Palácio dos Maldonados
| IPA.00000118 |
Portugal, Beja, Beja, União das freguesias de Beja (Salvador e Santa Maria da Feira) |
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Arquitectura residencial, barroca. Casa nobre com fachada sobre a rua segue o modelo fixado no séc. 16 com distribuição regular de vãos que no piso nobre tomam a forma de janelas de sacada de verga recta com molduras de cantaria encimadas por entablamento; todavia a divisão em três panos definida pelas pilastras conferem-lhe um ritmo mais dinâmico, mas são as molduras que encimam os vãos de r/c, com os seus elementos curvos que mais se aproximam do Barroco, que só assume total liberdade no portal principal de frontão curvo e tratamento muito livre das pilastras, onde a decoração subverte o rigor das ordens clássicas. O acesso ao interior, por meio de arcada que conduz a aparatosa escadaria que leva ao piso nobre, reflecte o gosto teatral do Barroco; em termos decorativos sobrevivem dois tectos pintados, um com uma rica decoração de brutescos e outro com molduras acharoadas, movimentadas cenas de batalhas e pórticos de intrincadas arquitecturas onde se destacam as colunas torsas e os frontões interrompidos. Destaca-se a sofisticada concepção erudita do edifício, que apesar de não ser patente na planta, que deve ter partido de construções preexistentes e adições sucessivas, reflecte no tratamento das fachadas, em particular nas molduras do r/c e no portal principal a assimilação da linguagem formal do Barroco pouco frequente na região, assim como o percurso teatral de acesso ao interior reflectem uma sofisticação rara. Os tectos pintados destacam-se igualmente pela sua qualidade e raridade. |
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Número IPA Antigo: PT040205110017 |
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Registo visualizado 710 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre Casa nobre
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Descrição
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Planta composta, irregular, volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas e terraços. Fachada principal virada a SE. dividida em três panos por cunhais apilastrados e pilastras de cantaria, cada pano assenta em soco de cantaria e é rematado por entablamento de argamassa caiado a cinzento e beirado, sendo dividido em dois registos por moldura de argamassa caiada a cinzento; o primeiro pano é rasgado ao nível do registo inferior por uma porta central com moldura de cantaria com pequenas orelhas e encimada por cornija, ladeada por janelas com moldura de cantaria com pequenas orelhas encimadas por moldura cega de cantaria, ao nível do segundo registo rasgam-se três janelas de sacada com molduras de cantaria com pequenas orelhas, encimadas por entablamento, com varandas de ferro fundido assentes em bacias de cantaria que se destacam da moldura divisória dos registos; o segundo pano é rasgado ao nível do registo inferior por três porta com moldura de cantaria com pequenas orelhas e encimadas por molduras cegas de lados curvos, intercaladas por janelas com moldura de cantaria com pequenas orelhas encimadas por moldura cega de cantaria, ao nível do segundo registo rasgam-se cinco janelas de sacada com molduras de cantaria com pequenas orelhas, encimadas por entablamento, com varandas de ferro fundido assentes em bacias de cantaria que se destacam da moldura divisória dos registos; o terceiro pano é rasgado ao nível do registo inferior por três janelas com moldura de cantaria, ao nível do segundo registo rasgam-se três janelas de sacada com molduras de cantaria, com varandas de ferro fundido assentes em bacias de cantaria que se destacam da moldura divisória dos registos; à direita adossa-se o muro do pátio de entrada, de um só pano assente em soco de argamassa pintado a cinzento e rematado por cornija pintada a cinzento, rasgado ao centro por portão de verga recta com moldura de cantaria, enquadrado por pilastras com capitéis assentes em mísulas, que suportam uma empena curva onde se destaca uma pedra de armas lavrada em mármore branco. Fachada E. abrindo sobre o pátio de entrada, assente em cinco degraus de cantaria, com arcada de dois panos definidos por pilastras, rematados superiormente por balaustrada que integra plintos no coroamento das pilastras, encimados por urnas de cantaria, no canto direito, à esquerda da urna, pousa uma estátua de mármore branco que representa um anjo, cada pano é rasgado por arco de volta perfeita com moldura de chave saliente assente em pilastra; a parede do fundo da arcada é rasgada por uma porta com moldura de cantaria, encimada por nicho em forma de arco de volta perfeita, e janela com moldura de cantaria, em cada uma das paredes laterais rasga-se uma porta com moldura de cantaria encimada por entablamento; acima da arcada, num plano recuado eleva-se um pano rematado por cornija e beirado, rasgado por duas janelas com molduras de cantaria encimadas por cornijas, ao nível do primeiro andar e duas janelas com molduras de cantaria, ao nível do segundo andar; à esquerda adossa-se, no mesmo plano da arcada, um pano assente em soco de cantaria e rematado por entablamento e duplo beirado, rasgado por três janelas de sacada, ao nível do primeiro andar. INTERIOR: dividido em três pisos, acesso pela arcada coberta por dois tramos de abóbada de aresta, a porta da esquerda conduz a uma escadaria de dois três lanços, em " U ", com degraus de cantaria, guarda de alvenaria e corrimão de cantaria, com extremidades em cantaria formando volutas caneladas adornadas com concheados, na parede NE. rasga-se janela ladeada por conversadeiras de cantarias de cantaria, no primeiro patamar, na parede SE. rasga-se uma janela engradada, na parede SO. rasga-se óculo polilobado, com moldura de cantaria e uma porta de verga recta com moldura de cantaria encimada por frontão curvo que comunica com o último patamar da escadaria, idêntica a outra porta que se abre na parede NO., tecto de masseira em madeira envernizada; no primeiro andar a escadaria conduz a um átrio central de onde parte um corredor paralelo à fachada SE. que conduz aos diversos compartimentos, sendo os principais organizados ao longo desta fachada, começando na biblioteca, a N. com tecto de masseira em madeira envernizada e três janelas de sacada sobre a rua, uma sobre o pátio e uma janela engradada sobre a escadaria e uma porta comunicando com a sala seguinte, esta comunica directamente com o átrio por uma porta, apresenta uma porta em cada uma das paredes interiores e uma janela de sacada para a rua, tecto de masseira pintado, com molduras marmoreadas e painéis onde dominam brutescos polícromos, ao centro um medalhão polilobado com moldura godronada apresenta uma alegoria ao tempo e em cada um dos quatro painéis laterais destaca-se um medalhão circular com moldura godronada, representando uma figura feminina; a sala seguinte apresenta duas janelas de sacada abrindo sobre a rua e uma porta para o corredor, o tecto de masseira assenta em sanca pintada com enrolamentos de folhas de acanto e concha central, molduras acharoadas e painéis com pinturas a óleo sobre tela, representando o central o milagre de Ourique, os de maiores dimensões representam a batalha de Ourique e a tomada da Cidade de Beja aos mouros, e os menores representam um, D. Afonso Henriques e a Rainha D. Mafalda sentados no interior de um complexo pórtico arquitectónico, e o outro representa D. Afonso Enriques coroado rei, efectuando o juramento sobre um crucifixo colocado sobre um missal, ladeado por dois bispos, sob um dossel situado no interior de um elaborado pórtico arquitectónimo com colunas torsas. |
Acessos
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Rua do Esquível, 29 |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Urbano, com construções adossadas a O., abrindo a fachada principal para rua om tráfico e estacionamento automóvel mesmo junto à fachada; pátio murado a E. com algumas árvores. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
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Assistencial: lar |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido |
Cronologia
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Séc. 18, 1ª metade - construção, pelo coronel de dragões, administrador do morgado da Bacalhoa e comendador da Ordem de Aviz, 1751, 11 de Dezembro - falecimento de Luís Guedes de Miranda Mendonça; Séc. 19 - residência da família Maldonado; Séc. 20, inícios - instalação do Colégio Maria do Céu, depois quartel e mais tarde instituição religiosa; Séc. 20, meados - funciona como Escola do Magistério Primário; 1986, 16 de Abril - Portaria n.º 150 / 86 na qual o imóvel é abrangido pelo "Plano Parcial de Urbanização do Núcleo Central Histórico de Beja"; 1983, Março - Despacho de classificação como IIP; 2009, 23 outubro - caduca o processo de classificação conforme o Artigo n.º 78 do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, n.º 206, alterado pelo Decreto-Lei n.º 265/2012, DR, 1.ª série, n.º 251 de 28 dezembro 2012, que faz caducar os procedimentos que não se encontrem em fase de consulta pública. |
Dados Técnicos
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Estrutura mista |
Materiais
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Paredes de alvenaria de pedra e cal, e tijolo furado, rebocadas e pintadas, estruturas e lajes de betão armado, molduras de vãos, portal, escadaria e elementos secundários de cantaria de mármore de Trigaches, portas e caixilharias de madeira, telhado em telha de aba e canudo, pavimentos de tijoleira, lajes de mármore de Trigaches, mosaico hidráulico, calçada e tacos de madeira, tectos de madeira pintados, abóbadas de tijolo rebocadas e pintadas. |
Bibliografia
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ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Beja, Lisboa, 1992. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID; Ministério da Educação |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID; Ministério da Educação |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID; Ministério da Educação |
Intervenção Realizada
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Observações
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Autor e Data
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Ricardo Pereira 2001 |
Actualização
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