Igreja Paroquial de São Pedro / Igreja de São Pedro

IPA.00011836
Portugal, Vila Real, Vila Real, Vila Real
 
Arquitectura religiosa, maneirista, barroca e rococó. Igreja barroca de nave única, conservando capela-mor de estrutura maneirista, com sacristia adossada à fachada lateral esquerda. Fachada principal integrada na vertente da tipologia regional de Vila Real de igrejas com fachadas de grande verticalidade e no sub-tipo harmónica, com torres laterais e remate central em empena contracurvada interrompida. Vãos dispostos formando três eixos; o central constituído por portal de verga recta encimado por frontão de volutas interrompido por cartela com emblema do orago, sobreposto por nicho, já sobre o entablamento; eixos laterais simétricos com nicho e janela com frontão curvo. Fachadas laterais rasgadas por porta travessa, de verga abatida e moldura decorada com frontão de lanços, tendo na lateral esquerda uma janela e na oposta duas na nave e outras duas na capela-mor. Interior com coberturas em falsas abóbadas de berço abatido em caixotões, pintados e entalhados, assentes em cornija de talha. Coro-alto, retábulos laterais e colaterais de talha dourada e policromada, do estilo nacional, compostos por colunas torsas, decoradas com pâmpanos, e arquivoltas unidas no sentido do raio. Capela-mor com revestimento de azulejos de tapete seiscentista, com duas padronagens separadas por barra, a superior mais elaborada, e retábulo-mor de planta côncava do estilo neoclássico sobre supedâneo. Nave barroca, acrescentada pouco depois da construção com nova frontaria e as torres, notório sobretudo na ligação entre as duas estruturas. A existência de frisos na fachada posterior das torres e da empena e o inacabamento do entablamento, indica que esteve prevista ou teve mesmo um outro tipo de cobertura na nave, com telhados alteados. A frontaria destaca-se pela sua exuberância decorativa, com pilastras da ordem colossal toscana, um eixo central de vãos muito pronunciado e os laterais simétricos, todos ornados por volutas, aletas e elementos fitomórficos diversos; a colocação de uma vieira sobre a cartela do portal axial poderá aludir ao facto da igreja estar num dos caminhos de Santiago. As janelas da nave, apesar de possuirem igual modinatura, não se dispõem de forma simétrica, tendo apenas uma janela na lateral esquerda, que é mais pequena do que as do lado oposto. No interior, coberturas da nave em caixotões pintados de dourado, com acantos e anjos, e, sob o coro-alto, em falsa abóbada de cruzaria, sem decoração, e da capela-mor também com caixotões ornados de acantos relevados e as insígnias do orago da igreja. O contrato para forrar a capela-mor da Igreja pelo entalhador Manuel Vieira estipulava que os "rompantes dos paineis" deveriam ser de diferente e melhor qualidade dos executados por ele na Capela da Senhora do Rosário de São Domingos. Inexistência de púlpito na nave. Retábulo lateral do estilo rococó, com duplos espaldares borromínicos. O revestimento azulejar da capela-mor integra registos, um deles datado e identificando o doador da capela. O intradorso do arco triunfal, de cantaria, apresenta-se esculpido com elementos geométricos e fitomórficos estilizados, o supedâneo da capela-mor tem guarda de cantaria volutada e o capialço das janelas são decoradas em talha dourada. Anexo bastante amplo, integrando sacristia com duplo lavabo, dispostos de forma simétrica a ladear porta encimada por falso frontão.
Número IPA Antigo: PT011714240125
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave única e capela-mor, mais estreita e sensivelmente mais baixa, com anexo rectangular integrando sacristia adossada à fachada lateral N. e com duas torres sineiras quadrangulares flanqueando a frontaria. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas, em telhados de duas águas na igreja, de quatro no anexo e cúpula tronco-piramidal nas torres. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, excepto as da capela-mor, em cantaria aparente, com pilastras toscanas nos cunhais e percorridas por embasamento de cantaria e remate em friso e cornija na nave e anexo e apenas com cornija na capela-mor. Fachada principal harmónica, virada a O., com três panos delimitados por pilastras da ordem colossal toscana, molduras, sobrepostas, marcando o limite das torres, e remate em empena contracurvada e interrompida por cruz papal sobre acrotério, no meio daquelas. Pano central rasgado por portal de verga recta, sobreposta por cartela oval decorada, ladeada por duplas pilastras; as mais recuadas, de fuste moldurado e capitel dórico suportando friso, e as mais avançadas de capitel coríntio sobrelevado e colocado sobre o friso, encimado por cornija moldurada e novo friso, com mísulas laterais suportando frontão triangular de volutas, interrompido por ampla cartela com os emblema do orago ( a mitra e as chaves de São Pedro ), envolta por elementos fitomórficos e encimada por vieira. Superiormente, enquadram o portal, duas janelas rectangulares. Panos laterais simétricos, tendo sobre o alto embasamento rematado por cornija e de onde partem as pilastras delimitadoras dos panos, nicho e janela; o primeiro tem vão de arco pleno sobre pilastras e abóbada concheada, assentando em elementos volutados, com aletas abertas; sobre este, abre-se janela rectangular, com cornija inferior e encimada por frontão curvo, com tímpano ornado de elementos vegetalistas. Corre a fachada um entablamento, sobre o qual se dispõe nos panos laterais duas cartelas ovais decoradas e no central nicho, assente em friso, com arco pleno sobre pilastras, abóbada concheada, com aletas, encimado por coroa entre consolas que sustentam cornija coroada por elementos vegetalistas em jeito de frontão. A empena da fachada posssui ainda interiormente pequenas pilastras que são sobrepostas por urnas. Nos panos laterais, a cornija da empena horizontaliza-se, dando lugar às torres, com sineiras de arco pleno por face, rematadas por balaustrada com acrotérios nos ângulos encimados por pinhas. Fachadas laterais semelhantes; nas torres, com o mesmo alto embasamento de cantaria, rasgam-se janelões iguais às dos panos laterais da frontaria, mas com almofada côncava inferior. A nave é rasgada de ambos os lados por porta travessa, de arco abatido, com moldura de cantaria larga, decorada por volutas e acantos na base, e rematada em frontão de lanços sobreposto por elementos fitomórficos; na lateral direita tem ainda dois amplos janelões, com capialço, de verga abatida decorada por pequena cornija e ornato vegetalista ao centro, e na oposta apenas uma janela de igual modinatura, mas mais pequena; na fachada direita tem na capela-mor duas janelas com capialço e um pequeno janelo. Fachada posterior cega terminada em empena com cruz de malta no vértice. Anexo de dois pisos separados por cornija e friso, tendo ao nível do primeiro piso virado a O. porta de verga recta; a fachada N. tem dois panos desiguais, rasgando-se no primeiro piso janelas horizontais oitavadas e no segundo, três janelas de peitoril, de verga abatida e caixilharia de guilhotina, e uma de sacada, com igual tipo de verga e bandeira superior, com gradeamento de ferro; fachada posterior do anexo cego. INTERIOR rebocado e pintado de branco com silhar de azulejo padrão, pavimento de madeira e, nas paredes, os quadros, pintados, da Via Sacra. Coro-alto sobre arco abatido de madeira, com guarda também de madeira e acesso por duas portas laterais de verga recta. É revestido por silhar de azulejo padrão e possui cobertura em falsa abóbada de aresta de madeira. Guarda-vento de madeira pintada de branco, creme e castanho, poligonal, com três vãos, o central em arco apontado e os laterais de volta perfeita, divididos por pilastras de fustes lisos e capitéis coríntios, com remate em friso e cornija. No exterior, ostenta decoração de acantos e emblema do orago sobre o vão central. Nas paredes da nave, existem seis vãos confrontantes, de volta perfeita, o primeiro do lado do Evangelho correspondente ao baptistério e os demais a capelas retabulares. O baptistério insere-se em vão de volta perfeita, alteado por um degrau, de forma convexa, protegido por teia de metal. O fundo encontra-se revestido de azulejo azul e branco, com moldura de acantos e registo central a representar o "Baptismo de Cristo"; pia baptismal oitavada. Retábulos de talha dourada e policromada, os do Evangelho dedicados a Nossa Senhora de Lurdes e ao Sagrado Coração de Jesus, sendo os opostos de invocação de Santo António, Santa Rita de Cássia e São José *1. Arco triunfal de volta perfeita com o intradorso decorado com elementos geométricos e flores estilizadas, assentes em pilastras com capitéis coríntios, envolto por talha dourada, prolongando a estrutura dos retábulos colaterais, dedicados a Nossa Senhora da Graça e ao Crucificado. Cobertura em falsa abóbada de berço abatido, em caixotões, assente em cornija de talha dourada. Cada caixotão ostenta uma decoração de anjo com açafate de flores e quatro acantos enrolados. Capela-mor com cobertura semelhante, tendo os caixotões decoração de talha, com acantos, anjos e os símbolos do orago. As paredes estão forradas de azulejo padrão azul, amarelo e branco, com dois padrões, o inferior P-33, e o superior P-604, divididos por barra e dois registos, a representar uma custódia ( Evangelho ) e painel com as armas e identificação do doador ( Epístola ). As quatro janelas, em capialço, possuem moldura de talha dourada de acantos. Sobre supedâneo, com escadas centrais e guarda de cantaria volutada, o retábulo-mor de talha dourada e pintada de branco, de planta côncava, de três eixos divididos por colunas coríntias com anel e folhagem a marcar o terço inferior, sobre plintos altos com elementos fitomórficos. Tribuna central e, nos eixos laterais, duas mísulas com imaginária, sobre duas portas de acesso à tribuna. Remate em friso e cornija e pequena estípide que enquadra um espaldar central com emblema e insígnias do orago, festões, plumas e cornija recortada, com duas aletas com ramadas de acantos pintados. Sacrário simples sobre altar paralelepipédico com acantos pintados a azul e vermelho. Ara de altar de talha dourada assente em dois pilares. No lado do Evangelho, acesso à sacristia, tendo a meio divisória de madeira, com tecto de caixotões de talha, com ramos pintados de azul, verde e vermelho, com dois lavabos semelhantes, arcaz e retábulo de talha pintada. Os lavabos são compostos por taça paralelepipédica, bica implantada numa carranca e espaldar volutado com remate em cornija semicircular e vasos com flores. Entre os lavabos, uma porta de verga recta, encimada por falso tímpano com enrolamentos e flor-de-lis. Iluminadas por janelas horizontais oitavadas.

Acessos

São Pedro, Largo de São Pedro. WGS84 (graus decimais) lat.: 41,298999; long.: -7,743209

Protecção

Em estudo

Enquadramento

Urbano, isolado, no centro histórico da cidade de Vila Real. Adro envolvente, com pavimento em lajes graníticas e mosaicos cerâmicos junto ao anexo, integrando alguns canteiros de flores e árvores; é protegido por gradeamento metálico, com acesso frontal e na lateral direita, por portão entre pilares quadrangulares, moldurados, rematados por cornija e pinha sobre acrotério tronco-piramidal. Por detrás da fachada posterior fica o edifício dos Bombeiros Voluntários da cidade.

Descrição Complementar

Retábulos laterais de talha dourada e, alguns deles com policromia, com estrutura semelhante, de planta recta e um só eixo, composto por mísula central, flanqueada por quatro colunas torsas decoradas com pâmpanos e pequenos anjos encarnados, assentes sobre plintos com acantos e querubins, as quais se prlongam no ático em duas arquivoltas, igualmente torsas, unidas no sentido do raio, formando pequeno tímpano decorado com acantos. O retábulo dedicado ao Sagrado Coração de Jesus é diferente dos anteriores, de planta ligeiramente convexa, de um único eixo, com nicho de moldura recortada, ladeado por duas mísulas e remate em cornija, e espaldar borromínico. Altar em forma de urna, decorado com ferronerie e acantos. Esta estrutura é enquadrada por pilastras com fuste almofadado e decorado com elementos fitomórficos, assentes em enormes consolas, que suportam vão de volta perfeita e espaldar com perfil semelhante ao interno. Fundo do nicho pintado de azul, pontuado de flores. Os retábulos colaterais são semelhantes, de planta recta e um eixo composto por painel com mísula ladeado por duas colunas espiraladas, assentes em plinto alto e remate em friso e cornija. Altar paralelepipédico em talha, com apainelados no frontal e nas ilhargas. As colunas prolongam-se sobre o arco triunfal em duas arquivoltas unidas no sentido do raio, formando sete painéis decorados com acantos. Retábulo da sacristia pintado de marmoreados fingidos, de planta recta e três eixos divididos por quatro pilastras, decoradas com acantos e capitéis coríntios, definidos por painel central com o Crucificado e painéis laterais de motivo composto por quatro acantos enrolados. Na base, sacrário e dois querubins, sendo o remate em friso com acantos e querubins, e cornija. Inscrição no registo de azulejos da capela-mor: "Mandou fazer a obra de azuleio / na capella major desta Igreja / D.or Botelho da fon.ca Machado / Cavalleiro porfeso na ordem de Cristo / Sendo Mordomo do santissimo sa / cram.to por sua Diuoção no ano / de 1692". O brasão do mesmo registo de azulejos é esquartelado e representa no I e IV quartel os Teixeiras da Casa de Anta; no II os Correias, descendente de D. Paio Peres Correia, com águia com escudete no peito de correias entrelaçadas; e no III os Machados, de Silveira.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Vila Real)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

CARPINTEIROS: António da Costa, Filipe da Costa. ENTALHADOR: Manuel Vieira (1716). PEDREIROS: Manuel Alves, Domingos Novais, António da Ponte.

Cronologia

1528 - criação da nova paróquia de São Pedro, extra-muros, que se instalou primitivamente na Capela de São Nicolau; estipulado que a Irmandade do Santíssimo da nova paróquia ficasse submetida à de São Dinis, que aprovava os seus gastos e eleições; párocos de São Dinis mantinham o direito de presidir aos actos de culto na nova paróquia, de apresentar o pároco, também apresentado pelos religiosos do Mosteiro de Pombeiro; início da construção da primitiva igreja, por iniciativa de D. Pedro de Castro; 1599 - testamento de Leonor Taveira, legando à Irmandade do Santíssimo um almude de azeite por ano para a lâmpada do altar; séc. 16 / 17 - disposições testamentárias de Martinho Álvares Rebelo criam uma capela no altar-mor, com a obrigação de missas semanais, para o que vincolou certos bens; 1604 - instituição da Confraria do Santo Nome de Jesus, com indulgências do arcebispo Frei Bartolomeu dos Mártires; 1569, 23 Março - instituição do vínculo de Abaças, por D. Brites Mesquita, sendo primeiro administrador Gonçalo Pinto de Mesquita; 1612, 18 Julho - instituição de capela com a obrigação de missas perpétuas, pelo Padre Pantaleão Correia, no altar das Almas; 1618 - a Confraria do Santo Nome de Jesus transforma-se em irmandade, com estatutos próprios, tendo cerca de 250 irmãos; 1618, 1 Agosto - Gonçalo Pinto de Mesquita acrescenta os seus terços ao vínculo de Abaças; 1630 - Domingos de Sousa deixa em testamento 2400 rs de esmola anual à Confraria do Santíssimo Sacramento; 1642, 11 Julho - o administrador da capela de Pantaleão Correia, Paulo de Botelho, nomeia como administrador da mesma o pároco da igreja; 1652, 23 Abril - concessão de indulgências, graças e perdões à Irmandade das Almas, por bula de Inocêncio X; 1654 - estatutos da última aprovados pelo arcebispo de Braga; tinha cerca de 300 irmãos; 1680 - o monte a N. da Igreja encontrava-se arborizado, onde surgiam as Capelas de São Sebastião ( a E. ), Santo António ( a O. ) e no meio a do Bom Jesus do Calvário, onde terminava a Via Sacra; 1692 - data da inscrição no revestimento azulejar da capela-mor, o qual foi mandado executar por Domingos Botelho da Fonseca Machado, Cavaleiro professo da Ordem de Cristo; séc. 18 - tinha um pároco com o título de vigário, apresentado pelo Mosteiro de Belém, com o rendimento de 31$000 réis; o pároco apresentava um cura, um coadjutor, um sacristão e tinha um procurador; 1708, 19 Junho - contrato e obrigação da obra da sacristia, ordenada anteriormente pelos visitadores, com os pedreiros Manuel Alves e Domingos Novais, natural de Entre Douro e Minho, por 208$000 rs, e os carpinteiros António da Costa e Filipe da Costa, por 200$000 rs; foram fiadores João Rodrigues, pedreiro, morador na R. de Santo António em Vila Real, e Alberto Pereira, da mesma cidade, e como testemunhas o licenciado Gaspar Cardoso de Lima, Pe. Francisco Rodrigues Serra e António Monteiro, procurador da igreja; a obra de pedraria deveria seguir os "apontamentos que tinhão visto e ficão em mão do dito juis da igreja"; 1711 - ampliação do templo, construção da nova fachada e torres, feitura dos arcos e respectivos retábulos laterais, e arco do baptistério, com o patrocínio de José Moutinho de Aguiar, juíz da igreja, e várias esmolas da população; 1714 - contrato com o carpinteiro Filipe da Costa, de Vila Real, para fazer o forro da nave da igreja, com 3 carreiras de painéis, cada uma com 5 caixotões, conforme os que se acham feitos, emendar a "queda que tem o banco da ultima carreira de paineis ... por estar inclinado abaixo" e, havendo dinheiro, uma outra carreira de paineis para findar o dito forro da nave, tudo por 35$000 rs; 1714, 28 Novembro - Clemente XI concede aos irmãos do Santíssimo o privilégio de jubileu perpétuo; 1715, 12 Janeiro - aprovação da reforma dos estatutos da Irmandade do Santíssimo, pelo arcebispo de Braga, D. Rodrigo de Moura Teles; eram 60 irmãos, oficiais mecânicos, sendo o mordomo de origem nobre; 1716, 06 novembro - contrato e obrigação com o entalhador Manuel Vieira, de Torrados, Felgueiras, para fazer o apainelado da capela-mor e o conserto do retábulo-mor; o apainelado levaria 30 painéis, "todos cobertos de talha, com seus frisos, florões e rompantes tudo entalhado", por 8$000; os painéis deviam ser de diferente e melhor feitura do que os da Capela de Nossa Senhora do Rosário do Convento de são Domingos, feito pelo mesmo mestre; este comprometia-se a consertar o retábulo-mor, pondo-lhe de novo um arco correspondente às colunas de fora, que ficam junto da parede e outro correspondente às sanefas que estão ao pé da parede athe chegarem adiante a fassa da coluna e correrão os ditos arcos em volta com os do apainelado e entre os sobredittos arcos lhe metera de novo huns targoes correspondentes ao painel de entre as colunas que correm em bolta com os mesmos arcos pera o que se poderão aproveitar de huns targoes e talha que ha na igreja e forem necessarios para a sobredita obra e que se obriga a fazer tres repizas ou as que forem necessarias e passarão pellos targoes e arcos que de novo se fazem athe chegar ao forro apainelado; foram testemunhas António Botelho Correia e Manuel Rodrigues de Figueiredo; 1718, 4 Janeiro - estatutos da Irmandade do Santíssimo Nome de Jesus confirmados pelo arcebipso de Braga; 1719, 30 Novembro - Padre João Lourenço e a irmã, Maria Rebelo, instituíram uma capela no altar da Graça, com a obrigação de 105 missas anuais, nomeando para capelão e administrador da mesma o Padre Boaventura Dias; 1720 - feitura dos muros do adro, construindo-se duas grandes escadas a N., que subiam para o Monte Calvário e varanda de ferro a todo o comprimento da fachada S., com outras duas escadas juntas e pátio no cimo delas; 1728, 25 Maio - contrato com o mestre pedreiro António da Ponte, do Lug. de São Miguel de Fontoura, do termo de Valença do Minho, para a obra de pedraria da igreja "pellas plantas alta e baixa", por 4$000 cruzados e 130$000 rs; estiveram presentes no acto o abade da freguesia, Luís Correia Botelho, José Moreira Pinta, juiz da igreja, e Luís Fernandes, procurador da mesma; 1765, 4 Novembro - Irmandade do Santíssimo assina termo de sujeição à de São Dinis; 1774, 17 Agosto - arcebispo de Braga autoriza a instalação da Irmandade de Nossa Senhora do Carmo nesta igreja; 1810 - confirmação dos estatutos da Irmandade do Santíssimo por D. João VI; 1831 - restauro do retábulo actualmente dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, proveniente, em data incerta, da Capela de São Sebastião; 1840 - retábulo-mor foi substituído, por estar podre, vendendo-se o lampadário de prata para custear a nova estrutura.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura de cantaria granítica, aparente na capela-mor e rebocada na igreja e anexo, exterior e interiormente; pavimento de madeira e em lajes graníticas no supedâneo da capela-mor; silhares e revestimento da capela-mor em azulejos; retábulos de talha dourada; portas, coro-alto, guarda-vento em madeira; vãos, molduras, pilastras, lavabo da sacristia, pia baptismal e outros elementos em granito; cobertura interior em caixotões de talha dourada, sendo os da nave e da sacristia pintados; cobertura exterior em telha; gradeamento metálico no baptistério e adro.

Bibliografia

ALMEIDA, José António Ferreira de (dir.), Tesouros Artísticos de Portugal, Porto, 1988; ALVES, Natália Marinho Ferreira, ALVES, Joaquim J. B. Ferreira, Alguns artistas e artífices setecentistas de Entre Douro e Minho em Vila Real e seu termo, Sep. da Revista BRACARA AUGUSTA, vol. 35, Braga, 1981; idem, Subsídios para um dicionário de artistas e artífices que trabalharam em Trás-os-Montes nos séculos XVII-XVIII, Sep. da Revista de História, vol. 5, Braga, 1983 - 1984; AZEVEDO, Correia de, Brasões e Casa Brasonadas do Douro, Porto, 1974; BRANDÃO, Domingos de Pinho, Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na diocese do Porto. Documentação, vol. 2 (1700 a 1725), Porto, Diocese do Porto, 1985; LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol. XI, Lisboa, 1886, pp. 959 - 961; SIMÕES, J. M. dos Santos, Azulejaria em Portugal no Século XVII, tomo I e II, Lisboa, 1997; SOUSA, Fernando de, GONÇALVES, Silva, Memórias de Vila Real, vol. 1, Vila Real, 1987.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - primitivamente, dedicado às Almas.

Autor e Data

Ricardo Teixeira 2001

Actualização

 
 
 
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