Igreja Paroquial de Valhelhas / Igreja de Santa Maria Maior
| IPA.00011793 |
Portugal, Guarda, Guarda, Valhelhas |
|
Arquitectura religiosa, vernácula e barroca. Igreja paroquial de estrutura muito simples, de planta longitudinal composta por nave e coro-alto, capela-mor mais baixa e estreita, com sacristia adossada à fachada lateral direita e campanário com torre na zona posterior. Fachada principal em empena, com os vãos rasgados em eixo composto por portal de verga recta e janela em capialço. Fachadas com remates em cornija, as laterais rasgadas por janelas em capialço, e a do lado esquerdo com porta travessa em arco de volta perfeita. Campanário em dois registos, o inferior cego e o superior com sineira dupla e remate em empena. Interior com coberturas em falsas abóbadas de berço abatido, a da nave com tirantes e a da capela-mor em caixotões pintados. Retábulos em talha dourada, maneirista e do barroco nacional. Pia baptismal situada no sub-coro, com taça hemisférica assente em coluna. | |
Número IPA Antigo: PT020907470130 |
|
Registo visualizado 138 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
|
Descrição
|
Planta longitudinal composta por nave, capela-mor mais baixa e estreita, sacristia no lado direito e torre do relógio e campanário na fachada posterior, este colocado perpendicularmente, de volumes simples com disposição horizontalista, com coincidência entre o exterior e o interior, e coberturas diferenciadas de duas e quatro águas, na torre. Fachadas da nave rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento pintado de cinzento, com remates em friso e cornija em papo de rola, com os cunhais firmados por pináculos piramidais. Fachadas da capela-mor e campanário em cantaria aparente, em aparelho isódomo, com remates em cornija. Fachada principal virada a O., com portal em verga recta, moldurado e com pequena cornija, encimado por janela em capialço também moldurada e gradeada. Remata em empena com cruz sobre base no vértice. A fachada lateral direita, virada a N., mantém vestígios de embasamento irregular, em cantaria, sendo rasgada, na nave, por portal em arco de volta perfeita moldurado e com impostas salientes, surgindo, nas aduelas do arco gravada uma inscrição. No lado esquerdo, janela em capialço moldurada; no volume da capela-mor, janela com o mesmo perfil e remate em cornija sustentada por cachorrada simples. Mais recuados a torre e o campanário, a primeira cega, com enorme relógio e no primeiro registo do campanário porta dintelada, surgindo, no segundo, duas sineiras de volta perfeita com sinos, o qual remata em empena com cornija, sobre a qual surge cruz metálica e catavento. No cunhal da torre, o escudo de D. Rodrigo de Castro com seis arruelas e uma vieira *1. Os sinos ostentam as datas "1778" e "1797", tendo o relógio a data "1789". Fachada lateral direita virada a S., marcada pelas escadas e porta de verga recta de acesso ao coro-alto, surgindo, na base destas, porta com o mesmo perfil para casa de arrumos. Uma janela rasga-se na nave, tendo a sacristia porta rectilínea na face O.; campanário com escadas de granito com três lanços, onde se observa uma inscrição. Fachada posterior com janela de perfis curvos na sacristia, estrutura do campanário e parte da capela-mor. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por silhares de azulejo padrão, com cobertura em falsa abóbada de berço abatido de madeira pintada de azul, assente em cornija pintada de castanho e com tirantes de metal, com pavimento cerâmico com corredor granítico. Todos os vãos ostentam sanefas de talha dourada e os portais são ladeados por pias de água benta hemisféricas, em forma de concha. Coro-alto de madeira com guarda balaustrada, assente em duas colunas jónicas, de fuste liso; no sub-coro, no lado do Evangelho, pia baptismal com taça hemisférica, assente em coluna de fuste liso, com tampa de madeira, junto à qual se rasga, na parede de topo, vão quadrangular, protegido por portada de madeira, para a aguarda de alfaias; guarda-vento de madeira e, confrontantes, dois confessionários. Sobre a pia de água benta da porta travessa, silhar de cantaria com a cruz de Malta gravada. Confrontantes, dois nichos vazados nas paredes, com molduras em cantaria, encerrando as imagens de Nossa Senhora de Fátima (Evangelho) e Sagrado Coração de Jesus (Epístola) *2. A ladear o arco triunfal de volta perfeita, assente em impostas salientes, retábulos de talha dourada, dedicados a Cristo Crucificado e a Nossa Senhora das Dores. Sob o arco triunfal, a guarda do primitivo púlpito, circular, decorado com apainelados com motivos vegetalistas estilizados e uma epígrafe alusiva à data de construção. Capela-mor com cobertura em falsa abóbada de berço abatida, dividida em 15 caixotões pintados com motivos de acantos, albarradas, conchas estilizadas e, no central, a representação de Deus Pai e uma custódia. Retábulo-mor de talha dourada, de planta recta e três eixos, divididos por seis colunas torsas, decoradas com pâmpanos, assentes em consolas, as centrais prolongando-se em arquivoltas torsas, formando o ático, onde surge o escudo da família de D. Rodrigo de Castro. No centro, tribuna semicircular com trono e a imagem do orago, com cobertura em semicúpula, tendo o interior totalmente decorado com acantos. Nos eixos laterais, duas mísulas com imaginária; sob estas, portas rectilíneas de acesso à tribuna. Altar paralelepipédico com frontal apainelado, sobre o qual assenta o sacrário, com a porta decorada por cruz em forma de vide, envolto por acantos volumosos. Atrás do retábulo, no lado do Evangelho, vestígios de pinturas murais, com as representações dos "Nascimento da Virgem (?)", "Anunciação" e "Visitação". No lado da Epístola, porta de verga recta, de acesso à sacristia, quadrangular e com cobertura em tecto de madeira. |
Acessos
|
Largo de Santa Maria Maior, em Valhelhas, com acesso pela EN 232, entre Covilhã e Manteigas, Rua da Corredoura |
Protecção
|
Incluído na Zona de Protecção do Pelourinho de Valhelhas (v. PT020907470005) |
Enquadramento
|
Urbano, isolado e destacado, implantado no centro da povoação, junto à EN, com a qual confina no lado N., rodeada por adro murado na zona posterior, com árvores de fruto e pontuada por bancos, formando o Jardim de Santa Maria Maior. Junto à fachada principal, seis sepulturas, com inscrições delidas, uma com a data "1847". Junto ao imóvel, existem várias casas brasonadas, surgindo, em frente, casa oitocentista, com a data 1886. Próximo do Pelourinho, em cujo largo se situa o Chafariz de Valhelhas (v. PT020907470132) e a Junta de Freguesia (v. PT020907470147). |
Descrição Complementar
|
Retábulo colateral do Evangelho com planta recta e um eixo definido por duplas colunas torsas, decoradas com pâmpanos, assentes em plinto único, com painel fundeiro pintado com motivos fitomórficos. Remate em friso de querubins, cornija e tabela rectangular vertical, circunscrita por quarteirões e aletas de acantos, rematada por friso e cornija. Retábulo colateral do lado da Epístola de planta recta e um eixo, circunscrito por colunas torsas, decoradas com pâmpanos, assentes em consolas, e prolongando-se em duas arquivoltas torsas unidas no sentido do raio, formando o ático. No sotobanco, sacrário simples com porta crucífera. Painel fundeiro pintado com a representação de uma cidade e, sobre plinto, Nossa Senhora das Dores, de roca. Os altares são em forma de urna, com frontais decorados com cartela de acantos e concheados. Sobre o sacrário, um Crucificado de madeira. Junto ao retábulo, ara votiva, servindo de floreira e existem, na capela-mor, vários armários e mesas de apoio. EPIGRAFIA *3: EXTERIOR 1.(n.º 292) Inscrição comemorativa da sagração da igreja, gravada nas aduelas do portal lateral N.; Granito; Os sulcos das letras foram reforçados a tinta preta por pessoa iletrada que não compreendeu o desenho dos caracteres adulterando a legenda epigrafada. Tipo de letra: Capitular carolino-gótica; Leitura: MENSE. MAGII. ERA M CC LXII ECCLESIA FUIT SACRATA; Tradução: No mês de Maio da era de 1262(=1224) foi sagrada esta igreja. 2. (n.º 700) Inscrição comemorativa da construção do campanário, gravada em silhares da base do mesmo na face S.; Granito; A epígrafe é composta por duas linhas: da primeira restam apenas três letras e da segunda falta o início do texto a que corresponderia a data; Tal como na inscrição 1 também alguns sulcos desta inscrição foram pintados a preto, mas mais uma vez mal interpretados originando dificuldade na leitura da palavra «campanário».Tipo de letra: gótica cursiva minúscula, com uma capitular carolino-gótica; Leitura reconstituída: [...]ro /[...] iii anos foi feito (sinal de canteiro) Este [ca]mpanário. INTERIOR: Inscrição comemorativa da construção do púlpito, gravada em dois painéis emoldurados; Granito; Tipo de Letra: Capital Quadrada excepto o «a» da palavra «ERA» que é cursivo minúsculo; Leitura:(1) ANO / DO- /MI- /(2)NI / ERA / 1674. Sepulturas com as inscrições: "PERTENCE / A JOZE LU / IS / SOARES / 1847"; "AQUI JAZ / MA. DE AL / MEIDA / MDZ. D AN / CO JK. GLZ / N. EM 1816 / M. A 8 / D´JULO / 1846". |
Utilização Inicial
|
Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
|
Religiosa: igreja paroquial |
Propriedade
|
Privada: Igreja Católica (Diocese da Guarda) |
Afectação
|
Sem afectação |
Época Construção
|
Séc. 16 / 17 / 18 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
RELOJOEIRO: Jerónimo Braga. |
Cronologia
|
Séc. 12 - encontrava-se sob a jurisdição da Sé de Coimbra; 1224, Maio - data no portal lateral N., correspondente à sagração do imóvel, mandado construir pelos Templários, que tinham comenda na terra; 1260, 16 julho - no documento que divide as paróquias entre o bispado da Guarda e o Cabido da Egitânea, a igreja surge como pertencendo ao Cabido; séc. 14 - construção do campanário como comprova o tipo de letra usada na epígrafe gravada nos silhares da base do mesmo; 1317 - pertencia à Ordem de Alcântara, tendo-lhe sido retirada pelo bispo D. Rodrigo; 1320, 23 maio - bula do Papa João XXII concedendo a D. Dinis, por três anos, para subsídio de guerra contra os mouros, a décima de todas as rendas eclesiásticas do reino, sendo a igreja taxada em 200 libras na parte da comenda da Ordem de Avis; integra o termo da Covilhã e o bispado da Guarda; séc. 16 - a existência do brasão de D. Rodrigo de Castro, indicia que nesta época é provável que tenham sido feitas obras de vulto no imóvel; execução das pinturas murais; 1559 - primeiros registos de baptismo, casamento e óbito; séc. 17 - reforma do imóvel; execução das estruturas retabulares; 1674 - execução do púlpito; 1712 - o Padre Carvalho da Costa refere que a igreja era do padroado real, com o rendimento de 150$000; a freguesia tinha 90 vizinhos: 1729, 22 Novembro - referida a capela instituída por Diogo de Magalhães, com 20 missas anuais; 1778 - execução de um sino; 1789 - data no relógio; 1797 - execução de um segundo sino; 1912 - demolição da primitiva sacristia, que tinha janela com perfis curvos, e reconstrução de uma na face S.; 1846 - sepultamento de Maria de Almeida Mendes; 1847 - sepultamento de José Luís Soares; 1946 - oferta da imagem de Nossa Senhora de Fátima pelo Dr. Maldonado; séc. 20, 2.ª metade - pintura dos caixotões do tecto; 1952 - benção da imagem de Nossa Senhora de Fátima pelo bispo da Guarda, D. João de Oliveira Matos; 1962 - encontravam-se nas imediações um marco miliário com a inscrição "NI AY SS / ET CONS / TANTI / ET MAXI / MINI FO / RTISSIM / O"; junto à porta principal, uma lápide com inscrição romana; referidas as imagens de São Domingos e Santa Margarida, ambas provenientes de capelas desaparecidas com esta invocação. |
Dados Técnicos
|
Paredes autoportantes. |
Materiais
|
Cantaria de granito, rebocada na nave e aparente nas demais estruturas, nas cornijas, molduras, cruzes da empena, pináculos, brasão, colunas do coro-alto, púlpito, pias baptismal e de água-benta, nichos da nave, arco triunfal, altar e ara; madeira nas portas, sanefas, coro-alto, confessionários, guarda-vento, coberturas, retábulos e imaginária; metal na porta das escadas de acesso ao coro-alto, guardas das escadas, cruz do campanário, catavento, sinos (bronze), tirantes da cobertura da nave; telha de aba e canudo; pavimento cerâmico; azulejo industrial nos silhares da nave; alcatifa na capela-mor. |
Bibliografia
|
COSTA, P. António Carvalho da, Corografia Portugueza..., 2.ª ed., tomo II, Braga, 1868 [1.ª ed. de 1712]; LANDEIRO, José Manuel, O arciprestado de Penamacor, Vila Nova de Famalicão, 1940; BIGOTTE, Padre José Quelhas, O Culto de Nossa Senhora na Diocese da Guarda, 1948; BRANDÃO, Domingos Pinho e RODRIGUES, Adriano Vasco, Inscrições Romanas de Valhelhas, in Separata de Hvmanitas, vols. VI e VII, Coimbra, 1958; BARROCA, Mário Jorge, A Epigrafia Medieval Portuguesa (862-1422), vol. II, Tomo I, F.C.G., 2000, pp. 720-721; MARQUES, Manuel, Concelho de Belmonte - Memória e História, Belmonte, 2001; ROCHA, Alípio, Monografia de Valhelhas, Coimbra, 1962; Inventário Colectivo dos Registos Paroquiais, vol. I, Lisboa, 1993; CD Portugal Século XXI - Guarda, Matosinhos, 2001. |
Documentação Gráfica
|
|
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
|
IHRU: DGEMN/DSID |
Intervenção Realizada
|
PROPRIETÁRIO: 1952 - restauro; séc. 20, finais - arranjo das coberturas internas; feitura dos nichos nas paredes laterais; colocação de silhares de azulejo industrial, pavimento cerâmico e feitura das sanefas. |
Observações
|
*1 - a existência da concha prende-se com o facto de D. Rodrigo de Castro ter sido embaixador na corte do Papa, logo teria o atributo de peregrino. *2 - no local destes, encontravam-se um altar lateral em talha, no lado do Evangelho, e um púlpito com escadas de acesso, no oposto. *3 - entre parêntesis foi colocado o número correspondente à epígrafe no corpus epigráfico medieval realizado pelo Doutor Mário Barroca. |
Autor e Data
|
Paula Figueiredo 2002 / Filipa Avellar 2003 |
Actualização
|
|
|
|
| |
| |