar; 1737-1739 - feitura de um lampadário para a Capela de Santo Amaro, com 33 marcos; 1739-1743 - douramento do arco da Capela do Pilar, pelo tenente Caetano da Costa Coelho; 1742 - douramento da talha da nave; 1743 - abertura da Rua Nova de São Bento, onde construíram casas de aluguer; 1747-1748 - feitura de um novo retábulo para a Capela da Conceição; 1748 - chega de Lisboa a imagem de Nossa Senhora da Conceição; 1748-1750 - colocação dos ralos confessionários nas grades da igreja; 1750-1754 - colocação de grades de ferro lavradas e douradas na galilé; 1754 - o abade mandou arranjar as casas na Prainha, pertencentes à Confraria de São Caetano, para as alugar; 1758 - criação da Confraria de Santa Gertrudes, com o legado da Fazenda da Bica que o bispo de Areópole, Frei João da Madre de Deus Seixas da Fonseca Borges, deixou em testamento; 1760-1763 - douramento do novo retábulo de São Caetano; douramento do arco da abóbada da Capela da Conceição; Frei Miguel do Rosário e Escolástica de Jesus ofereceram dois báculos de prata e uma pomba às imagens da capela-mor; 1763-1766 - foi mandado fazer novo retábulo para a capela de São Brás; a Confraria de Santa Gertrudes mandou fazer 4 castiçais de prata para a banqueta; 1766-1769 - douramento do retábulo de São Brás; execução de um novo retábulo para a Capela de Santo Amaro; 1770-1772 - feitura dos altares das Capelas de São Brás, São Caetano e Santo Amaro; execução de dois tocheiros de prata para a Capela de Santa Gertrudes; douramento do retábulo de Santo Amaro; Frei Miguel do Rosário ofereceu um livro de prata a Santa Escolástica e os resplendores de prata para as imagens da capela-mor; 1770-1773 - Maria Rodrigues doa uma coroa de prata a Nossa Senhora de Monserrate; 1772-1777 - feitura do altar de Santa Gertrudes; execução do retábulo de São Cristóvão integrando um altar expositivo para Cristo morto; 1773 - aquisição de um órgão a Agostinho Rodrigues Leite, por 4.500 cruzados; 1773-1776 - feitura da lâmpada de prata para a Capela da Conceição; 1777 - feitura da porta da portaria, em jacarandá preto; 1777-1779 - pintura das coberturas das capelas de São Lourenço, Santa Gertrudes e São Brás e da porta fronteira à Capela da Conceição; 1777-1781 - estofo da imagem de São Lourenço e douramento do retábulo e altar do santo; 1781-1795 - feitura das lâmpadas da igreja pelos ourives Martinho Pereira de Brito e João Paulo Meira, modeladas por Valentim da Fonseca e Silva, com prata fundida dos antigos lampadários da capela-mor; 1783-1786 - feitura de uma banqueta e tocheiros de prata para o altar da Conceição; 1787-1789 - feitura de uma nova imagem de Santo Amaro; execução do novo retábulo-mor, por Inácio Ferreira Pinto; 1788 - é dissolvida a Confraria de Santa Gertrudes; 1789-1793 - feitura do pavimento da capela-mor em mármore; 1789-1795 - feitura de um novo trono para o retábulo-mor; 1795 - é dissolvida a Confraria de São Lourenço; 1795-1800 - execução da Capela do Santíssimo, com o aprofundar da Capela de São Cristóvão; o abade Frei Luciano do Pilar mandou fazer uma imagem de Santa Gertrudes, com diadema e báculo de prata; 1796, 6 Fevereiro - a Confraria de São Brás solicita autorização para fazer novo consistório por baixo das celas dos coristas, ficando o anterior para carneiro dos irmãos; 1797 - oferta de uma imagem de Santa Gertrudes por João Luís Ferraz; 1843 - abertura de duas ruas na cerca, a Rua dos Beneditinos e a Rua Municipal; séc. 19 - referência à Confraria de Nossa Senhora do Rosário; 1845-1848 - a casa da cera na base da torre foi transformada em ossário; 1858 - fundação do Ginásio de São Bento, no interior do edifício; 1869-1872 - colocação de paralelepípedos no primeiro lanço da calçada; 1875-1878 - feitura da escadaria em cantaria; plantação das árvores; 1880 - feitura das grades que protegem os arcos de acesso à galilé, em Inglaterra; colocação de azulejo nas paredes da galilé; séc. 20, início - abertura da Avenida Rio Branco, no perímetro da cerca; abertura da Rua Dom Gerardo, ocupando o que restava da cerca monástica; feitura de um novo acesso ao mosteiro, a partir da Rua D. Gerardo; 1903 - o Ginásio instala-se em edifício próprio, para o que foi demolido o alpendre da portaria e desmantelados os ossários na base da torre sineira; a base da torre torna-se depósito de armas; extinção da Irmandade de Nossa Senhora do Pilar; o abade Gerardo van Caloen modificou o pavimento da capela-mor, tendo apeado os antigos degraus de mármore vermelho; 1925 - foi comprado um órgão eléctrico fabricado em Bona, à firma Johannes Klais; 1942 - ruína do órgão, sendo adquirido um eléctrico; 1950 - devotos oferecem um ceptro de prata à imagem do orago; 1974 - inauguração da Casa de Emaús, um recolhimento espiritual e hospedaria; 1975 - reconstrução da portaria e respectivo alpendre, com o reaproveitamento da porta da torre, transferida para a portaria; pavimentação do terreiro; 1977 - instalação do baptistério na base da torre; 1983 - feitura do jardim anexo, com a estátua de São Bento, da autoria de Bruno Giorgi e feira na Fundação Artística Metalúrgica; 1996 - desde esta data encontra-se incluído na Lista Indicativa a Património Mundial.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria rebocada e pintada; modinaturas, colunas, pavimentos em cantaria; pavimento da igreja e escadas em mármore; retábulos, grades, mobiliário, órgão, balaustradas em madeira e talha dourada; janelas com vidro simples e colorido; galilé com azulejo industrial; pavimento do coro-alto com ladrilho cerâmico; cobertura em telha.

Bibliografia

LEMOS, Carlos, "O Brasil" in História das Fortificações Portuguesas no Mundo, Lisboa, 1989, pp. 235-272; ROCHA, Mateus Ramalho, A igreja do mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Studio HMF / Lúmen Christi, 1991.

Documentação Gráfica

Proprietário

Documentação Fotográfica

Proprietário

Documentação Administrativa

Proprietário

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1726-1731 - reencarnação da imagem de Nossa Senhora de Monserrate; 1726-1736 - reencarnação da escultura de São Bento do retábulo-mor pelos escravos do mosteiro António Teles e Miguel do Loreto; séc. 18, 2.ª metade - restauro das pinturas da capela-mor; 1760 / 1761 - restauro do báculo de prata de Santo Amaro; séc. 19 - restauro da base da lâmpada da Capela do Pilar; restauro das pinturas da capela-mor; 1854 / 1855 / 1856 / 1857 - substituição do pavimento cerâmico da galilé por quadrados de cantaria de várias cores; 1872 / 1873 / 1874 / 1875 - reparação das grades da igreja; 1910 - transformação das grades da Capela do Santíssimo em local de comunhão; restauro do trono do retábulo-mor e remoção dos anjos que o integravam; 1943 / 1944 / 1945 - restauro do órgão do coro; 1950 - mosteiro mandou restaurar o arco da capela de Nossa Senhora do Pilar, cujo entalhador foi João Honorato Ferreira, também responsável pela feitura de uma grelha para a imagem de São Lourenço; colocação de um sistema de segurança no sacrário; remoção do fundo dourado da tribuna do retábulo-mor e colocação de de cortinas de veludo; 1965 - remoção de uma edícula em mármore branco da Capela de Santa Gertrudes, que servia de sepultura a D. Angélica Pedra Leão, morta a tiro, trasladada para o pavimento da capela; SPHAN: 1974 - transformação da porta da torre em janela, à semelhança da torre oposta; 1976 - remoção das armas beneditinas do guarda-vento; reforma da peanha da Capela de São Lourenço, com a remoção do módulo superior; reforma da maquineta do retábulo de Nossa Senhora do Pilar; a talha da capela de Santo Amaro foi restaurada, sendo removida a Sagrada Família que lá se encontrava; restauro do taburno de madeira do altar e remoção de um degrau em cantaria; as grades da nave central forma deslocadas mais para o interior dos arcos das capelas-laterais; 1977 - remoção da cal das coberturas das Capelas de Santa Gertrudes e São Lourenço, descobrindo-se as pinturas setecentistas; remoção do nicho de São Brás, transferido para o consistório da Confraria, no dormitório do Pilar; restauro e douramento retábulo de São Brás, com remoção da purpurina e ouro alemão; 1990 - o piso da galilé foi restaurado com resina sintética, preenchendo as zonas em falta; PROPRIETÁRIO: séc. 20, década de 80 - restauro das pinturas da capela-mor; 1981 - deslocação dos lampadários da igreja para o actual local; 1989 - D. Inácio Barbosa Accioly manda recolocar as armas da Ordem no guarda-vento; séc. 20, década de 90 - reforço das cantarias da antiga calçada com ferro, por iniciativa do abade, D. Inácio Barbosa Accioly; 1991 - início do restauro da pintura do Cristo dos Martírios da sacristia; um dos quadros do forro da capela-mor foi submetido a restauro.

Observações

Autor e Data

Sofia Diniz 2002 / Paula Figueiredo 2010

Actualização

 
 
 
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