Torre de Val-Boim / Torre de Vale Aboim / Pomar de Vale de Boim

IPA.00001180
Portugal, Évora, Portel, Portel
 
Arquitectura militar e / ou residencial, tardo-medieval. Atalaia ou casa-torre localizada na proximidade de um caminho de acesso à sede de um território senhorial no Alentejo (D. João Peres de Aboim, senhor de Portel) e na presença de outras construções térreas nas imediações. Apresenta planta quadrada, quatro registos, construção em alvenaria de pedra e tijolo, vestígios de vãos numa das fachadas e numerosos oríficios quadrados possivelmente destinados a tiro ligeiro. Torre construída na sequência da doação da vila de Portel a D. João Peres de Aboim, obtida no âmbito de uma estratégia política destinada a captar a adesão da nobreza no processo de centralização do poder régio e com o objectivo de neutralizar a oposição senhorial. Os Aboim foram os primeiros senhores cristãos do Algarve e os detentores dos seus mais importantes castelos, entre os quais figurava o de Silves; contudo, o núcleo central dos bens de João Peres Aboim localizava-se no couto de Portel, no qual se encontra a actual Torre de Val-Boim. Constituiria talvez uma atalaia, uma vez que as suas dimensões se podem considerar demasiado reduzidas para ser considerada residência senhorial. Encontra-se em acentuado estado de ruína, completamente esventrada, o que torna difícil a interpretação da sua estrutura interior. Parece ter existido, adjacente ou eventualmente adossada a esta torre, uma pequena torrela.
Número IPA Antigo: PT040709050003
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Atalaia    

Descrição

Torre de planta quadrada, mostrando traços da existência de três pisos, desprovida de cobertura. Fachadas orientadas aos pontos cardeais, marcadas por pequenos vãos, abertos tardiamente quando a torre foi transformada em pombal. Fachada O. com inclinação da base, apresentando rasgamentos em quatro níveis: vão de entrada recto no piso térreo e três vãos de janela, um em cada piso, com vestígios de pedra de fecho. Fachada N., a de maior altura actualmente, com vestígios de adossamento de uma parede e de um edifício baixo. Fachada E. arruinada, apresentando apenas metade da sua estrutura, com embasamento mais sólido. Fachada S. inexistente. Todo o edifício apresenta orifícios quadrados de pequenas dimensões.

Acessos

Estrada de Portel para Vera Cruz de Marmelar, a cerca de 4 km de Portel, a O., acessível por caminho vicinal de terra, visível da estrada. WGS84: 38º16'17.10''N 7º41'44.22''O

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 41 191, DG, 1.ª série, n.º 162 de 18 julho 1957

Enquadramento

Rural, em encosta de acentuada pendente, isolada no meio de olival, em destaque, a cerca de 305m de altitude. A O., conjunto de edifícios térreos em ruína, talvez parte das construções setecentistas posteriormente erguidas, ainda integrando parte de um portal encimado pelas armas reais. Localização relativamente próxima da aldeia e da Igreja de Vera Cruz de Marmelar (v. PT040709080002), para S., onde se encontra o túmulo de João Peres de Aboim.

Descrição Complementar

Um dos edifícios a O. da torre apresenta um brasão de armas em relevo de argamassa ornamentado e sobrepujado por coroa.

Utilização Inicial

Militar: atalaia

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Privada: fundação

Afectação

Afectação

Época Construção

Séc. 13

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1258 - Aquisição da vila e termo de Portel por D. João Peres de Aboim; 1261 - construção da torre por D. João Peres de Aboim; 1263-1267 - D. João de Portel e o seu filho, Pero Eanes, participaram na tentativa de resolução dos diferendos luso-castelhanos sobre a questão da soberania do Algarve; 1264-1279 - D. João de Aboim era mordomo-mor de D. Afonso III; 1518, 1 de Julho - foral novo concedido por D. Manuel I à vila de Portel; 1574, 26 de Julho - Val-Boim pertencia aos territórios brigantinos constituídos pelo duque D. João I neste ano, e que foram confirmados posteriormente em 1592, 1627, 1639 e 1640 (ESPANCA, 1978); 1750 - restauro da torre e torrela emparelhada (actualmente inexistente) por instância dos donatários (Espanca, 1978); séc. 18, reinado de D. José - o monarca terá contribuído para o melhoramento das instalações anexas, através da construção de cavalariças e casas nobres (Espanca, 1978); 1836 - a paróquia deixou de ser sede de vila; 1884 - apenas existiam vestígios do castelo e algumas paredes que serviam de muro às habitações.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria de pedra e tijolo.

Bibliografia

ALMEIDA, João - Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses. Lisboa: Edição de Autor, 1948; ESPANCA, Túlio - Inventário Artístico de Portugal Distrito de Évora. Lisboa: Academia Nacional de Belas Artes, 1978, vol. IX; LEAL, Augusto - Portugal Antigo e Moderno - Diccionario Geographico, Estatistico, Chorographico, Heraldico, Archeologico, Historico, Biographico e Etymologico de todas as cidades, villas e freguezias de Portugal e de grande número de aldeias. Lisboa: Livraria Editora de Tavares Cardoso & Irmão, 1886; SILVA, José Custódio Vieira da, Paços Medievais Portugueses. Lisboa: IPPAR, 1995; Idem, "A Torre ou Casa Forte Medieval". Pontevedra. Museo de Pontevedra, 1999; REI, António. "A tradução do Livro de Rasis e a memória da Casa Senhorial dos Aboim-Portel". Cahiers d'études hispaniques médiévales, 2010, N°33, Lyon, ENS Editions, pp. 155-172

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Manuel Branco e Castro Nunes 1994

Actualização

Margarida Contreiras 2013
 
 
 
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