Igreja Paroquial de Balsa / Capela de São Sebastião

IPA.00011579
Portugal, Viseu, Tabuaço, Desejosa
 
Igreja paroquial, arquitectonicamente muito simples, de planta retangular composta por nave e capela-mor mais estreita, com coberturas diferenciadas em falsas abóbadas de berço abatido de madeira, a da capela-mor em caixotões de talha e pintura joaninas, iluminada por janela em capialço na fachada lateral direita, no corpo da capela-mor. Fachada principal em empena truncada por sineira e rasgada por portal de verga recta. Fachada lateral direita com porta travessa de verga recta. O arco triunfal de volta perfeita apresenta forma irregular, devido à utilização conjugada de placas xistosas, nas impostas, e de granito. Todo o adro se encontra delimitado por muro, funcionando o lado voltado a O. como varanda sobre a própria encosta onde se implanta o templo. Retábulo lateral de madeira policromada novecentista, mas com decoração de inspiração barroca. Pia baptismal rude, com bacia hemisférica monolítica. Retábulos colaterais, embora semelhantes do ponto de vista estrutural, apresentam pequenas diferenças no que concerne às colunas que definem o eixo e ao número de representações pictóricas que incluem. Retábulo-mor de três eixos, compostos por mísulas demarcadas por baldaquinos e dosséis, destacando-se o número de anjos encarnados que surgem no ático.
Número IPA Antigo: PT011819050088
 
Registo visualizado 259 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal, composta por nave única e capela-mor ligeiramente mais estreita, de volumes articulados e disposição horizontalista das massas e coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por faixa pintada de preto e cunhais de amarelo. Fachada principal voltada a N., em empena truncada por sineira em arco de volta perfeita, assente em impostas salientes e remate em pináculos *1; é rasgada por portal de verga recta e moldura simples pintada de amarelo. Fachada lateral esquerda virada a O., rasgada por porta travessa de verga recta, situada ao centro do corpo da nave, e, na capela-mor, por janela em capialço, ambas com molduras simples pintadas de amarelo. Fachadas lateral direita e posterior cegas, esta em empena. INTERIOR rebocado e pintado de branco, com cobertura de madeira em masseira, pintada de castanho, assente em cornija e tirantes de madeira, e pavimento constituído por taburnos na nave. No lado do Evangelho, em plinto granítico, coberto por placas de xisto, eleva-se a pia baptismal constituída por monólito de granito simples, com a taça em forma hemisférica e suportado por pilar de fuste tosco. A meio da nave, o retábulo lateral dedicado a Santo Ildefonso. No lado da Epístola, confessionário de madeira e, a meio da nave, portal de moldura simples, ladeado por pia de água benta, em granito, em forma de meia esfera concheada. Arco triunfal de volta perfeita, irregular, assente em impostas marcadas por placas de xisto caiadas, ladeado por dois retábulos colaterais em talha dourada e policroma, dedicados a Nossa Senhora do Rosário, no Evangelho, e a Santa Catarina, na Epístola. Capela-mor elevada por um degrau, rebocada e pintada de branco, com pavimento em lajeado de granito e cobertura em falsa abóbada de berço abatido, composta por vinte caixotões, rematados por florões, contendo representações hagiográficas, assente em friso e cornija com mísulas equidistantes. Sobre supedâneo de um degrau, sotobanco de madeira, a sustentar o retábulo de talha dourada e policroma, de azul e rosa, formando marmoreados fingidos, de planta recta e três eixos definidos por quatro pilastras com fuste fitomórfico e quatro colunas torsas com espira fitomórfica, assentes em consolas com anjos atlantes, surgindo, no centro, mísula sobrepujada por dossel com lambrequins, plumas, concheados e anjos, dois deles músicos; lateralmente, duas mísulas com fundos marmoreados, protegidos por baldaquino com cortinas a abrir em boca de cena; na base do eixo central, o sacrário, em forma de tabernáculo, decorado com sanefas, cortinas em talha dourada e dois "putti" que, as abrem em boca de cena, desvendando um resplendor. Em frente à estrutura retabular, mesa de altar em granito, assente em duas colunas.

Acessos

De Tabuaço pela EN 323, virando à direita pela EM 1587, até Desejosa, e depois à esquerda, pela EM 1111, até ao Lugar de Balsa *1

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 257/2011, DR, 2.ª série, n.º 19 de 27 janeiro 2011 / Incluído no Alto Douro Vinhateiro - Região Demarcada do Douro (v. PT011701040033)

Enquadramento

Peri-urbano, isolado, implantado em plataforma artificial sobre uma encosta, abrindo para uma via pública. Encontra-se rodeado por muro de alvenaria e betão, que conforma um adro, horizontalizado artificialmente, com acesso por portão de ferro forjado, em frente à fachada principal, entrando-se no imóvel vencendo um degrau fronteiro ao portal axial.

Descrição Complementar

Retábulo lateral dedicado a Santo Ildefonso, em talha policroma de branco e dourado, de planta recta e um eixo composto por duas colunas de fuste liso, capitéis coríntios e assentes em plintos galbados, com nicho central de perfil curvo, com o fundo pintado de azul e contendo mísula, decorada com volutas pintadas de dourado; remate em cornija, alteada e curva na zona central, e altar paralelepipédico. Os retábulos colaterais são semelhantes, de talha dourada e policroma de branco, azul e vermelho, de planta recta e um eixo definido por duas colunas coríntias com o terço inferior do fuste marcado por grotesco no do lado do Evangelho, e por espiras no oposto, assentes em plintos paralelepipédicos decorados com motivos fitomórficos; ao centro, mísula com a imagem do orago, a do lado do Evangelho envolvida por dois painéis pintados com quatro figuras de santos (São Pedro, São Francisco Xavier (?), São Paulo e São Gregório Magno) e predela com santos mártires, surgindo, no oposto, dois painéis com Santo António e Santa Bárbara; o primeiro remata em friso, cornija e frontão triangular simples, tendo o tímpano pintado de azul com a pomba do Espírito Santo, tendo o oposto simples friso e cornija. Nos caixotões da cobertura da capela-mor, as representações do Espírito Santo, São Mateus, São Judas Tadeu, São Filipe, Santa Cecília, São Simão, São Tiago Maior, São Tiago Menor, São Bartolomeu, Santa Maria Madalena, São João Evangelista, Santa Eufémia, São Tomé e São Matias.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Lamego)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 14 / 15 (conjectural) / 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1291 - D. Dinis declara que as terras do couto das Águias e de São João da Pesqueira, doadas pelo infante D. Afonso ao mosteiro, ficariam isentas do pagamento da "parada", excepto os 11 casais da Desejosa que contribuiriam com um soldo para esse imposto, além, é claro, dos demais foros, o mesmo sucedendo com os 7 casais de Balsa (Elucidário, II, pp. 119, 464; COSTA, vol. II, pp. 481-491); sécs. 14 / 15 - provável feitura da imagem de Santa Luzia; sécs. 14 / 15 - provável edificação da primitiva ermida, no lugar de Balsa, o qual aparece documentado desde o séc. 13 (COSTA, vol. II, pp. 182-183); 1514, 16 Maio - D. Manuel concede foral ao concelho de "Valemça do moesteiro de S. Pedro das Aguias", pertencendo-lhe a "aldea de çerçedinho e os logares da desejosa, casáes, e balsa, mais tarde elevados á cathegoria de freguezias" (FREITAS); 1527 - Balsa aparece referida no Cadastro da população do Reino como sendo lugar do "comcelho de valemça" contando, então, 6 moradores (fogos habitacionais) (COLLAÇO, João Maria Tello de Magalhães, Cadastro da População do Reino, 1527 - Actas das Comarcas Damtre Tejo e Odiana e da Beira, p. 120, Tip. da Emprêsa Nacional de Publicidade, Lisboa, 1929); séc. 16 - provável época de feitura das imagens de vulto de Santo Ildefonso e de São Sebastião; séc. 16, finais - provável feitura da imagem de vulto de Santa Catarina de Alexandria; séc. 17 - notícia das porções que a Colegiada de Barcos tinha nas suas igrejas anexas: "…Balsa : - trigo 22 alq.es, dinh.º 2$400 r.s (Liv. Invent.º fls. 67)…", cujo livro de inventário foi organizado pelo pároco em exercício João de Aguiar Pacheco (VILELLA, pp. 24-25 e 39; COSTA, vol. IV, p. 131); séc. 17, inícios - provável remodelação ou ampliação da ermida de Balsa, com feitura dos altares colaterais ao arco do cruzeiro; 1603 - início dos registos em livro próprio dos Baptismos ocorridos nas paróquias unidas de Balsa e Desejosa (COSTA, vol. III, pp. 276-279; MARIZ, pp. 452-453); 1640 - o pasre João Fernandes, passa uma certidão das 5 missas anuais perpétuas a que era obrigado, impostas em 4 óbitos (COSTA, vol. IV, p. 131); 1643 - início dos registos em livro próprio dos Casamentos ocorridos nas paróquias unidas de Balsa e Desejosa (COSTA, vol. III, pp. 276-279; MARIZ, pp. 452-453); 1650 - iInício dos registos em livro próprio dos Óbitos ocorridos nas paróquias unidas de Balsa e Desejosa (COSTA, vol. III, pp. 276-279; MARIZ, pp. 452-453); séc. 17, finais - provável execução do tecto de caixotões da capela-mor e feitura da cadeira de braços, com ornatos voluteados; 1700, depois de - os bispos de Lamego visitavam estas freguesias do padroado do Mosteiro de São Pedro das Águias, como delegados do Papa, para evitar conflitos devido às pretensões do abade do mosteiro à jurisdição ordinária, com respectiva isenção a favor do mesmo mosteiro (AZEVEDO, 1877); 1708 - curiosamente, o Padre Carvalho da Costa refere, na sua Corografia Portugueza, a existência da paróquia e curato de "S. Eulalia de Balfa & Defejofa", como sendo anexa à Igreja de Nossa Senhora da Assunção de Barcos, "Reytoria da collação ordinaria, que aprefentavaõ os Conegos da Sé de Tangere, a quem pertenciaõ os dizimos, & hoje do Padroado Real"; por outro lado, parece ter-se esquecido de referi-las na parte respeitante ao concelho e vila de Valença do Douro (COSTA, vol. II, pp. 255-256 e 300-301); séc. 18, 1.ª metade - feitura da imagem de vulto de Nossa Senhora da Conceição; séc. 18, 2.º quartel - feitura do retábulo do altar-mor; 1740, 29 Janeiro - no extenso testamento de António de Almeida e Silva, redigido nesta data, natural da Desejosa, deixou legados para missas aos domingos e dias santos, nas igrejas de Balsa e Desejosa, e instituiu vínculo de morgado do qual seriam administradores os filhos legítimos de suas irmãs e, na sua falta, o primo Padre Luís Pereira da Silva, monsenhor e cónego patriarcal; para o efeito, deixou um capital para a celebração de mil missas por sua alma (COSTA, vol. VI, p. 326); 1758 - de acordo com as respectivas Memórias Paroquiais, redigidas pelo Cura Manuel de Moura Coutinho, "estas duas freguezias que hoje se achaõ unidas", de "Balça" e "Dezejoza" são ambas do termo "da villa de Valença do Douro" e "saõ curadas por hum so parocho o qual he cura ad nutum aprezentado pelo Reverendo Reitor da Collegiada de Barcos"; refere, também, que "tem esta freguezia da Balça onze vezinhos e trinta e hua pessoas entre mayores e menores e a freguezia da Dezejoza tem vinte e dois vezinhos, e sesenta e sette pessoas entre menores e maiores"; do mesmo modo, refere que "o orago, ou patrono da freguezia da Balça he o Invicto Mártir Saõ Sebastiaõ" e que "tem esta Igreja tres altares o mayor em que está colocada a Immagem do dito Santo e dous collatterais, com os quais se venera em hum a Imagem de Maria Sanctissima com o maravilhoso titulo da Conceiçaõ, e a imagem de Sancta Catharina em o outro" (Diccionario Geographico, vol. 6, n.º 16, pp. 103-107); séc. 18, 2.ª metade - feitura da pequena imagem de vulto do Menino Deus; 1759 - com o julgamento dos seus donatários, os marqueses de Távora, o senhorio da freguesia e do concelho onde se inseria, passa para a Coroa (COSTA, vol. VI, p. 326); 1767 - os curatos de Balsa e Desejosa, novamente referidos como estando à responsabilidade de um único pároco da apresentação do reitor de Barcos, contavam 11 e 22 fogos respectivamente e rendiam cerca de 40 mil réis (COSTA, vol. VI, p. 326); séc. 18, último quartel - o cura auferia mais de 100$000 de côngrua, pé-de-altar e alguns dízimos, sendo que o Santíssimo apenas se encontrava exposto na Desejosa; o número de fogos era então de 86, com 126 almas (COSTA, vol. VI, p. 326); séc. 19 - Balsa deixa de ser freguesia, passando a simples lugar da freguesia de Desejosa; séc. 20, meados - colocação do altar da antiga capela de Santo Ildefonso a meio da nave da igreja e eliminação do púlpito; 1990, década de - pequenas obras de beneficiação, designadamente repintura do tecto de três folhas da nave e do retábulo do altar de Santo Ildefonso; 2002, 12 agosto - Despacho de abertura do processo de classificação pelo vice-presidente do IPPAR; 2004, 13 julho - proposta da DRPorto de classificação como Imóvel de Interesse Público e fixação da Zona Especial de Proteção; 10 novembro - parecer favorável do Conselho Consultivo do IPPAR à proposta da DRPorto; 2005, 03 fevereiro - Despacho de homologação da classificação e fixação da Zona Especial de Proteção pela Ministra da Cultura; 2007, 19 março - proposta da DRPorto de inclusão do adro na classificação; 31 outubro - parecer favorável do Conselho Consultivo do IGESPAR à proposta da DRPorto; 2009, 02 setembro - Despacho de homologação da classificação pelo Ministro da Cultura.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Granito, xisto, alvenaria, telha cerâmica, vidro, ferro forjado, ferro fundido, bronze, madeira de castanho, madeira de carvalho, madeira pintada, talha dourada.

Bibliografia

AZEVEDO, D. Joaquim de, História Ecclesiastica da Cidade e Bispado de Lamego, Porto, 1877; Barros, Amândio Jorge Morais, Forais de Tabuaço, Tabuaço, 2002; BIANCHI-DE-AGUIAR, Fernando ( Coor. ), Candidatura do Alto Douro Vinhateiro a Património Mundial, Porto, 2000; BIANCHI-DE-AGUIAR, Fernando ( Coor. ), Candidatura do Alto Douro Vinhateiro a Património Mundial, Porto, 2000; CD-ROM Portugal Século XXI - Distrito de Viseu, CD 2, O Nosso País - Gabinete de Projecção e Divulgação das Culturas de Portugal, Matosinhos, 2001; COLLAÇO, João Maria Tello de Magalhães, Cadastro da População do Reino (1527) - Actas das Comarcas Damtre Tejo e Odiana e da Beira, pág. 120, Tip. da Emprêsa Nacional de Publicidade, Lisboa, 1929; CORREIA, Alberto, Tabuaço - Roteiro Turístico, Tabuaço, 1997; COSTA, Padre António Carvalho da, Corografia portugueza e descripçam topografica, Tomo II, Lisboa, 1708; COSTA, M. Gonçalves da, História do Bispado e Cidade de Lamego, 6 vols., Lamego, 1979; Desejosa, in Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. VIII, Lisboa / Rio de Janeiro, s.d.; FREITAS, Luiz de, Taboaço - Notas & Lendas, Famalicão, 1916; LEAL, Augusto Soares A. B. de Pinho, Portugal Antigo e Moderno - Dicionário Geographico, Vols. I e X, Lisboa; MARIZ, José (Coord. Técnica), Inventário Colectivo dos Registos Paroquiais - Centro e Sul, vol. 1, Secretaria de Estado da Cultura, Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, pág. 452-453, Lisboa, Dezembro de 1993; MONTEIRO, J. Gonçalves, Tabuaço - Esboço e Subsídios para uma Monografia, Tabuaço, 1991; Valença do Douro, in Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. XXXIII, pág. 877-879, Lisboa, s/d; VILELLA, Padre Ismael, A Collegiada de Barcos, Imprensa Civilização, Porto, 1924.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMT

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMT

Documentação Administrativa

DGA/TT: Diccionario Geographico (vol. 6, n.º 16, fls. 103 a 107); CMT: Divisão de Obras; Fábrica Paroquial de Balsa e Desejosa; Governo Civil de Viseu; Arquivo Distrital de Viseu

Intervenção Realizada

JFD: séc. 20, 2.ª metade - eliminação do púlpito que se encontrava no lado do Evangelho, a meio da nave; repinte do altar de Santo Ildefonso.

Observações

*1 - o campanário era rematado por cruz que caiu à poucos anos.

Autor e Data

Gustavo Almeida 2001

Actualização

 
 
 
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